Salão Nobre Paços de Concelho de Leiria - Artes Decorativas e Simbologia

July 14, 2017 | Autor: Micael Sousa | Categoria: Arquitectura, História da arte, Artes Decorativas, Arte Nova, Ernesto Korrodi
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O SALÃO NOBRE DO PAÇOS DO CONCELHO DE LEIRIA – ARTES DECORATIVAS E SIMBOLOGIA

Mestrado em Estudos do Património Unidade curricular: Património Integrado Professora Doutora Maria Alexandra Gago da Câmara Autor: Micael Sousa Aluno nº: 1100043

ÍNDICE 1.

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2.

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO E RECOLHA DE INFORMAÇÃO ................................ 1

3.

A CONSTRUÇÃO, AQUISIÇÕES E MUDANÇAS ................................................................ 2

4.

ELEMENTOS DECORATIVOS......................................................................................... 2

5.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO ........................................................................................ 7

6.

ICONOGRAFIA E SIMBOLOGIA ..................................................................................... 7

7.

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 9

8.

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 10

1. Introdução

O Salão Nobre dos Paços do Concelho de Leiria é um espaço especial na cidade de Leiria e que importa estudar. Trata-se de uma sala nascida da república, onde as artes decorativas corporizaram os princípios republicanos de um modo sóbrio. O salão não é grandioso, tal como afirma Acácio de Sousa (2010), mas é elegante no seu conjunto original. Nele vive uma Arte Nova em plena transição, evocativa de símbolos e capaz de garantir um enquadramento digno para actos nobres. Mas os exageros e ostentações parecem terem sido evitados, tanto por razões estéticas, funcionais e um especial cuidado financeiro nas opções tomadas1. Existem poucas referências e fontes a tratar o Salão Nobre dos Paços do Concelho de Leiria, pelo que se justifica ensaiar uma investigação para melhor aferir o estado do conhecimento sobre este importante tema do património local.

2. Metodologia de investigação e recolha de informação

Para além da bibliografia citada e do levantamento fotográfico apresentado, foram feitos contactos e deslocações aos Arquivos Históricos Municipais e ao Arquivo Distrital de Leiria. Da parte dos Arquivos Históricos Municipais não se encontraram os projectos originais do edifício, nem qualquer projecto ou referência ao salão nobre, sendo que se terão perdido/danificado nos antigos arquivos e serviços. Apenas surgiram referências a obras no edifício nos anos 80, contendo cópias de plantas datadas de 1936. Da parte do Arquivo Distrital foi possível encontrar parte do projecto de 1903, ainda que incompleto e sem referência à decoração do salão nobre. Foram estabelecidos contactos com historiadores, professores de história, investigadores e arquitectos locais2, com os quais se debateu e recolheu informação oral, para além da sugestão de alguma bibliografia, mas sem se terem encontrado referências diretas ao salão nobre. 1

O cuidado com o controlo de custos das obras terá sido uma preocupação, uma vez que a construção das várias

fases do edifício exigiu vários empréstimos tomados pelo município nessas primeiras décadas do início de século XX (Cabral, 1991;1993). 2

Por ordem de contacto: Dr.ª Vânia Carvalho, arqueóloga da câmara Municipal de Leiria; Doutor Acácio de

Sousa (historiador e antigo director do arquivo distrital de Leiria); Dr. Pedro Biscaia (professor de história e pensador local); Arq.º José Fava (conhecido especialista em maçonaria local); Dr.ª Genoveva Oliveira (investigadora e curadora de arte); Dr.º Miguel Narciso (responsável pelo Arquivo Histórico Municipal de Leiria); Arq.º Alexandra Fava (Conhecedor de simbologia e iconografia decorativa).

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3. A construção, aquisições e mudanças

