Rumo a uma rádio perene: as TIC como um recurso
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Rumo a uma rádio perene: as TIC como um recurso Pedro Duarte Rádio Universitária do Algarve Pretendese neste texto fazer uma pequena reflexão e recolha de alguns exemplos de utilização das TIC pela rádio e de que forma estas estão a moldar as novas formas de fazer rádio. Procurase perceber de que forma a rádio se torna menos efémera ao tirar partido destas novas ferramentas.
“A aparição do rádio no começo do século XX supôs uma mudança radical nos sistemas de comunicação. Mudouse da narrativa escrita à narrativa oral, do campo visual ao auditivo... ” Lopez, 2010.
O aparecimento/surgimento da rádio foi, já por si, uma verdadeira alteração no panorama da comunicação social (e que desde a sua criação está intimamente ligado às novas descobertas tecnológicas). Com a transmissão via rádio, passou a ser possível, em tempo real e à distância, ter acesso a notícias (mesmo que não se soubesse ler), a músicas e a outras produções (teatrais, humoristas, satíricas...). Se ao inicio era exclusivo a alguma elite, uma outra invenção tecnológica (o transístor) veio democratizar a telefonia, tornoua portátil, passando a ser possível aceder à rádio em qualquer local. A Rádio é, quase por definição, um meio de transmissão efémero, onde as emissões de um determinado canal acontecem, naquele preciso momento de forma unidirecional e única. O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação permitiram à rádio uma alteração da “definição” acima indicada. A proliferação do telefone, deu ao jornalista a possibilidade de reportar em tempo real o que se passava em qualquer local, desde de que servido de linhas telefónicas. As rádios puderam, com menos recursos, reportar ao minuto os acontecimentos e o ouvinte passou a poder participar directamente nas emissões e a ser incentivado a fazêlo. Os gravadores de fita magnética, passam a permitir uma maior mobilidade e agilidade à rádio e à sua cobertura dos eventos. A portabilidade dos telefones (telemóveis) deulhe uma maior mobilidade e (mais recentemente) melhor qualidade sonora na cobertura de eventos, mas, por outro lado, permitiram, uma maior participação do ouvinte, agora com o SMS. A Internet, que entretanto também já passou às plataformas móveis, é para a rádio, quase tão revolucionária como o aparecimento da rádio o foi, para os meios de comunicação da altura. “...Hoje, cem anos depois, assistimos a uma nova mudança nos sistemas de comunicação, que obriga a repensar a forma de contar dos meios tradicionais. O rádio, como os meios impressos e a televisão, tem que redefinir seus fazeres a partir do novo conjunto de condições que impõe o cenário da era digital.” Lopez, 2010 Não foi por esquecimento que a televisão, muitas vezes anunciada como carrasco da rádio, não consta como uma das novas tecnologias que mudou a rádio. Na realidade, não foi incorporada pela rádio, como nos casos apresentados, provocoulhe, no entanto, grandes alterações como refere Cordeiro 2001, ”(..) O fascínio que o novo meio despoletou, a rádio foi obrigada a mudar. A criatividade não deixou de se revelar, e a rádio apresentou alguns programas que surpreenderam a sociedade. Procurou inovar o seu discurso, (...). Foi o nascimento de uma nova fase na
rádio portuguesa, mais moderna, em oposição à anterior. Testaramse novas configurações, que se opunham no campo do discurso e da expressão, e desenvolveramse novas ideias especialmente no campo da música e da ficção. A década de 60 viu nascer vários programas impertinentes que se aproximavam demasiado dos limites impostos pela censura. Ao longo desta década, a rádio começou lentamente a assumir um papel de divulgação da cultura. A informação passou a ser um elemento central para os programas que se especializaram em torno de temáticas tão diferentes como a informação de actualidade ou a divulgação musical .”
