Salazar, o escolhido por Deus: Uma carta da Irmã Lúcia sobre as eleições portuguesas de 1945

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José Barreto

Salazar, o escolhido por Deus: uma carta da Irmã Lúcia sobre as eleições portuguesas de 1945

Versão revista do texto publicado em apêndice ao livro de António Marujo e Rui Paulo Cruz, A Senhora de Maio: Todas as Perguntas sobre Fátima (Lisboa: Temas e Debates, 2017, pp. 318-324).

A 7 de Novembro de 1945, onze dias antes das eleições de deputados à Assembleia Nacional, a vidente Lúcia dos Santos, ainda a residir na casa das Doroteias portuguesas em Tuy, na Galiza, escreveu uma carta ao bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva. Nela a vidente revelava o conteúdo de uma mensagem divina sobre as próximas eleições e sobre Salazar, de quem dizia que era a pessoa escolhida por Deus para continuar a governar Portugal. Pouco depois, a carta chegava às mãos do patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que dela fez um excerto, enviando-o a Salazar acompanhado de um cartão datado de 13 de Novembro de 1945. O cartão de Cerejeira e o respectivo anexo ficaram arquivados na pasta da correspondência do cardeal patriarca para Salazar, no arquivo da Presidência do Conselho de Ministros, hoje Arquivo Salazar (Torre do Tombo). Em 1998, esses documentos foram pela primeira vez trazidos a público. Transcrevem-se abaixo tal como foram então revelados:

Lisboa, 13-XI-945 António Nesta hora de tantas preocupações, desgostos e talvez dúvidas para ti, envio-te este trecho de uma carta da Irmã Lúcia, a vidente de Fátima, que acabo de receber. Deve levar-te muita consolação e confiança. E se tu a lesses toda, mais consolado e confiado ficarias ainda. Escuso de dizer que isto que ela diz, o não diz dela mesma, mas por indicação divina (segunda ela deixa entender). Tenho pressa em to fazer chegar às mãos. Abraça-te afectuosamente o teu ex-corde Manuel De uma carta da Lúcia, datada de Tuy, 7-11-1945: “…o Salazar é a pessoa por Ele (Deus) escolhida para continuar a governar a nossa Pátria, …a ele é que será concedida a luz e graça para conduzir o nosso povo pelos caminhos da paz e da prosperidade.

É preciso fazer compreender ao povo que as privações e sofrimentos dos últimos anos não foram efeito de falta alguma de Salazar, mas sim provas que Deus nos enviou pelos nossos pecados. Já o bom Deus ao prometer a graça da paz à nossa nação nos anunciou vários sofrimentos, pela razão de que nós éramos também culpados. E na verdade bem pouco nos pediu, se olhamos para as tribulações e angústias dos outros povos. Depois é preciso dizer a Salazar que os víveres necessários ao sustento do povo não devem continuar a apodrecer nos celeiros, mas serem-lhe distribuídos.” 1

O cartão de Cerejeira para Salazar, frente e verso.

1

José Barreto, comunicação ao painel "A Revolução, o Estado e as Igrejas", I Curso Livre de História Contemporânea (Fundação Mário Soares e Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 27 de Novembro de 1998). A comunicação foi depois publicada em Portugal e a Transição para a Democracia 1974-1976, coord. de Fernando Rosas, Lisboa: Ed. Colibri, 1999, pp. 251-262.

O excerto da carta de Lúcia enviado a Salazar.

Enviando a Salazar apenas um excerto da carta de Lúcia, Cerejeira também não lhe revelou que o destinatário dessa carta era o bispo de Leiria. Falando de “uma carta da Irmã Lúcia, a vidente de Fátima, que acabo de receber”, o cardeal patriarca fazia passar a ideia, intencional ou não, de que a tinha recebido directamente da vidente. Atente-se ainda na frase de Cerejeira para Salazar, falando da carta de Lúcia: “E se tu a lesses toda, mais consolado e confiado ficarias ainda.” Que diria a vidente de Fátima na parte não transcrita pelo patriarca? Para o saber, seria necessário localizar e consultar a carta autógrafa de Lúcia, mas só recentemente se tornou possível inquirir sobre o seu paradeiro no Arquivo do Cardeal Cerejeira (integrado no Serviço de Arquivo Histórico e Biblioteca do Patriarcado de Lisboa), que até 2011 não esteve consultável. Feita essa diligência, a carta autógrafa de Lúcia não foi, porém, localizada pelos serviços do arquivo. Entretanto, um investigador francês, Fr. François de Marie des Anges, religioso dos Petits frères du Sacré-Cœur de Jésus (Irmãozinhos do Sagrado-Coração de Jesus) e

