Rui Facó, uma biografia _ Fortuna crítica

May 25, 2017 | Autor: Luís Sérgio Santos | Categoria: Jornalismo, PCB, Biografías, Rui Facó
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RUI FACÓ, UMA BIOGRAFIA

fortuna crítica

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Sumário 8

Rui Facó — O Homem e Sua Missão

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Rui Facó, o marxismo com a cara do Brasil

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Pelos caminhos de Rui Facó

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A causa que moveu uma vida

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Rui Facó: o homem e sua missão

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Uma trajetória consistente e coerente

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Sobre a coleção biografias

Por Dimas Macedo, da Academia Cearense de Letras Por José Carlos Ruy, Jornalista e historiador

Por Batista de Lima, da Academia Cearense de Letras Capa do Caderno 3, Diário do Nordeste Por Adelson Vidal Alves, historiador, pós-graduado em História Contemporânea Por Osvaldo Euclides, economista, professor universitário Por José Ilário Gonçalves Marques, Presidente do INESP 22 Documentos

Câmara dos Vereadores de Fortaleza Senado Federal

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Capa da primeira edição da biografia de Rui Facó

Capa da segunda edição da biografia de Rui Facó

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Livro denso e humano a um só tempo, Rui Facó — O Homem e Sua Missão é uma das melhores pesquisas de caráter biográfico publicadas no Ceará, nos últimos tempos. Dimas Macedo

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As referências sobre a vida de Rui Facó são escassas, e o livro de Luís-Sérgio Santos preenche esta lacuna.

José Carlos Ruy

O livro não é só um relato de vida, o que em si já seria obrigatoriamente relevante, mas também um estudo profundo que envolve a trajetória de um grande pensador social e o contexto em que viveu, escreveu, militou e morreu.

Adelson Vidal Alves

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Por conta desse levantamento biográfico sobre Rui Facó, Luís-Sérgio Santos se firma cada vez mais como escritor criterioso, além do jornalista consagrado que já se tornou e do professor universitário de brilhante carreira na Universidade Federal do Ceará. Batista de Lima

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Rui Facó — O Homem e Sua Missão Por Dimas Macedo Poeta, jurista, historiador e crítico literário.Professor da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste. Publicado na quinta-feira, 3 de julho de 2014

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erminei a leitura de Rui Facó — O Homem e Sua Missão (Fortaleza: Omni, 2014), de Luís-Sérgio Santos. A pesquisa foi publicada em convênio com o Inesp, no âmbito da coleção Biografias, e traz a marca editorial da Fundação Astrojildo Pereira, de Brasília. O que propõe esse livro? Uma abordagem acerca da vida e da obra de um dos nossos maiores intelectuais — Rui Facó —, natural de Beberibe (Ceará) e autor de livros fundamentais para a compreensão da nossa formação, tais os casos de Brasil – Século XX (traduzido em diversos idiomas) e Cangaceiros e Fanáticos, um dos clássicos da sociologia brasileira, ao lado de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. Escrito por um dos nossos melhores jornalistas – Luís-Sérgio Santos –, o livro traz um cheiro bom de reportagem, abrindo um leque que vai da morte de Rui Facó, numa queda de avião, na Cordilheira dos Andes, até o encontro desse personagem com a sua missão de escritor e de aguerrido militante do

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Partido Comunista Brasileiro. O livro de Luís-Sérgio Santos acha-se recheado de vários documentos e traz uma rica e diversificada iconografia, que passa por Beberibe, no Ceará, Salvador, Rio de Janeiro, Moscou e diversos lugares do Brasil e do Mundo por onde passou Rui Facó com o fervor da sua inquietude. Livro denso e humano a um só tempo, Rui Facó — O Homem e Sua Missão é uma das melhores pesquisas de caráter biográfico publicadas no Ceará, nos últimos tempos. Li e recomendo a todos a sua leitura, porque diversificada a sua riqueza de detalhes e rico o seu conteúdo, e porque instigantes as suas linhas de montagem e a sua linguagem. A leitura de Cangaceiros e Fanáticos, ainda na década de 1970, abriu os meus olhos para a metodologia de corte dialético que preside à sua redação e à análise das estruturas sociais que forjaram o banditismo e o misticismo no Nordeste. Esse livro de Rui Facó foi, portanto, a minha primeira forma de aproximação com a visão marxista

de compreensão da existência social. Luís-Sérgio Santos, o autor desse livro sobre Rui Facó, foi meu editor no suplemento de cultura do Diário do Nordeste, no início da década de 1980, e a sua formação, acerca dos meios de comunicação, ajudou a transformar a concepção do jornalismo e da informação entre nós. Rui Facó não foi apenas um cientista social e um conhecedor da cena política brasileira. Passou para a história,

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também, como jornalista e intelectual, dos maiores que o Brasil conheceu, não apenas no transcurso do século passado, justificando, com certeza, a biografia que agora lhe foi dedicada. Publicado no no blog Dimas Macedo: Literatura. Arte. Direito e-mail: [email protected] Disponível em

