LUZ DA SERRA
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Santacatarinenses em França: 1957-67
Por volta de 1957, começaram a chegar os primeiros santacatarinenses a França, acentuando-se o fluxo migratório na década de 60 do século XX. Até ao momento não se tinham apurado as causas da emigração. Salustiano Justino Gonçalves, de Chainça, presidente da Junta da Freguesia de Santa Catarina da Serra à época, numa carta enviada ao presidente da Câmara Municipal de Leiria, a 20 de fevereiro de 1957, esclarece, em parte, a questão.
«Excelentissimo Senhor: Temos presente o oficio de Vossa Excelencia de 12 do corrente (fevereiro de 1957). Em resposta informamos Vossa Excelencia de que [n]a nossa freguesia ainda existe[m] alguns homens desempregados com a profissão de lenhadores, e que alguns dos que estão empregados queixam-se que não ganhão o suficiente, sendo essa a razão que os leva a emigrar. Portanto podemos incluir o numero de desempregados com essa profissão cerca de 80 homens, aproximadamente. A bem da Nação. O presidente da Junta. (Assinatura) Salustiano Justino Gonçalves».
Assim, porque a França destruída pela II.ª Guerra Mundial (1939-45) - foi, na segunda metade de novecentos, o país de rumo de inúmeros emigrantes serranos, transcrevemos os nomes e as aldeias dos que saíram de forma legal, pois, como se
NOVEMBRO
-- histórias da História -sabe, parte significativa foi de “a salto” para aquela nação. Eis, então, os que, em 1957-67, solicitaram à Junta de Freguesia atestado para se ausentarem de Portugal por motivos laborais: (1957) Agostinho Gonçalves Lopes (Cova Alta), Agostinho Marques da Silva (Siróis), António Vieira das Vinhas (Vale Tacão), Diamantino Ribeiro Ferreira (Casal da Fartaria), Francisco dos Santos Pereira (Vale do Sumo), José Francisco Gordo (Magueigia), José Maria Mendes (Ulmeiro), José Marques (Magueigia), José dos Santos Silva (Ulmeiro) e Manuel Marques da Silva (Vale Tacão); (1958) António Pereira (Cova Alta), Domingos Pereira dos Reis (Ulmeiro), Joaquim Lopes (Ulmeiro), Joaquim Marques das Neves (Magueigia), Joaquim Rodrigues das Neves (Ulmeiro), Joaquim dos Santos (Ulmeiro), José Dâmaso dos Santos (Loureira), José Francisco Guilherme (Ulmeiro), José Mateus da Costa (Sobral), José de Oliveira Gonçalves (Magueigia), José Pereira (Pedrome), José Rodrigues (Vale Maior) e José Rodrigues Calçada (Quinta da Sardinha); (1959) Faustino Simão (Ulmeiro); (1960) Amílcar Rodrigues Vieira (Quinta da Sardinha), Francisco Joaquim Gordo (Magueigia), Joaquim Filipe Ribeiro (Loureira), José da Encarnação Ferreira (Sobral), José dos Santos Silva (Loureira) e Pedro Alves dos Santos (Pinheiria); (1961) João
Vieira (Pinheiria) e José Bento Alves (Donairia); (1962) António Henriques Jorge (Magueigia); (1963) José Inácio Ribeiro (Loureira); (1964) António do Carmo Marques (Loureira); (1965) Francisco Alves de Oliveira (Loureira); (1966) José Rodrigues de Oliveira e esposa (Loureira); (1967) Francisco António Borralho (Loureira) e Manuel dos Santos Jorge (Pedrome). O rol encontra-se bastante incompleto, pois só para 1958, em carta ao presidente da Direção da Sociedade de História da Independência de Portugal, a Junta de Freguesia deu conta, a 4 de setembro, dos seguintes santacatarinenses em França: «Excelentissimo Senhor. Temos presente o oficio de Vossa Excelencia, cujo conteudo notamos devidamente. Em resposta, abaixo damos nota dos nomes e moradas dos portugueses desta freguesia residentes em França. Faustino Alves; 38 Dantan Villueva Sete Gr. Jorges Saine Oise - França. Francisco Vieira, Gaulores Ascou Arieje - França. Domingos dos Reis, Sentier des Bas - Banacou, 82 Champagne sur Marne Soine. David Oliveira Rito, Aux Barbitis Rante de Sà Chavite Burges Cher - França. José Marques R. 130 Chamine de Lalande Champigne Amorne, Saine - França. Joaquim Gordo 130 Chamine de Lalande Champigne sur Marne, Saine França. José dos Santos Silva, Rua Huberto Chan-
pou Boug Luz Valence Droue - França. Bento Rodrigues, Sentur des Bas, Bouerrecou 83, Champignes, Marne Saine - França. António Pereira, Rua do Cimenteiro Mesnil le Roi S. O. - França. Manuel Filipe Ferreira, Rua do Cimenteiro Mesnil le Roi. S. O. - França. José Ferreira, Rua do Cimenteiro Mesnil le Roi - França. António Pereira, Chamier H. L. M. Chemim Monte Chalament, Roscat les Boins Pux de Dône - França. António de Oliveira Neves, Chamier H. L. M. Monte Chalament, Roscat les Pux Boins de Done França. José Pereira, Chamier H. L. M. Monte Chalament Roscat les Boins Pux de Dône - France. António Pereira das Vinhas, Goulo[u]s - Ascou Ariege - França. José Dâmaso dos Santos, Ave[n]eu de Beulieu Sechamalin Pux de Dône - França. José Mendes, Goulous Ascou Ariege - França. José Rodrigues Calçada, 24 Leutines das Meilheiros Cha[m]pigne sur Marne site des 3 Braunetes Rue Brevinte Noisegle sec Soine - França. Manuel Rodrigues das Neves, Santier Despendentes Noisegle sec Soine França. José Mateus da Costa, Chantier H. L. M. Chenin de Monte Chalant Ruete les Boirs tux de Done - França. Agostinho Marques da Silva, Rua Sapins, n.º 50 Maisões Alforte Seine - França. António Pereira Gonçalves, Entrepise Piu Charrierer sours Poiss França. Constantino Ferreira Filipe, Entrepise Piu
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2015
Corrierer sous Poiss França. Manuel Baptista, n.º 32 Vaied Seine Vilheneuve de Roi - França. José de Oliveira Gonçalves, Chartiers Rouate les Boirs Tux de Dône França. José Rodrigues de Oliveira, 24 Senteres dos Melheiros Champine sur Maine Serve - França. José Rodrigues, Chantier Rouat, les Roins Tux de Dône - França. António Manuel Antunes, n.º 44 Sentier des Pendantes Champigniy, sur Marne Seine Marque - França. Manuel Marques da Silva, 92 Quaile Chaisz a lhaix le Roi Seine - França. António Gonçalves, 7 Chemins des Grandes Godetes Champigny sur Marne Seine - França. A bem da Nação. O Presidente da Junta. (Assinatura) Salustiano Justino Gonçalves». Os anos de maior afluência de emigrantes em direção a França foram os que se seguiram ao início das hostilidades em África, ou seja, 1961, 1962, 1963 e 1964. Em 1963, o pico de emigração atingiu, de acordo com santa-
Vasco Jorge Rosa da Silva Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém
catarinenses que estiveram ou ainda estão em França, o valor mais elevado, tendo partido imensos homens, atravessando a Espanha a pé, por entre dificuldades e receio dos atiradores espanhóis. Se muitos iam à procura de trabalho, inúmeros outros iam com o fito de escapar ao serviço militar obrigatório.
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