membro da organização tradicionalista Ligue de la Contre-Réforme Catholique (Liga da Contra-Reforma Católica), tinha conseguido aceder no Arquivo do Santuário de Fátima a uma cópia manuscrita da carta de Lúcia, completa ou quase completa (já que lhe falta, pelo menos, a assinatura final da remetente), bem como a uma fotocópia da primeira página do original autógrafo. Foi, portanto, este investigador quem apurou que a carta de Lúcia era endereçada ao bispo de Leiria e não ao cardeal patriarca, como se supunha anteriormente, com base no cartão de Cerejeira para Salazar. Sobre o paradeiro da carta autógrafa, que aparentemente não se encontra no Arquivo do Santuário de Fátima, nada se sabe, embora se possa conjecturar que esteja no arquivo diocesano de Leiria. O investigador francês, que tinha também tido conhecimento do cartão de Cerejeira para Salazar2, transcreveu depois ambos os documentos num livro seu sobre Fátima, intitulado Jean Paul Ier, le pape du Secret 3. No Arquivo do Santuário de Fátima, a cota da cópia da carta de Lúcia é AE, D:3278, segundo indicação do autor do livro. Esta obra de Fr. François de Marie des Anges encontra-se acessível online em tradução integral inglesa4. Dada a dificuldade de aceder ao original autógrafo da carta de Lúcia, presumindo que ele ainda existe, poderá fazer-se a reconstituição do seu texto, completando o conhecido excerto de Cerejeira com os trechos em falta, traduzidos do livro do religioso francês. A solução ideal seria, certamente, transcrever a cópia da carta existente no Arquivo do Santuário de Fátima, se ela estivesse acessível aos investigadores. Eis, pois, o texto português da carta de Lúcia de 7 de Novembro de 1945 para o bispo de Leiria, tendo-se completado o excerto feito por Cerejeira com os trechos em falta traduzidos do livro de Fr. François de Marie des Anges, aqui assinalados em negrito: J. M. J.5 Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo, Com muita gratidão agradeço a Vossa Excelência Reverendíssima as duas cartas recebidas. A razão da minha carta é dizer a Vossa Excelência que o bom Deus quer que os Nossos Senhores Bispos, nos poucos dias que faltam para as eleições, falem ao povo, através do clero e da imprensa, e lhes digam que o Salazar é a pessoa por Ele escolhida para continuar a governar a nossa Pátria, e que é a ele é que será concedida a luz e graça para conduzir o nosso povo pelos caminhos da paz e da prosperidade. É preciso fazer compreender ao povo que as privações e sofrimentos dos últimos anos não foram efeito de falta alguma de 2

O cartão foi também reproduzido no semanário Expresso de 20 de Maio de 2000, p. 38. Frère François de Marie des Anges, Jean Paul Ier, le pape du Secret, Saint-Parres-Lès-Vaudes: Contre-Réforme Catholique, 2003, pp. 175-176. O título do livro corresponde ao volume IV da obra Toute la verité sur Fatima, cujos três primeiros volumes, publicados pela mesma editora em 1983-1985, são da autoria de Frère Michel de la Sainte Trinité, então membro da mesma ordem religiosa, que abandonou em 1989. 4 Br. François de Marie des Anges, The Whole Truth About Fatima, vol. IV, John Paul I, the Pope of the Secret, trad. Timothy Peter Johnson. URL: http://www.catholicvoice.co.uk/fatima4/, capítulo V. 5 J.M.J. (Jesus Maria José) era a sigla com que a Irmã Lúcia geralmente encabeçava as suas cartas. 3

