Rui Galvão: um «agente duplo» na Idade Média Final?

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Judite Gonçalves de Freitas / Francisco de Paula Canãs Gálvez

(Universidade Fernando Pessoa, Porto) / (Universidade Complutense, Madrid)

V Congresso FIDEM – FLUP 25 de junho de 2013

Introdução – contextualização histórica 1. Os secretários régios nos reinos de Castela e de Portugal 2. Rui Galvão: oficial da puridade dos reis de Portugal 3. Rui Galvão entre Portugal e Castela: “um espião” na Corte de Juan II ? Conclusão

Espionagem e agentes duplos (origens) – Sociedades humanas e formações territoriais - A barreira do segredo – arma contra o rival - Guerra – A espionagem é uma atividade tão antiga quanto a guerra. “Um exército sem agentes secretos é um homem sem olhos e sem ouvidos” Sun Tzu -

1ªs referências históricas explícitas: Arte da Guerra (Sun Tzu); Ilíada de Homero, Bíblia.



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Jean-Pierre Alem (1982) – questionou as razões da ausência de estudos sobre a história dos “agentes duplos”. História Militar e Diplomática contemporânea contempla a ação destes agentes. John Keegan – “Espionagem na guerra. Conhecer o inimigo: De Napoleão à AlQaeda” Historiadores da espionagem nos alvores da Época Moderna: Stephen Alford – prof. no King’s College John Cooper – prof. universidade de York

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Incremento do aparelho burocrático – XIV/XV Castela e Leão – surgem no reinado de Afonso XI (1312-1350) Portugal – o setor da puridade criado em 1361, mas os secretários surgem no reinado de D. João I Secretários – depositários da confiança e poder de gestão dos negócios «públicos» Regimento do Escrivão da puridade – Portugal 1450 modelo de secretário - competências muito amplas. Em Portugal e em Castela, durante o séc. XV, multiplicam-se os secretários episcopais e de grandes casas senhoriais (nobiliárquicos) – ascensão e prestígio crescentes.

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Secretário dos reis D. João I, D. Duarte e D. Afonso V. Criado na Câmara do Infante D. Duarte 1426-1429 – escrivão da Câmara 1428 – surge como secretário 1432 membro do conselho 1438 – Cortes de Torres Novas – secretário de D. Duarte 1439 – Cortes de Lisboa 1440-1445 – Baixa à posição de escrivão da Câmara por apoiar a rainha D. Leonor de Aragão contra o Infante D. Pedro que nomeia LOPO AFONSO como secretário.

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1440 – D. Leonor envia RG para tratar da amizade com o Infante D. Pedro “fingidamente”. 1444 – redige uma carta de privilégios concedida ao Duque de Bragança, na qualidade de secretário e cavaleiro do Infante D. Pedro. Finais de 1447 – aproximação definitiva a D. Afonso V. 1447-1459 – um dos oficiais mais intervenientes no despacho burocrático. Cavaleiro e membro do conselho régio

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RG – embaixador em Castela 1431 – Tratado de pazes de Medina del Campo 1432 – Ratificação do tratado de paz Perfil profissional de Rui Galvão: Domínio da gestão documental da Corte Exercício da diplomacia ao mais alto nível. 1447 – integra, provavelmente, a comitiva que acompanha Isabel de Avis para contrair matrimónio com Juan II de Castela.







Em 1453. VIII – desloca-se a Castela para negociar o casamento do príncipe Henrique com Joana de Avis. Neste mesmo ano aparece nomeado como secretário do rei Juan II de Castela com uma moradia. Facto que origina uma situação insólita – a sua implicação na vida política castelhana leva-o a castelhanizar o nome – “Ruy Galván” – ascendendo ao mais alto grau da administração régia castelhana.

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Em 1455 volta a Portugal e presta serviço na Corte de D. Afonso V. Neste ano assina, como conselheiro e secretário régio o auto de juramento do príncipe D. João. 1456 – é de novo enviado ao reino vizinho para se inteirar dos preparativos da armada contra os turcos. Alcançou enorme fortuna, em resultado das consideráveis mercês e benefícios recebidos nas décadas de 40 e de 50, inclusive para os seus criados e dependentes.



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No seguimento dos dados expostos uma questão se coloca em torno da qual gira toda a nossa argumentação: Foi Rui Galvão um espia português na Corte de Castela? Neste momento não estamos ainda em condições de dar uma resposta definitiva. Porém, atendendo aos dados e às fontes que apresentámos, RG foi um embaixador quasi constante em Castela desempenhando importantes missões.

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Com ampla experiência nos meandros da administração cortesã. Experiência diplomática ao mais alto nível. Possuidor de uma capacidade de resolver questões difíceis e restritas. Perigoso, destemido e audaz, características que o levam a introduzir-se na Corte castelhana e a ser nomeado privado do rei Juan II. RG é uma figura com um perfil similar ao oferecido por ‘espias’ e embaixadores muito posteriores ao seu tempo o que prova que as operações de espionagem são uma constante ao longo da História, e não uma invenção da era contemporânea.





Freitas, J. A. G. de (2001), «Teemos por bem e

mandamos». A Burocracia Régia e os seus oficiais em meados de Quatrocentos (14391460), 2 vols., Cascais: Edições Patrimonia.

Cañas Gálvez, Francisco Paula (2012), Burocracia y cancillería en la Corte de Juan II de Castilla (1406-1454), Salamanca: Universidad de Salamanca Universidad de Salamanca.

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