SARESP 2010. Oficina de Estudo de Relato Pessoal de Experiência Vivida.

June 20, 2017 | Autor: Kátia Brakling | Categoria: Ensino Língua Portuguesa
Share Embed


Descrição do Produto

SARESP 2010 – 5º ANO MATERIAIS PARA A OFICINA DE ESTUDO DO GÊNERO RELATO PESSOAL DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

KÁTIA LOMBA BRÄKLING

SEE de SP / CENP

22/11/2010

SARESP 2010 – 5º ANO MATERIAIS PARA A OFICINA DE ESTUDO DE RELATOS PESSOAIS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA.

SUMÁRIO MATERIAIS PARA A OFICINA DE ESTUDO DE RELATOS PESSOAIS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA.

2

TEXTOS PARA ESTUDO DE RELATOS PESSOAIS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

4

FINALIDADES DO TRABALHO ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS

4 4

ATIVIDADE 1: COMPARAR PARA COMPREENDER MELHOR ATIVIDADE 2: ESTUDANDO OS TEXTOS DOS ALUNOS -1 ATIVIDADE 3: ESTUDANDO OS TEXTOS DOS ALUNOS -2

4 5 6

TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3 TEXTO 4 TEXTO 5 TEXTO 6 TEXTO 7

6 6 7 8 10 11 11

CARACTERIZAÇÃO DE UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

13

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

17

RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA PARA ESTUDO E ANÁLISE

21

RELATOS PRODUZIDOS

21

TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3 TEXTO 4 TEXTO 5 Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

21 22 23 23 24 Página 2

TEXTO 6

ANÁLISE DOS RELATOS PROPOSTA DE PRODUÇÃO DOS TEXTOS ANÁLISE DO TEXTO 1 COMPETÊNCIA I – TEMA COMPETÊNCIA II – GÊNERO COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA COMPETÊNCIA IV – REGISTRO ANÁLISE DO TEXTO 2 COMPETÊNCIA I – TEMA COMPETÊNCIA II – GÊNERO COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA COMPETÊNCIA IV – REGISTRO ANÁLISE DO TEXTO 5 COMPETÊNCIA I – TEMA COMPETÊNCIA II – GÊNERO COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA COMPETÊNCIA IV – REGISTRO ANÁLISE DO TEXTO 6 COMPETÊNCIA I – TEMA COMPETÊNCIA II – GÊNERO COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA COMPETÊNCIA IV – REGISTRO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

24

25 25 26 26 26 27 29 30 30 30 31 33 33 33 33 34 36 36 36 37 37 38

40

Página 3

TEXTOS PARA ESTUDO DE RELATOS PESSOAIS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA FINALIDADES DO TRABALHO   

Aprofundar a compreensão sobre as características do gênero relato pessoal de experiência vivida. Aperfeiçoar a capacidade de análise de textos organizados no gênero, a partir do estudo de relatos de alunos. Estudar os critérios de análise apresentados pelo SARESP, relacionando-os com as características do gênero.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS 1

ATIVIDADE 1: COMPARAR PARA COMPREENDER MELHOR 2 a) Leia os textos que constam da coletânea. b) Agrupe os textos que parecem ser do mesmo gênero. Considere a possibilidade de organizar apenas 4 grupos. c) Explique porque os agrupou. d) Ao agrupar os textos, considere: •

Onde foram publicados?



Para quem foram elaborados?

1

Na Oficina realizada essas orientações foram apresentadas aos participantes por meio de PPT, posteriormente encaminhado a todos.

2

Espera-se que os textos sejam agrupados da seguinte maneira: Textos 1 e 3; Textos 2 e 6; Textos 4 e 5; Texto 7. Textos 1 e 3 são relatos pessoais de experiência vivida (ainda que o segundo tenha sido publicado como obra literária). Na discussão com os grupos considerar, em especial, o fato de que o que define um gênero é a relação de todas as suas características (conteúdo temático; organização interna; marcas de estilo/lingüísticas), assim como o contexto de produção. Não é possível definir um gênero analisando-se apenas um dos pólos, quer dizer, ou só a sua textualidade, ou apenas o seu contexto de produção. É a articulação entre ambos os aspectos que caracteriza um gênero.

Apenas para constar: os demais grupos referem-se a depoimentos, diário íntimo pessoal, autobiografias. Neste último grupo, ressaltar o fato de que o eixo é do expor, e não do relatar; no diário, ressaltar o fato de que as ações são relatadas dia a dia, em uma sequência, e que as ações estão acontecendo; nos depoimentos, ressaltar que são organizados no eixo do relatar, mas a finalidade (ou ―pedagógica‖ – relata-se para convencer (ou confortar) alguém de algo - ou para ―atestar‖ qualidades de terceiros, p.e.) os diferencia dos relatos pessoais. Lembrar de que nem sempre um registro literário pertence a um texto organizado em gênero que circula na esfera literária. Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 4



De quê falam?



Qual a finalidade deles?



Que semelhanças e diferenças apresentam?

e) Ao analisar as semelhanças e diferenças, considere:

f)



Quem relata o texto?



Em que pessoa do discurso foi escrito?



Há marcas de implicação do autor?



Há presença de elementos que caracterizariam o texto como ficcional?



Os fatos relatados são plausíveis de terem acontecido realmente?



Que período as ações relatadas compreendem?



Que relação existe entre fatos relatados e a vida do relator?

Depois de realizado o agrupamento dos textos, reflita: Qual dos grupos se refere a relatos pessoais de experiência vivida? Explique. Sobre os relatos pessoais de experiência vivida, lembre-se: a) organizam-se no eixo do real (não no eixo da verdade, mas no que é real, ou plausível de sê-lo); b) o autor se revela implicado no texto por meio de: •

elaboração em primeira pessoa do discurso;



presença de apreciação pessoal a respeito das fatos relatados;

c) fatos organizados em sequência temporal (linear ou não); d) localizam o leitor em relação: •

aos eventos que serão relatados;



ao tempo em que tais eventos aconteceram;

e) apresenta recorte de tempo em que as ações aconteceram (um dia, dois dias, uma semana, uma trecho da vida...).

ATIVIDADE 2: ESTUDANDO OS TEXTOS DOS ALUNOS -1 a) Analise os relatos dos alunos  1 e 2  considerando os aspectos discutidos na atividade anterior. b) Agrupe-se com mais dois colegas e estude o texto indicado pela coordenação dos trabalhos. c) Anote a análise que fizerem. d) Discutam coletivamente a análise junto à coordenação dos trabalhos.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 5

ATIVIDADE 3: ESTUDANDO OS TEXTOS DOS ALUNOS -2 Nos subgrupos já definidos, proceda da mesma maneira que o proposto na Atividade 2. Analise os textos 4 e 5 nos subgrupos e, depois, discuta o estudo com a coordenação local.

TEXTO 1

Malhação de Judas! Quando criança e pré adolescente, quase todos os anos eu e vários garotos malhávamos o Judas na rua Rio Bonito, no Pari. Os pais davam algumas roupas rasgadas, meias furadas e com jornal enchíamos o judas para ao meio dia do sábado de aleluia malharmos. Era simplesmente judas , sem o nome de quem quer que seja, amarrávamos no poste e malhávamos com pauladas e fogo. Num ano, por sugestão de um vizinho pusemos no boneco uma foto recortada da revista Manchete, do então presidente João Goulart. Hoje, este costume encontramos mais na periferia das grandes cidades e no interior do Brasil. Porém, há um local, na rua do Lavapés, no Cambuci, em que a malhação é uma tradição do povo local. Na época do regime militar, mesmo com todo o policiamento reprimindo, a tradição foi mantida. Neste ano de 2010, o judas foi o casal Nardoni. Fonte: Histórias do Pari. MALHAÇÃO DE JUDAS. http://historiasdopari.wordpress.com/page/23/ (Coletado em 20out2010).

TEXTO 2

Eu fiz o curso Normal já pensando em fazer concurso para a área de Educação. Entrei na grande maratona de estudar para concursos, mas logo percebi que não estava nem um pouco preparada. Quando fiz meu primeiro concurso eu já estava casada e com os dois primeiros filhos pequenos. Tive que levar o Rodrigo, meu segundo filho, no dia da prova porque eu ainda o amamentava. Não fui nada bem e não passei. E me bateu aquela depressão “pós-concurso”. Continuei estudando em casa, com uma apostila velha que alguém tinha me dado e na época a minha situação e a do meu marido era bastante complicada, vivíamos com um pouco mais do que um salário mínimo e não tínhamos dinheiro para pagar um cursinho. Fiz o segundo concurso e não

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 6

passei novamente. Meu tempo era muito pouco para estudar porque eu era dona de casa, tinha que lavar, passar, cozinhar e cuidar de duas crianças pequenas. Fiz o terceiro concurso e mais uma reprovação. Mas eu era perseverante e não desistia. Então, foi aí que percebi que o grande vilão nos concursos para mim era a matemática, nas demais matérias me dava bem. Ao fazer o quarto concurso já morávamos em nossa própria casa; até então vivíamos de favor em uma e meus filhos estavam com 3 e 4 anos. Eu estudava à noite, enquanto as crianças dormiam. Resolvi atacar a minha dificuldade e estudava muito mais matemática do que os outros conteúdos. O resultado dessa prova saiu e eu tive uma grande surpresa: passei em matemática e fiquei por duas questões em português. Dentro de mim havia uma mistura de sentimentos, estava feliz e triste ao mesmo tempo. Entraram com recursos e foram anuladas algumas questões de português e no resultado final meu nome estava na lista dos aprovados e fui classificada na 17ª colocação. Um excelente resultado! Aprendi muito estudando sozinha. Hoje quando olho para a prova que eu fiz nem acredito que consegui passar, vejo que estava muito difícil. Não demoraram a me chamar para assumir o cargo, foi questão de poucos meses. Minha vida mudou muito de lá para cá. Sou apaixonada pelo o que eu faço, pelos meus alunos e sinto que estou contribuindo para o futuro e a educação do meu país. Mariza dos Santos, concursada pelo GDF (Governo do Distrito Federal) desde 1989. Fonte: Concursos Públicos Online. Depoimentos dos concurseiros. Endereço: http://www.concursospublicosonline.com/informacao/view/Relato-de-Mariza-Santos (Coletado em 20out2010)

TEXTO 3 (...) “Eu estava com sete anos e acompanhava a minha mãe por todos os lados. Eu tinha um medo de

ficar sozinha. Como se estivesse alguma coisa escondida neste mundo para assustar-me. Eu ainda mamava. Quando senti vontade de mamar comecei a chorar. “Eu quero irme embora! Eu quero mamar! Eu quero irme embora!” A minha saudosa professora D. Lanita Salvina perguntou-me: “Então a senhora ainda mama?” “Eu gosto de mamar!” As alunas sorriram. “Então a senhora não tem vergonha de mamar?“ “Não tenho!” Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 7

A senhorita está ficando mocinha e tem que aprender a ler e escrever, e não vai ter tempo disponível para mamar, porque necessita preparar as lições. Eu gosto de ser obedecida! Estais ouvindo-me D. Carolina Maria de Jesus?” Fiquei furiosa, e respondi com insolência. “O meu nome é Bitita. Não quero que troque o meu nome.” “O teu nome é Carolina Maria de Jesus.” Era a primeira vez que eu ouvia pronunciar o meu nome. Que tristeza que senti. Eu não quero este nome, vou trocá-lo por outro. A professora deu-me umas reguadas nas pernas, parei de chorar. Quando cheguei na minha casa tive nojo de mamar na minha mãe. Compreendi que eu ainda mamava porque era ignorante, ingênua. E a escola esclareceu-me um pouco. Minha mãe sorria dizendo: “Graças a Deus! Eu lutei para desmamar esta cadela e não consegui.” Minha mãe foi beneficiada no meu primeiro dia de aula. Minha tia Oluandimira dizia: “É porque você é boba e deixa esta negrinha te dominar.” (...) In: JESUS, Carolina Maria de. Minha vida...: prólogo. In: BOM MEIHY, José Carlos Sebe; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994. p.173-174.

