SEMINÁRIO DE PESQUISA ALUBRAT I Conceito de Ego -Self

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ALUBRAT Especialização em Psicologia Transpessoal TURMA 8 - 2016

SEMINÁRIO DE PESQUISA I Conceito de Ego - Self

Darlene Vieira Santos, Luciana Vasques Barbosa, Pablo Carballo Teixeira, Ricardo Luiz Kamitani, Tatiana Silva Capitanio

São Paulo Julho/2016 ..............................................................................................................................

Seminário I

PROTOCOLO DE ENTREGA DE TRABALHO TURMA 8 - 2016

Aluno: Darlene Vieira Santos, Luciana Vasques Barbosa, Pablo Carballo Teixeira, Ricardo Luiz Kamitani, Tatiana Silva Capitanio Recebido por __________________________ em_________________ Parte teórica sim ( ) não ( ) Filmagem sim ( ) não ( ) CD/DVD sim( ) não ( )

ALUBRAT Especialização em Psicologia Transpessoal TURMA 8 - 2016

SEMINÁRIO DE PESQUISA I Conceito de Ego - Self

Darlene Vieira Santos, Luciana Vasques Barbosa, Pablo Carballo Teixeira, Ricardo Luiz Kamitani, Tatiana Silva Capitanio

Trabalho apresentado no Curso de Especialização em Psicologia Transpessoal como requisito de avaliação do Seminário de Pesquisa I

São Paulo Julho/2016

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 4 1. Os conceitos de Ego e de Self ................................................................. 4 2. O eu e o não-eu ........................................................................................ 9 3. A saudável relação entre Ego e Self ...................................................... 11 4. A expressão da identidade em experiências culminantes...................... 12 5. Visão da Psicologia Transpessoal do Ego e Self ................................... 14 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 19 APÊNDICE ............................................................................................................ 20 APÊNDICE A – Proposta de vivência para Ego e Self ............................... 20 ANEXOS ............................................................................................................... 22 ANEXO A – Photo Art Therapy: a Jungian perspective, cap. 3 .................. 22



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INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo explorar os conceitos de Ego e Self e o papel destes diferentes aspectos da psique humana para o desenvolvimento do ser em seu potencial. Dentro da complexidade de cada universo particular humano e dos contextos externos cada vez mais turbulentos e acelerados da contemporaneidade, nos parece essencial que a compreensão dos aspectos de nossa identidade e de nossa autenticidade seja aprofundada, permitindo mais espaços de diálogos internos que culminem no autodesenvolvimento e na plenitude da existência humana. O texto a seguir irá expor as perspectivas de diferentes autores sobre os conceitos de Ego e de Self, propondo reflexões sobre o conceito de “eu”, o papel e a possível ausência do Ego, o saudável e necessário diálogo entre Ego e Self, as experiências culminantes como expressão do Self e a visão da Psicologia Transpessoal sobre os aspectos da psique. Este estudo não se propõe a exaurir as possíveis visões sobre estes conceitos, mas sim facilitar o conhecimento de perspectivas já postas na história da psicologia e contribuir para a exploração da relação integradora e saudável entre estes dois aspectos, um consciente (Ego) e o outro superior (Self) do universo humano. Esperamos que, ao ampliar a compreensão sobre si mesmo, cada ser possa garantir e atentar para os espaços de diálogo e escuta internos, viabilizando a expressão autêntica e única de seu potencial.



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REVISÃO DA LITERATURA Com o objetivo de refletir sobre os conceitos de Ego e Self, assim como seus papéis na construção do ser e de sua identidade, discorreremos sobre perspectivas diversas do tema no campo da psicologia. Partindo das definições mais amplas de cada aspecto, refletiremos sobre as relações estabelecidas entre eles, a construção do “eu” e de sua identidade, e o papel das experiências culminantes para a expressão da identidade. Por fim, correlacionaremos a visão da Psicologia Transpessoal sobre o tema. 1. Os conceitos de Ego e de Self Freud, o precursor dos estudos psicanalíticos, desenvolveu em seus estudos, em conjunto com um grupo de discípulos, os primeiros conceitos sobre a formação da estrutura da psique. No decorrer da trajetória desses estudos alguns dos seus discípulos discordaram de suas teorias na totalidade e Freud, com seu rigor e alto grau de exigência com lealdade, expulsou alguns discípulos, entre eles Jung, Adler e Rank. Desta partilha viu-se formar novas escolas de psicanálise, onde se ampliou o que havia sido discutido no grupo inicial. Em sua primeira tópica, Freud apresentou a personalidade estruturada em: Id, Ego e SuperEgo – neste trabalho focaremos no conceito e definição do Ego, porém para melhor compreensão, há que se esclarecer que o Id é tido com uma primeira estrutura, herdada no nascimento. Freud (1940) afirma que o “isto”, tradução correta do alemão para o Id, reside na origem da personalidade, e ao contrário das demais partes da estrutura da personalidade, o Id não se desenvolve, ele é por natureza indomável e não se submete às leis lógicas do pensamento. No entanto, salienta-se que o Id é parte essencial para a existência em si da pessoa, pois está nele a carga de energia necessária para se manter a vida, e é desta energia que se sustenta a libido e a produção das catexias. O Ego, como parte do aparelho psíquico, é o que traz o contato com a realidade externa e interna. Segundo Freud, o Ego se desenvolve a partir do Id, como um controlador e administrador dos desejos. Segundo Winnicott, desde seus primeiros dias de vida os bebês iniciam a sua trajetória de construção do Ego.



