SENNA-MARTINEZ, J. C. e LUÍS, E. (2015) – O Sector B do Habitat do Ameal-VI e o Neolítico Final da Beira Alta. V. Gonçalves, M. Diniz e A.C. Sousa, Eds. Actas do V Congresso do Neolítico Peninsular. Lisboa. Uniarq. «Estudos e Memórias». 8, p.151-158.

June 14, 2017 | Autor: J.c. Senna-Martinez | Categoria: Megalithic Monuments, Portugal (Archaeology), Settlement archaeology, Late Neolithic
Share Embed


Descrição do Produto

estudos & memórias

5.º Congresso do Neolítico Peninsular VICTOR S. GONÇALVES MARIANA DINIZ ANA CATARINA SOUSA eds.

CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

8

estudos & memórias

Volumes anteriores de esta série:

Série de publicações da UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa) Direcção e orientação gráfica: Victor S. Gonçalves

1. LEISNER, G. e LEISNER, V. (1985) – Antas do Concelho de Reguengos de Monsaraz. estudos e memórias, 1. Lisboa: Uniarch.

8. GONÇALVES, V.S.; DINIZ, M.; SOUSA, A. C., eds. (2015), 684 p. 5.º Congresso do Neolítico Peninsular. Actas. Lisboa: UNIARQ.

2. GONÇALVES, V. S. (1989) – Megalitismo e Metalurgia no Alto Algarve Oriental. Uma aproximação integrada. 2 Volumes. estudos e memórias, 2. Lisboa: CAH/Uniarch/INIC. 

Capa, concepção e fotos de Victor S. Gonçalves. Pormenor de uma placa de xisto gravada da Anta Grande da Comenda da Igreja (Montemor o Novo). MNA 2006.24.1. Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa. Paginação e Artes finais: TVM designers Impressão: Europress, Lisboa, 2015, 400 exemplares ISBN: 978-989-99146-1-2 Depósito Legal: 400 321/15

Copyright ©, os autores. Toda e qualquer reprodução de texto e imagem é interdita, sem a expressa autorização do(s) autor(es), nos termos da lei vigente, nomeadamente o DL 63/85, de 14 de Março, com as alterações subsequentes. Em powerpoints de carácter científico (e não comercial) a reprodução de imagens ou texto é permitida, com a condição de a origem e autoria do texto ou imagem ser expressamente indicada no diapositivo onde é feita a reprodução. Lisboa, 2015.

3. VIEGAS, C. (2011) – A ocupação romana do Algarve. Estudo do povoamento e economia do Algarve central e oriental no período romano. estudos e memórias 3. Lisboa: UNIARQ. 4. QUARESMA, J. C. (2012) – Economia antiga a partir de um centro de consumo lusitano. Terra sigillata e cerâmica africana de cozinha em Chãos Salgados (Mirobriga?). estudos e memórias 4. Lisboa: UNIARQ. 5. ARRUDA, A. M. ed. (2013) – Fenícios e púnicos, por terra e mar, I. Actas do VI Congresso Internacional de Estudos Fenícios e Púnicos, estudos e memórias 5. Lisboa: UNIARQ. 6. ARRUDA, A. M. ed. (2014) – Fenícios e púnicos, por terra e mar, 2. Actas do VI Congresso Internacional de Estudos Fenícios e Púnicos, estudos e memórias 6. Lisboa: UNIARQ 7. SOUSA, E. (2014) – A ocupação pré-romana da foz do estuário do Tejo. estudos e memórias 7. Lisboa: UNIARQ.

INTRODUÇÃO Apresentação do volume

VICTOR S. GONÇALVES, MARIANA DINIZ, ANA CATARINA SOUSA

14

MEIO AMBIENTE, PAISAGEM, ECONOMIA Aprovechamiento de los recursos vegetales no leñosos durante las ocupaciones del Neolítico medio (4400-3900 cal BC) en la cueva de Can Sadurní (Begues, Barcelona)

19

FERRAN ANTOLÍN, RAMON BUXÓ, MANUEL EDO I BENAIGES

Estrategia de recogida de muestras y procesado de sedimento del yacimiento de la Draga. Primeros resultados del análisis de semillas y frutos de la campaña del 2010

27

FERRAN ANTOLÍN, RAMON BUXÓ, STEFANIE JACOMET

Orígenes de la agricultura en la provincia de Málaga: datos arqueobotánicos

36

LEONOR PEÑA­‑CHOCARRO, GUILLEM PÉREZ JORDÀ, JACOB MORALES MATEOS, MÓNICA RUIZ-ALONSO, MARÍA DOLORES SIMÓN VALLEJO, MIGUEL CORTÉS SÁNCHEZ

As flutuações no período Atlântico e as suas implicações sócio­‑económicas: um projecto de estudo comparativo entre regiões de Portugal, Espanha e Brasil

44

LUANA CAMPOS, NELSON ALMEIDA, CRISTIANA FERREIRA, HUGO GOMES, LUIZ OOSTERBEEK, PIERLUIGI ROSINA

Estrategias ganaderas en el yacimiento de la Draga (5200­‑4720 cal BC)

48

MARIA SAÑA SEGUÍ

Prácticas agropecuarias durante el Neolítico antiguo y medio en la cueva de Can Sadurní (Begues, Barcelona)

57

MARIA SAÑA, FERRAN ANTOLÍN, MERCÈ BERGADÀ, LAURA CASTELLS, OLIVER CRAIG, MANEL EDO, CYNTHIANNE SPITERU

A exploração de recursos faunísticos no Penedo do Lexim (Mafra) durante o Neolítico Final

67

MARTA MORENO­‑GARCÍA, ANA CATARINA SOUSA

Zooarqueologia e Tafonomia dos sítios neolíticos da Gruta da Nossa Senhora das Lapas e Gruta do Cadaval (Alto Ribatejo, Portugal Central)

77

NELSON ALMEIDA, PALMIRA SALADIÉ, LUIZ OOSTERBEEK

Evolución de la gestión de la cabaña ovina durante el Neolítico en la cueva del Mirador (Sierra de Atapuerca, Burgos) y sus implicaciones en las características de la ocupación de la cavidad

85

PATRICIA MARTÍN, JOSEP MARIA VERGÈS, JORDI NADAL

Paisajes neolíticos del noroeste de Marruecos: análisis arqueopalinológico de la Cueva de Boussaria J. A.LÓPEZ SÁEZ, D. ABEL SCHAAD, Y. BOKBOT, L. PEÑA CHOCARRO, F. ALBA SÁNCHEZ, A. EL IDRISSI