Em 1883 tinha sido deliberado pela câmara municipal de Leiria a construção dos novos Paços de Concelho, por necessidade de mais espaço. Só com a nova presidência de Correia Mateus se delibera, finalmente, que a construção do novo edifício se fizesse no sítio da Portela (Cabral, 1991). Ainda em 1903 é adjudicado à empresa Korrodi & Teriaga, Lda., que tinha sido a única concorrente, as primeiras fases da empreitada. Posteriormente, em 1910, são adjudicados a Manuel Ramos de Carvalho os trabalhos dos guarnecimentos, estuques e caiações (Cabral, 1991). Curiosamente, apesar do edifício ter sido construído durante a monarquia, nunca nesse regime foi utilizado. A primeira reunião no novo edifício aconteceu depois do 5 de Outubro de 1910 (Sousa, 2010). Os tectos são decorados em 1911, tal como a os umbrais sobre as portas. Esta decoração, nascida da república já implantada, foi também assumida pelo arquitecto Ernesto Korrodi, seguindo estrutura idêntica aos corredores e restantes salas do edifício (Costa, 1997). Destacam-se dois elementos adicionado posteriormente ao salão nobre (Cabral, 1993): entre eles: a estátua de Correia Mateus em bronze, executada depois de 1923 por Luís Fernandes de Carvalho Reis; e o “baixo relevo simbólico3” decorativo, aludindo à cidade e distrito de Leiria, de depois de 1936, da autoria do mesmo escultor responsável pela execução do busto de Correia Mateus

4. Elementos decorativos

De um modo geral e simplista, poderá dizer-se que o salão nobre se encontra decorado segundo os princípios estéticos da Arte Nova, pois são evidentes a presença de uma inspiração naturalista, com recurso a formas orgânicas da natureza, com domínio para o uso de elementos vegetalistas e seus arredondados (Silva, 2005). No entanto, será uma Arte Nova de transição, pois denota-se alguma geometrização e ortogonalidade de inspiração classicista e até modernista em certos aspectos de pormenor mais austeros. Constatam-se padrões repetíveis, frutos de e eventual standadização, nos tectos, nas sancas, mísulas e outros elementos, que serão, provavelmente, a manifestação dos próprios princípios

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Será utilizado o termo baixo-relevo, pois a maioria da bibliografia consultada assim se dirige a essa peça

escultória de gesso, embora possa não ser o termo mais correcto.

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da Arte Nova, pelo modo como conjugava a industrialização e “manualismo” artesão aplicado às artes decorativas (Figueiredo, 2008). No entanto, existe uma forte geometrização integrada nas formas mais naturais, provavelmente por influência já das novas estéticas modernistas, uma vez que a salão nobre foi construído mais tarde, só depois do edifício propriamente dito e em época de transição. Há que relembrar também que o estilo Arte Nova foi algo efémero em Portugal e que Korrodi, tinha sólida influência ainda do romantismo4 (Costa, 1997). No fundo trata-se de uma composição de influências várias, mas onde a Arte Nova se destaca.

Figura 1 – Panorama norte do salão nobre

Figura 2 – Panorama Sul do salão nobre

Figura 3 – Painel de Gesso alusivo ao distrito de

Figura 4 – Pormenor de tecto e fixação de candeeiro

Leiria

Estilisticamente, o salão nobre surge como resultado da conjugação de influências da época, da Arte Nova, de alguma influência de estilos passados, que emanam da experiência do

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Ver o caso dos seus primeiros estudos de 1898 para a reconstrução do Castelo de Leiria e posteriores

tratamentos e trabalhos de sua autoria executados até 1933 no mesmo castelo (Costa, 1997).

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próprio autor, mas também de um arriscar de novidade, provavelmente pela influência republicana.

Figura 5 – Canto esquerdo sul do tecto

Figura 6 – Canto direito sul do tecto

Figura 7 – lateral esquerda do tecto

Figura 8 – Lateral direita do tecto

Denotam-se padrões repetíveis, resultantes de e eventual standadização, nos tectos, nas sancas, mísulas e outros elementos, que serão uma manifestação dos próprios princípios da Arte Nova, pelo modo como conjugava a industrialização do manualismo artesão aplicado às artes decorativas (Figueiredo, 2008) Os lambrins de madeira, de geometria ortogonal fortemente marcada, com quadriláteros e rectângulos, em madeira pintada, criando um padrão bicolor, cobrem as paredes até cerca de 1 metro de altura (ver figura 1). As almofadas das portas seguem o mesmo estilo e proporções

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dos lambrins. As ombreiras das portas são simples, de geometria austera sem adornos vegetalistas, apenas com sulcos que formam frisos discretos. Nos tectos em gesso evidencia-se uma malha ortogonal que cria caixotões de diferentes dimensões, que aludem a nuances do classicismo. Nessas interceções ortogonais salientes dos caixotões, que parecem vigas, existe uma decoração composta por quatro círculos. Nos caixotões de borda surgem motivos vegetalistas de louros, que, enquadrados pelos elementos geométricos em que assentam as plataformas informativas, se assemelham a estéticas célticas. Ao centro, envolvendo os dois losangos, de onde se suspendem os lustres, projectam-se, da face de cada aresta mais motivos vegetalistas de hastes, folhagens e flores mais na tradição Arte Nova, e quase barrocos (ver figura 4) que compõem o tecto sem o encher. Nos caixotões de vértice do tecto surgem coroas de louros com tabuletas onde se inscrevem as datas de deliberação da execução e de conclusão do edifício dos Paços Municipais (ver figura 5,6,9 e 10).

