Sem tempo para respirar

June 3, 2017 | Autor: Def Yuri | Categoria: Hip-Hop/Rap, Artigos, Viva Favela
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Sem tempo para respirar

Autor: Def Yuri | 08/04/2002 | Seção: Def Yuri

As duas últimas semanas foram mais agitadas que o normal — e olha que o meu normal é tempo ruim o tempo todo. Fui a São Paulo duas vezes em menos de 24 horas, estive em meio ao Apocalipse Urbano (entendam como quiserem), botei a molecada do Luta pela Paz (projeto de boxe do Viva Rio) para ralar e terminei em Buenos Aires. Estou no melhor estilo Luiz Gonzaga (grande Lua! Que Deus o tenha): "Minha vida é andar..." Primeiro, a festa de lançamento da revista Manuscrito. É muito foda ver a realização de um sonho que tive oportunidade de acompanhar desde o nascedouro. O Manuscrito é um grande reforço para a propagação da nossa cultura; muito foda ver a dedicação dos malucos do Bocada-Forte — a cultura H2 na rede está acontecendo. O Manuscrito é uma parceria do BF com uma grande empresa, e isso conta pra caralho. A festa do lançamento — chamada Vitrola — reuniu grandes nomes da cultura Hip Hop em um bar da Vila Madalena. Fazia um tempo que não via uma festa tão agitada e rolando um som tão bom...Milagre!!! Quase no final da festa resolvi partir...e dá-lhe estrada. Chegando no Rio, soube da morte de um maluco do H2 que fazia a correria — essas notícias... Nem tive tempo para respirar. Projetos e outras iniciativas que são o objetivo maior estavam me chamando. E lá esta o Def rumando novamente para SP. Parei no meio do caminho para rever meus camaradas do Vale do Paraíba — alguns dos meus melhores shows foram lá! Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, Tremembé, Moreira César... O Hip Hop não pára de jeito nenhum. Encontrei o DJ Ciel, incansável batalhador, e o camarada Uda e lá fomos debaixo de um dilúvio para SP capital. No som, o que rolava era o "Acion Direta", uma banda de hardcore argentina. Seria um sinal? Nós iríamos para um evento de b-boys chamado Master Crews (Salve Fê e Bispo!). O local desse evento foi um clube da comunidade japonesa. Sabendo que se trata de uma comunidade fechada foi realmente um mérito muito grande realizar esse evento lá. Parabéns! A festa estava cheia; a energia das festas de b-boy é realmente sem igual. Pude encontrar a rapaziada da antiga. A velha guarda não desiste. Rolaram dois rachas sensacionais: UBI X Rua 1 e GBCR X Street Son. O Soldado(Recife) montou um dream team de b-boys. Atenção na escalação da UBI (União de B-boys independente): Faísca , Fumaça, Cocada, Soldado e um camarada que já foi considerado o melhor b-boy do Brasil: Alan Beat. A UBI ganhou o racha, porém a molecada da Rua 3 fez bonito. Sinceramente eu gostaria de descrever o que vi: o Faísca e Fumaça, que também são dançarinos do Afroreggae (General, eles tem que ir competir na batalha de b-boys na Alemanha.Vamos fortalecer os caras. Abre o cofre!!!) fizeram uma parada do caralho. Utilizarei uma expressão que foi consenso para descrever a apresentação: SEM COMENTÁRIOS! O GBCR (Gang de Break Consciente da Rocinha), mesmo derrotado, fez bonito, honrando o nome do Rio de Janeiro — é isso ai, Pé e Luc: tem que meter a cara. Ao sair do evento adivinhem o que ocorreu? Dilúvio e engarrafamento... Faz parte (gíria carioca comum nos anos 80). Mal tinha me recuperado das viagens — não parece, mas estou ficando velho — e lá estava eu como num piscar de olhos indo para Buenos Aires. E logo num período em que estava ouvindo ininterruptamente o som do "Acion Direta". Coincidências da vida. Já tinha conhecimento do cenário Hip Hop argentino, mas tinha o preconceito, o idioma e a rivalidade futebolística que impediam maior interação (não, não estou falando de seleção brasileira. A minha seleção se chama e sempre se chamará FLAMENGO). Na seqüência, vocês conhecerão Super A, MC Say e um pouco da cena H2 portenha ... O Hip Hop não pára!

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