92

Los cultivos del Neolítico Antiguo de Sintra: Lapiás das Lameiras y São Pedro de Canaferrim: resultados preliminares

98

INÉS L. LÓPEZ­‑DÓRIGA1, TERESA SIMÕES

Paisajes de la neolitización en Andalucía

108

SOFÍA SANZ GONZÁLEZ DE LEMA

HABITAT E TERRITÓRIO El abrigo de Cueva Blanca: un yacimiento de la transición al Neolítico antiguo en el campo de Hellín (Albacete)

117

ALBERTO MINGO, JESÚS BARBA, MARTÍ MAS, JAVIER LÓPEZ, ALFONSO BENITO, PALOMA UZQUIANO, JOSÉ YRAVEDRA, JOSÉ ANTONIO GALANTE, MIRIAM CUBAS, MÓNICA SOLIS, BÁRBARA AVEZUELA, IGNACIO MARTÍN, CARMEN GUTIÉRREZ, MATTEO BELLARDI, SOLEDAD GARCÍA, ESTRELLA PALACIOS, JAVIER HERNÁNDEZ, NATALIA ÜRIGUEN, JESÚS DOMÍNGUEZ

Fire walk with me. O sítio de Cova da Baleia e as primeiras arquitecturas domésticas de terra no Centro e Sul de Portugal

123

ANA CATARINA SOUSA, VICTOR S. GONÇALVES

La ocupación del Neolítico antiguo cardial de Benàmer (Muro de l’Alcoi, Alicante)

143

GABRIEL GARCÍA ATIÉNZAR, PALMIRA TORREGROSA GIMÉNEZ, FRANCISCO JAVIER JOVER MAESTRE, EDUARDO LÓPEZ SEGUÍ

O Sector B do Habitat do Ameal­‑VI e o Neolítico Final da Beira Alta

151

JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS

A Estação do Neolítico Antigo do Carrascal (Oeiras, Lisboa,Portugal)

159

JOÃO LUÍS CARDOSO

Inicios de la ocupación neolítica de la Cova d’En Pardo (Planes, Alicante). Avance de estudio pluridisciplinar de los niveles VIII y VIIIb de la cavidad de Planes, Alicante

169

JORGE A. SOLER, DAVID DUQUE, CARLES FERRER, GABRIEL GARCÍA, OLGA GÓMEZ, PERE GUILLEM, PILAR IBORRA, RAFAEL MARTÍNEZ, GUILLEM PÉREZ, CONSUELO ROCA DE TOGORES, TERESA XIMÉNEZ DE EMBÚN

La Cueva del Vidre (Roquetes, Bajo Ebro). Asentamiento del Mesolítico y del Neolítico Antiguo en la Cordillera Costera Catalana meridional

182

JOSEP BOSCH

La Cueva de Els Trocs: un asentamiento del Neolítico Antiguo junto al Pirineo Axial

189

MANUEL ROJO GUERRA, JOSÉ IGNACIO ROYO GUILLÉN, RAFAEL GARRIDO PENA, ÍÑIGO GARCÍA MARTÍNEZ DE LAGRÁN, CRISTINA TEJEDOR RODRÍGUEZ, HÉCTOR ARCUSA MAGALLÓN, LEONOR PEÑA CHOCARRO, MARTA MORENO

Novos contextos neolíticos nas espaldas setentrionais do Maciço Calcário Estremenho: o caso do sítio do Freixo (Reguengo do Fetal, Batalha) MARCO ANTÓNIO ANDRADE

198

Veguillas (Cáceres): un nuevo núcleo de poblamiento neolítico en el interior de la Península Ibérica

208

PABLO ARIAS, ENRIQUE CERRILLO CUENCA, MARY JACKES, DAVID LUBELL

Aportaciones a la ocupación durante el Neolítico Inicial del piedemonte del Subbético Cordobés: el enclave del Castillo de Doña Mencía (Córdoba)

218

RAFAEL MARÍA MARTÍNEZ SÁNCHEZ, JUAN FRANCISCO GIBAJA BAO, JOSÉ LUÍS LIÉBANA MÁRMOL, IGNACIO MUÑIZ JAÉN, ÁNGEL RODRÍGUEZ AGUILERA

La Draga en el contexto de las evidencias de ocupación del lago de Banyoles

228

I. BOGDANOVIC, A. BOSCH, R. BUXÓ, J. CHINCHILLA, A. PALOMO, R. PIQUÉ, M. SAÑA, J. TARRÚS, X. TERRADAS

O sítio do Neolítico antigo de Casas Novas (Coruche). Leituras preliminares

236

VICTOR S. GONÇALVES, ANA CATARINA SOUSA

A ocupação neolítica da gruta de Ibne Ammar (Lagoa, Algarve, Portugal)

256

RUI BOAVENTURA, RUI MATALOTO, DIANA NUKUSHINA, CARL HARPSÖE, PETER HARPSÖE

La Casa del Tabaco (El Carpio, Córdoba). Un establecimiento neolítico en el interior de un meandro del Guadalquivir

264

RAFAEL MARÍA MARTÍNEZ SÁNCHEZ

Nuevas aportaciones al Neolítico Antiguo de la Cueva de Nerja (Málaga, España)

273

MARÍA AGUILERA AGUILAR, M.ª ÁNGELES MEDINA ALCAIDE, ANTONIO ROMERO ALONSO

Campo de investigação arqueológica do Castelo dos Mouros, Sintra (Portugal): achado de um vaso neolítico inteiro

280

MARIA JOÃO DE SOUSA, ANTÓNIO FAUSTINO CARVALHO

MUDANÇA E LEITURAS REGIONAIS O Neolítico antigo no Ocidente Peninsular: reflexões a partir de algumas lacunas no registo arqueográfico

287

MARIANA DINIZ

O neolítico na historiografia portuguesa: (alguns) textos e contextos

299

ANA CRISTINA MARTINS

A Pré­‑História Recente do Vale do Baixo Zêzere

306

ANA CRUZ

A 2.ª metade do V Milénio no Ocidente Peninsular: algumas problemáticas a partir da cultura material

314

CÉSAR NEVES

Reflexiones sobre los inicios del Neolítico en el sector SO de la Submeseta Norte española a partir de los documentos de La Atalaya (Muñopepe, Ávila) E. GUERRA DOCE, P. J. CRUZ SÁNCHEZ, J. F. FABIÁN GARCÍA, P. ZAPATERO MAGDALENO, S. LÓPEZ PLAZA

323

El yacimiento de «El Prado». Nuevas evidencias sobre la ocupación Neolítica en el Altiplano de Jumilla (Murcia, España)

331

GABRIEL GARCÍA ATIÉNZAR, FRANCISCO JAVIER JOVER MAESTRE, JESÚS MORATALLA JÁVEGA, GABRIEL SEGURA HERRERO

Formas y condiciones de la sedentarización en el Alto Guadalquivir. Economia y hábitat entre el IV y el III milenios a.C.

