SANTO ANTÔNIO NA PENÍNSULA ITÁLICA: Questões político-sociais na Legenda Assídua

September 3, 2017 | Autor: Gustavo Gonçalves | Categoria: Medieval Italy, Latin Medieval Hagiography, Medieval Hagiography
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SANTO ANTÔNIO NA PENÍNSULA ITÁLICA: Questões político-sociais na Legenda Assídua SAINT ANTHONY IN ITALIAN PENINSULA: Political and social questions at Legenda Assidua. Gustavo da Silva Gonçalves (UFRGS) [email protected] Igor S. Teixeira (UFRGS) Orientador Saint Anthony possessed the science of the angels, the faith of the patriarchs, the fore-knowledge of the prophets, the zeal of the apostles, the heroism of martyrs. – São Boaventura

1. Introdução. O presente estudo insere-se no projeto de pesquisa “Os Tempos de Santidade: Processos de Canonização e Relatos Hagiográficos de santos mendicantes (séculos XIII e XIV)”. A pesquisa encontra-se em fase inicial de desenvolvimento, tendo como objetivo desta comunicação a análise da Legenda Assídua1, primeiro relato sobre Santo Antônio. A hipótese consiste em considerar que as tensões entre as cidades na Península Itálica podem estar presentes nesse relato. Produzida no ano de 1232 por um frade desconhecido 2, a Legenda Assídua3 é o primeiro relato acerca da vida do frade menor. Segundo Caeiro (1967, p. 6-7), esta é a fonte mais “fidedigna”4, possivelmente determinada sob ordem direta do papa Gregório IX, pouco

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LEGENDA ASSÍDUA. Introdução de Frei Henrique Pinto Rema OFM. Tradução de Frei Manuel Luís Marques OFM. Disponível em: http://files.santo-antonio.webnode.pt/2000015421278713727/Fontes%20Antonianas%20III%20-%20IB.pdf. Acesso em 9 de outubro de 2013. 2 Segundo Caeiro (1967), já se propôs os nomes de Tomás de Celano, Tomás de Pavia. João Gil de Zamora e Lucas Belludi. No entender do autor, todos os nomes sugeridos são insatisfatórios. 3 Michel de Certeau (2007, p. 276) nos traz uma tentativa de esboçar traços presentes nas hagiografias: “A historia do santo se traduz em percursos de lugares e em mudanças de cenário; eles determinam o espaço de uma ‘constância’”. Para Cristina Sobral (2007, p. 18), a hagiografia sugere “um modo simbólico de relacionamento com o divino cuja compreensão depende de uma adequada contextualização funcional da hagiografia”. 4 O autor entende que devido a sua linguagem rebuscada, visava-se a demonstrar o maravilhoso, característica comum vista nas hagiografias. No entanto, mesmo considerando a importância da Legenda Vita, entendemos que outras também possuem um valioso relato, tais como a Legenda Raimondina, a Legenda Benignitas ou os Sermones, que segundo Souza (2001, p. 22), atestam a preocupação de Antônio com o seu tempo. Portanto, embora seja atestada por uma testemunha que possivelmente presenciou a canonização de Antônio, é necessário destacar a importância das mencionadas fontes, não menos verídicas.

posterior à canonização do Santo5. Será a partir dela que se formarão as posteriores obras hagiográficas, em que podemos destacar a Legenda Benignitas, sendo o primeiro relato a informar a idade de Antônio em seu falecimento – trinta e seis anos (SILVA, 2010). Conforme Miatello (2010, p. 102), a Legenda Prima possui traços “que ligavam o modelo de santidade de Gregório IX à autorrepresentação dos minoritas italianos, numa junção praticamente homogênea de bula e hagiografia”. E será nesse meio que se terão as heresias, fragilizando o controle da Igreja na Itália Setentrional; segundo Souza (2001, p. 448, grifos nossos), podemos nos remeter ao catarismo, “cujo núcleo de propagação mais expressivo estava localizado na cidade de Albi, no condado tolosano, na Ocitânia, donde se irradiou para toda a região da Provença e para a Itália Setentrional”. Ora, isso se corrobora com a premissa de Jacques Le Goff, atribuindo aos séculos XII-XIII como o período das heresias6. Além disso, podemos nos aproximar da utilização de um processo de canonização para a afirmação ou reestabelecimento da autoridade papal sobre determinada localidade. (TEIXEIRA, 2012). No caso de Pádua, sabemos que o processo de canonização de Antônio saiu da própria igreja local, cidade que se mantinha fiel à Santa Sé (MIATELLO, 2010, p. 9293). No entanto, a crença popular raramente se recorda do personagem “Antônio”. Seu virtuoso modelo cristão atesta a ilustração de uma cristandade a ser seguida (BURBURY apud JOURNEAUX, p. 1). Seu intelecto e sua capacidade de memorização favoreceram a tentativa de Antônio a buscar o divino7. Em 1220 torna-se Frade Minorita logo após o primeiro contato com a Ordem dos Frades Menores, sendo posteriormente designado à pregação. Contudo, 5

