RUMO AO LIXO DA HISTÓRIA

June 3, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Sociology, Economics, Social Sciences, Political Science
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RUMO AO LIXO DA HISTÓRIA Fernando Alcoforado* É importante observar, de início, que, na tentativa de defender o governo Dilma Rousseff, o PT e partidos aliados procuraram difundir a tese de que havia uma conspiração das elites que, através de um golpe parlamentar, buscava apear do poder um governo defensor dos pobres. Apesar da catastrófica devastação econômica, do colapso da Petrobras, da corrupção sistêmica e da gestão incompetente dos governos do PT no Brasil, algumas pessoas aderiram à tese da conspiração das elites contra os pobres. Para entender o comportamento dessas pessoas, pode-se afirmar que algumas delas, bem intencionadas, porém desinformadas, são movidas pela crença de que a saída do PT do poder significaria um retrocesso para os pobres e, outras pessoas, militantes do PT e de partidos aliados, agem, algumas equivocadamente e outras cegamente como “soldados” em obediência ao comando de suas organizações. Todas estas pessoas defendem, lamentavelmente, um governo que, graças à sua incompetência política e administrativa, levou o País à bancarrota e à desmoralização das forças progressistas como alternativa política para governar o Brasil no futuro. Sobre o compromisso do PT com os pobres, é importante considerar a opinião do professor Plínio de Arruda Sampaio, fundador do PT e do PSOL, já falecido, que destacou no artigo Fatos e mitos dos governos progressistas no Brasil, que o governo Lula não beneficiou os trabalhadores porque: 1) o salário médio da população ocupada permanecia praticamente estagnado no mesmo nível de 1995; 2) a jornada média do trabalhador brasileiro foi de 44 horas, fato este que significou a elevação de uma hora em relação à média dos oito anos anteriores; 3) não impediu que a rotatividade do trabalho continuasse em elevação, nem significou uma reversão da informalidade em que se encontra praticamente metade da força de trabalho ocupada no Brasil; 4) as tendências estruturais responsáveis pela perpetuação da pobreza e da desigualdade social também não foram alteradas porque aproximadamente 40% da força de trabalho brasileira ainda permanece desempregada ou subempregada, isto é, sem renda de trabalho ou com trabalho que remunera menos do que um salário mínimo; 5) a concentração funcional da renda permaneceu praticamente inalterada num dos piores patamares do mundo; 6) a pequena melhoria na distribuição pessoal da renda, apontada como prova cabal do processo de “inclusão” social do governo Lula, na realidade apenas registra uma ligeira diminuição no grau de concentração dos salários; e, 7) é uma falácia a “inclusão” social do governo Lula evidenciada na persistência de uma população de pobres da ordem de 30 milhões de brasileiros (Ver o artigo Fatos e mitos dos governos progressistas no Brasil de Plínio de Arruda Sampaio, disponível do website ). Os governos Lula e Dilma Rousseff deram continuidade, também, à política do governo FHC que aprofundou o processo de flexibilização e precarização das relações de trabalho no Brasil. Portanto, é uma falácia que os governos Lula e Dilma Rousseff foram defensores dos pobres. Feita esta introdução sobre a falácia de que o PT é defensor dos pobres, é importante observar que o impeachment de Dilma Rousseff consumado no dia de hoje (12/05/2016) representa o fim da era PT que se caracterizou por ter produzido a maior devastação sobre a economia brasileira e a maior corrupção em toda a história do País. Durante a era PT, o Brasil foi arruinado economicamente porque o sistema econômico 1