339

JUAN ANTONIO CÁMARA SERRANO, JOSÉ ANTONIO RIQUELME CANTAL

Novedades en el registro arqueológico de las sociedades tribales neolíticas del Norte de Marruecos

349

JOSÉ RAMOS, MEHDI ZOUAK, EDUARDO VIJANDE, ANTONIO CABRAL, JOSÉ MARÍA GUTIÉRREZ, SALVADOR DOMÍNGUEZ­‑BELLA, ALI MAATE5, ADELAZIZ EL IDRISSI, ANTONIO BARRENA, JUAN JESÚS CANTILLO, MANUELA PÉREZ

Demografìa y control del territorio entre el IV y el III Milenios a.C. en el Pasillo de Tabernas (Almería, España)

359

LILIANA SPANEDDA, FRANCISCO MIGUEL ALCARAZ HERNÁNDEZ, JUAN ANTONIO CÁMARA SERRANO, FERNANDO MOLINA GONZÁLEZ, ANTONIO MANUEL MONTUFO MARTÍN

O Neolítico do concelho de Arraiolos: um ponto da situação

369

LEONOR ROCHA, IVO SANTOS

Poblando el Neolítico Antiguo de la depresión del Ebro: la cerámica de La Ambrolla (La Muela, Zaragoza)

378

MANUEL BEA, FERNANDO PÉREZ­‑LAMBÁN, RAFAEL DOMINGO, PILAR LAPUENTE, JESÚS IGEA, PAULA URIBE, IEVA REKLAITYTE

Onde é que habitaram? Novos dados sobre a Neolitização retirados do exemplo do Vale do rio Sizandro (Torres Vedras, Portugal)

385

RAINER DAMBECK, MICHAEL KUNST, HEINRICH THIEMEYER, ARIE J. KALIS, WIM VAN LEEUWAARDEN, NICO HERRMANN

Prospecciones sistemáticas en la Depressió de L’Alcoi (Alacant ): analizando las colecciones superficiales

397

SALVADOR PARDO GORDÓ, AGUSTÍN DIEZ CASTILLO, JOAN BERNABEU AUBÁN, VÍCTOR CHAOS LÓPEZ, LLUÍS MOLINA BALAGUER, MICHAEL C. BARTON

La cronología absoluta de la minería de sílex en Casa Montero (Madrid)

405

SUSANA CONSUEGRA, PEDRO DÍAZ­‑DEL­‑RÍO

CULTURA MATERIAL E TECNOLOGIAS Los ornamentos en materia ósea del neolítico en el poblado de Los Castillejos de Montefrío

415

CLAUDIA PAU

A presença da decoração «falsa folha de acácia» nas cerâmicas do Neolítico antigo: o caso do Abrigo Grande das Bocas (Rio Maior, Portugal) DIANA NUKUSHINA

419

Observaciones e hipótesis sobre diversas funciones de los ocres en cinco yacimientos neolíticos de la provincia de Cádiz

429

ESTHER M.ª BRICEÑO BRICEÑO, M.ª LAZARICH GONZÁLEZ, JUAN V. FERNÁNDEZ DE LA GALA

Minas, joyas y más allá. Minería y producción de adornos de variscita durante el Neolítico en Gavà (Barcelona)

438

JOSEP BOSCH, FERRAN BORRELL, TONA MAJÓ

La industria lítica y los elementos de adorno del dolmen de Katillotxu I (Mundaka, Bizkaia). Contexto arqueológico y caracterización petrológica

447

JUAN CARLOS LÓPEZ QUINTANA, AMAGOIA GUENAGA LIZASU, SALVADOR DOMÍNGUEZ-BELLA, ANDONI TARRIÑO VINAGRE

Estudio de las cerámicas decoradas del Neolítico Antiguo avanzado del yacimiento de Los Castillejos (Montefrío, Granada)

459

M.ª TERESA BLÁZQUEZ GONZÁLEZ, JUAN ANTONIO CÁMARA SERRANO, JOSEFA CAPEL MARTÍNEZ, FERNANDO MOLINA GONZÁLEZ

Los útiles de percusión y la organización del trabajo en la mina de sílex de Casa Montero (Madrid, 5300­‑5200 cal AC)

465

MARTA CAPOTE

Las Cadenas Operativas de fabricación de instrumentos retocados en el conjunto lítico de Casa Montero (Madrid)

474

NURIA CASTAÑEDA, CRISTINA CASAS, CRISTINA CRIADO, AURORA NIETO

La producción laminar de Casa Montero (Madrid)

480

NURIA CASTAÑEDA, CRISTINA CRIADO, AURORA NIETO, CRISTINA CASAS

La industria lítica del yacimiento de transición al Neolítico de Cueva Blanca (Hellín, Albacete)

486

JESÚS BARBA, ALBERTO MINGO

La industria lítica tallada en el Llano de la Cueva de los Covachos (Almadén de la Plata, Sevilla). Una aproximación tecnocultural

492

PEDRO MANUEL LÓPEZ ALDANA, JOSÉ ANTONIO CARO, ANA PAJUELO PANDO

La indústria lítica tallada del Neolítico Final­‑Calcolítico en el nordeste peninsular. Mundo doméstico versus mundo funerario

497

ANTONI PALOMO, RAFEL ROSILLO, XAVIER TERRADAS, JUAN FRANCISCO GIBAJA

La Draga. Una aproximación al estilo decorativo. ANGEL BOSCH LLORET, JOSEP TARRUS GALTER

504

SIMBOLISMO, ARTE E MUNDO FUNERÁRIO Novos dados para o estudo dos grandes conjuntos de menires do Alentejo Central

513

ANA LÚCIA FERRAZ

O núcleo Megalítico do Taím/Leandro, o caso de estudo das mamoas 4 e 5 do Leandro, concelho da Maia, Porto, Portugal

522

TOMÉ RIBEIRO, LUÍS LOUREIRO

O Monumento 9 de Alcalar

532

ELENA MORÁN

El neolítico en el corredor Alto Ebro­‑Alto Duero: dos hallazgos funerarios del Neolítico Antiguo y Reciente en Monasterio de Rodilla (Burgos)

540

CARMEN ALONSO FERNÁNDEZ, JAVIER JIMÉNEZ ECHEVARRÍA

A arte rupestre esquemática pintada no contexto megalítico da Serra de São Mamede

547

JORGE DE OLIVEIRA, CLARA OLIVEIRA

Novas e velhas análises da arquitectura megalítica funerária: o caso da Mamoa do Monte dos Condes (Pavia, Mora)

557

LEONOR ROCHA, PEDRO ALVIM

La cámara megalítica de Chousa Nova 1 (Silleda, Pontevedra): ¿Rotura intencional o colapso?