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O ego do lactante está criando força e, como consequência, está a caminho de um estado em que as exigências do Id serão sentidas como parte do self, não como ambientais. (WINNICOTT, 1960/1983, p. 129)

Melane Klein (1921) afirmou que o bebê inicia o desenvolvimento da sua estrutura psíquica e seu contato com a realidade assim que nasce, e desde então estabelece a jornada do Ego para preservação da visão do si, garantindo sua sobrevivência, saúde, segurança e sanidade. Jung também se aprofundou no conceito original de Ego trazido pelo mestre Freud. Em seus estudos Jung afirma que o Ego é o centro da consciência, é um grande arquétipo da personalidade, que estrutura a existência consciente. O ego quer sempre explicações, a fim de consolidar sua existência. (JUNG, 1973, p. 427)

Na obra de Fadiman & Frager (1986), os autores relatam que na teoria de Jung a psique é apenas o inconsciente, e que não há elementos inconscientes no Ego, mas conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal. A figura a seguir ilustra a estrutura da personalidade, segundo Jung. Figura 1 – Ilustração da estrutura da personalidade

Fonte: Fadiman & Frager (1986), pág. 53



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Jung (2008), no livro “O Homem e seus símbolos”, traz importantes reflexões sobre o seu entendimento da psique humana e do papel do Ego e do Self na constituição do ser. Entender as conceituações trazidas pelo autor é essencial para avançarmos nas reflexões propostas pela psicologia transpessoal. Segundo ele, a psique humana pode ser comparada a uma grande esfera, conforme a imagem abaixo. O Self seria, ao mesmo tempo, o núcleo bem como a esfera em sua totalidade (B). A consciência poderia ser caracterizada por uma zona brilhante na superfície da esfera (A), da qual o seu centro seria o Ego. Figura 2 – Ilustração da psique humana

Fonte: Jung (2008), pág. 211

Por esta simples ilustração da psique podemos compreender que o Ego e o Self são duas partes de um mesmo todo, porém o Ego oferece uma representação sempre limitada de uma totalidade muito mais ampla do que ele, o Self. Este, por sua vez, é o centro organizador de onde emana a ação reguladora de nosso sistema psíquico. É o centro inventor, organizador, a fonte de nosso ser. Segundo Jung (2008), os sonhos representam o principal meio de comunicação entre o Self e o Ego, e os símbolos representam a linguagem utilizada pelo Self para se expressar. O autor relata que desde povos muito primitivos, o ser humano já tem consciência da existência de um ser interior, orientador e regulador.



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O livro cita como exemplo os índios Naskapi, povo que ainda habita as florestas da península do Labrador, e que por não terem sido influenciados pelos ideais civilizatórios, ainda expressam relação bastante clara com os seus selfs. Os Naskapi chamam de “grande homem” a voz que habita o interior de cada ser humano, e durante a sua vida estabelecem um diálogo constante e próximo com esta voz. Os sonhos e as intuições são as formas de escutar o “grande homem”, escuta essa que os orienta na caça e os protege na floresta. Segundo suas crenças, quanto mais forem cultivados os valores positivos, com mais frequência a voz do “Grande Homem” aparecerá com orientações, ao passo que o diálogo se torna escasso quando são cultivados valores e atitudes negativas. Apesar de comumente apresentados como tal, é importante ressignificar a ideia de que Ego e Self são aspectos antagônicos, onde o primeiro é negativo e deve ser anulado e o segundo é positivo e deve ser desenvolvido. Ambos são partes da mesma psique e devem coexistir de forma harmônica. O que deve ser desenvolvido é o constante diálogo entre eles – é por meio do Ego que podemos vivenciar, compreender e dialogar com o Self, e é por meio do Self que o Ego nota, reconhece e torna real o ser. O Ego é o eixo estruturante que permite reconhecer a si mesmo, existir nesse mundo, agir e evoluir. É o Ego que reconhece e assimila os sinais orientadores e impulsos emitidos pelo Self. Jung (2008) explica claramente a importância da coexistência destes dois aspectos no parágrafo abaixo: Tudo acontece como se o ego não tivesse sido produzido pela natureza para seguir ilimitadamente os seus próprios impulsos arbitrários, e sim para ajudar a realizar, verdadeiramente, a totalidade da psique. É o ego que ilumina o sistema inteiro, permitindo que ganhe consciência e, portanto, que se torne realizado. Se, por exemplo, possuo algum dom artístico de que meu ego não está consciente, este talento não se desenvolve e é como se fora inexistente. Só posso trazê-lo à realidade se o meu ego o notar. A totalidade inata, mas escondida, da psique, não é a mesma coisa que uma totalidade plenamente realizada e vivida. (JUNG, 2008, pág. 213)