Este primeiro choque que a rádio sofreu televisão obrigoua a sair da sua zona de conforto e fêla reinventarse, melhorar e o mesmo se está também a passar com o segundo choque a Internet. É interessante observar como a segunda, acabou por permitir que a primeira acabasse por se integrar no mundo da rádio... Ao longo da sua história a rádio conseguiu ir tirando partido de muitas das inovações tecnológicas e algumas das que foram encaradas como ameaças, foram transformadas em oportunidades e colocadas ao seu serviço, não só como forma de aumentar a sua funcionalidade (transmissão à distância e gravação) mas também para alcançar outros públicos. A internet (e as suas ferramentas) é a última dessas ameaças, mas, como já referia Meditsch em 2001 “ o rádio não desaparecerá, mas será fortalecido pelas possibilidades que a internet e, acreditase, a digitalização, oferecem” porém pareceme que ultrapassa as 3 características propostas por Meditsch “um meio de comunicação sonoro, invisível e que emite em tempo real ”. A Rádio ”virtual” “ O processo de mutação do rádio acentuouse desde a década de 1990, quando os sites de emissoras convencionais e virtuais começaram a se multiplicar na internet. Desde então, a emissão e a sintonia de emissoras convencionais e virtuais pode ser feita em computadores e outros dispositivos informáticos fixos e móveis “ Almeida , 2010. As primeiras presenças da rádio na web fizeramse através de páginas e blogs e 1 remontam a meio da década de 90 , altura em que se iniciam também as primeiras 2 3 transmissões pela grande rede – (WXYC, EUA, 1994 – Virgin Radio, Europa, 1996 ). Portugal acompanhou as tendências mundiais e em 1996 a TSF (Rádio referência no jornalismo radiofónico) inicia a sua presença na rede, no mesmo ano que Rádio Universitária do Minho (RUM), mas esta logo com emissão online . Um ano depois, a RFM, lider de audiências, estreia a sua página ( online desde 2000). A rádio tornase visual, as páginas e blogs, passam, não só, a dar uma imagem à rádio e marcar a sua presença na rede (com a sua capacidade de pesquisa, promoção, interacção...), mas também a mostrar o seu “interior”, a dar cara às vozes. As rádios aumentam a sua vocação de promoção musical, com críticas escritas aos novos trabalhos, notícias de concertos e transcrição de entrevistas, outras começam a criar arquivos de bandas ou da actualidade; querem ser uma referência na sua área: musical ou noticiosa. Tornase possível criar um registo do que se passa nas emissões, consultar grelhas de programação, saber o que se irá passar dali a umas horas, dias, semanas, mas também o que se passou. Autores de Programas iniciam o registo das suas emissões nos blogues, reportagens de eventos, entrevistas... A rádio começa a deixar de ser efémera e a deixar
o seu registo. “ O rádio é um veículo com emissão e recepção instantânea, sem recursos para gravar todos os conteúdos e permitir que o ouvinte “volte” ou repita as mensagens de seu interesse, no horário que ele quiser. (...) A internet oferece ao rádio a possibilidade de armazenamento de conteúdos com facilidade de localização e de recuperação instantânea da informação. Ou seja, a digitalização agrega ao rádio bancos de dados online no ciberespaço. O jornalismo tem sua primeira forma de memória múltipla, instantânea e cumulativa .”