TEXTO 4 Sou André Luís Michels de Alcântara, nascido em 21 de maio de 1979, às 22 horas e 50 minutos, na cidade capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil. Meu esporte preferido é o caratê e já pratiquei o estilo full-contact "Kyokushinkaikan Oyama". Isso se deve muito à minha admiração pela cultura japonesa, por isso também busquei a oportunidade de ler muitos livros sobre a arte do Ninjitsu. Ao compilar este website, forneci uma lista de filmes na página "Prevenção Social". Esta lista, além de ser a minha preferida, fará (por meio de histórias e efeitos visuais) com que o leitor interprete com maior eficiência todo o conteúdo apresentado nos textos e histórias aqui exibidos. Ela atende ao meu gosto por cinema e auxilia a obra a se desenrolar com maior facilidade. Deixando um pouco o assunto sobre filmes, as músicas de minha preferência não têm vínculo algum com o site. As minhas preferidas são do estilo House, Dance, Eurodance, Trance e Techno Pop. Todavia, restringir o meu universo musical em apenas música dançante seria deixar de aproveitar o que a música tem de mais belo: a variedade!

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 8

Preparei, logo abaixo, uma lista com uma coleção bem particular e deixo a cargo do leitor ponderar a respeito do que eu entendo por "boa música". (...) Pode parecer esquisito misturar tantos estilos. Clássico, newage, techno, pop, etc, enfim, uma lista bastante eclética. Mas o que agrada ao ouvir esses tipos de músicas é o efeito ou a sensação que o som dos instrumentos causa em mim: - Os arranjos clássicos ou newage causam em mim uma sensação de profunda segurança, tranqüilidade, objetividade e sabedoria. - No estilo dance, alguns arranjos e seqüências eletrônicas são capazes de fazer-me calafrios e sentir firmeza, euforia e força. Meu cardápio musical tem se ampliado muito. Músicas velhas e novas tem se misturado com o passar dos anos. E cada uma delas revive um momento e um local de minha história particular. Falando um pouco sobre minhas aptidões pessoais, eu deveria estar estreitamente ligado com a área de humanas, pois meus pais são psicólogos. Não que isso seja um determinismo, apenas seria mais fácil e eu teria maior apoio e excelente base para introduzir-me dentro destes conhecimentos. Não nego que adoro essa área e sei que seria muito bem sucedido me aprofundando nos estudos da filosofia, sociologia e psicologia. Mas a minha verdadeira paixão é a informática e a ciência da computação. Ela é o meu lazer, prazer e trabalho simultaneamente. Incrível foi redescobrir o mundo usando os olhos da área de ciências exatas e da lógica matemática. É fascinante como se pode exemplificar situações adversas usando variáveis numéricas. Quando se trata de computadores, redes, programação, administração geral, estou sempre disposto e disponível para aceitar e tentar vencer os desafios e empecilhos que surgem todos os dias, no mundo da informática. De qualquer maneira minha aptidão humana fala mais forte e apesar de citar as ciências da filosofia, sociologia e psicologia, meu mundo está vinculado à pedagogia. Ao terminar o curso na faculdade decidi permanecer no campus. Afinal, fui treinado para estar ali, passando pelo ensino fundamental, médio e superior. Depois de tantos anos estudando, não me vejo fazendo outra coisa. Fui treinado para isso e é o que melhor sei fazer. É hora de lecionar e ensinar o meu ofício: estudar. De outra forma e sem exceções, meus professores foram ótimos exemplos e modelos; e diante de minha admiração por eles, nada mais natural que eu optasse por seguir literalmente o exemplo que me foi proferido. É motivo de orgulho ser como aqueles que me educaram, treinaram e contribuíram para a minha formação social.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 9

Vejo nas universidades um ambiente extremamente fértil para o desenvolvimento de idéias, fantasias e projetos ambiciosos e arrojados, onde os valores vigentes superaram as barreiras das riquezas como as conhecemos. A moeda forte é o conhecimento bem formado, embasado e estruturado. O prazer desta riqueza está em doá-la, aliás, de nada vale se não for difundida e disseminada entre os demais. Sinto me muito à vontade para circular nos corredores dos campi e vejo os potenciais e compromissos que os centros universitários podem desempenhar na sociedade para o benefício das comunidades ao seu redor. Fonte: http://biucsproject.org/general/about_author_biografia.htm (Coletada a 20out2010).

TEXTO 5 Aí eu peguei e nasci!

Sou filho de árabe com loira e deu macaco na cabeça. E eu não tenho 56 anos. Eu tenho 18 anos. Com 38 de experiência. E eu era um menino asmático que ficava lendo Proust e ouvindo programa de terror no rádio. Em 69 entrei pra Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Mas eu matava aula com o namorado da Wanderléa pra ir assistir o programa de rádio do Erasmo Carlos. E aí eu desisti. Senhor Juiz, Pare Agora! E aí eu fui pra swinging London, usava calça boca de sino, cabelo comprido e assisti ao show dos Rolling Stones no Hyde Park. E alguns bicos pra BBC. Voltei. Auge do tropicalismo. Frequentava as Dunas da Gal em Ipanema. Passei dois anos batendo palma pro pôr-do-sol e assistindo o show da Gal toda noite. E depois diz que hippie não faz nada. O Cazuza tentava se enturmar mas como ele era muito menino a gente não dava a menor bola. Foram os Anos Baianos. E todo Carnaval a gente ia pra Bahia atrás do Caetano. Ia de carona e voltava de caganera! Rarará! Aí em 87 entrei pra Folha e escrevo colunas desde então. Que eu chamo de telejornal humorístico. Onde abordo os três temas que mais deliciam os brasileiros: sexo, política e futebol. Trio elétrico do brasileiro: real, bunda e bola! Time do coração: eu queria ser corinthiano mas sãopaulino! Opção sexual: no sofá com o cachorro. Pior compra que já fez: uma caixa de acarajé em pó. Religião: ateu místico. Aquele que faz o sinal da cruz, toma banho de sal grosso e tem três São Jorges ao lado do computador! E ecumênico por ecumênico eu prefiro o ecumenicuzinho da Madonna! Livros de cabeceira: Paul Bowles, Gregório de Mattos e "Carandiru" do Drauzio Varella. Ojeriza ideológica: tucanos. TÔ FORA! Acadêmicos: acadêmicos por acadêmicos eu prefiro Os Acadêmicos do Salgueiro!

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 10

Filmes Inesquecíveis: todos de Woody Allen e Hitchcok. E tirando "Rocco e seus irmãos" só gosto de cinema americano: não assisto filme estrangeiro. E nem de país que não tenha água potável! Definição de filme cabeça: um monte de gente pelada discutindo Uma boa causa: liberdade de expressão. Viva Larry Flint! Filosofia de vida: nóis sofre mas nóis goza! E gostoso! Acorda Brasil! Que eu vou dormir! Fonte: UOL Educação. Biografias. Endereço: http://www2.uol.com.br/josesimao/biografia.htm (Coletado em 20out2010).

TEXTO 6

Chico de Hollanda, de aqui e de alhures "Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloquentes, palavras cirúrgicas, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas na polpa dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva... Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva, Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam. Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção." Ruy Guerra, cineasta e escritor, outubro de 1998

TEXTO 7 1 de junho é o início do mês. É o ano que deslisa. E a gente vendo os amigos morrer e outros nascer. (...) É treis e meia da manhã. Não posso durmir. Chegou o tal Vitor, o homem mais feio da favela. O representante do bicho papão. Tão feio, e tem duas mulheres. Ambas vivem juntas no mesmo barraco. Quando êle veio residir na favela veio demonstrando valentia. Dizia: — Eu fui vacinado com o sangue do Lampeão! Dia 1 de janeiro de 1958 êle disse-me que ia quebrar-me a cara. Mas eu lhe ensinei que a é a e b é b. Êle é de ferro e eu sou de aço. Não tenho força física, mas as minhas palavras ferem mais do que espada. E as feridas são incicatrisaveis. Êle deixou de aborrecer-me porque eu chamei a radio patrulha para êle, e êle ficou 4 horas detido. Quando êle saiu andou dizendo que ia matar-me. Então o Adalberto disse-lhe:— É o pior negocio que você vai fazer. Porque se você não matá-la ela é quem te mata. Eu tenho uma habilidade que não vou relatar aqui, porque isto há de defenderme. Quem vive na favela deve procurar isolar-se, viver só. O Vitor está tocando radio. Penso: hoje é domingo e nós podíamos dormir até as 8. Mas aqui não há consideração mutua.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 11

Eu nada tenho que dizer da minha saudosa mãe. Ela era muito boa. Queria que eu estudasse para professora. Foi as contingências da vida que lhe impossibilitou de concretizar o seu sonho. Mas ela formou o meu caráter, ensinando-me a gostar dos humildes e fracos. É porisso que eu tenho dó dos favelados. Se bem que aqui tem pessoas dignas de desprêso, pessoas de espírito perverso. Esta noite a Dona Amélia e o seu companheiro brigaram. Ela disse-lhe que êle está com ela por causa do dinheiro que ela lhe dá. Só se ouvia a voz de Dona Amélia que demonstrava prazer na polemica. Ela teve vários filhos. Distribuio todos. Tem dois filhos moços que ela não os quer em casa. Pretere os filhos e prefere os homens. O homem entra pela porta. O filho é raiz do coração. É quatro horas. Eu já fiz o almôço — hoje foi almôço. Tinha arroz, feijão e repolho e lingüiça. Quando eu faço quatro pratos penso que sou alguem. Quando vejo meus filhos comendo arroz e feijão, o alimento que não está ao alcance do favelado, fico sorrindo atôa. Como se eu estivesse assistindo um espetaculo deslumbrante. Lavei as roupas e o barracão. Agora vou ler e escrever. Vejo os jovens jogando bola. E êles correm pelo campo demonstrando energia. Penso: se êles tomassem leite puro e comessem carne... 2 de junho Amanheceu fazendo frio. Acendi o fogo e mandei o João ir comprar pão e café. O pão, o Chico do Mercadinho cortou um pedaço. Eu chinguei o Chico de ordinário, cachorro, eu queria ser um raio para cortar-lhe em mil pedaços. O pão não deu e os meninos não levaram lanche. ...De manhã eu estou sempre nervosa. Com medo de não arranjar dinheiro para comprar o que comer. Mas hoje é segunda-feira e tem muito papel na rua. (...) O senhor Manuel apareceu dizendo que quer casar-se comigo. Mas eu não quero porque já estou na maturidade. E depois, um homem não há de gostar de uma mulher que não pode passar sem ler. E que levanta para escrever. E que deita com lápis e papel debaixo do travesseiro. Por isso é que eu prefiro viver só para o meu ideal. Êle deu-me 50 cruzeiros e eu paguei a costureira. Um vestido que fez para a Vera. A Dona Alice veiu queixar-se que o senhor Alexandre estava lhe insultando por causa de 65 cruzeiros. Pensei: ah! O dinheiro! Que faz morte, que faz odio criar raiz.

Trechos do diário da moradora da favela do Canindé, São Paulo, catadora de lixo e mãe de três filhos. Autora de Quarto de Despejo.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 12

CARACTERIZAÇÃO DE UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVIDA 3 Kátia Lomba Bräkling4 RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVIDA: CARACTERÍSTICAS GERAIS CLASSIFICAÇÃO DOLZ E SCHNEUWLY5 DOMÍNIO SOCIAL DA COMUNICAÇÃO CAPACIDADES DE LINGUAGEM DOMINANTES ASPECTOS TIPOLÓGICOS PREDOMINANTES

Memorização e documentação de ações humanas. Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. Relatar.

A SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO

PRODUTOR DO TEXTO

Uma pessoa – ou um grupo - que relata fatos vivenciados por ela (individualmente ou não), a fim de compartilhar experiências ou para organizar registros que organizem a memória de aspectos da vida relacionados com situações específicas, tempos e temas determinados.

INTERLOCUTOR

Leitores que se interessarem pelo compartilhamento das experiências em questão.

PORTADORES POSSÍVEIS

Livros, revistas, blogues, diários, memoriais, dossiês.

FINALIDADE

Construir uma memória escrita de situações vivenciadas, compartilhando experiências vividas. CONTEÚDO TEMÁTICO

Situações vivenciadas por uma pessoa (individualmente ou não), relacionadas com períodos específicos da sua vida (infância, adolescência, férias na escola, segundo ano de escolaridade...), espaços determinados (acontecimentos ocorridos no sítio, tempo de residência no interior, tempo vivido na cidade grande, tempo de vida num apartamento), temas pontuais (travessuras, situações engraçadas, situações tristes, momentos de medo, 3

Publicado em: SEE de SP. Manual para Avaliação das Redações do SARESP 2008 e 2009. São Paulo (SP): 2008 e 2009.

4

Kátia Lomba Bräkling Pedagoga e Mestre em Lingüística Aplicada pela PUC de SP; Professora da PósGraduação ISE Vera Cruz (São Paulo – SP); Coordenadora de Língua Portuguesa do Colégio HebraicoRenascença (São Paulo); Assessora da Secretaria Estadual de Educação – e outras instituições - na Área de Ensino da Linguagem.

5

A partir da classificação de Dolz, Joaquim & Schneuwly, Bernard; Gêneros e Progressão em Expressão Oral e escrita; Universidade de Genebra, Suíça; mimeo.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 13

demonstrações de amizade, situações de bullling, p. e.). ORGANIZAÇÃO INTERNA

a) Contextualização inicial do relato, identificando tema/espaço/período. b) Identificação (implicar) do relator como sujeito das ações relatadas e experiências vivenciadas. c) Referência à(s) ação(ões)/situação(ões) que será(ão) relatada(s). d) Apresentação das ações seqüenciando-as temporalmente, estabelecendo relação com o tema/espaço/período focalizado no texto, explicitando sensações, sentimentos, emoções provocados pelas experiências. Nesse processo poderá ou não ser estabelecida relação de causalidade entre as ações/fatos relatados, pois se trata de ações acontecidas no domínio do real e, dessa maneira, o que define a relação de causalidade são os fatos, em si, ou a perspectiva/compreensão do relator. e) Encerramento, pontuando os sentimentos, efeitos, repercussões das ações relatadas na vida do relator e dos envolvidos. f)

A experiência vivenciada por uma pessoa pode envolver terceiros, o que pode derivar na introdução das vozes desse terceiro no relato elaborado. MARCAS LINGÜÍSTICAS

a) Relato de experiência vivida é organizado na primeira pessoa, seja do singular ou do plural. Essa marca de autoria se revela na pessoa do verbo e, além disso, nos pronomes pessoais utilizados. Por exemplo:

a. Lembro-me bem da maneira como ele me falou; b. A partir de então, todos nós passamos a não mais ir pra escola por aquele

caminho;

c. Eu, Juca e Mariela, a partir daquele momento, nos coçamos de

curiosidade...;

d. Desde então nos sentimos responsáveis por tudo o que...; b) O relato rememora experiências. Dessa forma, na textualização sempre haverá marcas desse processo por meio da alternância entre hoje e ontem, aqui e lá: a. Hoje, quando penso na maneira como tudo aconteceu...; b. Naquela época, quando estudava na escola D. João VI, eu não pensava

como agora, certo?

c) Como se trata de ações organizadas no eixo temporal, essas marcas também serão explicitadas por meio dos tempos verbais utilizados e dos articuladores textuais: a. Depois daquele dia...;

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 14

b. Em seguida, MAriela saiu correndo pela praça...; c. Naquela semana não dissemos uma palavra sobre o assunto; d. Dois dias depois para nossa surpresa, o casaco apareceu bem diante de

nossos olhos.

d) Como se trata de experiência pessoal, sempre haverá a marca das sensações, efeitos, repercussões da experiência no sujeito relator: fiquei surpreso naquele...; decepcionei-me com...; fiquei confuso com a reação de...; aquela situação provocou-me uma reflexão sem precedentes..., por exemplo. e) As experiências relatadas acontecem em um contexto que pode ou não envolver terceiros. Nessa perspectiva, é possível que, no texto, sejam introduzidas as vozes desses terceiros, quer seja por meio do discurso indireto, quer seja por meio de discurso direto. Se houver essa introdução, as marcas da mesma comporão o texto com a utilização dos recursos cabíveis: a. em discurso indireto, organização sintática que recupere a fala do outro: fulano afirmou que...; naquele momento Marina disse que..., por exemplo; b. em discurso direto: i. coordenação entre dois pontos, parágrafo e travessão; ii. coordenação entre dois pontos e aspas; iii. coordenação entre dois pontos e travessão; iv. utilização de verbos dicendi: 1. antecipadamente, para anunciar a fala do outro: Então, ele me perguntou: — Posso levar esse livro emprestado?; Em

seguida, ele disse: — Acho que, agora, você pisou mesmo na bola...; Ao que ele me respondeu: — Vamos lá! Não estou fazendo nada mesmo .., por exemplo;

2. no meio do discurso do outro, explicando quem está falando (e aqui se utiliza os travessões para separar essa indicação: —

Nesse momento – disse Maria procurando justificar-se – não posso ir até o mercado...;

3. posteriormente ao discurso do outro, para recuperar a origem da fala: — Peço-te segredo disso tudo, está bem? – solicitou

Jorge misterioso.

f) Pode haver marcas do diálogo do relator com o interlocutor. Nesse sentido, poderão aparecer pronomes pessoais e de tratamento para explicitar essa relação. Por exemplo: a. Você quer saber? A partir daquele dia não me interessei mais por casas

abandonadas...;

b. Mas depois desse grito – pode acreditar – fiquei muito mais aliviado.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 15

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 16

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO PARA ENTENDER OS CRITÉRIOS DE CORREÇÃO - SARESP 2010 4ª SÉRIE/5º ANO DIFICULDADES QUE OS ALUNOS PODERÃO APRESENTAR NA PRODUÇÃO DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

ASPECTOS DISCURSIVOS ADEQUAÇÃO DO TEXTO AO TEMA

I

Desenvolver o texto, de acordo com as determinações temáticas e situacionais da proposta de redação.

– Não compreende o tema solicitado ou desenvolve uma produção que apenas o tangencia. – Não adequa o texto às possibilidades de compreensão do interlocutor ou aos seus prováveis interesses, nem às especificidades do portador e do lugar de circulação – Elabora o texto de maneira a atender às finalidades colocadas. OBS: os relatos desse caso são aqueles nos quais houve ficcionalização – presença explícita de elementos ficcionais não pertencentes ao real vivido possível – e não implicação do sujeito como quem experienciou os fatos relatados.

– Compreende e desenvolve razoavelmente o tema, ainda que a partir de clichês ou paráfrases. – Adequa razoavelmente o texto às possibilidades de compreensão do interlocutor ou aos seus prováveis interesses. – Organiza o texto adequado-o razoavelmente ao portador previsto e ao lugar de circulação definido. – Elabora o texto de maneira a atender razoavelmente às finalidades colocadas. OBS: os relatos desse caso podem ser do real possível mas não experienciado pelo sujeito autor, por exemplo.

– Compreende e desenvolve bem o tema. – Adequa o texto às possibilidades de compreensão do interlocutor e aos seus prováveis interesses, assim como às especificidades do portador e do lugar de circulação, ainda que não tenha respeitado a extensão sugerida e que nem sempre escolha um registro ou expressões lexicais adequados. – O texto atende às finalidades colocadas OBS: neste caso, o relato é de experiência vivida pelo sujeito, apresenta implicação do sujeito relator como quem viveu a experiência (relatado em 1ª pessoa), mas não é e necessário que haja muitas referências da sua apreciação sobre os efeitos da experiência sobre si.

– Compreende e desenvolve bem o tema. – Adequa o texto às possibilidades de compreensão do interlocutor e aos seus prováveis interesses, assim como às especificidades do portador e do lugar de circulação, respeitando a extensão sugerida e selecionando registro ou expressões lexicais adequados. – O texto atende às finalidades colocadas OBS: neste caso, o relato é de experiência vivida pelo sujeito, apresenta implicação do sujeito relator como quem viveu a experiência (relatado em 1ª pessoa), e há muitas referências da sua apreciação sobre os efeitos da experiência sobre si.

OBSERVAÇÃO: a) Os aspectos relativos ao TEMA, especificamente, encontram-se salientados em amarelo, sendo o primeiro item de cada nível. b) Considerar que, no manual do SARESP há aspectos que não se referem ao relato de experiência vivida, mas aos gêneros dos demais anos (carta pessoal, artigo de opinião). c) Na avaliação, considerar a predominância de aspectos pertinentes, indicados nos diferentes níveis.

DIFICULDADES QUE OS ALUNOS PODERÃO APRESENTAR NA PRODUÇÃO DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

ASPECTOS DISCURSIVOS E TEXTUAIS

ADEQUAÇÃO DO TEXTO AO GÊNERO

II Mobilizar, no texto produzido, os conhecimentos relativos aos elementos organizacionais do gênero.

– Apresenta dificuldades para organizar o texto a partir da seqüenciação de experiências vividas, ficando clara uma oscilação entre discurso relatativo (eixo do real) e narrativo (eixo ficcional). – Organiza o texto utilizando, predominantemente, a 3ª pessoa do discurso, descaracterizando o autor como sujeito das ações apresentadas. – Tem dificuldades para organizar as ações no eixo temporal coerente com as características do gênero.

– Não apresenta contextualização inicial das experiências que serão relatadas. – Oscila na utilização das pessoas do discurso, empregando ora 1ª e ora 3ª, dificultando a identificação do relator como sujeito das experiências vividas. – Apresenta dificuldade para organizar as experiências em uma seqüência temporal coerente. – Indica raramente os efeitos das ações relatadas sobre o relator. – Apresenta dificuldades para articular as referências ao ontem e ao hoje.

– Contextualiza, inicialmente, a(s) experiência(s) que será(ão) relatada(s), ainda que de maneira pouco clara ou insuficiente. – Elabora o relato em 1ª pessoa do discurso – seja do plural ou do singular -, revelando-se como autor e sujeito da experiência vivida, ainda que apresente pequenas dificuldades. – Apresenta as ações seqüenciandoas temporalmente, de maneira coerente. – Procura Indicar os efeitos das ações relatadas e/ou as emoções que estas provocaram no relator, por meio de expressões que as caracterizam, ainda que de maneira irregular. – Procura articular adequadamente as referências ao hoje e ao ontem, ainda que nem sempre as indique com clareza.

– Contextualiza, inicialmente, a(s) experiência(s) que será(ão) relatada(s). – Elabora o relato em 1ª pessoa do discurso – seja do plural ou do singular -, revelando-se como autor e sujeito da experiência vivida. – Apresenta as ações seqüenciando-as temporalmente, de maneira coerente. – Indica os efeitos das ações relatadas e/ou as emoções que estas provocaram no relator, por meio de expressões que as caracterizam. – Encerra o relato, pontuando os sentimentos, efeitos, repercussões das ações relatadas na vida do relator e dos envolvidos. – Articula adequadamente as referências ao hoje e ao ontem, indicando-as com clareza.