Alfred Adler (1956), ao se declinar sobre o poder criativo do Self afirmou que cada indivíduo responde ativa e criativamente aos vários e pequenos detalhes no



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decorrer da sua história, e que este processo se dará como uma seleção das experiências. A ciência da Psicologia Individual desenvolveu-se a partir do esforço para compreender esse misterioso poder criador da vida, que se expressa no desejo de desenvolver-se, lutar e realizar. [...] Esse poder é teleológico, expressa-se na luta por um objetivo e, nessa luta, todo o movimento corporal e psíquico é feito para cooperar. É, então, absurdo estudar movimentos corporais e condições mentais de forma abstrata, sem relação com um todo individual. (ADLER, 1956, p. 92)

Este processo contínuo e gradativo de codificação, interpretação e seleção das experiências vividas é o que formará a apercepção individual, algo próprio e intransferível com o qual este indivíduo vai se relacionar com o mundo. Esta apercepção é essencialmente um ato criativo, que atribui à unicidade o poder criador da personalidade, ou do Self. Assim, Alfred Adler atribui ao indivíduo o controle sobre seu destino, indo contra a concepção Freudiana da natureza humana. Todo indivíduo representa tanto a unidade da personalidade quanto a forma individual desta unidade. Assim, ele é tanto o quadro quanto o artista. Ele é o artista de sua própria personalidade. (...) É fútil tentar estabelecer uma psicologia somente baseada em impulsos, sem levar em consideração o poder criativo da criança que dirige o impulso, amolda-o e lhe dá um objetivo significativo. (ADLER, 1956, p. 177)

Maslow, como psicólogo, sempre se interessou pelo crescimento e desenvolvimento pessoal do indivíduo. Ele defendia que uma teoria sobre a personalidade precisa e viável deveria incluir os pontos altos que cada indivíduo é capaz de atingir. Ele se aprofundava nos seus estudos acreditando ser a psicologia um instrumento de promoção de bem estar social e psicológico. Para Maslow, Self é o âmago ou a natureza essencial do indivíduo, que inclui o seu temperamento, seus gostos, seus valores únicos e suas experiências. Eu penso no homem que se auto-atualiza não como um homem comum a quem alguma coisa foi acrescentada, mas sim como o homem comum de



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quem nada foi tirado. O homem comum é um ser humano completo com poderes e capacidades. (MASLOW, 1973b, p. 91).

2. O eu e o não-eu De acordo com Eckhart Tolle (2007) em seu livro “Um mundo novo, o despertar de uma nova consciência”, a utilização da palavra “eu” pode incorporar o maior erro que podemos cometer ou a verdade mais profunda que podemos expressar, dependendo da maneira como a palavra é utilizada. O uso comum, que é utilizado com muito mais frequência juntamente das palavras mim, meu, comigo, etc., é um dos mais enganosos. De acordo com o autor, na maioria das vezes estamos atribuindo um senso de identidade a essa palavra, como se fossemos na totalidade essa pequena junção de duas vogais. Para ele, isso seria o Ego, uma ilusão de óptica da consciência, onde uma identidade completamente ilusória se torna a base de todas as interpretações posteriores de realidade. Já no caso da utilização das palavras “mim” e “meu”, acabamos atribuindo um significado de posse às coisas que vão além do próprio ser, como pessoas e objetos, o que estabelece um senso de que elementos externos complementam a identidade do indivíduo. Neste processo que ocorre desde a infância, conforme o ser vai amadurecendo vamos nos identificando com cada vez mais elementos, tais como: nacionalidade, gênero, raça, religião, profissão, bens materiais, papéis exercidos, opiniões, conhecimentos, fatos do passado, etc. Resumindo, quando o indivíduo pronuncia as palavras “eu”, normalmente está se referindo a toda essa estrutura egóica elaborada por uma construção mental. Com o tempo, o Ego deixa de se contentar com as coisas e passa a dizer para si mesmo: “eu não sou o bastante”. O indivíduo passar a querer “ter” as coisas, e como não se satisfaz plenamente, começa a “desejar” cada vez mais coisas. Assim, essa satisfação meramente superficial de ter as coisas acaba se tornando um eterno querer, que nada mais é do que uma vontade enorme de encontrar mais coisas com as quais ele possa se identificar. Como um vício. Por sua vez, a partir do momento em que somos capazes de identificar, reconhecer essa ilusão por trás desta palavra, ela começará a se dissolver por si própria. O ato de olhar para a ilusão que reconhecemos como nós mesmos já é o início do seu fim. Quando começamos a compreender aquilo que não somos, a



