Seus costumes são contrários aos de todos os outros homens: o povo da Judeia nas Histórias de Tácito (SLIDES)

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Jônatas Ferreira de Lima Souza - Graduando – Letras Português-Hebraico UFRJ Orientação: Prof. Me. Luiz Karol - UFRJ

Seus costumes são contrários aos de todos os outros homens: o povo da Judeia nas Histórias de Tácito

Estudos Judaicos

ELEMENTOS DO ESTUDO Quantas informações textuais temos sobre os judeus? Quantas dessas informações são de autores gregos ou latinos?  Dentre esses autores que a nós sobreviveram, temos Tácito, historiador e etnógrafo romano do século I e II da nossa era.

Tácito, Histórias (104-109 E.C.), Livro V, 1-13  De que trata sua obra e por que os judeus aparecem nela?  Suas informações são pertinentes aos romanos? E aos judeus da época?  Sem o recurso das escrituras hebraicas, quem seriam esses judeus aos nossos olhos, anteriormente compreendidos pelos olhares de Tácito?

O objetivo desta atividade será, brevemente, introduzir o ouvinte nas questões de retorica da alteridade de Hartog e ligeiramente caracterizar esses judeus da obra de Tácito

QUANTAS DESSAS INFORMAÇÕES SÃO DE AUTORES GREGOS OU LATINOS? – DO SÉC. V A.E.C. ATÉ II E.C . Herodotus; Aristotle; Theophrastus; Hieronymus of Cardia; Hecataeus of Abdera; Megasthenes; Clearchus of Soli; Euhemerus; Berossus; Manetho; Xenophilus; Eratosthenes; Aristophanes; Hermippus of Smyrna; Mnaseas of Patara; Polemo of Ilium(?); Agatharchides of Cnidus; Polybius; Apollodorus of Athens; Menander of Ephesus; Dius; Theophilus; Laetus; Ocellus Lucanus; Timochares; Schoinometresis Syriae (Xenophon of Lampsacus?); Meleager; Posidonius; Apollonius Molon; Alexander Polyhistor; Teucer of Cyzicus; Diodorus; Lucretius; Cicero; Varro; Asinius Pollio; Castor of Rhodes; Crinagoras of Mytilene; Hypsicrates; Timagenes; Nicolaus of Damascus; Strabo of Amaseia; Virgil; Tibullus; Horace; Livy; Pompeius Trogus; Vitruvius; Ovid; Conon; Conon the Mythographer; Ptolemy the Historian; Valerius Maximus; The Anonymous Author of De Sublimitate (Pseudo-Longinus); Seneca the Rhetor; Cornelius Celsus; Pomponius Mela; Sextius Niger; Philip of Thessalonica; Scribonius Largus; Ptolemy of Mendes; Lysimachus; Apion; Chaeremon; Dioscorides; Columella; Seneca the Philosopher; Persius; Lucanus; Petronius; Erotianus; Curtius Rufus; Zopyrion; Hermogenes; The Anonymous Authors on the War between the Romans and the Jews; Antonius Julianus; Memnon of Heracleia; Pliny the Elder; Valerius Flaccus; Silius Italicus; Frontinus; Quintilian; Statius; Martial; Damocritus; Nicarchus; Claudius Iolaus; Antonius Diogenes; Dio Chrysostom; Epictetus; Plutarch; Tacitus; Juvenal; Suetonius.

STERN, Menahem. Greek and Latin Authors on Jews and Judaism (I-III). Jerusalem: The Israel Academy of Sciences and Humanities, 1976; 1980; 1984.

