\"Riacho\", de Rafael Pinter, in \"Seção de Poemas\", Periódico Alethes | 11. edição | Maio/Agosto de 2016
Descrição do Produto
Poemas
Alethes | 457
Poemas
ALFORRIA-ME! Mateus P. Gomes1 Não, não tive alforria. Não, enquanto me assola a vil miséria e a cor da minha pele é razão de pilhéria. Não, não tive alforria. Não, enquanto os chicotes que me açoitaram Substituírem-se pelos cassetetes que me calam. Não, não tive alforria. Não, quando, na minha luta, o âmago For fugir da fome que violenta o estômago. Não, não terei alforria. Não, enquanto eu for pária do mundo que me parira. Não, enquanto for semente e fruto de tantas iras.
1
Graduando do 5° Período de Direito da Faculdade Católica do Tocantins. Membro do Centro Acadêmico de Direito da Faculdade Católica do Tocantins. Associado do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim). Alethes | 458
Poemas
PEDAÇO DE POESIA. Mateus P. Gomes2 Que minha poesia Tenhas vozes, Além das vozes Que tivera um dia. Que essa poesia, Que já nasce morta E não sabe onde cair viva, Seja mais. Mais que as palavras dessa folha, Mais que as letras, Em conjunturas gramaticais, Na tela desse computador. Que esses versos tão indolentes Tenham dolo na intenção De abusar da tua alma E, por isso, recebam “perpétua”. Que essa poesia tão frágil Possa pegar o universo com as mãos E rasgá-lo em dois Matéria e metafísica. Pra depois transformá-lo em um. Que essa poesia seja isso tudo E não seja nada. Que ela seja tudo que desejar, Exatamente por nada desejar. Que essa poesia seja um eterno Que ressuscita em vários efêmeros. Porque essa poesia sou eu! Essa poesia é tudo que tenho. Essa poesia é um punhado divino 2
Graduando do 5° Período de Direito da Faculdade Católica do Tocantins. Membro do Centro Acadêmico de Direito da Faculdade Católica do Tocantins. Associado do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim). Alethes | 459
Poemas
Que resolveu se profanar em mim. Eu sou essa poesia morta Com hora marcada pra nascer.
Alethes | 460
Poemas
NO FUNDO DA MENTE Eduardo Gonçalves Monteiro3 A gente de credo e cor A gente do sexo frágil Quem ama e não tem amor A gente que pecou nascendo O fruto podre no pomar demétrio Que feito praga Rodeia todo o belo e o estraga A gente que comete erros Que não orna o total Que cai frente as regras Dos dois pesos Das duas medidas Acostumados à sombra da mente No desritmar do cotidiano esquecemos Que também nascemos gente
3
Estudante de Relações Internacionais no Centro Universitário Curitiba. Alethes | 461
Poemas
RIACHO
eu sou um riacho em pessoa rio at do meu pr prio fiasco e n o sei mais descaso ou sorte o fato de rir ante o atraso da morte
Rafael Pinter4
4
Graduando em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (9º semestre). Alethes | 462
Poemas
José Renato Venâncio Resende5
colore folha branca boca muda, mão que fala letras d’alma arranca
*****
em três versos encaixo completo todo o universo
*****
MANDAMENTO ame alguém amém
*****
Quando se mesclam coração e cruz Abra seu caderno Para a dor que a tinta traduz
5
Graduando em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia. Alethes | 463
Poemas
Epílogo
como dádiva, o presente de todos os tempos perdidos meu passado desfeito aquele devir do subjuntivo e o pretérito eterno imperfeito
se eu fosse intuitivo o que faria como seria se um dia eu terminasse o que dizia
entrelaçados eu encontrasse todos eles na face dos espelhos muito mais do que tempos verbais inertes, esperando apenas meu sim sim de agora em diante cada verso é um novo fim
Alethes | 464
Poemas
PUDERA EU! Augusto Silva Ávila6 Pudera eu na cegueira em latência Ao menos alguns instantes, enfim, Não ver o supérfluo e as aparências, Que criam as ilusões deste confim. Pudera eu, alguém conhecer, Quem sabe não enxergar, Não ver, mas reconhecer, E assim me conectar. Pudera eu ter desconfiado, Que meus olhos têm mentido. Quisera eu ter enxergado O que deveria ser sentido. Pudera eu cego, ainda ver a vida De todas suas formas ser vidente, Não só a luz fracionada, refletida, Mas a do coração e da mente. Pudera sermos todos cegos, Mudos, surdos, intangíveis Transpor aparências, egos, Ser luz que ilumina, iniludíveis.
6
Graduando em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá. Alethes | 465
Poemas
SAMSARA Igor Ladeira dos Santos7 Na viagem da alma, conheci o Verbo. E o Verbo ensinou-me a oração. Aprendi a juntar as duas coisas e criar a minha religião. Nessa viagem foram muitas as minhas moradas. Todas me fizeram mudanças. Em cada uma recebi várias visitas, mas de poucas trago lembranças. Eu já fui pó, já fui planta, já fui gente. Já fui Deus, herói, vilão e inocente. Essa minha estrada é muito comprida. Tão longa que desconheço o ponto de partida. Hoje em dia, gosto de visitar a Capela, pois ela lembra-me minha infância. Relembro os velhos tempos em que era mais do que uma pequena criança. Meu espírito faz parte do Brama, incluso nessa roda de acontecimentos. Minha vida é a água da chuva. Minha alma é a brisa do vento. A viagem da alma não cessa. O Verbo não para. Vou vivendo e aprendendo, Enquanto aguardo o término de meu Samsara!
7
Graduando em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Alethes | 466
Lihat lebih banyak...
Comentários