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realidade daquilo que somos começa a florescer. Após o processo de despertar, a palavra “eu” continua sendo utilizada, porém ela passar a emergir de um lugar muito mais profundo do indivíduo. Essa é a grande maravilha de simplesmente ser, que, segundo o autor, só é possível de se sentir quando estiver desligado de sua cabeça. Confirmando a linha de pensamento apresentada por Tolle, também a psicologia budista e a teoria psicanalítica entendem e concordam com a formação do Ego como “um processo de síntese e adaptação entre a vida interior e a realidade exterior” (ENGLER, in WALSH & VAUGHN, 1997, p. 120) que ocorre no discorrer de nossa experiência, não como algo inato ao ser humano, ou inerente à nossa constituição psicológica ou espiritual. Aquilo que entendemos por nosso “eu”, na verdade é uma imagem internalizada que foi composta por nossas experiências de encontro com o mundo objeto. O que se faz interessante notar, porém, é uma questão fundamentalmente discordante entre estas teorias. Da perspectiva psicanalítica da Teoria da Relação com os Objetos (MITCHELL, 2000), o mais grave problema psicopatológico é a ausência do sentimento de eu. As mais severas síndromes clínicas – o autismo infantil, as psicoses simbióticas e funcionais, assim como as condições limítrofes, representam fracassos, limitações ou regressões no estabelecimento de um eu coerente e integrado. Em contraposição, na perspectiva da psicologia budista, o problema psicopatológico é a presença do eu e do sentimento que dela advém. De acordo com esse diagnóstico, a maior fonte de sofrimento é a tentativa de preservação do eu, tentativa que é vista tanto como fútil quanto autodestrutiva. A mais grave das formas de psicopatologia é precisamente atavadupadana, o apego à existência pessoal. Enquanto a questão terapêutica psicanalítica é como “recriar” o senso básico do eu ou como diferenciar e integrar uma auto-representação estável, coerente e duradoura, a questão terapêutica do Budismo é como “ver através” da ilusão do eu. O conceito budista de anatta, ou anulação do Ego, equivocadamente difundido como um suposto esquecimento do eu, pressuporia como tal a simultânea identificação com tudo o que é exterior ao Ego, um estado de transe. Essa formulação é grave pois existem estados acessíveis por meio de meditação que propiciam esses sentimentos de harmonia, fusão e perda dos limites do Ego; porém, esses não são os estados que caracterizam a noção (budista) de ausência do eu. O



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que se anula, ou visa-se ausentar é o eu como componente representacional do Ego. Em outras palavras, busca-se observar e identificar a experiência interna que a pessoa tem de seu eu, para poder reconhecer o Ego como algo que não tem uma existência concreta. Sendo assim, não é que o Ego desapareça, mas a representação dele é abandonada com a tomada de consciência da ausência do Ego. Tanto o senso do eu quanto a percepção da suprema ilusão de sua aparente continuidade e substância são conquistas necessárias. A sanidade e o completo bem-estar psicológico incluem a ambos, porém numa sequência de desenvolvimento adequada a cada fase. (...) É preciso ser alguém antes de poder não ser ninguém. (ENGLER, in WALSH & VAUGHN, 1997, p. 123)

Isso não significa, de forma alguma, que o Ego deva ser transcendido ou abandonado. Para o desenvolvimento pessoal integral, a questão proposta não é o eu ou o não-eu, mas sim o eu e o não-eu.

3. A saudável relação entre Ego e Self O entendimento destes dois aspectos da psique e a abertura de espaços constantes de diálogo entre eles é um processo essencial para o desenvolvimento do ser e para a construção do estado de paz. Segundo Jung (2008), dá-se o nome de individuação ao processo de harmonização do consciente com o nosso próprio centro interior (núcleo psíquico). A linguagem utilizada pelo nosso Self é simbólica e a comunicação se dá prioritariamente por meios oníricos. Prestar atenção às mensagens enviadas pelo inconsciente por meio dos sonhos é essencial para a compreensão de aspectos estruturantes da psique. E é por meio da compreensão dessas representações simbólicas que o ser humano compreende seus medos, suas referências e desenvolve sua personalidade. Jung (2008) comenta que a cultura utilitarista dificulta a dedicação ao desenvolvimento de nossa personalidade, a qual exige uma renuncia a atitudes funcionais e imediatistas incentivadas pela cultura contemporânea.