Almeida, 2010
As barreiras geográficas e limitações de potências de emissores deixam de ser uma limitação para o auditório. Apesar das velocidades ainda serem baixas, com as emissões online, tornase possível ouvir uma rádio do outro lado do Oceano e em tempo real e participar em directo. Mas a vontade de ouvir mais e aquilo que não se pode ouvir em directo, vai aumentado e a rádio tem de seguir essas tendências e a vontade de quem a ouve. “ Esta mudança não se estabelece simplesmente pelas tecnologias digitais de transmissão de áudio e pela melhoria na qualidade de sinal, mas sim porque o comunicador agora se encontra em um cenário de tecnologias inseridas no cotidiano .” Lopez, 2010 O consumidor começa a ter o desejo que consumir o que quiser, onde quiser e à hora que quiser. A rádio, para além de “um meio de comunicação sonoro, invisível e que emite em tempo real ” como refere Meditsch, passa a ser multiplataforma e multimédia onde é possível, não só ouvir o que se passa na emissão, mas visualizalo, a qualquer momento. Com este segundo choque também o jornalista ou radialista se tem de tornar num profissional multitarefas, acrescentando à apresentação do seu programa (herdada da década de 1920), os comandos técnicos, a pesquisa na internet, a integração com a redacção (via telefone ou mensagens) e a comunicação com os ouvintes através das ferramentas virtuais. E tudo em tempo real. O repórter que sai para o campo, também deixou de se poder concentrar apenas na captação de informações vitais para um directo, mas grava, mistura, fala, fotografa e actualiza a presença virtual em dispositivos moveis. A rádio, mais uma vez, usou uma potencial ameaça para se reinventar e tirou partido das ferramentas que se vão cruzando no caminho. Para Ferraretto (2007) a internet consegue beneficiar a rádio em diferentes aspectos, tanto porque substitui qualquer sistema de ondas hertzianas, como permite que a emissão seja acessível em formatos móveis ou ainda, porque disponibiliza o conteúdo radiofónico em qualquer momento, pelo RSS. Esta funcionalidade foi a que permitiu ao “ouvinte” passar a saber que programas ou notícias, por si subscritos, já foram actualizados e poder escutálos/lêlos quando mais lhe aprazer. Deixa de ser necessário estarem todos os ouvintes ligados à mesma hora, na mesma plataforma, podendo a escuta ser adaptada às necessidades de consumo e disponibilidade de cada um. O ouvinte é livre de escutar à hora que quiser e no suporte que desejar (fixo ou móvel). Porém, Meditsh 2001 afirma que “S e não for feito de som não é rádio, se tiver imagem junto não é mais rádio, se não emitir em tempo real (o tempo da vida real do ouvinte e da sociedade em que está inserido) é fonografia, também não é rádio .” Mas o que é a rádio, hoje em dia? É bem mais do que uma estação que emite musica, notícias e programas por via hertzianas. Não tem uma página? Não emite via net? Quem
ouve rádio não visita a sua página? Não participa em, pelo menos, uma rede social? Em Portugal, a Associação Portuguesa de Radiodifusão colocou em marcha, em 2005, o 4 projecto ROLI . O objectivo era disponibilizar às rádios, de uma forma fácil e barata, a colocação da sua emissão online , numa plataforma que as agregasse, de forma a fazer uma promoção conjunta. Este projecto, cofinanciando pela União Europeia (FEDER), disponibilizava não só o aconselhamento técnico, mas todo o equipamento necessário, e conseguiu, em pouco tempo, colocar 220 rádios a transmitir via net, colocando, na altura, Portugal como um dos países com um dos maiores rácios de “emissoras virtuais”. Em Maio de 2007 foi inaugurado o portal www.radios.pt onde é possível aceder a todas as rádios participantes neste projecto. Porém a emissão online não é a única ferramenta que a rádio colheu da nova era digital. A presença das rádios fazse cada vez mais com componentes de texto, fotografia, infografia, produções multimédias, numa procura de complementaridade e uma ampliação do seu conteúdo sonoro.