564

M.ª JOSÉ BÓVEDA FERNÁNDEZ, XOSÉ IGNACIO VILASECO VÁZQUEZ

Nuevos datos para el conocimiento de los rituales funerarios practicados por las comunidades agropastoriles en la Baja Andalucía. La necrópolis de Paraje de Monte Bajo (Alcalá de los Gazules, Cádiz)

571

MARÍA LAZARICH, JUAN VALENTÍN FERNÁNDEZ DE LA GALA, ANTONIO RAMOS, ESTHER BRICEÑO, MERCEDES VERSACI, MARÍA JOSÉ CRUZ

El simbolismo de las hachas pulimentadas neolíticas a través de los documentos arqueológicos de la Submeseta Norte Española. Entre el colectivismo y la individualización

578

RODRIGO VILLALOBOS GARCÍA

Arte rupestre neolítica: uma primeira abordagem aos abrigos pintados do território português

585

ANDREA MARTINS

Las Estelas neolíticas con cuernos de la Serra del Mas Bonet (Vilafant, Alt Empordà – Nordeste Peninsular)

591

RAFEL ROSILLO, ANTONI PALOMO, JOSEP TARRÚS, ÀNGEL BOSCH

Implantación, diversidad y duración del Megalitismo en Andalucía

598

JUAN ANTONIO CÁMARA SERRANO, FERNANDO MOLINA GONZÁLEZ

As presenças de vivos e mortos na área de Belas e Carenque: sincronia e diacronia nos 4.º e 3.º milénios a.n.e. RUI BOAVENTURA, GISELA ENCARNAÇÃO, JORGE LUCAS

610

MESOLÍTICO E NEOLÍTICO ANTIGO. TRANSIÇÕES, MUDANÇAS E SUBSTITUIÇÕES The «African Mirage» is a delusion indeed. The distribution of the obsidian from Pantelleria rejects a Maghreb route for the neolithization of Iberia

623

JOÃO ZILHÃO

O Mesolítico e o Neolítico antigo: o caso dos concheiros de Muge

631

NUNO BICHO, RITA DIAS, TELMO PEREIRA, JOÃO CASCALHEIRA, JOÃO MARREIROS, VERA PEREIRA, CÉLIA GONÇALVES

O Mesolítico e o Neolítico antigo: o caso dos concheiros do Sado

639

PABLO ARIAS CABAL, MARIANA DINIZ

Neolitização da costa sudoeste portuguesa. A cronologia de Vale Pincel I

645

CARLOS TAVARES DA SILVA, JOAQUINA SOARES

A CONCLUIR Alguns casos de placas de xisto gravadas excepcionais do Sul de Portugal: Anta do Curral da Antinha, Anta Grande da Comenda da Igreja, Anta do Zambujo, Gruta artificial Alapraia 2

662

VICTOR S. GONÇALVES

MEMÓRIAS RECENTES...

677

O Sector B do Habitat do Ameal­‑VI e o Neolítico Final da Beira Alta ■ JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ1, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS2

O Habitat do Ameal­‑VI (Carregal do Sal, Viseu) foi o primeiro sítio de habitat correlacionável com a fase de apogeu do megalitismo beirão a ser descoberto em 1987 (Senna­‑Martinez, 1995/1996). O seu Sector B, com vestígios de várias estruturas habitacionais, foi intervencionado entre 1999­‑2001 e em 2006. Apresenta­‑se aqui uma primeira síntese interpretativa dos resultados obtidos enquadrando­‑a no que hoje é conhecido sobre o Neolítico Final regional. RESUMO

Palavras­‑ chave: Neolítico Final, Beira Alta, habitat. A B S T R A C T The habitat site of Ameal­‑VI (Carregal do Sal, Viseu) was the first of such sites

to be discovered (in 1987) and linked to the apogee of Central Portugal Megalithism (Senna­ ‑Martinez, 1995/1996). The Sector B of this site, encompassing several structures of domestic character, was excavated between 1999­‑2001 and again in 2006. We present here a first interpretative synthesis of the data obtained and discuss its place in the regional Late Neolithic. Keywords: Late Neolithic, Central Portugal, settlement.

O sítio, o seu enquadramento e contextos O Habitat do Ameal­‑VI (Fig. 1) situa­‑se no pequeno planalto, parte do interflúvio entre o Mondego e o Dão, limitado a sudoeste pelo vale do primeiro daqueles rios e a noroeste pela ribeira de Cabanas ou do Boi. Localiza­ ‑se na Freguesia de Oliveira do Conde, Concelho de Car‑ regal do Sal O Habitat do Ameal VI fica a cerca de 600 m a ocidente da Orca dos Fiais da Telha, na vertente suave que é sobranceira à baixa onde se situam as Orcas 1 e 2 de Oli‑ veira do Conde, da primeira das quais dista cerca de 1300 m. No topo do interflúvio, entre o habitat e a Orca dos Fiais  e, respectivamente, a cerca de 125 m e 150 m deste, ficam dois pequenos monumentos megalíticos, as Orcas 1 e 2 do Ameal. Foi descoberto em 1987 quando se procedeu ao reco‑ nhecimento e prospecção de uma série de talhões recém­‑plantados com pinhal, onde, trazidos à superfície pela lavra profunda efectuada, diversos materiais indica‑ vam a presença de um sítio arqueológico atribuível ao Neolítico. Os trabalhos iniciados em 1987 e continuados em 1988, 1989, e 1991 incidiram, na sua maior parte, sobre a faixa ocupada pelo estradão (Sector A – Fig. 1b), única área poupada pelas garras das máquinas utilizadas na preparação do terreno para o plantio do pinhal nos talhões que a enquadram (Senna­‑Martinez, 1995/1996.).