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Podemos passar a vida toda sem estabelecer este diálogo e sem expressar nossa identidade em seu potencial, vivendo não só uma sensação de incompletude, também

como

experenciando

conflitos

internos

e

externos

perante

os

acontecimentos da vida. Alternativamente, podemos criar estes espaços de diálogo, para a escuta das mensagens oníricas, e dedicar nossas energias para o desenvolvimento pleno de nossa identidade. Jung (2008) discorre estas alternativas na citação abaixo: O self pode ser definido como um fator de orientação íntima, diferente da personalidade consciente, e que só pode ser apreendido através da investigação dos sonhos de cada um. E estes sonhos mostram-no como um centro regulador, centro que provoca um constante desenvolvimento e amadurecimento da personalidade. Mas este aspecto mais rico e mais total da psique aparece, de início, apenas como uma possibilidade inata. Pode emergir de maneira insuficiente ou então desenvolver-se de modo quase completo ao longo da nossa existência; o quanto vai evoluir depende do desejo do ego de ouvir ou não as suas mensagens. (...) Ouvindo-o tornamonos seres humanos mais completos. (JUNG, 2008, pág. 213)

Ao longo do desenvolvimento da identidade, o Ego é incentivado a criar projetos determinados, apegados ao futuro, ambiciosos e insaciáveis. Culturalmente recebemos estímulos que nos fazem compreender que conquistas futuras, esforços incondicionais e posses de bens materiais são essenciais para o fortalecimento de nossa identidade. Este é um processo egóico que conflita e reduz a intensidade de energia que dedicamos ao desenvolvimento autêntico de nosso ser. Segundo Jung (2008), o aspecto ativo e criador do nosso Self é bloqueado por projetos determinados e ambiciosos de nosso Ego. O desapego e desembaraço do Ego destes projetos em benefício de uma forma de existência mais profunda e fundamental faz-se essencial para o desenvolvimento de nossa identidade verdadeira, criativa, pura, autêntica e carregada de potência.

4. A expressão da identidade em experiências culminantes Em seu livro “Introdução à psicologia do ser”, Maslow A. (1969) discorre sobre a importância das experiências culminantes como meios de estudos da identidade,



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por acreditar que nestes momentos as pessoas estão extremamente próximas de seu “eu verdadeiro”, também entendido como Self. Experiências culminantes são “momentos onde o indivíduo vivencia felicidade e realização supremas, êxtase ou arrebatamento, quando sente-se diferente do seu modo de sentir em outras alturas” (MASLOW, 1969, p. 99). Pela idiossincrasia das experiências culminantes e pela proximidade que as pessoas demonstram estar de suas verdadeiras identidades ao viver essas experiências, Maslow acreditava que estes momentos eram recheados de dados “não-contaminados” sobre a identidade. O autor esclarece, porém, que o conceito de identidade está em constante definição e não é um conceito estabelecido de forma unânime. Diferentes autores estudam diferentes pontos de vista sobre a identidade, e a compreensão destes múltiplos olhares é essencial na reflexão do conceito. Um dos principais pontos adotados por Maslow (1969) como indicativos da expressão de identidade em experiências culminantes é que as pessoas que as experenciam demonstram integração (que é o objetivo central da psicologia e da terapia) – consigo próprias, com diferentes aspectos de si, com os outros e com o todo. Quando está naturalmente e singularmente sendo si mesma, a pessoa consegue mais facilmente se fundir com o mundo. Maslow (1969) coloca que “a grande realização da identidade, da autonomia, da individualidade, é simultaneamente transcender a si mesmo, ir além e acima da individualidade. A pessoa pode então tornar-se relativamente sem ego”. (cap. 7, item 2, par. 3). É como se o estado máximo de identidade fosse anular a si próprio. Transcender, ir através e além do “ser eu”. Um outro aspecto importante destacado por Maslow (1969) é que pessoas em experiências culminantes sentem como se estivessem usando todo o seu potencial. Segundo ele, é facilmente observável externamente que estas pessoas estão em pleno e completo uso de todos os seus poderes. O autor comenta que em nosso estado normal parte de nossa capacidade é direcionada para a ação, porém parte é direcionada para combater e reprimir o nosso ser, sob influência de um estado egóico. No estado pleno de identidade, como em uma experiência culminante, nenhuma energia é mais desperdiçada no combate ao ser e toda nossa capacidade é direcionada à expressão de nossos poderes em seu máximo potencial. Este aspecto parece relacionar-se diretamente com o que foi apontado por Jung, e discorrido acima, de que o diálogo saudável entre Ego e Self é um caminho



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necessário para o desenvolvimento integral do ser, justamente por reduzir as energias de combate às nossas expressões autênticas, liberando assim energia para sermos simplesmente e unicamente quem somos, em seu potencial. Maslow (1969) destaca também que pessoas em experiências culminantes possuem senso aguçado de responsabilidade. Sentem-se ativos e responsáveis pelos fatos, como centro-geradores de suas atividades e percepções. Como consequência da integração já descrita acima, a pessoa entende-se como parte do todo, e consequentemente responsável por tudo que o circunda. E é desta mesma forma que estas pessoas também reconhecem o outro, como seres inteiros, responsáveis e geradores de ações, percepções e realidades. Segundo o autor, nestes momentos não há dúvidas sobre as ações próprias e do outro, não há bloqueio. Há liberdade, expressão, espontaneidade e criatividade, características inerentes ao Self. Outro ponto que merece destaque perante as reflexões feitas pelo autor acerca das experiências culminantes é a ressignificação da relação com o tempo. Pessoas nestas experiências estabelecem maior conexão com o presente, sem apego ao passado ou ao futuro. O presente passa a ser um fim em si e não um meio para o futuro. A conexão plena com o presente é um importante canal para a conexão com Self, pois no tempo presente, não há desejos não atendidos, não há necessidades, não desmotivação, há apenas o ser. Por fim, em suas reflexões sobre experiências culminantes e autenticidade, Maslow (1969) afirma que pode ser que apenas pessoas que passaram por experiências culminantes possam atingir a identidade integral, que os que não tiveram estas experiências provavelmente sempre estarão incompletos, deficientes, sedentos, sentindo falta de algo e vivendo de meios e não de fins. O autor afirma que mesmo se a correlação entre as duas coisas – experiências culminantes e identidade, não for perfeita, ela certamente é positiva.