Rui Facó, o marxismo com a cara do Brasil Por José Carlos Ruy Jornalista e historiador. É editor do jornal Classe Operária, da equipe portal Vermelho e da Comissão Editorial da revista Princípios. Sexta-feira, 15 de Janeiro 2016

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om o lançamento de Rui Facó (uma biografia) o homem e sua missão, de Luís-Sérgio Santos, podese conhecer um pouco mais sobre seu autor, Rui Facó. Nascido em 4 de outubro de 1913, em Beberibe (CE), Facó foi um notável jornalista comunista cuja vida foi colhida, ainda jovem e no auge de sua produção teórica e intelectual, quando o avião em que viajava de Santiago do Chile à Bolívia caiu nos Andes peruanos, próximo ao vulcão Tacora, em 15 de março de 1963. Ele tinha apenas 49 anos de idade e viajava como repórter do jornal comunista Novos Rumos e para representar o Partido num congresso dos comunistas chilenos. Ele chegou nem mesmo a participar do lançamento de Cangaceiros e Fanáticos, que ocorreu logo depois de sua morte, em 26 de abril de 1963. Rui Facó era filho de uma família de pequenos fazendeiros, militares e intelectuais. Teve tios com importantes cargos na Segurança Pública no Ceará e na Bahia. Outro tio, Américo Facó, foi

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um poeta respeitado e amigo de Carlos Drummond de Andrade, que dedicou a ele o livro Claro Enigma (1951). Ele mudou-se para Salvador (BA) em 1936, para terminar o curso de Direito. E, na capital baiana, encontrou o Partido Comunista do Brasil. “Em 1935, a faculdade tinha uns quarenta jovens comunistas, militantes que se reuniam diariamente”, diz LuísSérgio Santos. Esse número diminuiu bastante depois do levante da Aliança Nacional Libertadora, em novembro de 1935. Mas Rui Facó, que se manteve filiado ao partido, teve forte atuação na imprensa baiana, trabalhando nos Diários Associados e no jornal A Tarde. Nos anos 1930, participou de Seiva, a revista dos comunistas; depois esteve em publicações partidárias como Continental (anos 1940), Estudos Sociais (anos 1950 e 1960), A Classe Operária, Novos Rumos (desde a fundação, em fevereiro de 1959, até sua morte, em 1963) etc. Toda essa atividade jornalística despertou o historiador (afinal, são atividades muito parecidas, uma voltada sobretudo ao relato do presente, e a outra à compreensão do passado) e o teórico

A capa da primeira edição ilustra a resenha de José Carlos Ruy publicada na revista Princípios

marxista. Caráter teórico, aliás, fortalecido nos cursos em que participou principalmente na União Soviética, onde também exerceu funções profissionais na rádio Moscou, em programas dirigidos ao Brasil. O foco profissional de Rui Facó foi múltiplo, unificado pelos interesses e pela política do Partido. Ele foi, por exemplo, um dos roteiristas (com Jorge Amado e Astrojildo Pereira) do filme Vinte e Quatro anos de luta (1946), dirigido pelo cineasta comunista Ruy Santos. Foi também tradutor de livros marxistas, entre eles (com Josué de Almeida e Almir Matos) da História do Partido Comunista da União Soviética, lançado em português pela Editora Vitória em 1962. As referências sobre a vida de Rui Facó são escassas, e o livro de Luís-Sérgio Santos preenche esta lacuna. Com a morte de Rui Facó, naquele acidente aéreo em 1963, o marxismo perdeu uma de suas promessas mais veementes de desenvolvimento a partir do exame da realidade brasileira e suas contradições. O conhecimento de sua

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vida, suas lutas, seu espírito aberto e brincalhão, solidário e conceitualmente rigoroso pode ser fonte de inspiração para a continuidade e o aprofundamento da luta teórica que enriqueça o marxismo com feições brasileiras. Rui Facó — O homem e sua missão Autor: Luís-Sérgio Santos Ano: 2013 Págs: 275 Editora: Omni Preço: R$ 30,00 Disponível em http:// www.ruifaco.com.br/ artigoBiografiaRuiFaco.html nota Esta resenha de José Carlos Ruy foi publicada originalmente em 22 de agosto de 2014 jornal Vermelho. Disponível em http://www.vermelho.org.br/ noticia/248221-11 - Depois foi republicada na revista Princípios, da Fundação Anita Garibaldi, em janeiro de 2016. Disponível no endereço: Acessado em 28 de dezembro de 2016

Pelos caminhos de Rui Facó Por Batista de Lima, articulista do Diário do Nordeste [email protected] Publicado na edição de 05 de abril de 2016