Figura 9 – Canto lateral direito norte

Figura 10 – Canto lateral esquerdo norte

As sancas são constituídas por um friso, acima do qual surgem mísulas de raio tangente ao tecto e abaixo em “s” mais acentuado, ambas com motivos florais. Abaixo desse friso, a parede é coberta de gesso, formando lambrins que se assemelham à geometria dos lambrins inferiores de madeira, que ascendem do pavimento, criando um efeito de conjunto. Entre os lambris e a parede pendem, em gesso, olhais circulares. As áreas livres de parede daí resultantes encontram-se pintadas em tom rosa claro. Na parede sul existe um trabalho em gesso representando o distrito de Leiria (ver figura 3), da autoria do escultor Luís Fernandes de Carvalho Reis (Gonçalves, 1992), que alguns autores

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apelidam de baixo-relevo (Sousa et al., 1990). O projecto terá sido encomendado e realizado em 1936, já em pleno período ditatorial do Estado Novo. De notar, neste trabalho, a estilização das formas já ao gosto de influência modernista adoptado pela própria estética do novo regime (França, 2004), tão evidente nos trabalhos da Exposição do Mundo Português de 1940. Este gesso, que terá sido posteriormente acrescentado à sala, contrasta com a decoração dos tectos, paredes e portas de inspiração Arte Nova. Numa inspecção de perto é possível constatar que este gesso foi realizado de modo a imitar pedra da região, daí a possível identificação como baixo-relevo, mas em pedra apenas se verifica ser a moldura inferior em que o gesso assenta, sendo de notar que, ao toque, se verifica ser oco ou que não está completamente embutido na parede. Por cima do gesso alusivo ao distrito de Leiria, encontra-se um busto da república, assente sobre mísula em gesso. Este busto em cobre apresenta semelhanças com o trabalho de Simões de Almeia de 1908 (França, 2004), podendo ser uma réplica deste ou um trabalho de outro autor nele inspirado.

Figura 14 – pormenor umbral geometrizado

Figura 11 – Porta “Liberdade”

Figura 12 – Porta “Egualdade”

Figura 13 – Porta “Fraternidade”

Figura 15 – Pormenor umbral vegetalista

Os umbrais decorativos das portas, apesar de não ser muito evidente, parecem ser feitos em gesso. Numa avaliação de perto, através da inspecção de algumas partes degradadas é possível ver o gesso interior, corroborando, aparentemente, a tese de que Korrodi terá adoptado a mesma técnica do salão Nobre da Figueira da Foz (Cândido, 2001). Dois grandes lustres, possivelmente de cristal, estão suspensos no tecto, formando dois centros no tecto da sala.

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Na sala existem também outros mobiliários. De notar, o estrado, sobre o pavimento em madeira, coberto com tapete que suporta uma grande mesa de madeira maciça, talvez carvalho enegrecido, com apontamentos e elementos de ligação inferiores de estética salomónica. As cadeiras de vereação e presidência, encostadas à parede sul, parecem ser feitas do mesmo tipo de madeira, com assentos e encostos de couro, onde se registam as insígnias de Leiria. As cadeiras da plateia são dum tom de madeira mais claro, talvez algum tipo envelhecido de pinho ou outra madeira mais comum, tendo assento em couro com o brasão do município. Na parede norte, atrás do busto de Correia Mateus surge uma vitrina com uma tapeçaria muito danificada onde se pode ver um castelo. Lateralmente estão duas outras vitrinas, cada uma expondo 4 varões metálicos lisos dourados com fitas azuis e brancas onde se lê “vereador”. Existem três janelas que acedem a varandas do alçado principal do edifício, estando enquadradas por cortinas vermelhas.