Salazar, mas sim provas que Deus nos enviou pelos nossos pecados. Já o bom Deus ao prometer a graça da paz à nossa nação nos anunciou vários sofrimentos, pela razão de que nós éramos também culpados. E na verdade bem pouco nos pediu, se olhamos para as tribulações e angústias dos outros povos. Depois é preciso dizer a Salazar que os víveres necessários ao sustento do povo não devem continuar a apodrecer nos celeiros, mas serem-lhe distribuídos. É necessário fazer isto rapidamente e sem medo. Na posse do texto assim completo (ainda que com a reserva acima exposta), várias observações se podem fazer. Atente-se nos trechos omitidos no excerto feito por Cerejeira. No primeiro trecho omitido, Lúcia começava por agradecer duas cartas recebidas do bispo de Leiria. Note-se que D. José Alves Correia da Silva dava frequentemente instruções e “ordens” a Lúcia sobre cartas, relatos, “memórias”, etc. que a vidente deveria escrever6. De seguida, Lúcia explicava ao bispo a razão da sua carta, destinada a comunicar uma instrução divina, por ela recebida em comunicação sobrenatural, como se depreende7. Segundo a vidente, Deus quereria que os bispos portugueses, durante os dias que faltavam para a eleições, falassem ao povo através do clero e da imprensa, para lhe dizer que Salazar era a pessoa escolhida por Deus para continuar a governar Portugal (segue-se a parte anteriormente já conhecida da carta). É muito plausível que o cardeal Cerejeira tenha omitido este trecho por o considerar inconveniente. Nessas e em futuras eleições, a imprensa católica e figuras avulsas do episcopado e do clero não se coibiram de dar sinais, sobretudo indirectos e utilizando preferencialmente argumentos religiosos, sugerindo em quem os fiéis deveriam votar e, sobretudo, em quem não deveriam votar. Contudo, Cerejeira julgaria certamente muito inadequado que os bispos interviessem na campanha eleitoral de modo aberto e directo em apoio do governo, como Lúcia pretendia. O cardeal patriarca explicara isso mesmo numa tomada de posição publicada na imprensa a 8 de Novembro de 1945, ou seja, ainda antes de conhecer o teor da carta de Lúcia para o bispo de Leiria, datada da véspera, 7 de Novembro. Nessa tomada de posição, Cerejeira sustentava que a Igreja em Portugal era politicamente independente, situando-se “acima e fora da política concreta de regimes, sistemas, governos, partidos, programas, pessoas”, desde que estes respeitassem a liberdade da Igreja e os princípios fundamentais da ordem moral, social e política consagrados pelo cristianismo8. Como habitualmente sucedia, o texto de Cerejeira era rico em frases ambíguas e mensagens apenas implícitas. Num ponto, porém, o patriarca de Lisboa era razoavelmente claro: que se desenganasse quem, em matéria eleitoral, esperava da Igreja “determinações do magistério ou da jurisdição eclesiástica” – isto é, instruções expressas dos bispos sobre o modo como os fiéis

6 Vejam-se as obras de António Maria Martins S.J., Cartas da Irmã Lúcia (Porto: Liv. do Apostolado da Imprensa, 1979) e Novos Documentos de Fátima (Porto: Liv. do Apostolado da Imprensa, 1984). 7 O próprio cardeal Cerejeira explica no seu cartão para Salazar que “isto que ela diz, o não diz dela mesma, mas por indicação divina (segunda ela deixa entender)”. No excerto que fez da carta de Lúcia, Cerejeira acrescentou entre parênteses a palavra Deus à palavra Ele: “Ele (Deus)”. Na reconstituição que acima se fez da carta de Lúcia, omitiu-se essa palavra entre parênteses. 8 D. Manuel Gonçalves Cerejeira, “A posição da Igreja e dos católicos perante a política”, in Obras Pastorais, vol. III (1943-1947), Lisboa: União Gráfica, 1947, pp. 85-95.

deveriam votar9. A hierarquia da Igreja, empenhada naquele mesmo momento em sustentar publicamente a sua hipotética independência política10, nunca daria aos católicos orientações directas de voto. Era, pois, claro para Cerejeira que a vontade divina mediada por Lúcia não podia ser cumprida. Assim – e de acordo com a tradição da Igreja que consiste em seleccionar, dos depoimentos de videntes considerados idóneos, aquilo que está de acordo com a doutrina católica e com as orientações da hierarquia e de depreciar ou relativizar o restante –, a instrução de Lúcia foi ignorada e, na transcrição da sua carta pelo cardeal patriarca, foi omitida. Não sabemos se Cerejeira terá porventura considerado insólito que o Céu se pronunciasse de forma tão empenhada relativamente a uma questão política, mas talvez lhe tenha bastado ponderar que a carta de Lúcia, convenientemente apresentada a Salazar, poderia constituir um argumento para animar o ditador, que atravessava então uma grave crise de depressão, ajudando-o assim a retomar normalmente as lides da governação. Isso vinha, de resto, no seguimento de outras palavras encorajadoras do patriarca durante o ano de 1945, após a queda dos regimes fascistas europeus. Numa carta a Salazar em Maio desse ano, Cerejeira declarava-o “ungido por Deus” para o “milagre” da manutenção de Portugal fora da segunda guerra mundial11. Diga-se, por fim, que nem Salazar decerto esperaria dos bispos portugueses que se comprometessem de forma aberta na campanha eleitoral. A ideia peregrina de mobilizar o episcopado e o clero para a propaganda política talvez o tivesse feito sorrir intimamente, mas o arguto governante não teria certamente deixado de a julgar contraproducente. Na parte final da carta de Lúcia, o excerto feito por Cerejeira omitia ainda a frase em que a vidente instava para que as suas instruções sobre a distribuição de víveres ao povo fossem cumpridas “rapidamente e sem medo”. Tal insistência, que poderia ser tomada pelo ditador como uma pressão impertinente, mereceu, aparentemente por isso mesmo, o corte de Cerejeira. Tudo considerado, porém, não se entende muito bem por que razão terá o patriarca afirmado a Salazar, sobre a carta de Lúcia: “E se tu a lesses toda, mais consolado e confiado ficarias ainda.” De facto, os dois trechos por ele omitidos não são congruentes com tal afirmação. Retomando um ponto atrás já referido, e para situar melhor no seu contexto a missiva de Cerejeira para Salazar, deve dizer-se que, nos meses que se seguiram à vitória dos Aliados na guerra, o ditador atravessou, segundo o seu biógrafo Franco Nogueira, uma prolongada crise “psicológica”. Amargurado pela ingratidão que o povo, a oposição e até ministros seus lhe patenteavam, Salazar teria chegado a pensar afastar-se do poder. Durante meses não apareceu a público, afectado, no dizer do biógrafo, por enxaquecas, tonturas, “amargura interior”, “indignação surda” e, na raiz de tudo isso, um alegado “complexo” que médicos lhe terão diagnosticado12. Curiosamente, as eleições vitoriosas 9