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ui facó nasceu em Beberibe no dia de São Francisco, de 1913. Poderia ter ficado por lá como seus pais, sua irmã Ana, seus parentes e muito mais gente daquela cidade do litoral leste do Ceará. Parece, no entanto, que calçou botas de sete léguas, e terminou saindo por aí, tentando mudar esse mundão que lhe abriu as portas. Por isso que aos 14 anos já migra para Fortaleza e se torna aluno do Liceu do Ceará. Aos 16 anos já se inicia no jornalismo, mostrando talento para as letras. Aos 22 anos já aparece cursando a Faculdade de Direito na capital cearense. Fortaleza tornou-se pequena para a inquietude do filho de seu Gustavo e dona Antonieta. Por isso que se transfere para Salvador, cidade em que conclui seu curso de Direito e se aprofunda na militância política pelo PCB. Dali transfere-se para o Rio de Janeiro e dedica-se de vez ao jornalismo político/doutrinário. Por isso se torna um intelectual do Partido, o que é um passaporte para estudos em Moscou, onde fica por seis anos. No retorno ao Rio, mais atuante se torna na pregação comunista e na redação dos jornais doutrinários de sua causa. Isso sem contar que teve passagem por periódicos dos Diários Associados. Diante de tanta mobilidade, só alguém destemido como Luís-Sérgio Santos, seu conterrâneo, para lhe reconstruir os passos. Luís-Sérgio, nascido em torno de cinco décadas depois de Rui, tem como madrinha de batismo, Ana Facó, irmã

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mais nova de Rui. Essa aproximação levou esse jornalista e professor da UFC, a ousar recompor os passos de Rui Facó nos 50 anos de vida do comunista de Beberibe. Ousou e conseguiu traçar uma biografia alentada, detalhada, verdadeira pesquisa de campo em que, das fontes mais remotas, foram garimpadas informações para a confecção do tecido biográfico. Depois de coletado esse vasto material, a Omni Editora, com os auspícios do Inesp, organizou esse volumoso livro de 368 páginas, em 2014. Acredito ter sido a mais significativa homenagem ao centenário de nascimento de Rui Facó, comemorado no ano anterior. Mas não ficou apenas na figura do biografado, o alcance da pesquisa. A história do PCB, com seus personagens mais significativos, serve de pano de fundo para a trajetória do ilustre filho de Beberibe. Desde o surgimento do partido,

nascido ainda sob o fragor da Revolução Bolchevique, as glórias e os percalços do PCB vão sendo colocados página a página. Segundo Luís-Sérgio Santos, Rui Facó era um dos intelectuais do Partido. Advogado, doutrinário, positivista e metódico, teve estágio na Capital Soviética, trabalhando na Rádio Moscou. Acompanhou de perto as demarches da Guerra Fria e pode ter sido vítima desse arrepio entre americanos e russos. Prova disso é que sua morte aos 50 anos, em acidente aéreo nos Andes, ainda hoje se apresenta nebulosa, a ponto da família e dos pesquisadores acharem que pode ter sido algo provocado pelos americanos. No livro, o autor apresenta razões para que essa dúvida tome ares de verdade. Nesse episódio constatouse que os primeiros a chegarem à cena do acidente foram os componentes do Serviço Secreto Americano. Além do comunista Rui ia uma delegação de diplomatas cubanos e o objetivo particular do grupo era participar de um encontro de

camponeses politizados. Essa hipótese de sabotagem ainda hoje paira nas mentes daqueles que sofreram as agruras da Guerra Fria e as perseguições imperialistas aos militantes do Partido Comunista Brasileiro. Daí que ainda há algo a esclarecer sobre o episódio dos Andes nos idos de março de 1963. Com relação ao traçado familiar de Rui Facó, LuísSérgio vai em busca da ancestralidade das famílias importantes de Beberibe. Nesse percurso, ele vasculha a família Facó e mostra sua importância para aquela cidade que antes fora distrito de Cascavel. Daí surge a família de Rui que tem raízes profundas naquela região do leste cearense. Nessa família surgiram nomes de destaque na vida social brasileira como os escritores, além de Rui, Ana Facó, Eurico Facó e Américo Facó. Além deles, os generais Edgar e João Facó. Tudo isso sem contar vários prefeitos da cidade além do Deputado Estadual Paulo Facó. Por fim, não se pode deixar de lembrar o escritor Rui Facó com seus dois livros marcantes: “Brasil, século XX”

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e “Cangaceiros e Fanáticos”. Nesse último, Rui apresenta uma visão detalhista e sociológica das duas vertentes sociais que têm marcado os sertões nordestinos. As secas, o coronelismo e o abandono dos pequenos rurícolas levaram ao surgimento dessas duas facetas do homem pobre e desvalido dos nossos sertões. É um livro de pesquisa de campo em que seu autor precisou transitar por recônditas fontes para um levantamento de causas e efeitos da concentração de terras e falta de uma Reforma Agrária no Nordeste. Por conta desse levantamento biográfico sobre Rui Facó, Luís-Sérgio Santos se firma cada vez mais como escritor criterioso, além do jornalista consagrado que já se tornou e do professor universitário de brilhante carreira na Universidade Federal do Ceará. Disponível em:

A causa que moveu uma vida Biografia do jornalista e escritor cearense Rui Facó (1913-1963) é lançada hoje, na Assembleia Legislativa Capa do Caderno 3, Diário do Nordeste [email protected] Publicado na edição de 17 de março de 2014

