Ser \"Português\" em terras de Africanos: vicissitudes da construção identitária na \"Guiné do Cabo Verde\" (sécs. XVI-XVII)

June 2, 2017 | Autor: José da Silva Horta | Categoria: African History, Luso-African Studies, West African History, Identidades, Lusophone Africa
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Ilnmrrurcrr-oo FrnNlNons I Iseaer Cesrno FlnNnrquns JosÉ oe Srrve Honm I SÉncroCevpos Meros (eos.)

NeçÃo E IonNTIDADES Portugal,osPortugueses e os Outros

LISBOA,2OOg

"PORTUGUE9' EM TERRAS DE AFRICANOS: ES DA CONSTRUçÃO IDENTITÁRIA . xvl"GUINE DO CASO VERDE" JOSE DA SILVA HORTA Faculdade de Letrasda Universidade de Lisboa de Lisboa Centrode Históriada Universidade

o rio Senegale a "fresca" e desejadaSertal-eoa,projectando-seem lìmitesincertos percorrido rios acima,se situara a "Guiné do Cabo Verde", Guiné do cabo, Guiné do mesmo nome: "Cabo Verde" setvia em simultâneopata indicar a "cabeça" a ilha de Santiaqo e a costa fronteüa ou melhor se ditá Rios, os "Rios de Guine

Verde".A identidadedo atqúpélagoe dos seushabitantesestevedesdeo começo colonização, iniciada na segunda metade de QuatÍocentos, estreitamente ügada às de aptopdação do espaço da Craxde Sercgânbìapelos Portugueses, quet das ilhas,

foi lu.o-aÍricano'.Esrr apropriacào oriundos de Portugale pelosseusdescendentes metcantil e feita nos esueitos limites permitidos em terras cujo controlo não mas antes exercido, e diferentes formas, pot hegemonias africanas. verdade, o poder português que ponhral e intetmitentemente se exerceu na Guìné

XVÌ e XVII foi de carácterinformal e dependeusempredaquelashegemorrìas. existentes,com nomeaçõespan caÍgos aspoucaspraçase presídiospo-rtugueses (na como Cacheu e Farim actual Guiné-Bìssau) ou Ziguichot (nâ âcruaÌCâsamânsâ , entre outros, const-itr:iram enclaves cuja exrstèncja dependeu das relaçòes quer

"homenspoderosos"locaisde origemportuguesa com cujaautoddadeseconfun-, quer com os poderes africanos envolventes.

tal quadtq os Portuguesestiverarn que cdar um espaço e um estatuto próptios que aceitesno contexto das sociedadesguineenses.Data teconhecimento das suas acuvr-

Exercetam-nasftequentemente à revelia da Coroa de Portugal, cuja precáriapresença vivendo ilegalmente nos Rios - os chamados L.arçadot ort Tangonaat - com

famfias luso-afticanas2,Implantatam-se em toda a regiãq aonde fundaram comugato â P.t.r MÍ[ pela disossão € pütiftntes sug.*õ€s íeitas Àum. primeirã vcsão deÍc texto TrÀtâ{e dc úa ren.lãô M 6.qúnciâ dc outlos csddos de mirha âurori. sobr. a consEução dâ identidade luso âfrlceâ oa Guiré, que tomou como m púrculü: 'Eúden(e Corr Lrso Ârícan Idcnorj in Porogle'e A(ouft on Cuire. oÍ írpe \cídr' SúÌ..nú C6ú.s, . Hnkry n Ahë,rol 27.2000.pp t0-lj0. r "csinì dÒGbÒ vrìt : pad'.òa tübôt. n?4rüaftt ttt 8 tttE4/. âprcsdtad! à FaondÀd€dc Iltzs d! Univcbid.dê dc üsboâ, Outubro de 2002. dc Doutom€dô Tdr{rrzír. os sus ddendentes luso .fticaos, a bibliogúnâ é usb. Â.1éód6 obias dhd6 n6 nôtrs d€Í€ €studêÂvcüno Tcixen. da Motl (@o m dlgo pion.no), Jcm Boulègue,P. E. H. Hli!, Georg€ Blooks, Petü Mrk, Mdâ Joâo Mdl da GBçá Nolisco dâ Silvâ, "Sübsidìos pra o €studo dos 'lúç^dÕs' í Çúné", BoLtiú C'l/'n/ J. HrüÌ, v úhéõ: yoL 25, 1970, pp. 254A,217-232, 397 420 c 513-562;wrtr.í Ìodney, À HiioO aJ tbt Up?'Ì Cri,.a Caar, 1t4t-t 8a0,