A intervenção abrangeu um total de 165 m2 ao longo de 41 m do estradão. Tendo revelado os pisos de três habitações ­– Cabanas 1 a 3 – das quais apenas a primeira e a última se apresentavam bem conservadas. O Sector B (Fig. 1b) – Uma segunda série de interven‑ ções ocorreu em 1999, 2000, 2001e 2006 incidindo sobre um segundo sector (Sector B) localizado aproximada‑ mente 60 m a sul da Cabana 1 do Sector A. Neste sector e de modo semelhante ao verificado no Sector A pudemos escavar uma área total de 89 m2 cor‑ respondendo a quatro pisos de cabanas, cortados pelas garras da máquina que preparou o plantio de pinheiros mas reconhecíveis pelos respectivos pisos de argila atra‑ vessados por buracos de poste. Os quatro – as Cabanas 1 a 4 – foram integralmente expostos. Uma vez que as unidades estratigráficas (UEs) que definem os pisos de cabana são constituídas de forma similar por «camadas lenticulares» mais espessas nas zonas centrais e muito finas na periferia e é impossível – na ausência de elementos datáveis como no caso das Cabanas 1 e 3 do Sector A – diferenciar os respectivos epi‑ sódios de utilização, configurando uma estratigrafia horizontal, optámos por tratar o conjunto de UEs que ocupam cada uma destas áreas, incluindo os remexi‑ mentos das valas que as cortam, como parte de um único conjunto atribuído à respectiva «cabana», assim pensada como reflectindo uma única etapa de utilização, con‑ quanto de duração indefinida embora restrita.

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

151

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

Fig. 1 Habitat do Ameal VI: a – Localização na Península Ibérica; b– implantação topográfica dos dois sectores de AM6H.

Fig. 3 Planta da Cabana 1 do Sector B do habitat do Ameal­‑VI.

Fig. 2 Planta do conjunto das estruturas identificadas no Sector B do habitat do Ameal­‑VI.

152

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

nhado funções como «assador» semelhante aos silos do Sector A de que não conhecemos equivalente no con‑ junto de estruturas identificadas no Sector B. Podemos afirmar que os dados obtidos pela escavação das estruturas do Sector B, não obstante não tenha sido possível, até ao momento, aí recolher qualquer amostra passível de datagem radiocarbónica, confirmaram de um modo geral os resultados obtidos com a escavação do Sector A. Fig. 4 Fragmentos de alabarda em sílex fracturados termicamente provenientes da lareira da Cabana 1.

Os materiais A Olaria3 O conjunto de olaria recolhido nos quatro contextos habitacionais permitiu identificar um número mínimo de 208 recipientes, dos quais 162 permitem atribuição de forma e 42 permitiram reconstituição gráfica integral. Na Tabela 1 apresenta­‑se a distribuição destes valores pelos contextos estudados.

Tabela 1 Amostras de olaria das Cabanas do Sector B do habitat do Ameal­‑VI

Fig. 5 Planta da Cabana 2 do Sector B do habitat do Ameal­‑VI.

As Cabanas 1 a 4 (Fig. 2) do Sector B apresentam plan‑ tas grosseiramente elipsoidais, algo mais regulares que as suas congéneres do Sector A com, respectivamente, 6 m x 3 m, 4,5 m x 2,5 m, 4 m x 3,5 m e 3 m x 2,5 m. A pri‑ meira é limitada por 13 buracos de poste e possui outros três no seu interior dispostos aproximadamente de nor­ ‑noroeste para su­‑sueste; a segunda é limitada apenas por 10 e não identificámos nenhum interior; a terceira é limitada por 16 buracos de poste com 2 interiores; enquanto a quarta é limitada por 11 buracos de poste sem que tenhamos identificado nenhum interior. A Cabana 1 (Fig. 3) revelou uma lareira em fossa sim‑ ples, preenchida por uma «caixa térmica» pétrea, incluindo restos de moventes e dormentes em granito e percutores em quartzo, ocupando um dos focos da res‑ pectiva elipse. Do seu interior provêm diversos fragmen‑ tos de uma alabarda em sílex fracturada por acção tér‑ mica (Fig. 4). A Cabana 2 (Fig. 5) apresenta uma lareira organizada de modo a aproveitar uma laje granítica para o fundo e, encaixado no seu lado sul e parcialmente enterrado numa pequena fossa de modo a ficar com o bocal um pouco acima da superfície do terreno, um glo‑ bular de grandes dimensões que poderá ter desempe‑

Contexto

NMI

Ndb

NF

Ri

Cabana 1

105

74 (70,5%)

76 (72,4%)

29 (27,6%)

Cabana 2

30

23 (76,6%)

23 (76,6%)

8 (26,6%)

Cabana 3

63

53 (84,1%)

53 (84,1%)

11 (17,5%)

Cabana 4

10

10 (100%)

10 (100%)

3 (30%)

Total

208

160 (76,9%)

162 (77,9%)

42 (20,2%)

NMI­‑ N.º mínimo de indivíduos; Ndb­‑ N.º de indivíduos com diâmetro de bocal; NF­‑ N.º de indivíduos com determinação de forma; RI­‑ N.º de indivíduos com reconstituição gráfica integral.

Os contextos com maior número de recipientes são inequivocamente as cabanas 1 e 3. No entanto, todos os conjuntos apresentam um bom estado de preservação dos materiais cerâmicos atendendo às altas percenta‑ gens de cálculo de diâmetro interno, número de formas atribuídas e reconstituição integral. Na Tabela 2 encontra­‑se sintetizada a dispersão de for‑ mas por tipos e subtipos (Fig. 6) para cada um dos con‑ textos considerados. Como é frequente para os contextos habitacionais conhecidos para a época, a distribuição das formas apre‑ senta um predomínio das formas abertas, as Taças e as Tigelas, nas quais se destaca o gosto por taças hemi­ ‑elipsoidais e em calote e por tigelas hemi­‑elipsoidais e parabolóides, adequadas para preparação e consumo de alimentos. Os diâmetros destes dois tipos de recipientes centram­‑se entre os 15 e 30 cm, indicando a existência de taças e tigelas de pequeno e médio tamanho, ideais quer para utilização individual no consumo de alimentos, quer para consumo colectivo ou «serviço de mesa».

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

153

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

Fig. 6 Principais Formas cerâmicas do Sector B do habitat do Ameal­‑VI.