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ma trajetória firme e coerente, marcada por uma militância ativa, envolvimento político, formação intelectual e dedicação produtiva, tudo em prol de uma causa: a igualdade entre os homens. Essa é síntese da obra e da vida do jornalista e escritor cearense Rui Facó (1913 - 1963), como se revê na biograa “Rui Facó — O Homem e Sua Missão”, do jornalista e editor Luís-Sérgio Santos, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). “O título remete à ideia de que a vida dele foi toda voltada para um engajamento consistente, que nos lembra a expressão de Antonio Gramsci de ‘intelectual orgânico’, aquele alinhamento ortodoxo que faz a parte se fundir no todo”, explica autor da obra, que será lançada, hoje, no Auditório Murilo Aguiar, da Assembleia Legislativa. Pesquisa A pesquisa para a biograa durou 10 anos. Foi iniciada em 2003 e só concluída ano passado, justamente no centenário de nascimento do homenageado. O envolvimento do biógrafo com o seu biografado, contudo, data de muito tempo antes. Segundo Luís-Sérgio Santos, Rui Facó era um “velho conhecido”. Ele era o personagem de histórias que o jornalista ouvia a mãe contar. Ela conviveu com o

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intelectual comunista, tanto que sua irmã mais nova, Ana Facó, era amiga da família e foi madrinha de batismo de Santos. Um segundo reencontro com Facó foi determinante para o projeto da biograa. Após se graduar em Comunicação Social, o jornalista leu a obra mais conhecida de Rui Facó, “Cangaceiros e Fanáticos”. O estudo foi publicado só depois da morte do intelectual, mas tornou-se uma referência sobre a relação entre a religiosidade popular e o banditismo social - tanto que teria sido uma das fontes de inspiração de Glauber Rocha, no lme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Da leitura deste livro, veio o desejo de Santos de recuperar a história deste autor cearense, importante, mas pouco lembrado. Trajetória Para mostrar ao leitor a importância

do biografado, Luís-Sérgio Santos escolheu começar o livro pelo m da vida do intelectual. Rui Facó morreu em um acidente aéreo, na Cordilheira dos Andes, em 1963. O biógrafo recupera não apenas o episódio como a repercussão a ele. Os contemporâneos atestavam a relevância do trabalho de Facó e a dedicação férrea à sua causa. Seus inéditos despertam interesse e, como se viu, um clássico do pensamento sobre o Nordeste saiu desse material. A partir daí, se desenvolvem capítulos contando a história de Rui Facó, desde suas origens na zona rural de Beberibe. Nascido a 4 de outubro de 1913 em Beberibe, em uma família de classe média baixa, logo ele teve que trabalhar para pagar os seus estudos. Foi assim que o jovem Rui iniciou sua vida na imprensa cearense, na redação do jornal Unitário. Ele também entra na vida acadêmica, sendo aprovado para cursar Faculdade de Direito, satisfazendo o desejo dos pais de vê-lo formado. Mergulhado em ambientes intelectuais de trabalho e estudo, Rui Facó não demorou a adentrar também no mundo da político, liando-se ao

Partido Comunista. Ideologia As perseguições ideológicas que encontrou em Fortaleza obrigaram Facó a deixar o Ceará, rumar a Bahia, onde não deixou de reintegrarse nas atividades políticas e prossionais. Em Salvador nalizou o curso de Direito, interrompido pela mudança, e encontrou no trabalho dos Diários Associados a verdadeira paixão pelo ofício de repórter. Os anos do Estado Novo, iniciados em 1937, limitaram ao máximo a militância de Facó, levando-o inclusive à prisão. A repressão, contudo, não o afastou de sua causa. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a redemocratização e a volta à legalidade do Partido Comunista, Rui Facó se mudou para o Rio de Janeiro com a família, tornando-se secretário do jornal de esquerda A Classe Operária. Em 1952, partiu para a União Soviética, onde continuou a sua atividade jornalística na Rádio Moscou. Na URSS, pôde compreender não só os êxitos do modelo socialista, mas também os erros e prejuízos causados pela doutrina de

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culto à personalidade, tema que centralizou suas pesquisas futuras. Rui Facó morreu às vésperas de seu cinquentenário. Seu livro de maior referência, “Cangaceiros e Fanáticos”, foi no ano de sua morte. Nele, Facó historiciza e analisa grandes marcos da história brasileira protagonizados no seio agreste do Nordeste, como o cangaço atrelado à religião e os movimentos populares de Canudos, Contestado e Juazeiro. Outra obra de destaque do autor, traduzida para idiomas como espanhol, russo, italiano e tcheco, é “Brasil Século XX”. Ela foi escrita a pedido de uma editora argentina. No livro, Facó aborda alguns problemas da formação social do Brasil, baseando-se em episódios marcantes de nossa história. Mais informações Lançamento do livro “Rui Facó – O Homem e Sua Missão”. Hoje, às 19h no Auditório Murilo Aguiar da Assembleia Legislativa (Av. Desembargador Moreira, 2807). Contato: (85)3277.2500

Rui Facó: o homem e sua missão Biografia do jornalista e escritor cearense Rui Facó (1913-1963) é lançada hoje, na Assembleia Legislativa Por Adelson Vidal Alves  Historiador, pós-graduado em História Contemporânea e editor do blog Luta democrática Publicado em Política Democrática — Revista de Política e Cultura — Brasília/DF; Fundação Astrojildo Pereira. ISSN 1518-7446 — Número 43 , dezembrto de 2015, páginas 193-196

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ui Facó foi um jornalista, escritor, intelectual e dirigente comunista. Relativamente desconhecido entre nós, até mesmo entre os atuais militantes da esquerda, recebeu merecida atenção do também jornalista Luís-Sérgio Santos, que lhe dedicou esta bela e extensa biografia.