OBS: com relação a esse aspecto, considerar que: a) São condições fundamentais para o texto estar adequado os seguintes aspectos: ser relato de experiência vivida pelo sujeito – identificado pela 1ª pessoa -, dentro de um real possível, e ter uma seqüência temporal clara, ainda que não linear. b) Na avaliação, considerar a predominância de aspectos pertinentes, indicados nos diferentes níveis.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 18

DIFICULDADES QUE OS ALUNOS PODERÃO APRESENTAR NA PRODUÇÃO DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

ASPECTOS TEXTUAIS COESÃO E COERÊNCIA

III

Organizar o texto de forma lógica e produtiva, demonstrando conhecimento dos mecanismos linguísticos e textuais necessários para sua construção.

– Organiza precariamente as partes do texto, apresentando grande dificuldade em registrar os fatos e em dar continuidade ao sentido do texto. – Produz um grande número de justaposição de palavras e/ou frases pouco relacionadas entre si. – Utiliza com muita dificuldade os tempos verbais, produzindo incoerências da seqüenciação dos fatos. – Não indica a separação entre discurso do relator e discurso de terceiros — quando houver. – Não organiza o texto em parágrafos.

– Organiza razoavelmente as partes do texto, demonstrando alguma dificuldade para dar continuidade de sentido e/ou para manter a progressão temática. – Apresenta problemas freqüentes de inadequação na utilização dos recursos coesivos. – Apresenta dificuldades na utilização do tempo verbal adequado para indicar ações acontecidas do passado e o presente do relator. – Não indica a separação entre discurso do relator e discurso de terceiros — quando houver. – Não organiza o texto em parágrafos.

– Organiza bem as partes do texto, podendo apresentar problemas pontuais na utilização dos recursos coesivos (seqüenciais ou referenciais); entretanto, estabelece uma continuidade de sentido e/ou uma progressão temática satisfatória. – Na introdução de discurso de outro, na ―fala‖ do relator — se houver —, procura separar os discursos um do outro, ainda que não utilize os recursos convencionais. – Utiliza os tempos verbais adequados para indicar as ações acontecidas no passado e relacioná-las com o presente do relator. – Procura organizar o texto em parágrafos, mas nem sempre os critérios utilizados são coerentes.

– Utiliza os articuladores textuais adequados para seqüenciar as ações relatadas. – Estabelece referências adequadas entre as partes do enunciado, de modo a garantir sua coesão. – Na introdução de discurso de outro, na ―fala‖ do relator — se houver —, utiliza um (ou mais) dos seguintes procedimentos: o emprega discurso direto e, para tanto, utiliza corretamente sinais de pontuação para separar a voz do relator das vozes dos terceiros envolvidos na ação relatada; o emprega discurso indireto e, para tanto, organiza a frase de maneira correta do ponto de vista sintático para apresentar o discurso de terceiros; o utiliza ambos os recursos apresentados acima e os respectivos recursos. – Utiliza os tempos verbais adequados para indicar as ações acontecidas no passado e relacioná-las com o presente do relator. – Organiza o texto em parágrafos, utilizando critérios coerentes com o relato.

OBSERVAÇÃO: a) Considerar, para o Nível 2, o prejuízo da compreensão dos fatos relatados. Nos Níveis 3 e 4, não deverá haver prejuízo da compreensão do texto. b) Na avaliação, considerar a predominância de aspectos pertinentes, indicados nos diferentes níveis.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 19

DIFICULDADES QUE OS ALUNOS PODERÃO APRESENTAR NA PRODUÇÃO DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA

ASPECTOS GRAMATICAIS REGISTRO

IV

Aplicar as convenções e normas do sistema da escrita.

– Apresenta muitas inadequações gramaticais e/ou transgressões na escrita (ortografia, pontuação medial e final, organização gráfica, concordância e regência nominal e verbal) cuja utilização não está justificada pelo contexto; utiliza formas pertencentes à oralidade injustificáveis pelo contexto. OBS: as inadequações são tantas que não é possível compreender o texto, que sua legibilidade está comprometida.

– Apresenta algumas inadequações gramaticais ou transgressões na escrita (ortografia, pontuação medial e final, organização gráfica, concordância e regência nominal e verbal); cuja utilização não está justificada pelo contexto; formas pertencentes à oralidade, sem que estejam justificadas pelo contexto, são raras. OBS: o texto possui muitas inadequações, mas não tem sua legibilidade comprometida.

– Demonstra bom conhecimento da normapadrão para o texto escrito, utilizando bem a variedade lingüística adequada ao texto solicitado e ao contexto de produção, apresentando algumas inadequações gramaticais ou transgressões na escrita, relativas à ortografia, pontuação medial e final, concordância e regência nominal e verbal.

– Demonstra muito bom conhecimento da normapadrão, sabendo utilizar muito bem a variedade lingüística adequada ao texto solicitado e ao contexto de produção, com raríssima ou nenhuma inadequação gramatical e ortográfica. OBS: o texto possui raras inadequações.

OBS: o texto possui poucas inadequações.

OBSERVAÇÃO GERAL: a) a pontuação medial (uso de vírgula, ponto e vírgula, p.e.) pode apresentar problemas em todos os níveis; b) a pontuação final (final, exclamação, interrogação, reticências, p.e.), deve estar adequada no Nível 4 (ainda que seja só pela utilização de ponto final); c) a pontuação de discurso direto, do ponto de vista da utilização dos recursos (aspas, dois pontos, travessão), pode estar inadequada em todos os níveis. No Nível 4, no entanto, deve, necessariamente, haver indicações dos diferentes discursos, como os verbo dicendi (“disse meu pai”, “e ele falou”, por exemplo), ainda que os recursos gráficos não tenham sido utilizados. d) Na avaliação, considerar a predominância de aspectos pertinentes, indicados nos diferentes níveis. Textos que não atendem a nenhum critério: atribuir os conceitos B ou A.

 B – Texto em branco  A – Texto anulado:  aquele que revela um domínio precário do sistema de escrita, sendo composto por letras isoladas ou frases inacabadas, formadas por apenas uma ou duas linhas e/ou transcritas de textos do SARESP ou simplesmente compostos por desenhos ou grafismos.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 20

RELATOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA PARA ESTUDO E ANÁLISE 6 REFERÊNCIAS PARA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO: RELATOS DE ALUNOS DE 4ª SÉRIE PRODUZIDOS EM 2009

RELATOS PRODUZIDOS

T EXTO 1 MINHA FESTA DE ANIVERSÁRIO DE 6 ANOS7

Meu aniversário caiu no sábado, dia 9 de novembro. Eu acordei, tomei café e falei para minha mãe:  Mãe você sabe que dia é hoje?  Ah! É mesmo! Hoje é dia de levar o Pingo (cachorro do meu Pai) no Pet Shop! Então eu estava saindo da cozinha quando minha prima acordou, depois que ela tomou café eu perguntei:  Bia sabe que dia é hoje?  Ah! Sim! É o dia que a vovó vai vim lá da Praia né?  É mesmo! Até essas hora eu não estava suspeitando de nada. Depois de 1 hora minha mãe foi até meu quarto aonde eu estava brincando de Barbie, então ela me disse:  Vanessa! Sua tia Carina esta aqui!  Tabom mãe! Já to indo falar com ela! Quando eu guardei minhas bonecas na minha pratileira fui até lá conversar com minha tia:  Oi tia! Tudo bem?  Tudo Otimo! Depois que eu falei com a minha tia, minha mãe chamou minha tia no canto e falou alguma coisa. 6

Relatos produzidos no SARESP 2009, por alunos de uma escola da capital de São Paulo.

7

As grafias coloridas foram mantidas como no original.

Alguns minutos depois minha mãe me chamou na cozinha e disse:  Filha não vai dar para fazer seu aniversário então por isso eu falei para sua tia ir com você na Sabrina comprar brigadeiro, beijinho e cajuzinho!  Ah! Até que fim você lembrou do meu aniversário. Então eu fui com minha tia na Sabrina comprar doce. Quando eu voltei, fui até a cozinha então veio a surpresa! Minha mãe e minha prima estavam fazendo flor com bexigas e era da Hello kitty. Já estava tudo pronto. Fui correndo falar com a minha mãe:  Mãe você não disse que não ia ter festa, só um bolinho?!!  Mas é surpresa pra que eu ia te falar  Obrigado. Mas que horas vai ser?  Vai ser as 20:00 horas. Depois de algumas horas chegou o momento mais esperado “Minha festa de aniversário”. Eu estava com um vestido rosa, cabelo de lado e uma sapatilha. As 1as pessoas a chegar foi meu pai e minha vó. Meu pai me deu um beijo e uma caixinha com um colar e minha vó me deu um bichinho de pelúcia (um macaco amarelo). Depois chegou meu tio Samuel, minha tia Edite e minha prima Debora. Então chegou meus outros primos e melhor amiga Luana eles todos me deram presentes. Minha tia Edite ajudou minha mãe a distribuir os salgados eu tirei uma foto do meu padrinho comento uma coxinha (foi muito engraçado). Minha mãe me chamou e disse:  Vai chamar todo mundo para cantar Parabens! Depois que cantamos parabéns eu distribuir os saquinhos surpresas. Quando todo mundo foi embora, meu tio chegou com uma caixa, verde e vermelha era linda, ele foi até meu quarto aonde eu estava tirando uma soneca. Ele me acordou e eu fui até a cozinha aonde estava minha mãe, meu pai, minha tia Carina e minha prima Bianca, ele me deu beijo, então eu peguei a caixa que meu tio me deu, eu abrir e era um filhotinho da raça Yorkshaire eu fiquei super feliz e agradecir meu tio, minha mãe olho bem para cara dela de recem-nascida e disse que o nome dela seria Pepita e agora que era recém-nascida tem 4 anos e meio. Esse foi meu aniversario de 6 Anos. (Vanessa, 4ª série H)

T EXTO 2 MINHA FESTA DE ANIVERSÁRIO

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 22

Quando eu fiz 8 anos, me deu uma enorme vontade de fazer uma festa de aniversário e logo pensei em como ela seria, se teria balões, faixa, doces, salgados... Eu e minha mãe escolhemos que teriam doces, salgados, algumas bexigas e um bolo de chocolate com meu nome escrito em chantily! Eu achei tão lindo que me deu uma enorme vontade de cortar!!... De doces só tiveram beijinho e brigadeiro, e de salgados tiveram, coxinhas, quibes, bolinhos que queijo.... Tudo uma delícia! A festa foi na minha casa na rua Carlos Morgado no 15. Na Vila Medeiros, das 16:00 até as 24:00. A festa foi em um sábado. Enfim chegaram os convidados, foram só minha família e alguns amigos. Ganhei muitos presentes, mas o que eu mais gostei foi o quebra-cabeça-poster do High Scool Musical. Eu e meus amigos, brincamos, dançamos, rimos... E os meus parentes ficaram conversando na sala. Quando deu 20:45 que foi o horário do meu nascimento, cantamos o parabéns. O meu primeiro pedaço de bolo foi para minha mãe. Comemos e brincamos depois do parabéns. Até que chegou a hora de ir embora me despedi de todos, eles foram embora e eu pude, brincar com os meus presentes. Essa foi minha festa de aniversário de 8 anos, a que eu mais gostei, adorei e amei. (Rebeca, 4ª série B)

T EXTO 3 MINHA FESTA Um dia andes Minha Mãe a lugou um salão ai meu pai comprou bixiga comprou salgadinho comprou refrigerente e o bolo ai foi Festa surpresa meu primo minha primo minha prima e tinha bixiga e meu tio e minha tia também e deve um monte de bricadero e meu pai comprou cerveja e todos começarão a come e bebe e me deram presente e cantou o parabéns quando terminou era 2.00 hora da tarde. (Gabriel, 4ª série D)