“é importante destacar que o uso do portal na internet pode ultrapassar o limite da informação transmitida via rádio: sem deixar de lado o estilo que dita a programação radiofônica, o conteúdo da internet pode ser bem mais que complementar, configurando um outro espaço, com fins de fidelização do ouvinteinternauta. Em outras palavras, o site da emissora pode duplicar uma informação– e manter disponível, contrariando a ideia de efemeridade – ou oferecer outros dados, outros conteúdos. “ Gambaro , 2010
Como em qualquer produto, a rádio tem de satisfazer o público que serve e acompanhar as suas tendências de consumo. O internauta e o ouvinte de rádio são hoje a mesma pessoa e com necessidades diferentes. A internet é som e imagem e a rádio também caminha nesse sentido, pelo menos aparenta. A complementaridade com o som começou com o texto e a imagem, depois o som passou a “viajar” na grande rede e tornouse acessível em qualquer altura, finalmente foi o vídeo que entrou no meio da rádio. O video em Rádio a televisão na rádio É interessante ver que o chamado segundo choque (para a rádio) internet acabou por possibilitar que a causa do primeiro choque televisão “entrasse” no dia a dia da rádio, com a transmissão quer de programas ao vivo, quer gravados. A imagem em movimento na rádio não é, na realidade uma novidade, desde há alguns anos que algumas rádios decidiram colocar webcams nos seus estúdios para que os visitantes das suas páginas podessem espreitar o que se passa no seu “interior”. Porém o que se passa hoje em dia é bem para além disso: há (ainda) imagens “estáticas” o animador/jornalista em directo; há imagens com diversas câmaras;, há emissões de rádio que passam em televisão e ainda produções propositadas para serem disponibilizadas nas páginas das rádios como complemento às suas emissões ou acções. 6 São muitas as rádios que colocam webcam nos estúdios: BBC1 (Londres, Inglaterra), 7 8 9 Rádio Comercial (Lisboa, Portugal), Antena 3 (Lisboa, Portugal), Super Jovem (Paraná, Brasil)... Há depois algumas que disponibilizam algumas dessas emissões, não em directo (ou não
só em directo), mas a possibilidade de visualizar o que têm gravado algumas emissões 10 especiais ou bandas a tocar ao vivo nos seus estúdios RNE3 (Espanha), NRJ 11 12 (França), Le Mov’ (França)... A possibilidade de ver alguns dos vídeos das bandas ou temas que promovem, são também disponibilizados por algumas rádios como forma de afirmação da sua mensagem e posicionamento na divulgação de certos tipos de músicas. Algumas rádios começam já a filmar alguns programas ou actuações nas suas emissões, mas de num formato televisivo, onde a experiência se torna muito próxima da disponibilizada pela “caixa mágica”, mas conservando um traço do que é a rádio e que podem ser vistos em directo ou através dos arquivos que vão criando. 13 A KCRW (Santa Mónica, Califórnia) é um destes exemplos onde, por exemplo, o programa Morning Becames Eclectic , transmite as actuações das bandas em directo (na rádio), num sistema multicâmara, como se de uma emissão de televisão se tratasse, 14 podendo acederse a essas actuações através da secção de arquivos . Esta é mais uma forma da rádio se perpetuar os arquivos quer de texto, audio ou vídeo. É possível seguir a história da rádio, dos seus programas ou até da actualidade através da mera consulta desta nova forma de conservar a história recente. Sem sairmos 15 de casa e sem grandes burocracias podemos ouvir os programas da TSF desde 2006 ou 16 que é produzido no diversos canais das rádios Públicas Portuguesas (Antena 1/2/3). Há, no entanto um outro exemplo em Portugal que apostou em algo diferente, a RFM. Em Abril de 2006 o director de programas da RFM afirmava ao jornal Público: "«Acho que ninguém sabe para onde a rádio está a ir. Aquilo que se sabe é que, de acordo com o se viu nos últimos 30 a 40 anos, a rádio já não é só o FM. Pode haver outros suportes», defende António Mendes, director de programas da RFM. Reconhece que a relação da internet com a estação jovem adulta da Renascença é de complementaridade e que sobre o «podcast» «falase mais do que se adere»: «o ouvinte da RFM não tem muita paciência para isso. Não sei como é que se será daqui a um ano ou dois»" (Público15/4/06, «A rádio está a mudar. E vai ter de mudar») Quatro anos depois, a RFM não lança um serviço de podcast, apesar de estarem a dar os primeiros passos “até agora pensávamos que não compensava” (António Mendes) mas sim o RFM vi, que, pareceme, se assemelha mais a um canal de videocast. 17 O canal RFM vi foi inaugurado em Dezembro de 2010 e nele são disponibilizados conteúdos video, com aplicações para iPad, iPhone/iPod, Android e está já presente num dos serviços de TV por cabo. Neste canal, que é uma página diferente da oficial da rádio, são colocados algumas das produções da RFM, entrevistas, mas também algumas reportagens de concertos e de actividades extrarádio (jantares com músicos, sessões de motivação da equipa), bem como alguns videos que servem de complemento a ações de publicidade durante as emissões. Este fenómeno é interessante e mostra uma evolução no pensamento desta rádio e um acompanhar da alteração dos comportamentos do seu ouvinte, como internauta. Em relação a este caso há um comentário interessante do autor do blog 18 Segundochoque , em relação à afirmação da não existência de podcast por parte da RFM. Questionase João Paulo Menezes se a RFM teria programas/rubricas que se adaptassem ao Podcast, uma vez que é uma rádio de cariz musical. E esta é, pareceme uma das questões pertinentes. Que conteúdos podem/devem ser disponibilizados para Podcast? A RFM, aparentemente parece ter resolvido a sua questão, pois optou por um formato, que, de alguma maneira é inédito em Portugal, mas a questão mantémse.