O livro não é só um relato de vida, o que em si já seria obrigatoriamente relevante, mas também um estudo profundo que envolve a trajetória de um grande pensador social e o contexto em que viveu, escreveu, militou e morreu. Um momento rico de nossa história, protagonizado pelo esforço valoroso de erguer por aqui uma esquerda combativa, representada, basicamente, pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), a versão nacional de todo o movimento que se expandia a partir da revolução de 1917 na Rússia. O trabalho de Luís-Sérgio é detalhista, indo além da figura pessoal do biografado, alcançando amigos, parentes e adversários intelectuais, todos ganhando significativa atenção na pesquisa, o que, às vezes, faz o leitor perder o foco, tornando a leitura cansativa e dispersa. Ainda assim, o livro tem linguagem fácil e agradável, acessível a todos os interessados na vida

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do autor de Cangaceiros e Fanáticos, assim como em todo o cenário político que o envolveu. O primeiro capítulo traz minuciosa narrativa do acidente fatal que vitimou Facó, em 15 de março de 1963. A perigosa região dos Andes foi o lugar que abreviou a vida deste grande brasileiro. Foi ali que o Douglas DC-6B, da Companhia Lloyd Aéreo, se chocou contra as rochas do Peru, matando todos os seus 39 tripulantes, entre eles o nosso Rui. O traslado do corpo, assim como o enterro dos restos mortais carbonizados, ficaram por conta de Luiz Mario Gazzaneo, jornalista e militante do PCB, num processo que durou mais de um mês. No sepultamento estavam companheiros de partido, intelectuais, dirigentes políticos e grandes figuras da esquerda, como Luiz Carlos Prestes e Carlos Marighella.

Neste capítulo, outros personagens importantes, como o saudoso Armênio Guedes, que nos deixou recentemente, recebem dedicada atenção do biógrafo, que tentou manter o cuidado de falar de Rui sempre em articulação com todos os homens e mulheres que participaram de sua vida, assim como com as várias publicações que dirigiu ou em que colaborou. Ponto importante, ainda, a ser ressaltado é a enigmática causa do acidente. Dentro da pesquisa, depoimentos e acontecimentos, como a chegada antecipada de agentes da CIA ao local do acidente, parecem sustentar a tese, nunca provada, de que a tragédia teria sido fruto de um atentado que não necessariamente visava Facó. O segundo capítulo é destinado a contar a vida de Rui, com sua origem rural, que se inicia em 1913, em Beberibe, no litoral leste do Ceará. A preocupação está em apresentar a caminhada de vida do biografado, as intrigas familiares, seu perfil, seu humor, sua relação com muita gente. Com a competência de um autor atento, conhecemos

detalhadamente o homem Facó, leitor compulsivo que sempre exigiu de seus próximos o mesmo apreço à leitura. Travamos contato com a figura do jovem que sonhou, assumiu escolhas, errou, militou, cresceu, ingressou nos estudos, formou-se como um sonhador, um utópico em questões de um país mais justo. Percebemos também a já citada prática do biógrafo em se estender aos personagens que cercaram Rui, como o pai Gustavo Facó e o tio Américo Facó. Trata-se do capitulo que menos empolga os leitores sedentos por uma biografia mais clara e direta do protagonista. No entanto, guardando um pouco de paciência, é possível captar curiosidades interessantes, como a homenagem a Rui Barbosa feita por Gustavo por meio do nome dado ao filho. O terceiro capítulo nos apresenta o homem público Rui Facó. Trata-se da parte política e historicamente mais rica da obra. Trazem-se à tona personagens importantes, como Astrojildo Pereira, um dos fundadores do PCB, publicações emblemáticas na vida comunista, como a revista Novos Rumos, assim como

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Brasil século XX, obra escrita pelo próprio Rui. O biógrafo ainda faz um passeio agradável e penetrante por etapas importantes da história do Brasil contemporâneo, sobretudo o Estado Novo. Traz as posições fortes e polêmicas de Rui em meio a toda a confusão causada pelo famoso XX Congresso do PCUS, na União Soviética visitada por Rui. Podemos ver questionamentos importantes sobre o comunismo oficial soviético, sem falar que neste momento vemos com clareza a principal preocupação teórica de Rui, que será até a morte a questão camponesa e seu papel revolucionário. Cangaceiros e fanáticos será sua grande consagração teórica. Pena que não pôde viver para ver a publicação de seu grande clássico. Finalizando o terceiro capítulo, impossível não notar a apresentação de fragmentos do próprio Rui tratando da questão de Lampião e Padre Cícero. Este último, criticado ferozmente como um aliado cínico das classes dominantes — e, correndo o risco de trair a verdadeira