5. Estado de conservação O Salão Nobre está em mau estado de conservação, especialmente os tectos. Os estuques estão muito fissurados e partes já caíram (ver fotografia 8). Tais danos devem-se, especialmente, a infiltrações nos telhados, sendo que as fendilhações poderão ter também origem mecânica e térmica nas ligações dos diferentes materiais e em pontos mais solicitados. Sendo os estuques um material composto, feito à base de gesso que assenta sobre estruturas secundárias de madeira (normalmente fasquiados), a sensibilidade a humidades é muito significativa, tal como o comportamento mecânico diferencial entre os vários materiais (Appleton, 2011), pelo que necessitam de natural conservação e manutenção. As madeiras e restantes materiais estão relativamente bem conservados, denotando-se algum tipo de intervenção mais recente, mais ao nível das pinturas.

6. Iconografia e Simbologia

O salão, no seu aspecto sóbrio, de decoração Arte Nova simplificada e enquadrada por uma certa geometrização, edifica-se em pleno fervor republicano. Torna-se bastante evidente a materialização de alguns desses princípios na sala, especialmente nos umbrais em gesso das três portas (ver figuras 11, 12 e 13). Sobre cada uma delas encontra-se, respectivamente, as palavras: “Liberdade”; “Egualdade” e “Fraternidade”. Todas elas estão envolvidas por coroas de louros (Sousa, 2010). Estas três palavras de ordem são atribuídas aos princípios

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republicanos, sendo a própria autora Lucília Verdelho da Costa (1991) a referir que Korrodi depositava muitas esperanças na república acabada de nascer. Por cima dos letreiros surgem coroas de cintas de muralhas ameadas e torres, associadas à heráldica das autarquias. O busto da república presente reforça essa ligação, tal como as inscrições nos tectos, alusivas à data de 5 de Outubro de 1910 e o “RP” entrelaçado (ver figura 8), siglas de República Portuguesa, adoptando a mesma representação da república francesa. Nos estuques do tecto, entre os motivos vegetalistas surge a data da fundação de Leiria, de 1135 e o brasão da cidade (ver figura 7). Nos caixotões dos cantos dos tectos são igualmente invocadas a deliberação de construção do edifício dos Paços de Concelho em 1903 e a sua conclusão em 19105. Os motivos vegetalistas são constantes, especialmente os louros, assimilando e dando nobreza à sala pelo simbolismo de glória cívica e militar que representam. Os umbrais em gesso das três portas são os elementos mais misteriosos. Denotam-se dois elementos estranhos: duas colunas e dois ramos de uma espécie vegetal de difícil identificação6. Poderão ser símbolos maçónicos, isto porque tudo indica que Korrodi terá sido maçom, tal como refere uma publicação da loja maçónica à qual o arquitecto terá pertencido (Bastos, 2011), e porque a maçonaria, nessa época, estava muito envolvida com a implantação da república em Portugal (Sousa, 2010). Poderão também ser símbolos religiosos, caso se confirme serem braças de palmeira, associadas ao renascimento de Cristo e a contextos fúnebre, pois morria a monarquia e o país renascia como república. Ao certo não haverá certeza, mas será uma forte possibilidade a presença de simbolismo religioso e maçónico na sala. As duas colunas podem ser as colunas do templo de Salomão e as espécies vegetais acácias de uma espécie diferente aqui estilizada, ambos os elementos presentes na iconografia maçónica (Wirth, 2010). Curiosamente, também o templo de Salomão teria três portas e os templos maçónicos envolvidos por cordas junto ao tecto (Wirth, 2010), pelo que no salão nobre existem olhais em gesso. De qualquer dos modos, estas interpretações não surgem em mais nenhuma da bibliografia consultada, pelo que, à falta de melhor explicação, ficam em aberto a para discussão e aprofundamento de investigação posterior. 5

Aqui Korrodi adopta a mesma disposição, mas de uma modo mais sóbrio, do salão nobre da câmara da Figueira

da Foz e seus escudos monumentais (Cândido, 2001). 6

Fica a dúvida se serão ramas de pinheiros, mas as folhas são demasiado largas, têm um veio ao centro

destacado e são projectadas quase ortogonalmente do ramo. Dificilmente serão louros, pois os louros representados no salão têm a folha mais curta e larga, apresentando também frutos e/ou bugalhos. Podem, pro outro lado ser ramas de plameira, embora se associe mais a contextos fúnebres.