Idem, pp. 85-86. Mesmo assim, dias depois, o jornalista oposicionista Rocha Martins acusaria no jornal República o cardeal Cerejeira de amarrar a “barca de Cristo à barca de César” (11 de Novembro). 11 Carta do cardeal Cerejeira para Salazar de 26 de Maio de 1945 (ANTT/AOS, pasta da correspondência do cardeal patriarca para Salazar). 12 Franco Nogueira, Salazar, vol. IV, Coimbra: Atlântida Editora, 1980, pp. 35-37. 10

de 18 de Novembro de 1945 – as célebres eleições “tão livres como na livre Inglaterra”, de que o ditador se vangloriou – não lhe levantaram o ânimo. Tinha sido essa a primeira vez que, sob o Estado Novo, se haviam permitido eleições com pluralidade de listas. Normalmente, o acto eleitoral só teria sido realizado em 1946, mas foi antecipado para 1945 como forma de o governo de Salazar, nas condições políticas do pós-guerra, se angariar rapidamente um simulacro de democraticidade. Contudo, a 11 de Novembro, uma semana antes das eleições, a oposição reunida no MUD – Movimento de Unidade Democrática, alegando falta de condições para fazer a campanha, renunciou a apresentar-se às urnas, recomendando a abstenção aos seus adeptos. Apesar de todos os lugares da Assembleia Nacional terem sido conquistados pela União Nacional, como sempre aconteceu desde 1934 até 1973, Salazar continuava magoado pelo que se tinha dito da sua obra durante a campanha eleitoral, na qual, pela primeira vez sob o Estado Novo, a mordaça censória tinha sido aliviada durante algumas semanas. Em privado e em conselho de ministros, as críticas de vários membros do governo, com destaque para Marcelo Caetano, mais o deprimiram ainda. Sempre segundo Franco Nogueira, teriam sido três ou quatro velhos companheiros de Coimbra, entre os quais o cardeal Cerejeira, que ajudaram o ditador a vencer o referido “complexo” e a entregar-se de novo à governação. A missiva de Cerejeira de 13 de Novembro, com a carta anexa de Lúcia, inseria-se nesse trabalho de persuasão. Apesar dos incitamentos de origem divina, só meses depois, já em 1946, é que Salazar recobrou o ânimo e voltou decididamente ao seu trabalho – sempre segundo o biógrafo Franco Nogueira. Resta ainda dizer uma palavra sobre o religioso francês a que acima se faz referência e sobre as suas possíveis motivações. Fr. François de Marie des Anges e os seus confrades da Contra-Reforma Católica vêm há muito alimentando uma polémica com o establishment católico, nomeadamente em torno do significado religioso e político das aparições e das mensagens de Fátima. Dentro de uma concepção tradicionalista e politicamente ultraconservadora, a Contra-Reforma Católica, seguindo as pisadas de outras organizações católicas em conflito com Roma13, procura impor uma interpretação anti-ecumenista e anti-conciliar do profetismo de Fátima, fundando-se inclusive em alegados testemunhos e declarações da vidente Lúcia e tentando contrapô-los às posições oficiais da Igreja. Neste combate contra a história oficial de Fátima, a ContraReforma Católica não se coíbe de divulgar certas informações e documentos sensíveis ou incómodos, não o fazendo, obviamente, com o objectivo de denegrir a imagem da vidente Lúcia ou de descredibilizar Fátima, mas com o intuito de provar que a hierarquia católica deliberadamente ignora, manipula ou deturpa certas mensagens divinas transmitidas por Lúcia. Daí a publicação na íntegra da carta de Lúcia por Fr. François de Marie des Anges, autor que se revela também um franco entusiasta de Salazar e do salazarismo.

13

Por exemplo, a Fraternidade Sacerdotal de Santo Pio X, fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre.

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