T EXTO 4 O ANIVERSARIO DO MEU TIO No aniversario do meu tiú, eu e meu irmão estávamos no quarto jogando PS2, derrepente minha prima disse:  Vamos – “ela disse” – é o aniversario do meu pai não é pra conta para ele boca grande.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 23

Chegando na cozinha encontrei um monte de presentes, um monte de bichigas e um bolo gigante com cobertura de chocolate, e granulado colorido, com coco ralado, hum tava uma delicia! Minha tia Tania foi chamalo, quando ele chegou cantamos parabéns e cortamos o bolo. (Geilson, 4ª série G)

T EXTO 5 MINHA FESTA DE ANIVERSÁRIO8 Minha festa foi muito legal, os preparativos começaram na quinta-feira, começaram a fazer os brigadeiros e beijinhos. Depois chegaram meus primos da praia para ajudar, a fazer as partes das comidas e o bolo. No outro dia, na sexta-feira, minha mãe e meus avós foram a supermercado fazer as compras depois ao Shopping comprar a minha roupa. O tema da minha festa foi do RESTART! E compramos doces e tudo o que faltava: bebidas e etc. No sábado, o grande dia, a minha tia fez o bolo, era gigante. Eu minhas primas, minha mãe, a minha madrinha enchemos as bexigas, eram todas coloridas. As 6hs fui ao cabeleireiro arrumar meu cabelo, passei chapinha. Chegando lá me arrumei e foi chegando convidado. A primeira foi a Giulliana e ai foi chegando mais gente. Ouvimos músicas, dançamos e chegou a hora do parabéns, cantamos e o primeiro pedaço foi para minha prima Bia. Adorei esta festa! (Inserir nome, 4ª série __)

T EXTO 6 FESTA DE ANIVERÇARIO Para começar Uma festa de aniferçario temque fazer Uma lista de convidados e eu comvidei 25 Pessoas Para festa de aniverçario e de Pois eu aluguei 25 cadeiras e 6 messas e depois eu e meu Pai comprou o bolo e o bolo foi chocolate e depois eu fui comprar o refrigerante e eu comprei 8 garrafas de refrigerante e depois eu fui Para casa e já tava Na hora deis comvidados

8

A grafia colorida foi mantida o mais próximo do original possível.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 24

chegaram em eu ligei O vidiogemme Para os comvidados e eu jogar e todos os comvidados ci divertiram. (Gabriel, 4ª série I)

ANÁLISE DOS RELATOS PROPOSTA DE PRODUÇÃO DOS TEXTOS Os textos apresentados como referência foram produzidos na avaliação do SARESP 2009. Dessa maneira, a sua orientação foi dada pelos parâmetros apresentados então. A seguir, reproduzimos a proposta da avaliação.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 25

A proposta apresentada, como se pode observar, inicialmente solicita que o aluno escreva a partir de um tema, gênero, linguagem, finalidade e interlocutor. No entanto, logo a seguir define para o produtor apenas o tema – uma festa de aniversário – e o gênero – relato pessoal de experiência vivida.9 Sendo assim, a avaliação da adequação do texto ao contexto de produção (o aspecto discursivo fundamental para a constituição da proficiência escritora) deverá prever apenas dois aspectos desse contexto: gênero e tema. Embora haja uma incoerência desse fato em relação à consigna inicial apresentada na prova, é necessário ressalvar que a relação dessa proposta com os critérios de correção apresentados no Manual do SARESP, ao contrário, estão adequadas, pois, nesse documento, apenas tema e gênero são indicados como competências (I e II) avaliáveis na prova. É a adequação do texto ao TEMA e ao GÊNERO, portanto, que será avaliada – e analisada nos relatos apresentados acima -, como duas competências distintas.

ANÁLISE DO TEXTO 1 COMPETÊNCIA I – TEMA No que se refere à adequação do texto ao tema, podemos dizer que não encontramos problemas. Vanessa relata a sua festa de aniversário de 6 anos de idade. Do ponto de vista da organização do texto, a aluna tenta relatar os fatos vivenciados de maneira a criar um certo suspense, pois parece que a família estava tentando fazê-la acreditar que havia esquecido do seu aniversário. O recurso utilizado pela aluna foi a apresentação das perguntas que foram sendo feitas a diferentes pessoas, as quais respondiam como se o dia fosse como outro qualquer. O “tom” do relato acaba sendo o de quem se surpreende com a sua própria festa de aniversário, e que se alegra com isso também. A escolha dessa experiência para relatar – e não de outra festa de aniversário – parece estar exatamente na “surpresa” que teve com a festa. COMPETÊNCIA II – GÊNERO Considerando as características fundamentais do gênero, podemos afirmar que o texto: a) não contém elementos que possam caracterizar as ações como ficcionais, sendo, estas, perfeitamente plausíveis de terem acontecido; 9

A respeito da orientação completa apresentada ao aluno gostaríamos de deixar registrado que é necessário considerar o equívoco conceitual que revela e o que pode provocar no aluno, pois, ao mesmo tempo: a)

solicita a ele que produza um relato de experiência vivida, gênero organizado no eixo do real 9 (Schneuwly e Dolz, 1996) ; b) indica a ele que considere o texto apresentado como uma narrativa, qualidade tipológica de textos do organizados no eixo do ficcional (Schneuwly e Dolz, 1996); c) orienta-o a “contar uma história interessante sobre uma festa de aniversário”, o que também remete a um texto de natureza ficcional (Schneuwly e Dolz, 1996). Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 26

b) foi relatado por um sujeito que se implica nos eventos apresentados, colocando-se no lugar de quem vivenciou e sofreu as ações descritas (o aniversário foi de Vanessa, a autora e relatora do texto). As marcas dessa implicação são: texto relatado em 1ª pessoa do singular (eu acordei; tomei café; falei); a presença de pronomes pessoais possessivos coerentes com a pessoa do relator (minha prima; minha mãe; meu Pai, entre outros). Há deslizamentos para a 3ª pessoa (as 1as pessoas a chegar foi meu pai e minha avó parágrafo 29; depois chegou meu tio Samuel - parágrafo 30; então chegou meus outros primos - parágrafo 31; Minha tia Edite ajudou minha mãe – parágrafo 32 -; quando todo mundo foi embora, meu tio chegou – parágrafo 36) que, embora possam ter acontecido sem a adequada concordância verbal são perfeitamente adequados à situação de relato do texto; c) situa o leitor com relação à situação que será relatada já no título (Minha festa de aniversário de 6 anos): indica a situação e época, se considerarmos que o texto foi escrito em 2009, ano em que a aluna estava na 4ª série, podemos deduzir que o dia 9 de novembro a que a aluna se referiu aconteceu em anos anteriores; d) apresenta uma relação de eventos seqüenciados temporalmente, estabelecendo relações adequadas entre eles (ações que aconteceram no próprio dia do aniversário, que contribuíram para criar um efeito de suspense em relação ao fato de haver ou não uma festa de aniversário planejada para ela); e) apresenta apreciações relativas aos efeitos dos eventos sobre o sujeito relator (foi muito engraçado - parágrafo 32; era linda - parágrafo 36; eu fiquei super feliz - parágrafo 36, ainda que essas expressões se concentrem no trecho final do texto. Para finalizar, podemos dizer que o texto foi encerrado por uma frase que, de certa forma, sintetiza as experiências relatadas – Esse foi meu aniversário de 6 anos. Nessa perspectiva, podemos dizer que o texto foi organizado segundo as características específicas de um relato pessoal de experiência vivida. COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA O texto organiza-se em uma sequência temporal progressiva, apresentando fatos acontecidos no espaço de um dia: o dia do aniversário da relatora. Inicia-se localizando o leitor em relação à data do acontecido – sábado, 9 de novembro  o dia do aniversário da relatora e, em seguida, começa a apresentar os fatos organizados em ordem temporal crescente, do despertar da menina até o final da festa, com o último acontecimento: a chegada do seu tio com o presente à aniversariante (a cachorrinha). Para organizar essa sequência, foi utilizado o pretérito perfeito (eu acordei – parágrafo 2; minha mãe me chamou na cozinha e disse  parágrafo 17; tirei uma foto  parágrafo 32), articulando-se a ele outros tempos verbais (gerúndio, presente, futuro em forma composta), quando adequados para a apresentação dos fatos ou para o discurso dos interlocutores ( Vanessa! Sua tia Carina está aqui!  parágrafo 11;  Já to indo falar com ela!  parágrafo 12;  Mas a que horas vai ser?  parágrafo 25;  Vai chamar todo mundo  parágrafo 34). Nos três últimos exemplos, encontramos formas verbais compostas: to indo (para estou indo)  presente + gerúndio para indicar o presente; vai ser  presente + infinitivo  para indicar o futuro; vai chamar (para vá chamar)  presente + infinitivo  para dar uma ordem no presente.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 27

Dessa forma, podemos concluir que a organização do texto no pretérito está adequada, tendo sido utilizados tempos verbais adequados e articulados de maneira coerente nos diferentes enunciados.

A coerência e a coesão da seqüência de ações são garantidas pela utilização adequada de articuladores textuais de tempo, como por exemplo: então  5º, 10º, 20º parágrafos; depois  5º, 16º, 27º, 30º, 35º parágrafos; até essas horas  9º parágrafo; de pois de 1 hora  10º parágrafo; quando eu guardei  13º parágrafo; alguns minutos depois  17º parágrafo; quando eu voltei  21º parágrafo; quando todo mundo  36º parágrafo. O texto apresenta, ainda que apenas ao final, apreciações da relatora sobre os efeitos dos fatos vivenciados, possibilitando a construção da significação geral das experiências relatadas para a mesma. São exemplos dessas referências: foi muito engraçado (32º parágrafo); era linda (36º parágrafo); eu fiquei super feliz (36º parágrafo). O texto é encerrado — conferir último parágrafo — com um comentário que sintetiza o relato. Para criar um efeito de suspense, a relatora recorre à apresentação de várias indagações que fez a seus familiares, o que se atualiza no texto com a introdução de discurso alheio, marcado no texto pela utilização de dois pontos, parágrafo, travessão, algumas vezes anunciados por meio de verbos dicendi. Por exemplo: (...) e falei pra minha mãe:  2º parágrafo; então ela me disse:  10º parágrafo; (...) e disse:  17º parágrafo. No que se refere à organização do texto em parágrafos, o que se pode observar é que a presença recorrente de sequências dialogais torna o texto bastante recortado, pois os parágrafos, dado o recurso de pontuação empregado, acabam sendo muito freqüentes. Embora haja uma coerência no critério de paragrafação quando a sequência não é dialogal, muitas vezes verifica-se que seria possível realizar agrupamentos diferentes. Por exemplo: seria possível agrupar os parágrafos 16 e 17, ainda que a separação imprima destaque à ação relatada no segundo. O mesmo se pode dizer dos parágrafos 21 e 22 e do efeito produzido pela separação entre ambos. Os parágrafos 29, 30 e 31, sem dúvida poderiam ter sido agrupados, pois todos relatam o mesmo tipo de ação. No que se refere à organização interna dos parágrafos, pode-se observar que, nem sempre a pontuação medial é utilizada adequadamente (conferir parágrafos 5, 7, 10, 12, 18, 21 entre outros), por exemplo, quanto ao uso da vírgula na ocorrência de vocativo (parágrafos 3, 6, 12, 18, 23, p.e.). No entanto, o texto apresenta a utilização de pontuação expressiva adequadamente. Vale a pena ressaltar a organização adequada de diferentes períodos (3) no 21º parágrafo. No penúltimo parágrafo pode-se verificar esse mesmo esforço no início (1ª e 2ª linhas); no entanto, há problemas de compreensão gerados pela organização dos enunciados nas duas últimas linhas (parece que uma omissão de referente e a pontuação comprometeram o sentido: o enunciado deveria ser (...) e agora, ela que era uma recém-nascida, tem 4 anos e meio . Como se pode observar, ainda que alguns trechos pudessem ser reorganizados em parágrafos diferentes, pode-se dizer que, de modo geral, há coerência no critério de paragrafação empregado, tanto do ponto de vista semântico, quanto do ponto de vista do eixo temporal, típico do gênero. Vale a pena comentar, ainda, a necessidade de utilizar uma pontuação mais adequada em alguns trechos: 27º, 31º e 35º parágrafos (emprego de vírgula depois de adverbiais e advérbios de