Na sua génese, o podcast surge como uma alternativa ao que era produzido e 19 disponibilizado pelas rádios e até televisão. Adam Curry , considerado um dos impulsionadores do podcast, começou a usálo para mostrar algo que de outra maneira 20 não seria possível. Uma forma de procurar uma alternativa ao que era oferecido pelas emissões convencionais. Uma boa parte dos podcast que podemos encontrar são de programas com algo para dizer, não propriamente música (até porque ainda persistem alguns problemas com os direitos de autor). Se é apenas música, não se pode considerar um podcast, se não for interessante, quem o vai ouvir? As rádios agarraram nesta nova ferramenta, que, através do RSS indica ao subscritor quando há “episódios” novos e usaramna para perpetuar o que nas suas emissões há de mais radiofónico e onde o ouvinte “investe” tempo a ouvir. As rádios com maior produção de conteúdos serão, até por dedução das palavras de João Paulo Meneses, as mais indicadas para colocação das suas produções em podcast. Rádios culturais, comunitárias e académicas, em oposição às de músicas (e pouca palavra), são as que mais poderão contribuir e, em verdade é o que acontece. Ao disponibilizarem na sua grelha (em FM) muitos programas de autor, de debate, temáticos... acabaram por ver na net uma extensão natural e uma forma de conquistarem novos públicos. As rádios de música também o fazem, não apenas nas rubricas, mas em programas, porémsão no entanto os chamado programas de autores que mais disponibilizam na rede (e alguns sem a possibilidade de os descarregar, apenas ouvir). 21 Ao consultar as páginas de algumas das rádios universitárias (PT RUCoimbra , 22 23 24 25 RUMinho , RUAlgarve ; ES Uniradio , RULeon …) vemos que o podcast dos seus programas é uma constante. Até partilham os programas mais musicais, mas há que ter em conta que muitos são temáticos ou por género musical. O mesmo acontece com as 26 27 28 rádios culturais (FR Radioculture ; DE DKultur ; SW RSI Rete Due ; NO NRK 29 Ostfold). O Podcast faz já parte da realidade de muitas rádios e assim, para além de criarem um arquivo, facilmente acessível, do seu espólio, também o fazem chegar a mais pessoas, não só pela possibilidade de escuta em diferentes plataformas e em diferentes horários, mas porque a partilha é mais ampla com outra das ferramentas da Web 2.0, as redes sociais. Web 2.0 Este é mais um dos meios para perpetuar a rádio. A facilidade com que hoje se partilha uma notícia, um programa em audio ou uma rubrica em vídeo, contribui, não só para que seja mais fácil encontrar, no futuro, essa referência, mas para que a própria rádio e os seus produtos sejam mais conhecidos. O investimento em publicitar um novo talento humorístico num programa da manhã, pode muito bem passar pela partilha desses momentos, em vez de se investir na típica publicidade de anunciar o acontecimento, por muito que seja repetida. O impacto de poder assistir quando se quiser a algo que foi partilhado/sugerido por amigos, é elevar o potencial reconhecido do bocaaboca a valor dificilmente imagináveis. 30 Segundo a página FbRank PT , as rádios conquistaram um lugar cimeiro nas 31 preferências dos mais 4 200 000 utilizadores do Facebook em Portugal . Tornase especialmente perceptível se for feita a filtragem, primeiro às paginas de marcas e depois às pertencentes à Comunicação Social. Três rádios no top 5 das páginas de comunicação do FB com mais fãs, demonstra que a rádio conseguiu tirar partido destas funcionalidades e, em vez de ser prejudicada pelas novas ferramentas, conseguiu absorvela e fazer uso das suas potencialidade para se autopromover