As formas fechadas são também significativas no con‑ junto, representadas sobretudo pelos Esféricos e Globu‑ lares, com destaque para os esféricos simples e para os globulares de colo baixo e de colo troncocónico. Esta cate‑ goria de recipientes está tradicionalmente associada à armazenagem de líquidos. Em sentido oposto, os pratos, as taças carenadas, as tigelas fundas de pequena dimen‑ são e o vaso fundo tipo saco são claramente minoritárias. Se esta distribuição formal é semelhante nas cabanas 1, 3 e 4, a cabana 2 apresenta algumas variações percentu‑ ais. De facto, a representatividade das formas parece mais equitativa neste contexto, no qual a anterior diferença sig‑

154

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

nificativa entre pratos / taças carenadas e taças / tigelas se apresenta aqui menos marcada. No que diz respeito às pastas, verificou­‑se uma grande semelhança nos recipientes das cabanas 1, 3 e 4. A con‑ sistência é maioritariamente compacta; a textura apresenta­‑se quase sempre xistosa e a cozedura é predo‑ minantemente redutora. Tal como no repertório formal, a cabana 2 destaca­‑se pela diversidade de características. Assim, a consistência é compacta em 45% dos casos e média em 40%; a textura é xistosa em 65% dos casos e arenosa em 30%; a cozedura é maioritariamente oxi‑ dante (60%), seguida de redutora (30%). Os elementos

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

Tabela 2 Tipos e sub­‑tipos de olaria por cabana Tipo

Cabana 1

Cabana 2

Cabana 3

Cabana 4

Total

1.1 Prato de lábio invertido

1

1

0

0

2

1.2 Prato hemi­‑elipsoidal

1

1

3

0

5

1.3 Prato carenado

1

1

0

0

2

1.4 Prato em Calote

0

0

1

0

1

1.5 Prato bordo espessado

2

1

1

0

4

5 (6,6%)

4 (16,6%)

5 (9,4%)

0 (0%)

14

2.1 Taça de lábio invertido

2

1

4

0

7

2.2 Taça funda

1

0

2

0

3

2.3 Taça hemi­‑elipsoidal

12

1

2

2

17

2.4 Taça hemi­‑elipsoidal funda

7

2

1

1

11

2.5 Taça em calote

13

2

13

4

32

2.6 Taça parabólica

1

0

0

0

1

36 (47,4%)

6 (25%)

22 (41,5%)

7 (70%)

71

3 (3,9%)

3 (12,5%)

0 (0%)

0 (0%)

6

4.1 Tigela hemi­‑elisoidal

5

3

3

0

11

4.2 Tigela Parabolóide

5

0

2

1

8

4.3 Tigela subesférica

1

0

3

0

4

11 (14,5%)

3 (12,5%)

8 (15,1%)

1 (10%)

23

5.1 Esférico simples

6

6

6

0

18

5.2 Esférico de bordo exvertido

0

0

1

0

1

6 (7,9%)

6 (25%)

7 (13,2%)

0 (0%)

19

6.1.2 Globular de colo vertical

0

0

1

0

1

6.2 Globular de colo baixo

5

1

0

0

6

6.3 Globular de colo troncocónico

5

0

3

1

9

6.4 Globular de colo estrangulado

1

0

0

0

1

6.5.2 Globular de colo estrangulado com mamilo

0

0

1

0

1

11 (14,5%)

1 (4,2%)

5 (9,4%)

1 (10%)

18

8.1 Esférico achatado

1

0

2

0

3

8.2 Globular achatado

2

0

0

0

2

3 (3,9%)

0

2 (3,8%)

0

5

0 (0%)

0

1 (1,9%)

1 (10%)

2

1 (1,3%)

1 (4,2%)

3 (5,7%)

0 (0%)

0

76 (100%)

24 (100%)

53 (100%)

10 (100%)

163

1­‑Total

2­‑Total 3.1 Taça baixa de carena alta

4­‑Total

5­‑Total

6­‑Total

8­‑Total 11.1 Tigela funda de pequena dimensão 13.2 Vaso fundo tipo saco TOTAL

não plásticos são, em todos os contextos, de pequeno ou médio tamanho e pouco frequentes ou frequentes. Por último, apenas foram identificados alisados simples como tratamento de superfície. Em todo o conjunto não foi identificado um único frag‑ mento decorado. Tendo presente os dados do Sector A do sítio aqui con‑ siderado (Senna­‑Martinez, 1995/1996, p. 92­‑95), pode‑

mos reafirmar que ambos os sectores pertencerão ao mesmo ambiente cultural, senão genericamente con‑ temporâneo. De facto, e olhando aqui exclusivamente para o conjunto de olaria, as semelhanças são evidentes: ambos os conjuntos apresentam uma distribuição for‑ mal no qual se privilegiam as formas abertas, com as taças na ordem dos 30­‑40% em ambos os casos, as tige‑ las com valores entre 14­‑15% no Sector B e entre 14­‑30%

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

155

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

no Sector A; e nos dois contextos as formas fechadas, tra‑ dicionalmente associadas à contenção de líquidos, ocu‑ pam um lugar secundário mas não menos representa‑ tivo, como comprovam os globulares, representados em cerca de 5­‑20%, e os esféricos, compreendidos entre 10­‑25% dos recipientes identificados. Também no Sector A verificamos a pouca expressividade dos pratos e das taças carenadas. A análise das pastas efectuada aos fragmentos do sec‑ tor B não traz diferenças significativas quanto à caracte‑ rização tecnológica dos recipientes. No Sector A as pas‑ tas são maioritariamente compactas e de textura xistosa, com elementos não plásticos relativamente abundantes com alguns de calibre grosseiro, constituindo esta última a principal diferença entre os dois sítios.

A Indústria lítica4 Os materiais líticos provenientes das quatro «cabanas» totalizam 306 registos dos quais 133 pertencem à Cabana 1 e 121 à Cabana 3, únicos conjuntos passíveis de análise mais aprofundada (Tabela 3). Sendo natural que a amos‑ tra da Cabana 4 seja menor por se tratar de um caso de escavação apenas parcial do respectivo chão ou piso, no caso da Cabana 2, integralmente escavada, a escassez da indústria lítica suscita outras reflexões. Um aspecto generalizável aos quatro conjuntos é o facto da baixa proporção dos utensílios no total dos materiais talhados identificados, em comparação com a frequência elevada dos subprodutos de talhe e mesmo dos suportes, evidenciar talhe local como uma das acti‑ vidades desenvolvidas neste habitat. No caso de Cabana 3 isto é ainda mais claro uma vez que 32 elementos clas‑ sificados entre os utensílios dizem respeito aos fragmen‑ tos, evidenciando fractura térmica, de uma única prová‑ vel alabarda depositada dentro da caixa térmica da respectiva lareira. Ao contrário do que verifica nas Cabanas do Sector A (Senna­‑Martinez, 1995/1996: p. 96­‑98) a matéria­‑prima aqui predominante é o quartzo (principalmente sob a variedade de quartzo leitoso – cf. Tabela 4)5. O mesmo transparece na pouca representatividade dos suportes alongados simples ou transformados, seja de maior dimensão, vulgo lâminas (7 em sílex, 1 em calcário silici‑ ficado, 1 em grauvaque e quatro em quartzo leitoso), ou das lamelas em que das 13 ocorrências apenas duas são de sílex. Outro indicador no mesmo sentido vem da pre‑ dominância das lascas como suporte ou produto de talhe todas produzidas em quartzo. A indústria lítica talhada das Cabanas 1 e 3 sugere uma economia de talhe em que se combinam: a utilização de escassos suportes alongados em sílex, provavelmente importados, cujo elevado grau de fragmentação e trans‑ formação sucessiva pressupõe uma utilização até quase à exaustão; o talhe local de pequenos nódulos sobretudo de quartzo, para a produção de algumas lamelas mas,