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 28

tempo); 32º, 18º, 21º parágrafos (emprego de vírgula depois de vocativo; pontuação entre coordenadas aditivas), por exemplo. Do ponto de vista da coesão referencial, podemos dizer que o texto emprega com maior freqüência a substituição por pronome pessoal (então ela me disse  parágrafo 10; (...) to indo falar com ela  parágrafo 12; entre outros), ou a repetição de referente (depois que eu falei com minha tia, minha mãe chamou minha tia no canto (...)  parágrafo 16; entre outros. No que se refere ao registro lingüístico utilizado, pode-se dizer que foi mais informal, o que se revela na utilização de expressões como “Meu aniversário caiu no dia sábado”; “Ta bom, mãe! Já to indo falar com ela!”; “(...) minha mãe chamou minha tia ao canto e falou alguma coisa”; “Mãe, você não disse que não ia ter festa, só um bolinho?!!”; “(...) eu estava tirando uma soneca”; “eu fiquei super feliz”; “(...) minha mãe olho bem pra cada dela”, as quais tanto demonstram informalidade, quanto, algumas vezes, a reprodução da fala do interlocutor. Para concluir, podemos afirmar que o texto, apesar do problema do último parágrafo  apontado acima  não há comprometimento da compreensão geral do texto, tendo sido elaborado de maneira coerente e coesa, com pequenas questões observadas na organização e pontuação interna dos parágrafos.

COMPETÊNCIA IV – REGISTRO Do ponto de vista da correção gramatical e da compreensão do sistema podemos afirmar que: a) há pequenas questões relativas à concordância verbal e forma verbal: vai vim lá da Praia 7º parágrafo; as 1as pessoas a chegar  parágrafo 29; então chegou meus outros primos  parágrafo 31; b) algumas vezes, ao invés de ser registrado o pretérito, o verbo foi grafado no infinitivo (distribuir para distribuí  parágrafo 35; abrir para abri; agradecir, para agradeci  parágrafo 36), ou com redução da vogal u final (olho para olhou  parágrafo 36); c) houve uma palavra grafada sem segmentação  Tabom (12º parágrafo); d) há grafias ortograficamente incorretas, como pratileira, para prateleira (13º parágrafo) e uso inadequado de palavras, como aonde, para onde (10º parágrafo); além disso, há o uso inadequado da grafia com numerais, e não por extenso, de determinadas quantidades (conferir 10º e 29º parágrafos); e) há ausência de acentuação em muitas palavras: esta (para está); ótimo (para ótimo); entre outros exemplos; f)

no que se refere à pontuação, pode-se verificar um uso adequado da pontuação de diálogos, pontuação final expressiva, ainda que a pontuação medial deixe a desejar (conferir comentários no item anterior);

g) verifica-se a utilização inadequada de maiúsculas, como em Pai (4º parágrafo), Praia (7º parágrafo), Otimo (15º parágrafo).

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 29

ANÁLISE DO TEXTO 2 COMPETÊNCIA I – TEMA No que se refere à adequação do texto ao tema, podemos dizer que não encontramos problemas. Rebeca, assim como Vanessa (texto anterior) relata a sua festa de aniversário de 8 anos de idade. O critério de seleção da experiência para relatar foi explicitado no último parágrafo: a festa de aniversário de que a aluna mais gostou. Isso fica evidente não só nas apreciações – implícitas e explícitas do texto – como também nos aspectos selecionados para relatar: decoração; tipo do bolo; diferentes salgadinhos; a quantidade de presentes ganhos, com a especificação do quebracabeças; a hora em que o “parabéns” foi cantado, pra quem o primeiro pedaço do bolo foi dado. Isso mostra o envolvimento da aluna e, de certa maneira, “justifica” ao seu encantamento.

COMPETÊNCIA II – GÊNERO No que se refere às características fundamentais do gênero no qual o texto foi organizado, podemos afirmar que: a) não contém elementos que possam caracterizar as ações como ficcionais, sendo, estas, perfeitamente plausíveis de terem acontecido; b) foi relatado por um sujeito que se implica nos eventos apresentados, colocando-se no lugar de quem vivenciou e sofreu as ações descritas (o aniversário foi de Rebeca, a autora e relatora do texto). As marcas dessa implicação são: texto relatado em 1a pessoa do singular (quando eu fiz; me deu; me despedi, entre outros); texto relatado em 1ª pessoa do plural, na qual a relatora está incluída (cantamos o parabéns; brincamos, dançamos, rimos; eu e minha mãe escolhemos, entre outros exemplos); a presença de pronomes pessoais possessivos coerentes com a pessoa do relator (eu e minha mãe escolhemos; o meu primeiro pedaço de bolo; eu e meus amigos; e os meus parentes; entre outros). Há deslizamentos para a 3ª pessoa (“De doces só tiveram [para teve] beijinho (...)”; “A festa foi na minha casa”; “A festa foi em um sábado”  ambos no 1º parágrafo) os quais, embora possam ter acontecido – algumas vezes - sem a adequada concordância verbal são perfeitamente adequados à situação de relato do texto; c) situa o leitor com relação à situação que será relatada já no título (Minha festa de aniversário); a seguir, no 1º parágrafo, indica o tempo (Quando eu fiz 8 anos) dos eventos que serão relatados, local (endereço da relatora), horário e dia da semana. Também no 1º parágrafo relata uma situação relativa ao planejamento da festa (ainda que haja, neste momento, problemas de coerência, o que discutiremos no item relativo à próxima competência); d) apresenta uma relação de eventos seqüenciados temporalmente, estabelecendo – de modo geral  relações adequadas entre eles (ações que aconteceram no próprio dia do aniversário, que contribuíram para criar um efeito de suspense em relação ao fato de haver ou não uma festa de aniversário planejada para ela); e) apresenta apreciações relativas aos efeitos dos eventos sobre o sujeito relator, intercalando a apresentação seqüencial dos fatos com comentários apreciativos ao longo de todo o texto: “Eu achei tão lindo que me deu uma enorme vontade de cortar”; “Tudo Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 30

uma delícia!”, ambos no 1º parágrafo; “(...) o que eu mais gostei”  3º parágrafo; “(...) a que eu mais gostei, adorei e amei”  9º parágrafo. Para finalizar, podemos dizer que o texto foi encerrado por uma frase que, de certa forma, sintetiza as experiências relatadas – “Essa foi minha festa de aniversário de 8 anos, a que eu mais gostei, adorei e amei.”. Nessa perspectiva, podemos dizer que o texto foi organizado segundo as características específicas de um relato pessoal de experiência vivida. COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA O texto organiza-se em uma sequência temporal progressiva, apresentando fatos acontecidos, prioritariamente, no espaço de um dia  o dia do aniversário da relatora  ainda que haja uma referência a um momento anterior à festa, o de planejamento da mesma. O 1º parágrafo encontra-se confuso com relação à coerência. Sua organização  em seis períodos consecutivos  se dá da seguinte maneira: a) 1º período: apresentação ao leitor o desejo da relatora sobre ter uma festa de aniversário; b) 2º período: comentário sobre o planejamento da festa, com o auxílio da mãe; c) 3º período: apresentação de um comentário a respeito do efeito que o bolo provocou na relatora  “Eu achei tão lindo que me deu uma enorme vontade de cortar!!...” , deslocado temporalmente, prejudicando a compreensão do texto. Trata-se de um comentário que a relatora fez quando viu o bolo na festa, o que divide o parágrafo em duas fases de tempo: o tempo de preparo e o tempo de realização da festa. No entanto, esse fato não está marcado no texto, provocando um efeito de inadequação da frase. Esta deveria ter sido introduzida com um indicador de mudança de tempo como “no dia da festa, ao ver o bolo...”. Por isso mesmo, seria mais adequado dividir o parágrafo em dois, começando o 2º por esse comentário apreciativo, pois indicaria mudança de tempo no relato; d) 4º período: é relatado que tipo de doces e salgados foram, de fato, providenciados para a festa. e) 5º período: é apresentado comentário apreciativo sobre os alimentos; f)

6º período: há a indicação do local, horário e dia da festa.

Trata-se, portanto, de um parágrafo que precisaria ser reorganizado, pois está prejudicando o texto do ponto de vista da coerência. O 2º parágrafo inicia-se com “Enfim”. No entanto, não é apresentada uma sequência de acontecimentos que dariam a entender que houve demora na chegada dos convidados, o que torna o emprego desse advérbio, completamente inadequado. No 3º parágrafo é relatado o fato de que Rebeca ganhou muitos presentes e apresentada uma apreciação a respeito dos mesmos. No 4º parágrafo, o tempo verbal apresentado provoca um efeito de ação completada e não localizada na continuidade dos eventos relatados, ou seja, entre a chegada dos amigos e o parabéns, o que o leitor só pode compreender depois que lê o 5º parágrafo. Ao invés de “Eu e meus amigos brincamos, dançamos rimos... E meus parentes ficaram conversando na sala.”, mais adequado seria indicar “Enquanto não chegava a hora do parabéns, eu e meus amigos (...)” ou Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 31

“Depois de receber os presentes, eu e meus amigos brincamos, dançamos rimos... Enquanto isso, meus parentes ficaram conversando na sala”. No 5º parágrafo, é indicada a hora em que o parabéns foi cantado, de relevância significativa para a sequência dos fatos. Em seguida introduz-se uma ação também significativa, e que aconteceu na hora do parabéns: a entrega do primeiro pedaço de bolo. Por esse motivo, essa ação poderia ter sido apresentada no mesmo parágrafo. No entanto, a separação em um parágrafo diferente confere relevância a essa ação. No 7º parágrafo é feito o que deveria ter sido feito em relação ao segundo bloco de fatos relatados no 1º parágrafo: situar a ação temporalmente em relação ao que aconteceu antes ou depois: “Comemos e brincamos depois do parabéns.” O 8º parágrafo é introduzido com o articulador adequado  até que chegou a hora  o qual apresenta a hora de término da festa e o que a relatora fez depois que os convidados foram embora. No 9º parágrafo, encerra-se o relato com um período que sintetiza o que foi focalizado e, ao mesmo tempo, apresenta uma apreciação a respeito. Podemos dizer, portanto, que a localização temporal inadequada de parte das ações relatadas no 1º parágrafo prejudica a compreensão do texto. No 4º parágrafo acontece algo semelhante, provocado pela inclusão ineficiente da ação no fio temporal dos eventos. O restante das ações, no entanto, foi corretamente apresentado, ainda que tenha havido uma adequação não regular dos articuladores temporais no texto. A organização interna dos parágrafos, excetuando-se o 1º, já discutido, aconteceu de maneira adequada, sendo possível verificar, por exemplo, o uso de pontuação final expressiva (1º e 4o parágrafos), utilização da vírgula em enumerações (1º, 4º, 9º parágrafos), depois de adverbiais de tempo (1º parágrafo), antes de adversativas (3º parágrafo). No entanto, também aconteceu tanto a ausência de pontuação, quando era necessária (5º parágrafo, em intercalada; 8º parágrafo), quanto o uso inadequado de vírgula (separando sujeito de predicado, por exemplo): 4º e 8º parágrafos. O relato das ações foi organizado utilizando-se o pretérito perfeito (Quando eu fiz – parágrafo 1; (...) e logo pensei (...)  parágrafo 1; ganhei muitos presentes  parágrafo 3). Além disso, o relato foi organizado em primeira pessoa do singular (eu fiz; ganhei; eu mais gostei; eu pude; eu mais gostei), havendo deslizamento para a 1ª pessoa do plural quando outros atores foram incluídos nas ações (“brincamos, dançamos, rimos”; “comemos e brincamos”) e para a terceira pessoa (“(... )chegaram os convidados”; “eles foram embora”; “essa foi minha festa”). No entanto, tais deslizamentos foram realizados de maneira adequada ao desenvolvimento das ações, articulando os fatos relatados coerentemente. Conforme dito acima, o texto apresenta várias expressões que revelam a apreciação da relatora sobre os fatos vividos: “Eu achei tão lindo que me deu uma enorme vontade de cortar!!...”; “Tudo uma delícia” (ambas no 1º parágrafo); “(...) mas o que eu mais gostei(...)” (3º parágrafo); “(...) a que eu mais gostei, adorei e amei.” (9º parágrafo). Do ponto de vista da coesão referencial, podemos dizer que o texto utiliza a substituição por pronome pessoal (“em como ela seria”  1º parágrafo); a elipse (“e logo [eu] pensei em como (...)”  1º parágrafo; “[Nós] Comemos e brincamos (...)” 7º parágrafo); ou a repetição de referente (“A festa foi na minha casa (...). A festa foi em um sábado,”  1º parágrafo). Houve, ainda, a Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 32