posição de Facó, é possível arriscar que ele julgava o Padre “Ciço” tão somente um enganador dos pobres camponeses. No capítulo quatro, o mais curto do livro, aborda-se a viagem de Rui a Moscou. Novamente o livro registra fatos históricos que envolveram o momento da vida de nosso biografado, como o episódio da morte do ditador soviético Josef Stalin e também o já citado XX Congresso do PCUS. Revelase um Rui que sente falta dos filhos e da companheira morta, lamentando-se a ausência de um relato pessoal de Facó sobre sua estada em Moscou, tratada como momento precioso de sua aprendizagem. Encerrando o livro está a abordagem da vida de Rui em Novos Rumos, publicação que nasceu dos ventos democráticos que sopraram no PCB, então impactado pela valorosa “Declaração de Março de 1958”, que, por sua vez, refletia a “revisão” do comunismo histórico a partir das denúncias de Khruschev em 1956. A publicação, que revelou

jornalistas como Elio Gaspari, então um jovem de 17 anos, recebeu a contribuição de Rui Facó, tida como uma das mais competentes e diferenciadas, seja pela erudição, seja pelo equilíbrio político. Sua participação foi determinante para que o periódico se tornasse uma das expressões históricas mais significativas da alta cultura da esquerda. Infelizmente, como todas as publicações desse tipo, Novos Rumos foi fechada pelo golpe civil-militar de 1964, obrigando editores e colaboradores a atuar na clandestinidade. Depois da circulação relativamente pacífica sob o governo Goulart, Novos Rumos teve o destino da grande maioria das iniciativas jornalísticas e acadêmicas que refletissem algum viés de esquerda, fosse comunista ou trabalhista. Finalizando, o livro de Luís-Sérgio Santos tem todos os méritos por recuperar a vida exemplar e combativa de um homem convicto de suas ideias. Um pensador responsável e equilibrado, amante da cultura, um dirigente que sabia dirigir e servir como soldado da causa popular. Um verdadeiro

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intelectual orgânico das classes subalternas, para o usar o conceito gramsciano. Deve-se, também, registrar o rico acervo de imagens e publicações históricas que o livro apresenta, o que faz dele uma excelente fonte de pesquisa não só para compreender e admirar um grande brasileiro, mas também para entender melhor a história do comunismo entre nós. sobre a obra Rui Facó. Uma biografia: o homem e sua missão, de Luís-Sérgio Santos. Fortaleza: Omni, 2014. Coedição Brasília: Fundação Astrojildo Pereira. 382p. nota Resenha assinada pelo historiador Adelson Vidal Alves sobre o livro de minha autoria publicada originalmente em Política Democrática — Revista de Política e Cultura – Brasília/ DF: Fundação Astrojildo Pereira, 2015. ISSN 1518– 7446 — No 43, 200p. Disponível em:

Uma trajetória consistente e coerente Por Osvaldo Euclides Jornalista, economista, professor universitário Publicado em Política Democrática — Revista de Política e Cultura — Brasília/DF; Fundação Astrojildo Pereira. ISSN 1518-7446 Número 46 , novembro de 2016, páginas 192-195

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vida de um jornalista que toma partido de forma aberta e transparente e faz uma brilhante carreira em pequenos e quase clandestinos jornais mantidos precariamente pelo Partido Comunista desperta interesse, sobretudo se essa trajetória se fez de forma consistente e coerente, tendo como cenário o Brasil atrasado e instável da primeira metade do século XX. Rui Facó, entretanto, foi bem mais do que um marcante e singular profissional do jornalismo… é o que livro mostra. Trata-se de uma longa e detalhada reportagem histórica que, curiosamente, começa com a morte, num acidente aéreo suspeito, do biografado. Logo, o foco se abre para a realidade brasileira que Rui Facó captou como jornalista e escritor. O leitor mergulha na vida pessoal dele, claro, mas também na história do Brasil, já que Rui foi contemporâneo e companheiro de lutas políticas de Luiz Carlos Prestes, Carlos Marighella, Jorge Amado, entre tantos outros nomes da esquerda, ou de uma geração de jornalistas e escritores que fizeram o jornalismo engajado da primeira metade do século passado. Às muitas viagens que o livro conduz, não falta um pulo a Moscou, onde Rui Facó foi, digamos, treinado nas artes do comunismo, em plena guerra fria. As pesquisas de Rui Facó, sempre

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complementadas pelas viagens aos locais de interesse, fizeram dele um respeitado conhecedor de importantes pedaços do Brasil profundo, como o Cariri de Padre Cícero, Floro Bartolomeu e Virgulino Lampião, resultando no livro Cangaceiros e Fanáticos, publicado depois de Brasil século XX. O livro também mostra esta face intelectual do biografado. Rui Facó morreu ainda jovem, num acidente aéreo na Cordilheira dos Andes, no ano de 1963, antes, portanto, do golpe de 1964. Cearense da cidade de Beberibe, jornalista, escritor, membro ativo do Partido Comunista, teve uma vida pessoal, profissional e política marcante, mas seria de esperar que fosse completamente esquecido. No Ceará, os jornais praticamente ignoraram sua morte e só deram a notícia por insistência de amigos e admiradores.