Presença da Rádios no FB Janeiro 2012 Global Marcas Com. Social Rádio Comercial 14º 7ª 3ª ± 445 000 fãs Rádio Cidade 18ª 11º 4ª ± 417 000 fãs RFM 19ª 12º 5ª ± 411 000 fãs Caderneta de Cromos (programa) 34º 21º 7ª ± 270 000 fãs Antena 3 33º 13ª ± 191 000 fãs Mega Fm 37º 14ª ± 160 000 fãs
Mas as redes sociais não são apenas o FB. Twitter, Hi5, Youtube, Myspace, LastFM, são redes onde muitas das rádios portuguesas marcam a sua presença e a lista continuará a aumentar à medida que outras redes e outras funcionalidades vão aparecendo. Segundo Gambaro (2010) o uso das novas TICs ligadas à rádio é ainda limitado pela falta de acesso a recursos digitais por um público mais amplo mas também pela falta de iniciativa das emissoras. Já Almeida (2010) diz mesmo que “As equipes que produzem os conteúdos dos sites das emissoras ainda são pequenas e com pouca informação ou estudos sobre o trabalho que realizam. Ainda há pouco conhecimento entre os profissionais e dirigentes das rádios, dos potenciais que a internet pode adicionar ao conteúdo que produzem. Ou seja, ainda falta percepção para que as características da web sejam entendidas e utilizadas rotineiramente pelos profissionais do rádio.” À medida que os responsáveis se forem apercebendo da sua potencialidade é natural que a presença das TIC no dia a dia de um animador, jornalista, repórter seja cada vez maior. Até porque também o é para o ouvinte/internauta e já há exemplos de rádios desenhadas a pensar nesse ouvinte. 32 A Vodafone FM , com o lema “mexe na música”, permite e incita o utilizador a gostar/não gostar das músicas das listas, contribuindo assim para que a música que a rádio (FM e 34 Net) passa seja feita à sua medida (e com reduzido custos para a empresa) A BBC já permite quase que uma rádio ondemand onde é possível escolher o que se quer ouvir apartir de tudo o que é produzido no seu grupo. A expansão da banda larga e os novos habitos de consumo online, deixam antever um crescimento exponencial das TIC nas mais simples situações quotidianas. Segundo o 33 relatório do Obercom , em 2009, Portugal contava já com 42% de utilizadores com banda larga, mas 97% dos jovens tinham acesso através da escola, a cobertura pela rede móvel era de 80% (em 2012 será disponibilizado espaço radioelectrico para a sua expansão), 50% ouvia rádio online (mesmo que esporadicamente) e 30% descarregava podcasts. Vemos que os hábitos se alteram e que o espaço para um crescimento das rádios na Rede, é tão vasto quanto a sua imaginação e capacidade as conseguir levar. Não há razões para se pensar que, em muitos países, estes dados sejam muito diferentes, o que deixa ainda mais um alento, é que por todo o lado as iniciativas vão aparecendo, as TIC vão tendo utilizações inovadoras e até nisso a internet vem beneficiar a rádio (e não só, claro!). É que estes exemplos estão apenas á distancia de um “click”. “se a internet não ajuda a ampliar o público, ao menos promove sua manutenção” Gambaro (2010)
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