ocorrência de uma substituição por pronome pessoal  conferir 8º parágrafo (eles)  sem que o referente tivesse sido apresentado adequadamente (nem antes e nem depois). No que se refere ao registro lingüístico utilizado, pode-se dizer que foi mais informal, o que se revela na utilização de expressões como a apresentada na última linha do texto, as quais demonstram coloquialidade. Para concluir, podemos afirmar que o texto tal como foi organizado, comprometeu, no 1º parágrafo, a compreensão do enunciado. Além disso, a localização de determinadas ações no eixo temporal foi prejudicada pela não inclusão de referências que a indicassem. COMPETÊNCIA IV – REGISTRO No que se refere às questões gramaticais, ao uso de recursos de pontuação e à compreensão do sistema, é necessário pontuar o seguinte: a) ausência de concordância nominal entre alguns termos (como em faixa, quando teria que ser faixas), assim como de concordância verbal (como em “teriam doces, salgados”, quando deveria ser “teria doces e salgados” [na festa teria]); b) uso um tanto quanto inadequado de léxico (como em “escolhemos que teriam doces”, quando seria mais adequado “decidimos que teria doces”); c) regência nominal inadequada (“escrito com chantilly”, e não “escrito em chantilly”; d) ortografia inadequada de chantily (que deveria ser grafada de uma das duas maneiras: chantili ou chantilly) e de Scool (para escola, em inglês.).

ANÁLISE DO TEXTO 5

COMPETÊNCIA I – TEMA No que se refere à adequação do texto ao tema, podemos dizer que não encontramos problemas. A aluna relata a sua festa de aniversário, tema proposto, apresentando detalhes do processo de planejamento da festa e características da festa, em si. O relato abrange três dias, concentrando o foco no processo de preparação da festa. A aluna mostra seu envolvimento também por meio da apresentação de detalhes como ao tema d decoração, o fato de ter ido ao cabeleireiro. COMPETÊNCIA II – GÊNERO Considerando as características fundamentais do gênero, podemos afirmar que o texto: a) não contém elementos que possam caracterizar as ações como ficcionais, sendo, estas, perfeitamente plausíveis de terem acontecido; b) foi relatado por um sujeito que se implica nos eventos apresentados, colocando-se no lugar de quem vivenciou e sofreu as ações descritas (o aniversário foi da relatora do texto). As marcas dessa implicação são: texto relatado em 1ª pessoa do singular (“fui ao Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 33

cabeleireiro”; me arrumei); presença de pronomes pessoais possessivos coerentes com a pessoa do relator (minha festa; meus primos; minha mãe; meus avós, entre outros). Há também a presença marcante da 3ª pessoa (“Minha festa foi muito legal”  1º parágrafo; “os preparativos começaram” – 1º parágrafo; “depois chegaram meus primos”  2º parágrafo; “A minha tia fez o bolo” – 5º parágrafo; “A primeira foi a Giulliana”  7º parágrafo) e, ainda de 1ª pessoa do plural, inclusora do sujeito relator (“e compramos doces e tudo o que faltava”  4º parágrafo; “Ouvimos música, dançamos”  7º parágrafo) que, embora possam ter acontecido sem a adequada concordância verbal são perfeitamente adequados à situação de relato do texto; c) situa o leitor com relação à situação que será relatada já no título (“Minha festa de aniversário”). No 1º parágrafo situa os acontecimentos na quinta-feira; no 3º, localiza-os em uma sexta-feira e, a partir do 5º parágrafo indica o sábado como dia dos acontecimentos. A aluna relata desde os preparativos para a festa e a colaboração da família, até o “grande dia”, o sábado, quando a festa aconteceu; f) apresenta, portanto, uma relação de eventos seqüenciados temporalmente, estabelecendo relações adequadas entre eles (ações que aconteceram na preparação da festa e no próprio dia do aniversário; g) apresenta  ainda que poucas  apreciações relativas aos efeitos do evento sobre o sujeito relator: “Minha festa foi muito legal” 1º parágrafo; “Adorei esta festa!”  8º parágrafo. Para finalizar, podemos dizer que, embora a frase que encerre o texto não sintetize os eventos relatados, apresenta uma apreciação geral sobre os eventos: Adorei esta festa! Nessa perspectiva, podemos dizer que o texto foi organizado segundo as características específicas de um relato pessoal de experiência vivida. COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA O texto organiza-se em uma sequência temporal progressiva, apresentando fatos acontecidos no espaço de três dias, envolvendo a preparação do evento, com o auxílio da família e a realização do evento, em si. Do ponto de vista do ano, pela referência ao grupo RESTART, parece ter acontecido em 2008 ou 2009 mesmo. Inicia-se apresentando uma apreciação inicial sobre o evento a ser relatado e localizando os primeiros eventos em uma quinta-feira. No 1º parágrafo, a realização de uma elipse (coesão referencial) deixa o leitor sem saber quem foi responsável, na data indicada, pela preparação dos docinhos: “(...) os preparativos começaram na quinta-feira, [?] começaram a fazer os brigadeiros e beijinhos”. Quando analisamos o 2º parágrafo notamos que alguém começou os preparativos antes da chegada dos primos da praia, que ajudaram não só no preparo dos docinhos, mas em outras “comidas”. No 3º parágrafo há uma mudança de dia, o qual foi marcado pela ida ao supermercado e ao shopping. Quando se lê o 4º parágrafo, percebe-se que a aluna também participou dessa saída; no entanto, essa referência não havia sido feita anteriormente. No 6º parágrafo altera-se o dia mais uma vez, indicando as tarefas de então: preparo do bolo e da decoração, assim como da ida ao cabeleireiro, relatada no parágrafo seguinte.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 34

O 7º parágrafo inicia com uma ausência de informação  Chegando lá (...)  que impede o leitor de saber para onde foi a relatora, local de realização da festa, dado que a informação é de que os convidados foram chegando. Esse parágrafo sintetiza o restante das ações, apresentando a chegada dos convidados, a festa, em si, e a entrega do primeiro pedaço do bolo. O 8º parágrafo, conforme já indicado acima, encerra o texto com uma apreciação geral do evento. Do ponto de vista da organização geral do texto, nota-se um critério fluido de paragrafação. Os dois primeiros, por exemplo, poderiam ser agrupados, já que não há justificativas aparentes para o contrário. Para o 3º e o 4º essa observação é, ainda, mais válida: o que foi apresentado no 4º é absolutamente completar do anterior. O mesmo se pode, também, dizer com relação ao 5º e 6º parágrafos, já que as 6h referidos no 6º parágrafo estão incluídas no sábado, anunciado no 5º, não havendo razão aparente para ressaltar a ação relatada, a menos que fosse apresentada no texto. Parecem adequados o 7º e o 8º parágrafos: o primeiro conclui o relato da festa e o último apresenta a apreciação final do evento. No que se refere aos articuladores, podemos dizer que aqueles que iniciam os parágrafos foram empregados adequadamente: depois, no outro dia, e, no sábado, às 6h, chegando lá. Todos  excetuando-se o E do 4º parágrafo, que indica mais uma ação realizada na sexta-feira  indicam a passagem do tempo. O tempo verbal utilizado predominantemente foi o pretérito perfeito (minha festa foi – 1º parágrafo; depois chegaram  2º parágrafo; minha mãe e meus avós foram  3º parágrafo; me arrumei  7º parágrafo), articulando a ele outros tempos verbais, especialmente o infinitivo (começaram a fazer; foram (...) comprar). Dessa forma, podemos concluir que a organização do texto no pretérito está adequada, tendo sido utilizados tempos verbais adequados e articulados de maneira coerente nos diferentes enunciados. Conforme citado acima, o texto apresenta  ainda que poucas  apreciações relativas aos efeitos do evento sobre o sujeito relator: “Minha festa foi muito legal” 1º parágrafo; “Adorei esta festa!”  8º parágrafo. Esse recurso possibilita a construção da significação geral das experiências para a relatora. No que se refere à organização interna dos parágrafos, pode-se observar uma oscilação na articulação dos enunciados e constituição de períodos, o que se marca na utilização de recursos: enquanto são utilizadas corretamente vírgulas para caracterizar as intercaladas (“No outro dia, na sexta-feira, minha (...)”  3º parágrafo; “no sábado, o grande dia, a minha tia (...)” 5º parágrafo), ou dois pontos (4º parágrafo) para iniciar enumeração em uma explicação, ou, ainda, vírgulas em enumerações frasais (7º parágrafo), falta pontuação no 3º parágrafo, por exemplo, ou esta é utilizada de maneira inadequada, como no 2º e no 5º parágrafos. Como se pode observar a partir do analisado até o momento há necessidade de adequação de critérios de paragrafação do texto, assim como há necessidade de maior adequação na organização interna dos parágrafos. Além disso, é preciso que sejam completadas informações, sobretudo, no 1º parágrafo (quem começou a fazer os brigadeiros? De que maneira articular a última frase ao restante do enunciado? Pode ser “(...) os preparativos começaram na quinta-feira, com a confecção dos brigadeiros e beijinhos”?) e no 7º (onde foi que a relatora chegou? Onde foi realizada a festa?) para que o texto possa ser compreendido melhor. Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 35

Além disso, é preciso eliminar incongruências, como a seguinte: os primos começaram a fazer o bolo na quinta-feira? (2º parágrafo) ou foi no sábado que a tia o fez? (5º parágrafo); quem fez o bolo: os primos, ou a tia? A tia veio com os primos? Para terminar, é preciso completar a lacuna que ficou entre cantamos parabéns e a entrega do primeiro pedaço: o que houve? O bolo foi cortado? O pedaço era de bolo? Sabemos que sim, mas é preciso indicar no texto. Do ponto de vista da coesão referencial, podemos dizer que o texto emprega com maior freqüência a elipse, seja de pronomes, nomes ou verbos (“depois [fomos] ao Shopping”  3º parágrafo; “e [nós] compramos doces”  4º parágrafo; “A primeira [convidada] foi a Giulliana”  parágrafo 7). No que se refere ao registro lingüístico utilizado, pode-se dizer que foi mais informal, o que se revela na utilização de expressões como “Minha festa foi muito legal”  1º parágrafo; “passei chapinha”  6º parágrafo; “(...) foi chegando mais gente”  7º parágrafo; “(...)para a minha prima Bia”  7º parágrafo. Todas elas demonstram coloquialidade. Para concluir, podemos afirmar que, do ponto de vista da coesão e da coerência, o texto apresenta alguns comprometimentos no que se refere à compreensão geral do texto, sendo necessária a complementação de informações para que se possa resolvê-los. Da mesma forma, é preciso reorganizar os parágrafos e ajustar a organização interna dos mesmos.