156

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

principalmente, de lascas utilizadas tal qual ou transfor‑ madas em raspadores, buris, furadores e tranchets; final‑ mente a utilização de prismas de quartzo permitiu o fabrico expedito de U.A.D. Também no que se reporta à pedra polida algumas dife‑ renças separam os dados deste sector em relação às Cabanas 1 e 3 do Sector A. Enquanto neste último caso se contam por mais de três dezenas os restos, normalmente de grandes dimensões, de dormentes de mó em granito (Senna­‑Martinez, 1989), no Sector B apenas recolhemos evidência de sete, a que se devem adicionar 12 moventes. Com a agravante de que, neste caso, falamos de 4 estru‑ turas habitacionais, contra duas no primeiro caso. No que respeita aos instrumentos cortantes em pedra polida quer as duas enxós (Cabanas 2 e 3) quer os seis fragmentos de anfibolito polido são semelhantes aos provenientes do Sector A. As três «lascas de gume» recolhidas evidenciam a uti‑ lização local deste tipo de artefactos pois provavelmente resultam de acidentes de uso. Pela sua assimetria devem provir de enxós. As três lascas restantes podem provir igualmente de acidentes de uso ou de reavivamento de utensílios danificados. No capítulo dos «não­‑artefactos» ou «manuportes» temos a referir um conjunto de 16 percutores em quartzo distribuídos pelas Cabanas 1, 2 e 3 e a presença igual‑ mente regular de seixos rolados, 54 no total, dos quais 7 são em quartzito, 23 em quartzo e 24 são em xisto. Dez dos seixos de xisto e um de quartzito evidenciam uso como polidores ou alisadores, provavelmente de olaria.

Os dados do Sector B do Habitat do Ameal­‑VI no âmbito regional Os conjuntos de olaria estudados no âmbito do Neolí‑ tico Final da Bacia do Mondego não são muito numero‑ sos (Senna­‑Martinez e Ventura, 2008, p. 342). Aos contex‑ tos funerários conhecidos e estudados6 juntam­‑se os conjuntos em contexto habitacional das Cabanas 1 e 3 do Sector A do Ameal­‑VI (NMI respectivamente 57 e 63), Cabana 1 do Murganho 2 (NMI=16) e Cabanas 1 e 2 da Quinta Nova (NMI respectivamente 19 e 20). (Senna­ ‑Martinez e Ventura, 2008, p.342) Um primeiro aspecto a referir, de que os conjuntos aqui abordados não destoam, consiste na grande coerên‑ cia formal de todos eles. Não só a frequência dos grandes grupos de Formas varia dentro de intervalos curtos (Senna­‑Martinez e Ventura, 2008, p.342), como as pastas mantêm uma grande uniformidade regional. A simplicidade, melhor seria dizer ausência, decora‑ tiva, é a um tempo marcador cronológico generalizável à metade sul do espaço hoje português e indicativa de um carácter secundário desta enquanto marcador identitá‑ rio que o Calcolítico verá alterar­‑se. De facto e para a nossa área de estudo, apenas alguns aspectos de detalhe das Formas e, nomeadamente, do bordo parecem distin‑

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

Tabela 3 Tipologia das indústrias líticas das Cabanas do Sector B do habitat do Ameal­‑VI C1

C2

C3

C4

Total

NT

%

NT

%

NT

%

NT

%

NT

%

Ponta de seta

1

2

0

 

3

30

 

 

4

8

Alabarda frgm.

32

80

0

 

0

0

 

 

32

63

Buril

1

2

0

 

0

0

 

 

1

2

Raspador

1

2

0

 

1

10

 

 

2

4

Furador

0

0

1

 

0

0

 

 

1

2

Elemento de foice

1

2

0

 

2

20

 

 

3

6

Foice s/lâmina

2

5

0

 

2

20

 

 

4

8

Tranchet

1

2

0

 

1

10

 

 

2

4

UAD

1

0

1

 

1

10

 

 

3

6

Total utensílios

40

39

2

1

10

11

0

0

52

25

Lamelas

3

21

1

 

8

61

 

 

12

41

Lâmina

3

21

0

 

1

7

1

 

5

17

Lasca

8

57

0

 

4

30

 

 

12

41

Total produtos de talhe

14

13

1

0

13

15

1

11

29

14

Micro­‑buril prox.

0

0

0

0

1

1

0

0

1

1

Lasca cortical

7

14

1

12

4

6

0

0

12

9

Núcleo

7

14

2

25

4

6

2

25

15

11

Flanco de núcleo

7

14

1

12

10

16

2

25

20

15

Tabuinha de reavivagem núcleo

0

0

0

0

3

4

0

0

3

2

Resto de talhe

27

56

4

50

39

63

4

50

74

57

Total sub­‑produtos de talhe

48

47

8

72

61

72

8

88

125

61

Total elementos talhados

102

 

11

 

84

 

9

 

206

100

Dormente de mó

2

25

1

 

2

15

2

 

7

 

Movente de mó

1

12

1

 

9

69

1

 

12

 

Enxó

0

0

1

 

1

7

 

 

2

 

Fragm. Anfibolito polido

2

25

0

 

1

7

 

 

3

 

Fragm. Gume anfibolito polido

3

37

0

 

0

 0

 

 

3

 

Total elementos polidos

8

 

3

 

13

 

3

 

27

 

Percutores

6

 

5

 

5

 

 

 

16

 

Seixo rolado

13

 

11

 

19

 

10

 

53

 

Termoclasto

4

 

0

 

0

 

 

 

4

 

133

 

30

 

121

 

22

 

306

 

TOTAL DE LÍTICOS

guir algumas peças regionais das suas congéneres estre‑ menhas e do sudoeste (Senna­‑Martinez, 1989). A Plataforma do Mondego surge, durante o Neolítico, como uma área cultural em que o pouco investimento (ou desinvestimento) nos utensílios quotidianos é larga‑ mente compensado pelo investimento feito no universo funerário, desde a construção de monumentos megalíti‑ cos de grandes dimensões à qualidade dos depósitos artefactuais em que pontificam os elementos líticos talha‑ dos, na sua esmagadora maioria fabricados em sílex, pro‑ vavelmente importado da Estremadura Atlântica.