Para Frei Henrique Pinto Rema (OFM), “a minuciosa reportagem da sua morte e sepultura sugere-nos alguém que viveu presencialmente os acontecimentos”. (ASSÍDUA, p. 29). 6 Referente ao catarismo, Jacques Le Goff comenta: “Nos séculos XII e XIII, é encontrada na Aquitânia, em Champagne, em Flandres, na Renânia, no Piemonte, mas tem, sobretudo dois grandes focos no Oriente, a Bulgária e a Bósnia, e dois no Ocidente, a Lombardia e o Languedoc” (LE GOFF apud SILVA, 2004, p. 72). Para consulta, ver LE GOFF, J. Herejías y sociedades en la Europa preindustrial. Madrid: Siglo XXI, 1987; MACEDO, José Rivair. Heresia, cruzada e inquisição na França Medieval. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000. 7 “[...] dizia alto querer saber e desejar ardentemente abraçar toda a ciência e inteligência que a torna cativa para a levar unicamente à obediência de Cristo”. Além disso, “obrigando a carne a servir o espírito, passava o dia na solidão”. (ASSIDUA, p. 40-41).

“enquanto navegava, quando se dispunha a demandar os territórios da Espanha, impelido pelos ventos, foi-se encontrar nas costas da Sicília”. (ASSIDUA, p. 40, grifos nossos). Conforme Souza (2004), não há um preciso registro na Legenda Prima acerca da duração de sua permanência em Pádua, mas segundo o autor pode-se presumir que “al pieno autunno, quando il pericolo delle guerriglia scaglioni era passato (...) Durante l'otium padovano (...) il Santo attese a ultimare i Sermones domenicali”. (SORANZO apud SOUZA, 2004, p. 6). Será nesse meio que se dará o combate às heresias, mas também a criação de uma santidade8. Frisamos que para compreender a missão antoniana é necessário valer-se de outras fontes primárias, tais como os Sermones ou outras Legendas. No entanto, elas serão brevemente mencionadas para corroborar aspectos presentes na Legenda Assídua, tema central da comunicação. 2. A presença de Antônio na Itália Setentrional. Embora a Legenda Assídua seja produzida por uma testemunha contemporânea a Antônio9, ou até mesmo um observador das pregações e milagres realizados pelo Santo, concordamos com Miatello (2010, p. 103, grifos nossos) no que concerne à escrita hagiográfica; ou seja, “queremos mostrar que as hagiografias, ao “canonizarem os santos mendicantes, estavam igualmente canonizando sua interpretação dos fatos, interpretação essa que nem sempre conferia com o ideário presentes em fontes de retórica diversa”. No prólogo do relato de óbito de Santo Antônio, o autor propõe “[...] anotar somente os factos mais conhecidos” (ASSIDUA, p. 53), podendo sempre acrescentar novos fatos. Isso irá ao encontro das proposições de Cristina Sobral na análise da obra de Aviad Kleinberg10 (SOBRAL, 2007,

