SEMINÁRIO CONCÓRDIA

SEMINÁRIO CONCÓRDIA
FACULDADE DE TEOLOGIA
Disciplina: Neopentecostalismo Brasileiro à Luz da
Pneumatologia Bíblica.
Trabalho Antecipado: Os Neopentecostais e a Teologia da
Prosperidade – Ricardo Mariano
Professor: Gerson Linden.
Aluno: Régis Duarte Müller.
Data: 11/07/2016 Semestre: 2016/2



ANÁLISE TEXTO DE RICARDO MARIANO

O artigo trata a respeito de como a Teologia da Prosperidade é
aplicada em denominações Neopentecostais. Citada pelo autor como a terceira
onda, que é a vertente de maior crescimento no último século (datação do
artigo), tem seu grande fortalecimento nas décadas de 80 e 90,
especialmente pelas vertentes da Universal do Reino de Deus, Internacional
da Graça de Deus, Comunidade Sara nossa Terra e Renascer em Cristo, as
quais se caracterizavam em 1. Pregar e difundir a Teologia da Prosperidade
defendendo o adágio franciscano "é dando que se recebe"; 2. Ênfase na
guerra espiritual contra o Diabo; e 3. Por fim, deixar de adotar aspectos
de santidade, que eram símbolos de conversão e pertencimento ao
pentecostalismo.
Podemos destacar que o Neopentecostalismo, com a Teologia da
Prosperidade, realiza a promessa de que o mundo seria o locus da
felicidade, prosperidade e abundância de vida para os cristãos, conforme
herança das promessas divinas, de modo que a ação dos mesmos se torna
impulsora do capitalismo. Tal aspecto acontecia por parte dos pastores que
sugeriam melhoras repentinas. Esta melhora repentina aconteceria nos
aspectos materiais, de relacionamento, profissional... É uma de suas marcas
distintivas. Obviamente, tal aspecto é atrativo à qualquer pessoa que se
encontra fascinada pelo mundo (mundanismo), no entanto, o ensino não tem
base bíblica, visto que, por outro lado, a Palavra de Deus adverte que
'haveremos de passar por muitas tribulações' (At 14).
Esse fato é sustentado pelos Neopentecostais, como vemos nas
citações: "A Teologia da prosperidade está trazendo o celeste porvir para o
terrestre presente"; Bem como, através de pregadores importantes do meio,
que prometem: "saúde perfeita, prosperidade material, triunfo sobre o Diabo
e vitória sobre todo e qualquer sofrimento... Para tanto, o crente deve
confessar a posse da bênção", de onde surgem jargões como: "eu determino,
em nome de Jesus", "está amarrado, em nome de Jesus". Nesse aspecto, o
recebimento ou não da bênção é associado completamente ao crente. Qualquer
dúvida que venha a surgir, por mínima que seja, por parte de quem
determinou (aquele que deseja receber a bênção), é suficiente para que a
graça não seja alcançada.
Portanto a fé é imprescindível, e tal pensamento coloca Deus em uma
situação de pressão, visto ser obrigado a conceder as coisas que os crentes
desejam. Além do mais, é como se a fé fosse um ticket que permite o
ingresso do crente aos poderes de Deus e suas bênçãos.
Outro aspecto presente no meio neopentecostal é a sociedade quebrada
de Adão com Deus, motivo pelo qual, a fim de voltar a ter esta sociedade,
Deus enviou seu Filho para morrer na cruz. Tal aspecto já é bastante
distorcido da Palavra, mas isso se agrava quando Kenneth Hagin expõe que
não foi a morte de Jesus e seu sangue derramado na cruz que expiou os
pecados, mas sim, quando desceu ao inferno e recebeu sua natureza satânica,
experimentando a morte espiritual, sofrendo por três dias, renascendo e,
finalmente, derrotando o Diabo em seu próprio território.
Já havia ouvido, visto e lido algumas coisas sobre a Teologia da
Prosperidade, mas com certeza nada com essa feição. Nunca havia pensado e
imaginado existir no meio cristão, mesmo em uma teologia 'atravessada' como
o neopentecostalismo, uma compreensão tão distorcida a respeito da obra de
Deus através de Jesus Cristo. São muitas as visões a respeito de Jesus, mas
como meio de restabelecer sociedade é bem estranho, e esta visão apresenta
Jesus como o meio pelo qual os seres humanos têm direito de receber bens
materiais de Deus e não como a promessa divina para redenção e salvação do
pecador perdido e condenado.
Outro aspecto importante na Teologia da prosperidade nós encontramos
na citação que segue: "Deus não pode deixar de cumprir as promessas feitas
aos homens contidas na Bíblia. O Criador não tem escolha senão cumprir o
prometido". Desta forma, seguindo a linha de pensamento que vê em Cristo a
reconciliação de sociedade, a teologia da prosperidade tem em Deus uma
fonte de recebimento de bênçãos, de modo que, uma vez que existe confiança
do crente, esta fonte – 'Deus', não pode negar a bênção ou o benefício
desejado, requerido, mas é obrigado a conceder a bendição.
O artigo é muito interessante, pois trata o assunto com naturalidade
e apresenta de modo conciso o que é, e como acontece na teoria e prática, a
aplicação da Teologia da Prosperidade. Essa linha religiosa trata o cristão
como sócio de Deus, onde o cristão entra com a fé e boas ofertas, e Deus
com as bênçãos materiais em todas as abrangências. Essa linha teológica
afirma que a prosperidade é prova de espiritualidade e da bênção de Deus
Diante de tudo que se vê a respeito dos neopentecostais surge um
grande problema que é bem visível nos dias atuais: a desconfiança das
pessoas para com as igrejas e pastores, de qualquer denominação, diante das
promessas que não foram correspondidas, e da desilusão que sofreram. Ao
mesmo tempo, a teologia da prosperidade explora aquilo que está no coração
de muitas pessoas, o desejo de mudar de vida e enriquecer facilmente. Sendo
assim, o autor conclui que a própria Teologia da Prosperidade está perdendo
seu terreno por causa do seu modo de condução teológica e da sua grande
exploração material. Contudo, ficou a dúvida: As igrejas pentecostais
oferecem algum tipo de ensino bíblico para crescimento espiritual dos
ouvintes ou todo culto busca apenas apresentar os problemas das pessoas, a
'promessa' de Deus e a exploração do dízimo para melhora de vida? O autor
se apresenta como alguém interessado nas coisas que acontecem na sociedade,
e trabalhando especificamente as religiões neopentecostais, demonstra um
pensamento protestante de linha tradicional.