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Já com a ditadura e o Estado Novo solidamente instituídos vão surgir algumas alterações no salão nobre com implicações simbólicas. Consta, por exemplo, que os umbrais das portas tenham sido ocultados durante o regime, embora não tenha sido possível encontrar referências ou fotografias desse acto. Isto poderia corroborar a tese do simbolismo maçónico. Por outro lado, ao incluir-se, a partir de 1936 o gesso encomendado de Luís Fernandes fica evidente a preocupação política de Leiria transformada em simbologia. As elites políticas leirienses parecem assim pretender assumir efectivamente o papel de Leiria como capital do seu distrito, envolvendo e dominando politicamente a região em sua volta (Sousa, 2015). Ao centro do relevo surge uma figura feminina, associada à república, a apadrinhar Leiria e a sua região, com alusão às suas características, forças produtivas, belezas naturais e patrimoniais. Tal preocupação política ainda hoje persiste num distrito e região com alguma dificuldade de coesão política e administrativa.

7. Conclusão O Salão Nobre dos Paços de Concelho de Leiria é sobriamente interessante pela aplicação de um estilo Arte Nova com outras nuances, sem exageros decorativos que lhe dão uma sobriedade própria. As malhas ortogonais, decoram-se de motivos vegetalistas, especialmente de louros. Mísulas várias assumem os arredondados do estilo principal. O gesso é uma presença incontornável, tanto no seu branco puro nos estuques, como disfarçado de pedra na parede sul do baixo-relevo e de madeira nos umbrais das portas. As madeiras enquadram, mas não é para ela que dirigimos o olhar, a sua existência parece muto mais funcionalista7 que decorativa. De particular interesse decorativo estão as manifestações ideológicas bem presentes na iconografia. A sala transpira republicanismo, ou não fosse filha da república, quiçá maçonaria também. Já a parede sul, apesar do seu gesso alusivo a um poder e aspirações de outros tempos, surge a ideia de Leiria liderando com firmeza o seu distrito, uma iconografia que respira de actualidade política, administrativa e económico-social. O estado degradado do salão nobre, que se encontra com acesso restrito, e as poucas informações, estudos e investigações feitas para esse espaço, justificam a pertinência de mais investigação, recolha de dados e interpretação deste importante património municipal.

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As madeiras dos lambrins decoram e contribuem para o conjunto mas têm funções de protecção da parede.

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8. Bibliografia APPLETON, João – Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e tecnologias de intervenção. 2ª Edição. Lisboa: Edições Orion, 2011. CABRAL, João – Os Paços do Concelho de Leiria. Leiria: Edição da Câmara Municipal de Leiria, 1991. CABRAL, João – Anais do Município de Leiria. Volume II. Leiria: Edição da Câmara Municipal, 1993. CÂNDIDO, Guida da Silva – Paços do Concelho da Figueira da Foz – História de um Edifício. Figueira da Foz, Edição da Câmara Municipal da Figueira da Foz, 2001. COSTA, Lucília Verdelho da – Ernesto Korrodi – 1889-1944 - arquitetura, ensino e restauro do património. Lisboa: Editorial Estampa, 1997. BASTOS, Ana Antunes de Lima – “A R:. L:. Gomes Freire ao Valle de Leiria nº274” (subsídios para a sua história. Leiria: edição de autor, 2011. ESCUDERO, Lorenzo de la Plaza (coord.) – Dicionário visual de arquitectura. Lisboa: Quimera, 20014. FRANÇA, José Augusto – História da Arte em Portugal – O Modernismo. Lisboa: Editorial Presença, 2004. FRANÇA. José Augusto – História da Arte em Portugal – O Pombalismo e o Romantismo. Lisboa: Editorial Presença, 2004. FIGUEIREDO, Miguel – História do Estuques: Actas do I Encontro sobre Estuques Portugueses realizado no Museu Nacional Soares do Reis em 22 de Nov. de 2008. Porto: Museu do Estuque, 2008. GONÇALVES, Alda Sales Machado – Heráldica Leiriense. Leiria: Edição da Câmara Municipal de Leiria, 1992. SILVA, Jorge Henriques Pais e & CALADO, Margarida – Arte Nova, In: Dicionário de Termos de arte e arquitectura. Lisboa: Editorial Presença, 2005. SOUSA, Acácio; SOUSA, Gentil Ferreira; CARDOSO, Orlando – Levantamento do património edificado em Leiria. Leiria: edição de autor, 1990. SOUSA, Acácio – Leiria – Roteiros Republicanos. Vila do Conde: Quidnovi, 2010. SOUSA, Acácio – Elites Políticas de Leiria: 1910-2000. Leiria: Textiverso, 2015. WIRTH, Oswald – O simbolismo Oculto da Franco-Maçonaria. Sintra: Zéfiro, 2011.

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