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“Trata-se, agora, de um ascetismo por analogia que visa tornar o homem semelhante a Cristo, que não tinha onde descansar a cabeça e à piedosa vítima do Calvário” (VAUCHEZ apud SILVA, 2004, p. 70). Com essa passagem, Vauchez provavelmente se remete à Mateus 8:20, que diz: “E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. 9 “Por último, escrevo algumas cosias que eu próprio não vi com os meus olhos, muito embora delas tenha conhecimento, porque D. Soeiro II, Bispo de Lisboa, e outros varões católicos as relataram”. (ASSÍDUA, p. 53). 10 KLEINBERG, Aviad. Prophets in their own country: Living saints and the making of sainthood in the Later Middle Ages. Chicago: Chicago University Press, 1992.

p. 16, grifos nossos), que entende a santidade não sendo uma “[...] qualidade ou um conjunto de características, mas uma atribuição feita por uma comunidade que negocia dinamicamente com o santo o estatuto atribuído, interpretando o seu comportamento dentro dos parâmetros do desempenho de santidade tacitamente aceites”. Conforme informações na Legenda Assídua, Antônio chegou inicialmente à região da Sicília11 após sua tentativa de estabelecer-se no Marrocos (ASSÍDUA, p. 39-40). Posteriormente enclausurado em Monte Paolo12, o frade exercerá uma intensa reflexão interna acerca de sua condição, bem como o aprofundamento de seus estudos13. Nota-se que é nesse período que a região da Itália Setentrional está tomada pelas heresias, especialmente pelo catarismo, esta que inicialmente cativou artesãos e plebeus (SANTOS, 2006, p.20). Segundo Falbel (1976, p. 38-39), ao fim do século XII já se encontravam seis bispados na Itália, situados em Concorezzo, Desenzano, Bagnolo, Vicenza, Florença e Spoleto. Será na cidade de Forlì que Antônio provará sua esplendorosa capacidade de eloquência. Segundo Santos (2006), é nesse momento que o cardeal Ugolino – futuro papa Gregório IX e aliado às Ordens Mendicantes – realizou um incentivo à reestruturação da Igreja na região, tendo em vista a ausência de sacerdotes na mesma. Não tendo nenhum sacerdote se dispondo a executar a atividade, Frei Graciano obrigara Antônio à pregação. Na Legenda Assídua notamos: 11

Conforme Roberto Ruiz (apud SANTOS, p. 29), o desembarque de Antônio se deu próximo à cidade de Taormina, na atual província de Messina. 12 “Aqui, tendo o varão de Deus, por disposição do Senhor, chegado, obtida a licença, subiu devotamente ao ermo de Monte Paolo e, esquecidas as multidões do século, penetrou nos recantos mais íntimos da quietude”. Quando o anônimo autor da Assídua se refere ao esquecimento das multidões, possivelmente se remete ao período que Fernando – e não ainda Antônio – habitava em Coimbra, recebendo periódicas visitas e não tendo a paz necessária para a contemplação divina. 13 Aqui, a título de interesse, cabe ressaltar o apreço que São Francisco de Assis possui com a intelectualidade de Antônio destacada pela carta Episcopo Meo: “Frati Antonio episcopo meo frater Franciscus salutem. Placet mihi quod sacram theologiam legas fratribus, dummodo inter huius studium orationis et devotionis spiritum non exstinguas, sicut in regula continetur. [Frei Francisco a Frei Antônio, meu bispo, saudações. Apraz-me que leias a Sagrada Teologia aos frades, contanto que dentro desse estudo não extingas o espírito da santa oração e devoção, como está contido na Regra]. Na Bíblia Sagrada, notamos que há a condenação do uso terreno do saber, valendo-se dos conhecimentos teológicos para outros fins, distanciando-se de Cristo. Ver Tiago 3:13-18.

Escusou-se com todas as forças, mas teve que render-se às instâncias do Ministro e começou primeiramente de falar com simplicidade, e tendo a sua língua ou antes, pena do Espírito Santo, mostrado no decorrer do sermão a mais rara eloquência, e o dom de dissertar muito em pouco, os Frades, pasmados em extremo, ouviam mui atentos, todos sem exceção, a pregação do servo de Deus. (ASSIDUA, p. 42, grifos nossos).