EM TERX-\s DE ATFJCANO$ \4CISSITUDFI DA CONSTRUçÃO ÌDÈNÌT'T,{XI{

NÂçÁO E IT'DNTTDA.DEO - POÂTUCÂL OS PORïUGUESE5 E OS OUTROS

1, Ser "Português"na Guiné foi, por isso,uma resultantede convergências na apatência irredutivelmente

ropeu e afiicano,Procuram'seaqú esquematizatasdiferentesorigenseufoPeiase que se têm de considerar no contexto de construção identitária ro m4ndoem esquecel os eÌos cabo-vetdianos. Enquanto esquematizaçãonão se discíÍflnam por exemplq odgens europeiasnão portuguesâs(como a italianaou a castelhana, ilhas acabampot se subsumit numa identidade portuguesa),nem as dìvemasorigens africanas (wolof, sereer,fula, etc.), ORIGENS EUROPEIAS E AFRICANÀS NO MÍ/NDO CABO.IERDIANO.GUINE.ENS.E 0)

1)

Portugueses tecém-chegados do Reino ao arquipélago ou à Guiné (paa fazeremnegócios;para desempenhaÍemcargosou missõesofi ciais;degredados) Portugueses oriundos de Portugal que üvem na Guiné í'lançados" ou a üsitam Ìeglúarmente (a distinção legal/ilegal tende a diluir-se na viragem do séc.X\rI oara o séc.XVIf)

6ECS. X'\N-X\ND

- Portugueses nascidos em Cabo Verde, - Luso-africanos (mestiços) nascidos em C. Verde - Africanos naecidos em C. Verde. todos Cabo-verdianos, sejamcomerciantes visitantes ou residentesna Guiné

nidadespróptias,por vezesapartadasdaspovoaçõesautóctones.Mantiveram, as suasügaçõesafricanas,quer as da tede complementar,a que compunhamcom parentes e parceüos cometcias do mudo cabo-wrdìato-gniteere.

nascidas de pontos de pattida identiútios,

NÂ "CUINË DO CAAO \€RDE"

Luso-africanos nascidos na Guiné Os seusascendentes podem enconftar-se,na maioriados casos,em 1) e 2) ,

Africanos nascidos na Guiné, denüe eles indiüduos que se identificam

sem contâctos com os portugueses e luso-africanos

rr4r4 os gÍupos primeiro e ütimo ín,'s 0) e 00)) representama não pertença cabo-verdiano-guineense, os uacejadosindicando,num e nouúo caso,a possiindivíduos das mencionadasorigens enttarem, nos seus peicursos pessoârsou para o mesmo universo socio-cultural, momento tomaÍarn-se os conceitos de "Pornrzuês" e de "luso-africano'' em rcstritivas.Trata-se,apenas,de um ponto de partida, porventura útil, mas insucompreendero processode construçãoideqtitária.Seatentarmosno grupo 4) acima, rapidamente compreenderemos que a origem famiüar não foi necessana de6niçãode uma identidadeque poderíamosquali6carde "PortugueA identidade luso-africala

não era necessariamente determinada oela

como primeüo notou Teixeira da Mota. Ser "Português" estavalonge de ser desomáticos ou em tetmos geográ6cos: eta essencialmente uma questão de

Ns York, NÍodthly Fdiry Prcs, 1980 (1.' cd. 1970),rtdtt i AaróNo Ctrcin, CzboV.d. Faú.íão t ^1ìrfão d, q. subüründo o 3d P.p.l (í46018/q,Rissa\ C.ntÍõ ac Einrdos d. Guiné Potugucaâ, 1972,qp. 2. Mris re.n@otq úercsds nâ coso dr Guhé, v Mti. Emiü. M.dcnr smtos, "Os prim.i$s lmçrdoí ú cost d. Guiú: .v.oújos 'b Patt'gtl ãòMtdlo. diecção dc Luls de Âlbugúrquc,6 vols., rc!.Il Li!bo., PubÍc.çócs Álfâ,1989, Pp 12513ó,. dá Guina, rvcnúcire . coft.(júÌ.s , Múre, 6tuNt gad.t6 ' s,'la Ce.tú @ dfl
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