Uma biografia dele não era esperada. ■ Rui parecia tranquilo, porém, intimamente, tenso. Essa era uma marca sua, gerenciar a tensão internamente, e demonstrar firmeza, algo meio frio. No entanto, e de fato, era um humanista. Os passageiros se entreolharam. Eram adultos, vividos, experientes, mas nunca experimentaram aquela fúria, indefesos dentro de um pequeno avião. O avião Douglas DC-68, voo 915, da Companhia Lloyd Aéreo Boliviano que havia decolado do aeroporto de Arica, espatifou-se contra as rochas em área próxima ao vulcão Tacora, no Peru, matando seus 39 ocupantes. ■ Cangaceiros e Fanáticos era o livro de estreia intelectual de Rui, não que Brasil século XX seja um livro menor. Mas, aqui, o autor mostra sua ambição intelectual e sua capacidade de elaborar teses a partir de argumentos consistentes e fartamente documentados. Como repórter, Rui não abriu mão de suas fontes primárias e uma delas é mesmo Luiz Carlos Prestes a propósito da

Coluna Prestes no Nordeste, e de uma empreitada contratada a Virgulino Lampião e seu bando para combatê-la, o que de fato não aconteceu – o combate, a contratação, sim. ■ Luiz Mário Gazzaneo e Rui conviveram, principalmente, no jornal Novos Rumos. Mas participaram também do projeto do jornal diário que durou 40 dias, em 1959, o jornal Hoje, numa estratégia eleitoral… Carlos Marighella e Luíz Carlos Prestes foram os articuladores do jornal. O jornal era favorável ao marechal Henrique Teixeira Lott na disputa presidencial contra Jânio da Silva Quadros, este já escorraçado pelo Novos Rumos. Jânio ganhou e o jornal acabou. A espada de Lott é derrotada pela vassoura populista de Jânio. ■ Àquela época, Rui estava mais graduado. Já havia feito parte do curso de formação e trabalhava na Rádio Moscou. As aulas eram ministradas em espanhol – os brasileiros tinham que entender espanhol para acompanhar o curso, dividido em três partes: Filosofia, Economia Política e História, e durava dois

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anos, em regime integral, fechado. Tudo isso com o viés de apontar bem o inimigo lá fora, o modelo capitalista, concentrador e excludente. Os cursos davam treinamento militar e condicionamento político-ideológico. ■ O comunicado oficial do Partido Comunista foi lido, repetidas vezes, na Rádio Central de Moscou: “Deixou de pulsar o coração do camarada continuador da vontade de Lênin, o sábio dirigente mestre do Partido Comunista e do povo soviético, Josef Stalin. Junto com Lênin, o camarada Stalin criou o poderoso partido comunista e o desenvolveu. Junto com Lênin, o camarada Stálin era inspirador e dirigente da grande Revolução de Outubro (de 1917), fundador do primeiro Estado socialista do mundo. Ao continuar a imortal causa de Lênin, Stalin conduziu o povo soviético à vitória mundial do socialismo em nossa pátria”. Esta foi a primeira grande cobertura de Rui Facó, na emissora moscovita. ■ Depois do XX Congresso, a imprensa do PCUS mudou toda, eram jornais artificiais,

tínhamos a imprensa popular no Rio, era perseguida pela polícia, de vez em quando o jornal tinha de trocar o nome porque a polícia suspendia — já tínhamos vários nomes registrados. No outro dia, saíamos com outro nome. Por exemplo, o jornal Tribuna Popular foi suspenso, sai então como Imprensa Popular, aí suspendiam o Imprensa Popular e a gente voltava com o Tribuna Popular, porque o período de suspensão já tinha expirado, e assim íamos. A gente ficava nesse jogo, mas, na verdade, o Rui nunca esteve clandestino. ■ A Revolução de 1930 foi um duro golpe contra o poder político dos grandes latifundiários, sobretudo nordestinos, em cujos domínios subsistiam os restos feudais. ■ Rui Facó estava viajando por toda a América Latina e seu destino final, supostamente, seria Havana. Fidel Castro, “la revolucion”, seria um germe que se espraiaria: o fim da sociedade de classes – a utopia ganha agora um recorte na realidade. ■ De uma a duas vezes por

semana, Rui embrenhavase nos sebos do Rio de Janeiro, numa garimpagem interminável, percorrendo as prateleiras e pilhas de livros com a paciência de um eremita. ■ Quais rumos Rui Facó teria tomado numa conjuntura pós-1964, quando o Brasil mergulha num cenário de subtrações de direitos acirrado em 1968 com a edição do AI-5, que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do então presidente Artur da Costa e Silva? ■ […] a vida dele foi toda voltada para um engajamento consistente, determinado, que nos lembra a expressão de Antonio Gramsci, de intelectual orgânico, aquele alinhamento ortodoxo que faz a parte se fundir no todo e ela, mesma toda, conquanto parte… O autor da obra Luís-Sérgio Santos é cearense, nascido e crescido em Beberibe, a 84 km de Fortaleza. É jornalista e professor da área de Comunicação da Universidade Federal do Ceará. Já no