Posteriormente, a fama de Antônio enquanto pregador aumentará cada vez mais, a ponto de ser denominado de “Arca do Testamento” pelo papa Gregório IX 14. Além disso, será nesse momento que o santo encontrará o desafio de conversão da cidade de Rimini, tendo em vista que Antônio se encarregou de pregar por toda a província (SOUZA, 2001, p. 133). Na Legenda notamos: “[...] aconteceu que ele se dirigiu, por inspiração divina, à cidade de Rimini. Aqui, tendo muita gente levada pelo erro da heresia, convocada de imediato toda a população da cidade, começou de pregar com fervor de espírito” (ASSÍDUA, p. 43). Embora a Assídua não relate, é aqui que ocorre o famoso Cântico aos Peixes, posteriormente inserida na Legenda Raimondina15. Nessa região que teremos o Santo “militante”, visto que ele entende tal característica designada a “[...] todas as pessoas, clérigos ou leigos, que, através dos tempos, defenderam a ortodoxia cristã contra quaisquer heresias” (SOUZA, 2001, p. 200). Acerca de sua pregação, Frei Orlando Bernardi (apud SANTOS, p. 40) entende que suas “suas palavras eram arrojadas ao atacar, com veemência, os erros da heresia e os abusos do clero e dos religiosos”. Dispomos de um claro testemunho na Assídua, que relata: António, pois, significa por assim dizer aquele que atroa os ares. E na realidade a sua voz, qual trombeta portentosa, quando expressava entre os doutos a Sabedoria oculta no mistério de Deus, proclamava com ênfase tais e tão profundas verdades das Escrituras, que mesmo, e nem sempre, o exegeta poderia compreender a eloquência da sua pregação.

Mas será na cidade de Pádua que se terá a importância de Antônio. É importante frisar a ausência de informações na estadia do santo em outras cidades, tais como a região de

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Discordamos de Santos (2006, p. 36) no que tange ao uso dessa expressão em um período post mortem a Antônio. O autor entende que tal termo é designado no dia “[...] 30 de maio de 1232, festa do Espírito Santo, ao soar dos sinos da Catedral de Espoleto”, ou seja, no dia da canonização do santo. 15 “A Legenda Raimondina, escrita pouco depois de 1293, foi atribuída ao frei Pedro Raymond de Saint-Romain. Assim como a Legenda Assídua e a Vida Segunda, a Raimondina privilegiou os milagres póstumos do santo”. (SILVA, 2010, p. 66)

Toulouse e Montpellier16. A Assídua nos informa que “desligado do governo dos frades, recebeu Antônio, o servo de Deus, autorização oficial de pregar da parte do Ministro Geral” (ASSÍDUA, p. 44-45), chegando ali por “indicação divina”, conforme a própria Legenda. Posteriormente a Assídua atestará a exaltação da cidade, cercada de heresias, sendo “senão os merecimentos da sua santidade, com que em breve ia ser enaltecida; com os quais a vemos exaltada não só por um admirável mas ainda singular louvor”. Com isso, concordamos com Miatello (2010, p. 92-93), que defende: A cidade de Pádua localiza-se naquela região veneta em que Hugolino de Óstia, como representante pontifício, havia pelejado para manter sob a guarda papal e imune às heresias; cidade que, desde longa data, se orgulhava de ser fiel à sé de Roma e que, portanto, facilmente tinha acolhido a pregação dos Frades Pregadores e Menores, ciosos defensores dos intentos papais (MIATELLO, 2010, p. 92-93).

Nesse momento, as heresias cátaras estão próximas à Pádua, em que podemos destacar as cidades de Treviso, Vicenza, Verona. Inseridas nesse período, Souza (2004) atestará a belicosidade das cidades italianas, gerando-se intensos conflitos, especialmente entre as cidades de Pádua e Treviso. As investidas de Ezzelino III resultaram em distúrbios políticos, “segundo o qual [Ezzelino] jogaria as cidades da região umas contra as outras, de modo que, quando estivessem a tal ponto enfraquecidas, poderia facilmente conquistar uma a uma, inclusive Pádua” (SOUZA, 2004, p. 5). Conforme o mesmo autor, a Igreja preocupou-se com a beligerância da região, enviando o bispo da Brescia para apaziguar a situação. Nesse interim, Antônio se insere particularmente enquanto ministro provençal da região, mas também na conversão do conde Tiso Maggiore, este que participou da Liga do Marquês d’Este, em que Pádua alia-se a este. Segundo Souza (2001), será justamente o Conde Tiso que Antônio converterá, sendo que este é indiretamente citado na Assídua na construção da cela