5. Visão da Psicologia Transpessoal do Ego e Self Roberto Assagioli (2013) ajuda a esclarecer a relação entre Ego e Self dentro da perspectiva da Psicologia Transpessoal, com a sua cartografia da consciência apresentada abaixo.



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Figura 3 – Constituição Psicológica do Ser

Fonte: Assagioli (2013), p. 31

Na sua interpretação, o Ego, ou “Eu Consciente” (5), é o ponto de autoconsciência pura, e frequentemente é confundido com o Campo da Consciência (4) que é a sua personalidade consciente. O Ego seria o conteúdo variável da nossa consciência, ou seja, sensações, pensamentos, sentimentos, etc. O problema é que a maioria das pessoas não se daria ao trabalho de observar e discriminar esse conteúdo e acaba ficando à deriva dessa “corrente mental”. Já o Self, que ele nomeia como “Eu Superior” ou “Self Transpessoal” (6), seria um estado que está acima da “corrente mental” e que não é afetado por ela ou por quaisquer outras condições corporais. Para o autor, o Ego só existe devido a este eu verdadeiro que funciona como um centro permanente para que o eu possa reaparecer dia após dia depois de adormecer. Através da Figura 3, Assagioli (2013) nos ajuda a conciliar o fato de que existe uma aparente dualidade entre esses nossos dois “eus”, onde o Ego geralmente não toma consciência do Self, chegando até a negar a existência do mesmo, e o Self, que é latente, não se revela diretamente à nossa consciência. Porém, apesar dessa aparente dualidade, também é correto afirmar que as duas entidades são uma só, o Eu é uno e pode manifestar-se nos diferentes graus de consciência.



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Além disso, o autor também propõe um centro unificado externo da consciência que atuaria como um espelho do Ser Espiritual e que permitiria a integração do Eu Consciente (Ego) ao Eu Superior (Self). Por vezes é mais fácil perceber ao si mesmo espiritual através de seu reflexo em um centro externo, que mediante a ascensão direta. Este centro pode ser o próprio terapeuta, também um símbolo como o da montanha. Existem várias categorias de símbolos e entre eles diversos símbolos análogos ao de ascensão que podem ser utilizados com este objetivo. (ASSAGIOLI, 1993, p. 41)

Na Psicologia Transpessoal, o Ego é visto como uma construção ilusória que nos separa do resto do mundo. Essa barreira, que existe para definir quem sou eu e quem é o outro, é extremamente necessária para operarmos em nossa realidade, porém não representa a totalidade das experiências humanas. Em muitos indivíduos é necessário que essa ilusão se descontrua para que ele possa se tornar unificado com o todo que existe, integrando níveis evolutivos superiores. Assim, a Psicologia Transpessoal acredita que é preciso, de certa maneira, vivenciar a morte do Ego, o que significa na verdade a morte da ilusão relacionada ao Ego. Tal morte deve ocorrer por conta da auto-imagem que criamos de nós mesmos apenas para atender às expectativas da sociedade, passando a acreditar que essa imagem nos representa totalmente. Ao trabalharmos a morte e o renascimento do Ego, damos sentindo à vida, integramos as polaridades, vivemos o que realmente existe, e acabamos por transcender a ilusão. Nesse novo estado paramos de alimentar a auto-imagem idealizada e passamos a redirecionar a energia que antes estava contida no Ego para novos propósitos. Tais propósitos não serão mais centrados apenas para o indivíduo, mas direcionados a todos os seres e ao planeta, pois o indivíduo passará a estar em contato direto com as experiências reais do mundo, além de passar a sentir, pensar e agir de maneira mais congruente do que quando possuía um Ego rígido. Esse processo de renascimento do Ego é entendido na Psicologia Transpessoal como uma mudança de nível de consciência, na qual, através de um processo

diferenciado,

que

é

regido

pelo

movimento

de

transcendência,

favorecemos o surgimento de um estado de despertar onde há a conexão com o Self.