brasileiro faliu ao dobrar a dívida pública que evoluiu de R$ 1,6 trilhões em 2010 para R$ 3,3 trilhões em 2016, além de apresentar crescimento econômico negativo rumo à depressão, taxa de inflação acima de 10%, desemprego em massa (10 milhões de desempregados), falência generalizada de empresas (51,4% micro e pequenas empresas, 22,2% companhias de médio porte e 26,4% de grandes empresas), desindustrialização (10% do PIB), precariedade extrema dos serviços públicos de educação e saúde e gargalo logístico. A estagnação da economia brasileira em que ela se encontra está contribuindo, também, para a queda da arrecadação do governo em todos os níveis que está resultando em não haver recursos públicos para investimento na infraestrutura econômica e social em quantidade suficiente, bem como para atender suas necessidades mais elementares como já vêm ocorrendo em todos os quadrantes do País. Os governos do PT de Lula e Dilma Rousseff contribuíram, também, para o colapso da Petrobras cujo valor de mercado encolheu em US$ 200 bilhões desde o início do governo Dilma Rousseff. Em 31 de dezembro de 2010, um dia antes da posse de Dilma Rousseff, a empresa valia US$ 228,211 bilhões e, ao final do pregão de 22/01/2016, o valor de mercado da Petrobras era de US$ 28,032 bilhões, isto é, uma queda de quase 90%. O ano de 2015 terminou com a empresa endividada em R$ 522 bilhões. A Petrobras chega à pior situação de sua história ao se transformar na petroleira mais endividada do planeta. Este é o resultado de 12 anos de incompetência gerencial e corrupção da gestão petista que transformou a Petrobras de modelo de eficiência empresarial em um abrigo de larápios segundo a Operação Lava-Jato. Os resultados desastrosos da Petrobras resultaram não apenas da má gestão e das decisões equivocadas de seus dirigentes nos investimentos realizados como, por exemplo, a aquisição das refinarias de Pasadena nos Estados Unidos e de Okinawa no Japão e a construção da refinaria Abreu e Lima no Brasil, mas também da corrupção. A corrupção que caracterizou os governos do PT está demonstrada pela delação do senador Delcídio do Amaral, ex-lider do governo Dilma Rousseff no Senado, que revela o comprometimento de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula em vários crimes capitulados em lei (Ver o texto publicado pela revista Isto É sob o título A delação de Delcídio disponível no website ). Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador Delcídio do Amaral descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na Petrobras os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores. O relato de Delcídio complica definitivamente Dilma Rousseff e Lula, pois se trata de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas a mando de Dilma e Lula. Em sua delação, Delcidio afirma que Dilma Rousseff tinha todas as informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, considerada um dos negócios mais desastrosos da Petrobras e que foi firmado em 2006 com um superfaturamento de US$ 792 milhões, quando Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal. Além de ter fracassado na gestão do Brasil levando o País à bancarrota, os governos Lula e Dilma Roussef traíram os compromissos do PT e das forças progressistas em 2

geral com as grandes lutas do povo brasileiro levadas avante nos últimos 50 anos, numa incoerência histórica traidora. Esta incoerência se coloca em três planos: 1) ao aderir ao modelo econômico neoliberal de subordinação do Brasil ao capital financeiro nacional e internacional que foi introduzido pelo ex-presidente Collor; 2) pelo abandono do PT e de suas lideranças de um princípio que se constituía no passado em uma marca do partido, que o diferenciava dos demais, qual seja a prática da ética e da moralidade no exercício da política como ficou evidenciado com as alianças que realizou com “escórias” da política brasileira como Collor, Sarney, Maluf e Renan Calheiros, entre outros, para conquistar e se manter no poder, além de adotar o método espúrio de compra de votos no parlamento demonstrado no caso do “mensalão”; e, 3) a adoção de uma política clientelista institucionalizando o programa Bolsa Família de transferência de renda que, sob o pretexto de ajudar os pobres, funcionou, na prática, como instrumento de compra de votos nas eleições. Pelo exposto, a penalidade sofrida por Dilma Rousseff de impeachment pelo crime de responsabilidade foi muito pequena quando deveria ser responsabilizada, também, por ter arruinado economicamente o Brasil, quebrado a Petrobras e ter sido conivente com o estado de corrupção política sistêmica desenfreada que é conhecido como cleptocracia, o que literalmente significa "país governado por ladrões". O PT e seus aliados se encaminham definitivamente para o lixo da história. *Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected]

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