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“Pois seria longo descrever o número de províncias que purificou e regiões da terra que encheu da semente da palavra de Deus, escolhemos apenas aqueles fatos que realizados, mais se impõem e mais provas evidentes das suas virtudes manifestam” (ASSÍDUA, p. 44). Segundo Caeiro (1967, p. 107), “a Legenda Benignitas (fragmentos) alude a ter o Santo pregado em Toulouse, entre outras cidades”.

construída sob a nogueira17. Com isso, é de suma importância inscrever Antônio nos conflitos das cidades italianas18 e sua preocupação com as tensões envolvidas entre estas. Podemos nos remeter novamente a Rimini, em que Antônio converteu o hesiarca Bononillo “desorientado pelo erro da infidelidade havia já trinta anos” (ASSÍDUA, p. 43). 3. Conclusão. A partir da Legenda Assídua percebemos que a persuasão de Santo Antônio em situações adversas foi um importante elemento da construção de sua santidade. Sua pregação serviu aos interesses da Cúria papal, visando reduzir os embates entre as cidades italianas. Se considerarmos a Legenda Assídua como um documento que nos fornece valiosas informações acerca das tensões políticas na Península Itálica é imprescindível, por exemplo, não nos remetermos à bula de canonização de Antônio, Cum dicat Dominus, de 11 de julho de 1232: “É que em nossos dias, para confirmação da fé católica e confusão da maldade herética, Deus visivelmente renova os sinais e emprega com poder as maravilhas, fazendo brilhar por meio dos milagres aqueles que robusteceram a fé católica com o ardor das suas convicções” (CUM DICAT DOMINUS, p. 1, grifos nossos). Portanto, concordamos com Miatello (2010, p. 101), entendendo que as Vidas “não representavam apenas a propagação de um culto, mas definiam inclusive uma cartilha de conduta religiosa destinada aos membros das Ordens”. Segundo o mesmo ator, nota-se um vínculo entre a utilização das hagiografias de acordo com os interesses da Cúria papal. Desse modo, Pádua e Santo Antônio serviam de modelo às 17

“Tendo-se regozijado muito com a sua chegada um nobre varão, de nome Tiso, devoto, foi apresentar ao homem de Deus Antônio os seus sinceros préstimos de delicadeza” (ASSÍDUA, p. 49). Seus préstimos de delicadeza podem ser corroborados pela edificação do convento de São João Evangelista (BARILE, 1974). 18 Embora seja relatado na Legenda Benignitas, notamos também a conversão do tirano Ezzelino III por Santo Antônio: “Ó inimigo de Deus, impiedoso tirano, cão raivoso, quanto tempo você vai continuar a derramar o sangue de cristãos inocentes? Olhe, a punição do Senhor está sobre você, e é terrível e grave! Ele disse muitas outras expressões veementes duras para seu rosto. Os guardas estavam esperando por Ezzelino, como de costume, para dar a ordem para matá-lo. Mas algo mais aconteceu em vez disso, graças ao Senhor. Na verdade, o tirano, impressionado pelas palavras do homem de Deus, perdeu toda a sua ferocidade e tornou-se suave como um cordeiro. Em seguida, pendurando o cinto em volta do pescoço, prostrou-se diante deste homem de Deus e humildemente confessou seus atos maus, dando a garantia de que, com o seu consentimento, ele iria reparar cada atitude errada”. (BENIGNITAS 17, 42-47). Disponível em: www.saintanthonyofpadua.net/portale/santantonio/miracoli/santo/mirac5.asp. Acesso em 12 de outubro de 2013. Ver THOMPSON, Augustine. Cities Of God: The Religion of the Italian Communes, 1125-1325. University Park: Pennsylvania State University Press, 2006.

cidades combatentes da heresia, especialmente a cátara. Visando o projeto reformista da Igreja, revitalizando seu poder e buscando um padrão a ser seguido, Antônio e Pádua foram reverenciados pela Santa Sé em meio às adversidades temporais existentes na região.

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