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CONCLUSÃO Ao tomarmos os conceitos concebidos por diversos autores sobre o Ego e o Self, alguns pontos ficam em evidente destaque. O Ego – como elemento da psique – tem a função fundamental no processo de criação e traz a primeira visão de nós mesmos. É ao Ego que cabe a função de garantir segurança e saúde à estrutura psíquica. Como visto anteriormente, Jung (2008), no livro “O Homem e seus Símbolos”, caracteriza o Ego como eixo estruturante que permite ao indivíduo reconhecer a si mesmo, existir nesse mundo, agir e evoluir. É o Ego que reconhece e assimila os sinais orientadores e impulsos emitidos pelo Self. Por outro lado, fica evidente que o Ego traz uma visão restrita da completude de nossa psique, capturando e trazendo para o plano consciente sempre uma parte específica do vasto universo de nosso inconsciente. E é nessa parcialidade que mora a possibilidade de ilusão em torno da identidade. Segundo Eckhart Tolle (2007), na maioria das vezes estamos atribuindo um senso de identidade à palavra “eu”, como se fossemos na totalidade essa pequena junção de duas vogais. Para ele, isso seria o Ego, uma ilusão de óptica da consciência, onde uma identidade completamente ilusória ou parcial se torna a base de todas as interpretações posteriores de realidade. Ao se evidenciar que o Ego apresenta uma visão limitada da totalidade de nosso ser, fica também explícito que há um “eu maior” a ser explorado. A esta totalidade de nosso ser, de nossa psique, é que se atribui o nome de Self. O Self é o centro organizador de onde emana a ação reguladora de nosso sistema psíquico. É o centro inventor, organizador, a fonte de nosso ser. Segundo Maslow (in Lowry, 1973), Self é o âmago ou a natureza essencial do indivíduo, que inclui o seu temperamento, seus gostos, seus valores únicos e suas experiências. Conceituando então os aspectos de Ego e Self, fica evidente que é no diálogo constante entre eles que surgem as possibilidades de equilíbrio e evolução de nosso ser em potencial à medida em que o indivíduo integra esses conteúdos. Isso ocorre quando não há negação de nenhum dos aspectos, nem segregação, mas sim criação de espaços e canais de conversa e troca entre Ego e Self. Segundo Assagioli (1993), às vezes um centro externo pode funcionar como um refletor que permite a percepção entre o eu superior (Self) e o eu consciente (Ego), facilitando



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este diálogo. É justamente este um dos papéis fundamentais do terapeuta: ser um espelho que reflete diferentes aspectos do ser que está à sua frente, facilitando o diálogo entre seu Ego e seu Self. É preciso cuidado com a forma antagônica que normalmente se compreende o Ego e o Self. Não se deve alimentar a ideia de que estes são inimigos, ou pior, que o Ego seja um vilão ou um empecilho ao nosso desenvolvimento, mas sim que ambos, Ego e Self, precisam ser conhecidos profundamente e postos em diálogo constante. Não se pode desfazer-se do Ego, mas à medida que damos espaço para o Self, para o “Eu superior”, descontruímos ilusões que foram desenvolvidas em torno do Ego. O entendimento e a harmonia entre estes dois aspectos da psique é o que trará o estado de paz denominada de “individuação” por Jung (2008), onde o consciente e o simbólico dialogam sem conflitos e disputas, extraindo daí a forma mais profunda da existência. Diante disto, entendemos que o Ego que se estrutura em elementos como: nacionalidade,

gênero,

raça,

religião,

profissão,

posição

social,

crenças,

conhecimentos e outros fatores da vida e do ambiente que o indivíduo experencia ao longo de sua vida. Um indivíduo não deve, porém, limitar-se a essas identificações pessoais com o mundo externo, pois apesar de termos estes registros tão valiosos, não somos estes registros/objetos. Não nos resumimos à superfície da nossa história, e temos um longo caminho de autoconhecimento que nos permite entrar em contato com nossa essência ou “Eu superior, senão seríamos e viveríamos apenas à semelhança da ilusão que temos de nós mesmos. Como explorado por Maslow (1969), as experiências culminantes nos levarão ao frescor e ao descanso de não mais resistirmos ao Ego, pois essas experiências nos aproximam da nossa real identificação, da nossa essência, do nosso “Eu superior”. É como se o estado máximo de identidade fosse anular a si próprio para assim transcender, ir através e além do “ser eu”. E é nesses espaços que descobrimos nosso ser em seu potencial máximo.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER, A. The Individual Psychology of Alfred Adler. New York: Harper Torchbooks, 1956. ASSAGIOLI, R. Psicossíntese. São Paulo: Cultrix, 1997. FADIMAN J., FRAGER R. Teorias da personalidade. São Paulo: Editora Harbra, 1986. FREUD, S. Esboço da psicanálise (1940[1938]). ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1972. FRYREAR, J. L., CORBIT I. E. Photo art therapy: a Jungian perspective. Springfield: Thomas Books, 1992. JUNG C. G. Experimental Researches. In: Jung, C. G. Collected Works of C. G. Jung. Princeton: Princeton University Press, v. 2, 1973. ______. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. HANNA, S. Introdução à obra de Melanie Klein. São Paulo: Imago, 1986. KLEIN, M. The development of a child.