COMPETÊNCIA IV – REGISTRO Do ponto de vista da correção gramatical e da compreensão do sistema podemos afirmar que só o que se coloca como questão é a incorreção de regência nominal presente no 3º parágrafo: “foram ao supermercado”, e não como constou. Do ponto de vista ortográfico o texto não apresenta questões. Ressalte-se, apenas, as questões relativas à utilização inadequada ou à falta de utilização da pontuação, aspectos já indicados acima.

ANÁLISE DO TEXTO 6 COMPETÊNCIA I – TEMA No que se refere à adequação do texto ao tema, podemos dizer que não encontramos problemas. Gabriel relata a sua festa de aniversário. Quando se lê o texto, a impressão que se pode ter é que essa experiência foi importante para o autor por que ele conseguiu planejá-la bem  de acordo com o que se precisa fazer para planejar uma festa  de modo a contentar os convidados. Isso se pode observar com as indicações presentes logo nas primeiras linhas (o que se deve fazer para organizar uma festa de aniversário e todas as providências que foi tomando, sozinho ou junto com o pai). Depois dos preparativos iniciais essa preocupação também se revela quando o aluno informa que, como os convidados estavam por chegar, então (registrado como em), ou seja, por isso  o que explica a ação seguinte relatada  ligou o videogame  para que ele e os convidados pudessem jogar.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 36

A apreciação apresentada última linha do texto  “(...) e todos os comvidados ci divertiram.” confirma essa orientação do texto. COMPETÊNCIA II – GÊNERO Considerando as características fundamentais do gênero, podemos afirmar que o texto: a) não contém elementos que possam caracterizar as ações como ficcionais, sendo, estas, perfeitamente plausíveis de terem acontecido; b) foi relatado por um sujeito que se implica nos eventos apresentados, colocando-se no lugar de quem vivenciou e sofreu as ações descritas (o aniversário foi de Gabriel, o relator do texto). As marcas dessa implicação são, sobretudo, o texto relatado em 1ª pessoa do singular (eu convidei; aluguei; fui comprar; comprei; fui para casa; liguei). Há a presença de pronome pessoal possessivo coerente com a pessoa do relator, mas apenas uma ocorrência: meu Pai. Há dois deslizamentos para a 1ª pessoa do plural (ainda que realizados com a concordância verbal inadequada): “eu e meu pai compramos”; “para os convidados e eu jogarmos”. Estes, embora possam ter acontecido sem a adequada concordância verbal são perfeitamente adequados à situação de relato do texto; c) localiza o leitor com relação à situação que será relatada já no título (Festa de aniverçário), embora não se implique no título. No entanto, não há indicação do tempo em que a festa acontece e, tampouco do local, inicialmente. Apenas na antepenúltima linha é que o leitor é informado  indiretamente  de que a festa se realiza na casa dele (“e depois eu fui Para casa e já tava na hora deis comvidados chegaram”  4ª linha); d) apresenta uma relação de eventos seqüenciados temporalmente, divididos no texto em duas partes: a primeira  da 1ª à 4ª linha  que se refere aos preparativos da festa; a segunda  do final da 4ª linha até a 6ª linha  da qual constam os acontecimentos da festa, em si. No entanto não há especificação do tempo que duram os eventos relatados, nem identificação de data (dia da semana, mês, ano, p.e.). e) não apresenta apreciações relativas aos efeitos dos eventos sobre o sujeito relator. Apenas, na última linha, há uma apreciação relativa aos efeitos da festa nos convidados, mas não no aniversariante: “(...) e todos os comvidados ci divertiram”  5ª e 6ª linhas. Nessa perspectiva, podemos dizer que o texto foi organizado segundo as características específicas de um relato pessoal de experiência vivida, excetuando-se a presença de apreciações relativas aos fatos relatados, à duração dos eventos e à identificação do tempo específico em que as ações se desenvolvem. COMPETÊNCIA III – COESÃO E COERÊNCIA Tal como dissemos acima, o texto organiza-se em uma sequência temporal progressiva que consta de duas partes: a primeira, relativa à preparação da festa (da 1ª à 4ª linha); a segunda, relativa à festa, em si (do final da 4ª à 6ª linha). No entanto, não há especificação do tempo que dura a preparação da festa e nem a festa, em si. O leitor, considerando a natureza das ações pode inferir que a preparação dure mais do que um dia, posto que convidar para uma festa pressupõe antecedência, assim como alugar mesas e cadeiras. O texto inicia de modo a dar a impressão de que se trata de um texto que instrui sobre o que fazer para preparar uma festa: “Para começar Uma festa de aniferçario temque fazer uma lista de convidados(...)”  1ª linha (presença de verbo típico de texto que instrui a realização de ações). No Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 37

entanto, em seguida já se passa para o relato das ações de preparação da festa: “e eu comvidei 25 Pessoas Para a festa de aniverçario e de Pois eu aluguei (...)” final da 1ª linha e 2ª linha. O texto é finalizado com a apresentação da apreciação sobre o efeito da festa nos convidados: “(...) e todos os comvidados ci divertiram”  final da 5ª linha e 6ª linha. A sequência foi organizada a partir do pretérito perfeito (eu comvidei – 2ª linha; eu aluguei  2ª linha; eu e meu pai comprou [para compramos]  3ª linha; eu fui comprar  3ª linha; comprei  4ª linha; eu fui para casa  4ª linha; eu ligei [para liguei]  5ª linha), em borá a este tempo se articule o infinitivo, quando necessário para a construção do enunciado. A coerência e a coesão da seqüência de ações são garantidas pela utilização de articuladores textuais de tempo, mais típicos de textos orais do que de textos organizados em linguagem escrita, como a utilização excessivamente reiterada da conjunção aditiva E (9 ocorrências em 6 linhas) e do advérbio depois (4 ocorrências). Nota-se, portanto, que a repetição é o procedimento de coesão seqüencial mais utilizado pelo aluno, mesmo quando, por exemplo, a conjunção aditiva E pode ser substituída por outra que estabeleça uma relação de causalidade, como no trecho “(...) e depois eu fui Para casa e [pois] já tava na hora deis comvidados chegarem (...)”. Conforme já mencionado, o texto apresenta apreciações do relator sobre os efeitos dos fatos vivenciados, apenas no eu se refere aos convidados, não possibilitando, portanto, a construção da significação geral das experiências relatadas para o mesmo, a não ser por procedimentos de inferência global (é de se esperar que, se os convidados de uma festa se divertem, o anfitrião fica satisfeito.). O texto se organiza em apenas um parágrafo, não havendo preocupações dessa natureza que se possam observar. A impressão que temos é que o aluno é um escritor que compreendeu recentemente o sistema, faltando-lhe proficiência textual para elaborar textos. Internamente a sequenciação dos períodos é feita pela utilização da conjunção aditiva E, que acaba funcionando como recurso a ser utilizado no lugar da pontuação convencional para articular frases e períodos. Na linearidade do texto ocorrem omissões de preposições, artigos, como em “(...) convidei 25 Pessoas Para [a] festa de aniverçario”  linha 2; ”(...) e o bolo foi [de] chocolate”  linha 3. Do ponto de vista da coesão referencial, verificamos uma ocorrência de elipse, como no trecho ”Para começar Uma festa de aniverçario [você] temque fazer(...)”. Não verificamos a presença do procedimento de substituição, seja por pronome pessoal, ou outro recurso. Para concluir, podemos afirmar que, no que se refere à coesão e coerência, o texto apresenta questões quanto à organização interna do parágrafo e a articulação das frases e períodos  quer seja no que se refere ao uso de articuladores, quer seja no que tange aos recursos de pontuação; quanto à paragrafação, em si; quanto à linearidade do texto e a sua sintaxe. Apesar de todas as questões apresentadas, é possível ler e compreender o texto.

COMPETÊNCIA IV – REGISTRO Do ponto de vista da correção gramatical, ortografia e compreensão do sistema de escrita podemos afirmar que: h) há pequenas questões relativas à concordância verbal: “eu e meu pai comprou”  3ª linha; “para os convidados e eu jogar”  5ª linha; Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 38

a) por vezes, palavras foram grafadas ou sem segmentação  temque (1ª linha) , ou com segmentação incorreta  de Pois (2ª linha); b) há grafias ortograficamente incorretas, como aniferçario, para aniversário (1ª linha); comvidei, para convidei (2ª linha); messas para mesas (2ª linha); comvidados, para convidados (4ª e 5ª linhas); ligei, para liguei (5ª linha); vidiogemme, para videogame (5ª linha); e ci, para se (5ª linha), entre outras; c) há ausência de acentuação em aniversário; d) há o uso inadequado de letras maiúsculas: Uma (1ª linha); Pessoas (2ª linha); Pai (3ª linha); Para (4ª e 5ª linhas); O (5ª linha); e) ausência de utilização de recursos de pontuação, seja medial ou final.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, M. (V. N. Volochinov) (1929). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo (SP):Hucitec. 6ª ed. 1992. ................... (1952-53a). "Os gêneros do discurso”. In M. M. Bakhtin (1997) Estética da criação verbal: 277-326. São Paulo (SP): Martins Fontes. 2ª edição. maio de 1997. ................. (1952-53b). O problema do texto. In M. M. Bakhtin (1997) Estética da criação verbal: 327-368. São Paulo (SP): Martins Fontes. 2ª edição. maio de 1997. ................. (1970-71). Apontamentos. In M. M. Bakhtin (1997) Estética da criação verbal: 368-397. São Paulo (SP): Martins Fontes. 2ª edição. maio de 1997. BARBOSA, Jacqueline. Por que gêneros do discurso? SME/PUC/USP/UNESP. Módulo 2. Tema 4: Língua Portuguesa. Unidade 4.1. PEC- Formação Continuada. São Paulo (SP): CENP; 2001-2002. BRÄKLING, Kátia Lomba. Bakhtin: linguagem, enunciação e dialogia. In “Processos de Apreensão do Discurso Educativo Escolar. Possibilidades de transformação”. Dissertação de Mestrado. PUC SP; 1997. __________. A noção de gênero. In “Oficina Cultural 4. Lendo e Produzindo Textos Acadêmicos. Momento 1. PEC- Formação Continuada. São Paulo (SP): SME/PUC/USP/UNESP/Fundação Vanzolini; 2001-2002. _________. Escrita e produção de Texto. Texto escrito para professores de Ensino Fundamental e Médio, publicado no site Educarede. Endereço: http://www.educarede.org.br/educa/html/index_oassuntoe.cfm. __________. O processo de Produção de Textos. Portal Educarede. Sessão “O assunto é”. Endereço: www.educarede.org.br; 2005. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. Capítulo 3, pp.60-76. Ática, São Paulo. 2006. ROJO, R. H,. R. Perspectivas enunciativo-discursivas em produção de textos. Comunicação realizada no VI Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada. Campinas: UNICAMP. 1995. SCHNEUWLY, B. (1993). Genre et types de discours: considérations psychologiques et ontogénétiques. In Les interactions lecture-écriture:155-173. Suisse: Peter Lang. 1994. SCHNEWULY, Bernard, DOLZ, Joaquim e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas(SP): Mercado de Letras; 2004.

Materiais para a Oficina do SARESP 2010 – 5o ANO

Página 40

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.