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início da carreira profissional ganhou o prêmio máximo do jornalismo brasileiro, o Prêmio Esso, em 1980. Foi correspondente da Folha de S. Paulo em Fortaleza; secretário de redação e editor geral dos dois maiores jornais do Ceará, Diário do Nordeste e O Povo. Como expert em design gráfico, dá consultoria e implantou reestruturação de vários veículos impressos. Lançou três revistas, Fale, InsideBrasil e Poder Local, e é diretor geral da Omni Editora. Sobre a obra Rui Facó —uma biografia — O homem e sua missão, de Luís-Sérgio Santos, Omni Editora. Disponível em

Sobre a coleção biografias Por José Ilário Gonçalves Marques Presidente do INESP — Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará

B

iografias fascinam. A história de vida das pessoas são grandes ensinamentos ao mesmo tempo em que, em muitos casos, resgatam a memória de quem erraticamente ficou esquecido nas prateleiras do tempo. Poucos conseguem manter-se alheios a embates, fracassos e vitórias vividos por outrem. O sucesso das narrativas de vida é inegável e estão cada vez mais em evidência no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Biografias são sempre inspiradoras. Biografar é recuperar a trajetória única de um ser único, original e irrepetível; é reinserí-lo na sua conjuntura, por isso, uma Biografia é também um resgate histórico, cultural, antropológico e político da época em que a personagem viveu, seus interlocutores, seus influenciadores, seus desafetos e sua obra. Motivado pela importância da Biografia como formador e meio de levar o conhecimento de seu tempo que o Instituto de Estudos e Pesquisas Para o Desenvolvimento do Ceará lança o projeto editorial Coleção Biografias Inesp, que se inaugura agora com a biografia deste emblemático intelectual que foi Rui Facó, autor do antológico Cangaceiros e Fanáticos.

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Para muitos, Rui Facó foi a tradução brasileira literal do intelectual oorgânico, militante histórico do Partido Comunista e jornalista entrincheirado nas fileiras de uma ideologia que defendia a mudança estrutural de um Estado excludente e centralizador. Por isso, uma das bandeiras de Facó foi sempre a reforma agrária no Brasil e a luta contra o imperialismo intervencionista. A vida de Rui Facó, que se encerrou em 1963, é uma trajetória de um cidadão determinado e consciente de da missão da qual se incumbiu. É, portanto, com alegria, que contribuímos para a resgatar a memória deste grande intelectual através desta dedicada pesquisa do professor LuísSérgio Santos.

Documentos

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Requerimento do vereador Evaldo Lima (PCdoB)

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Requerimento do senador Inácio Arruda (PCdoB) SENADO FEDERAL GABINETE DO SENADOR INÁCIO ARRUDA PCdoB-CE

, de 2014 – SF

Requeiro, nos termos do art. 222 do Regimento Interno do Senado Federal, a inserção em ata de Voto de louvor ao jornalista e professor Luís Sérgio Santos, pelo lançamento do livro “Rui Facó (uma biografia) o homem e sua missão”, de sua autoria, editado pelo INESP – Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará, em co-edição coma Omni Editora e com a Fundação Astrojildo Pereira. Requeiro, ademais, que este Voto de Louvor seja levado ao conhecimento do autor.

JUSTIFICATIVA

O jornalista Luís Sérgio Santos, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo de 1980, atualmente professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, acaba de lançar o livro “Rui Facó (uma biografia) o homem e sua missão”, no qual traça com rara competência o perfil deste que foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros do século passado, autor de

um

clássico

absoluto

de

nossa

historiografia,

o

livro

“Cangaceiros e Fanáticos”. Nascido em Beberibe/CE, em 04 de outubro 1913, Facó comprometeu-se desde cedo com o destino de sua gente, o

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REQUERIMENTO Nº

que o fez dedicar-se, ao longo de uma vida de militante, escritor e pensador, à tarefa de compreender a formação histórica da nação brasileira, como forma de auxiliar a libertação do povo brasileiro das

Militante histórico do Partido Comunista, desde a década de 1930, Facó participou de todas as lutas do povo brasileiro até ver-se prematuramente tolhido pela morte em um acidente aéreo na Bolívia, em 15 de março de 1963, aos cinquenta anos incompletos. Deixou extensa obra de pesquisa e combate, tendo uma participação destacada na imprensa de esquerda, como o jornal A Classe Operária e o semanário Novos Rumos. O presente voto de louvor significa o reconhecimento ao brilhante trabalho realizado por Luís Sérgio Santos, ao fazer justiça à memorável trajetória pessoal e política de Rui Facó, fonte imorredoura de inspiração para todos aqueles comprometidos com as lutas do povo brasileiro.

Sala das sessões,

2014

Senador Inácio Arruda

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forças do atraso e do obscurantismo.

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publicado no dia primeiro de janeiro de 2017

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