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Psychoanalysis. London: Hogarth Press, v. 4, p. 419-474, 1921. LOWRY, R. A. H. Maslow: an intellectual portrait. Monterey: Brooks/Cole, 1973b. MASLOW, A. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado, 1969. MITCHELL, S. A. The origin and nature of the “object” in the theories of Klein and Fairbairn. In Grotstein, J. S. & Rinsley, D. B. (Eds.) Fairbairn and the origins of object relations. New York: Other Press, 2000. SALDANHA, V. A psicologia transpessoal: um conceito emergente de consciência. Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, 2008. TOLLE, Eckhart. Um novo mundo: o despertar de uma nova consciência. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. WALSH, Roger; VAUGHN, Frances. Caminhos além do ego: uma visão transpessoal. São Paulo: Cultrix, 1999. WINNICOTT, D. W. Teoria do relacionamento paterno-infantil. In: Winnicott, D. W. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artmed, 1960/1983.



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APÊNDICE A – Proposta de Vivência para Ego e Self Objetivo: criar espaço para diálogo entre Ego e Self através de seleção e manipulação de fotografias de álbum pessoal e de família. Obter insights e integrar conteúdos sobre Ego e Self. Corpo teórico: conceitos de unidade, Ego e Self; fototerapia. Modalidade: colagem e construção de objeto pessoal. Recursos utilizados: música evocativa, breve meditação (recurso adjunto), caixa de papel, fotografias, tesoura, cola, canetinhas. Etapas:

reconhecimento1,

identificação2,

desidentificação3,

transmutação4,

transformação5, elaboração6 e integração7. APLICAÇÃO 1) Selecionar e imprimir de 10 a 20 fotos que sejam significativas para a pessoa – tem que terem sido tiradas por ela mesma (ou por outros, no caso de ela estar presente na foto)1. 2) Início da atividade, indivíduo recebe caixa de papelão e coloca o restante dos materiais a postos (fotografias, tesoura, cola e canetinhas)1. 3) Recurso adjunto: breve meditação inicial (5 minutos – atenção plena para conexão consigo no presente)1. Sente-se e vá encontrando uma posição confortável para o seu corpo. Assegure-se que sua coluna está ereta. A espinha é a principal via para o fluxo de energia do nosso corpo. Inspire profundamente. Na expiração, relaxe toda a musculatura do seu corpo e feche os seus olhos. Traga a atenção para os seus sentidos. Sinta o ambiente. Sinta a temperatura do ar em contato com o seu corpo. Ouça os sons ao seu redor. Observe. Respire. Traga a atenção para sua respiração. Não force nenhum ritmo diferente do seu natural. Apenas observe e sinta a respiração. Por onde vem e para onde vai a respiração no seu corpo? Mais para cima no seu peitoral? Mais para baixo no abdomen? Observe. O que aquece no seu corpo com a respiração? O que resfria com a passagem de ar? Observe. Inspire. Expire. Inspire paz. Expire qualquer desconforto.



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Inspire presença. Expire qualquer preocupação. Lentamente vai trazendo a atenção de volta para as sensações do seu corpo. Sinta o peso do seu sentar na cadeira ou no chão. Sinta o contato de suas mãos com suas pernas. Sinta o contato do ar com o seu corpo. Reconheça os sons ao seu redor. Respire profundamente. E quando se sentir pronta, lentamente abra os seus olhos. Com muito cuidado faça lentos movimentos que seu corpo pedir. E vamos, mantendo a mesma qualidade de presença, iniciar o exercício proposto. 4) Construção da caixa: “imagine que essa caixa representa você. Olhando para as fotos, procure o que te chama atenção neste momento e selecione, recorte e cole as imagens nessa caixa. O que está fora? O que está dentro?”2 5) Acabar a caixa, saindo do processo, e observá-la, abrindo-a e fechando-a.3 6) Mediar o seguinte questionamento: “Que aspectos seus estão representados aí? Aspectos físicos, espirituais, familiares, sociais, ocupacionais, emocionais? Existem fases diferentes de sua vida representadas nessa caixa? Quais?”4 7) Agora, “se o que está dentro pudesse dizer uma frase para o que está fora, e vice-versa, o que seria?”. Com as canetinhas, expressar/escrever essas frases na própria caixa ou em um papel a ser colado na parte de dentro, e um na parte de fora.5 8) Refletir sobre o insight ganho ou conteúdo que veio à consciência, e compartilhá-lo com um colega ou terapeuta.6 9) Colaborar em grupo para definir o que é Ego e o que é Self. (Alternativamente, no setting terapêutico, o terapeuta pode auxiliar no desdobramento dos aspectos).



ANEXO A – Photo Art Therapy: a Jungian perspective, cap. 3

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