Os únicos elementos simbólicos, arqueograficamente reconhecíveis em contexto habitacional, consistem na intencional deposição de alguns artefactos em estrutu‑ ras de combustão: ∙ Nos casos dos silos­‑lareira das Cabanas 1 e 3 do Sec‑ tor A do Ameal­‑VI respectivamente uma foice de encabamento transversal e um raspador distal, ambos em sílex, na primeira e uma enxó de anfibolito em cada um dos momentos de utilização no segundo caso;

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

157

O SECTOR B DO HABITAT DO AMEAL­‑VI E O NEOLÍTICO FINAL DA BEIRA ALTA  JOÃO CARLOS DE SENNA­‑MARTINEZ, ELSA VERÓNICA PENAS LUÍS  P. 151-158

Tabela 4 Distribuição das matérias­‑primas das indústrias líticas das Cabanas do Sector B do habitat do Ameal­‑VI C1

C2

C3

C4

Total

Matérias­‑primas NT

%

NT

%

NT

%

NT

%

NT

%

Sílex

39

29

1

3

10

8

2

9

52

16

Calcáreo silicificado

1

0

 

0

 

0

 

0

1

0

Quartzo

2

1

 

0

1

0

 

0

3

0

Quartzo leitoso

69

51

15

50

79

65

13

59

176

57

Quartzo hialino

6

4

1

3

4

3

 

0

11

3

Quartzo rosa

1

0

1

3

1

0

 

0

3

0

Quartzito

2

1

3

10

1

0

2

9

8

2

Grauvaque

 

0

 

0

1

0

 

0

1

0

Anfibolito

5

3

1

3

2

1

 

0

8

2

Xisto

4

3

6

20

10

8

3

13

23

7

Granito

4

3

2

6

12

9

2

9

20

6

133

 

30

 

121

 

22

 

306

 

TOTAL DE LÍTICOS

∙ A deposição de uma foice repete­‑se na lareira da Cabana 1 da Quinta Nova; ∙ Na Cabana 1 do Sector B do Ameal­‑VI foi, da mesma forma, colocada uma alabarda em sílex entre a «caixa pétrea» da respectiva lareira; ∙ No lado sul da lareira complexa da Cabana2 do Sector B do Ameal­‑VI foi «encastrado», numa fossa para o efeito aberta, um vaso globular de colo alto (Forma 6.1). Poderá ser uma colocação funcional (aquecer água ou torrar bolota?) mas não deixa de ser caso único. No caso da Cabana 2 do Sector B do Ameal­‑VI, os dados da análise dos conjuntos artefactuais recuperados acrescentam alguns elementos também eles perturbado‑ res. Na cerâmica não só o equilíbrio de formas se altera, como referimos atrás, como a predominância de pastas de cozedura oxidante contrasta com todos os restantes casos estudados da Plataforma do Mondego. O NMI identificado para iguais circunstâncias de escavação é também diminuto, menos de metade da Cabana 3 e quase um terço do da Cabana 1. A tudo isto há que adi‑ cionar a escassez da respectiva indústria lítica recupe‑ rada. O conjunto destes elementos poderá ser indicador de uma utilização particular deste espaço (eventual‑ mente para reunião/residência diferenciada?), uma vez que a impossibilidade de datação e a clara continuidade do espectro da cultura material em relação às outras três estruturas complexas escavadas não parece indicar dife‑ renciação cronológica. No seu conjunto, os resultados obtidos pela escavação deste sector parecem, abrindo contudo algumas ques‑ tões novas, permitir enquadra­‑lo na restante realidade conhecida para o Neolítico Final regional. Lisboa, Setembro de 2011

158

5.º CONGRESSO DO NEOLÍTICO PENINSULAR

1

Centro de Arqueologia (Uniarq). Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa. 1600­‑214 Lisboa. Portugal. [email protected]

2

Centro de Arqueologia (Uniarq). Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa. 1600­‑214 Lisboa. Portugal. [email protected]

3

A metodologia utilizada na análise da olaria segue os parâmetros definidos em Luís (2010).

4

A metodologia de análise das indústrias líticas seguiu os parâmetros definidos em Senna­‑Martinez, 1989.

5

O principal conjunto em sílex é o acima referido grupo de 32 fragmentos provavelmente pertencentes a uma única alabarda da Cabana 1. Mesmo no caso de outros artefactos complexos em termos de talhe, caso das pontas de seta bifaciais, apenas duas em quatro são de sílex contra seis em sete no Caso da Cabana 3 do Sector A (Senna­‑Martinez, 1995/1996: p.97, Quadro IV).

6

Dólmen 1 dos Moinhos de Vento (NMI=76), Orca dos Fiais da Telha (NMI=28), Orca do Outeiro do Rato (NMI=13), Dólmen do Seixo da Beira (NMI=100), Dólmen da Sobreda (NMI=443) e Dólmen de S. Pedro Dias (NMI=26) cf. Senna­‑Martinez, 1989.

REFERÊNCIAS

LUÍS, E. (2010) – A Primeira Idade do Bronze no Noroeste: O conjunto cerâmico da Sondagem 2 do Sítio da Fraga dos Corvos (Macedo de Cavaleiros). Dissertação de Mestrado em Arqueologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Policopiada. SENNA­‑MARTINEZ, J.C. (1995­‑1996) – Pastores, recolectores e construtores de megálitos na Plataforma do Mondego no IV e III milénios AC: (1) O sítio de Habitat do Ameal­‑VI. Trabalhos de Arqueologia da EAM, 3/4. Lisboa: Colibri, p. 83­‑122. SENNA­‑MARTINEZ, J.C. (1989) – Pré­‑História Recente da Bacia do Médio e Alto Mondego: algumas contribuições para um modelo sociocultural. Tese de Doutoramento em Pré­‑História e Arqueologia, Faculdade de Letras de Lisboa, 3 Vols., policopiada. SENNA­‑MARTINEZ, J. C. e VENTURA, J.M.Q. (2008) – Do mundo das sombras ao mundo dos vivos: Octávio da Veiga Ferreira e o megalitismo da Beira Alta, meio século depois. Homenagem a Octávio da Veiga Ferreira. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal. 16, p. 317­‑350.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.