TÁCITO, HISTÓRIAS (104-109 E.C.) De que trata sua obra e por que os judeus aparecem nela? “É uma guerra civil condensada em um período muito curto, contrastando com as longas décadas da guerra civil republicana, e, nesse sentido, é uma oportunidade única para compreender a mecânica do caos na sociedade romana [...]. E, diferentemente dos Anais, aqui a personalidade dos imperadores não é o motor principal das relações sociais e políticas: esse fator está diluído na importância da voz dos exércitos como um todo, e também de seus comandantes individualmente” (MARQUES, 2009, p. 77, grifo da autora). “A forma como Tácito dispõe a estrutura dos livros nas Histórias é também indicadora, e, por sinal, uma grande evidência desse movimento de declínio e renovação que ele pretende demonstrar. Em primeiro lugar, temos o padrão de alternância entre res internae e res externae, que, na verdade, não é original, mas sim derivado diretamente de Tito Lívio [...]. Porém, há uma divisão em maior escala bem mais importante quanto à disposição do conteúdo, que é a diferença significativa entre o bloco formado pelos livros I a III e o bloco dos livros IV-V – diferença essa relacionada com a duração e o fim da guerra civil, que ocupa, através de Galba, Oto e Vitélio a primeira parte. O fim do livro III, em seu clima altamente trágico, é emblemático, pois narra justamente tanto a morte do último dos imperadores derrotados, Vitélio, quanto a destruição do Capitólio – de cunho fortemente simbólico – e, portanto, o ápice do caos vigente em Roma [...]. Os livros IV e V significam, então, a lenta retomada da ordem sob o estabelecimento do poder de Vespasiano” (MARQUES, 2009, p. 78, grifo da autora). MARQUES, Juliana Bastos. Estruturas narrativas nas Histórias de Tácito. PHOÎNIX, Rio de Janeiro, 15-1, p. 76-90, 2009.

TÁCITO, HISTÓRIAS (104-109 E.C.) De que trata sua obra e por que os judeus aparecem nela? “[...] Tácito buscou introduzir o triunfo dos flavianos, no início de 70 E.C., sobre a Judeia, mostrando também a importância de Vespasiano para o futuro do Império. Foi nesse espaço que Tácito dedicou um breve estudo sobre os judeus, Jerusalém e a Judeia. Talvez a presença desse breve relato sobre um povo não-romano, [...] derive do próprio espaço que o autor vinha dedicando aos exércitos romanos estacionados nas províncias, que, [...] embasou sua tese de que um imperador poderia ser feito longe da casa imperial romana, isto é, generais de boa fama que atuavam distante do centro, do qual, Vespasiano, seria esse primeiro modelo.” (LIMA, 2013, p. 155)

LIMA, Jônatas Ferreira de. Jerusalém: a última fronteira no oriente – a conquista da Judeia (70 E.C.) nas Histórias (Livro V) de Tácito. 2013. 290 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de História, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, 2013.

TÁCITO, HISTÓRIAS (104-109 E.C.) Suas informações são pertinentes aos romanos? E aos judeus da época? “Ipsi Tito Roma et opes voluptatesque ante oculos; ac ni statim Hierosolima conciderent, morari videbantur”. (TÁCITO, Histórias, Livro V, 11) “Era necessário que a cidade de Jerusalém estivesse sob controle romano, pois manter os judeus em revolta não seria nada bom para a nova dinastia que estava assumindo o Império.” (LIMA, 2013, p. 195)

“As informações que Tácito nos apresenta sobre os judeus, certamente são baseadas em autores ou fontes não-judaicas. [...] Boa parte dessas fontes em potenciais de Tácito são duramente rebatidas por Josefo em 93 E.C.” (LIMA, 2013, p. 194)

TÁCITO, HISTÓRIAS (104-109 E.C.) Quem seriam esses judeus compreendidos pelos olhares de Tácito?  “Moyses, quo sibi in posterum gentem firmaret, novos ritus contrariosque ceteris mortalibus indidit. Profana illic omnia quae apud nos sacra, rursum concessa apud illos quae nobis incesta.” (TÁCITO, Hist., V, 4.1)  “Sue abstinent memoria cladis, quod ipsos scabies quondam turpaverat, cui id animal obnoxium.” (TÁCITO, Hist., V, 4.2)  “[...] et raptarum frugum argumentum panis Iudaicus nullo fermento detinetur.” (TÁCITO, Hist., V, 4.3)  “Septimo die otium placuisse ferunt, quia is finem laborum tulerit; dein blandiente inertia septimum quoque annum ignaviae datum.” (TÁCITO, Hist., V, 4.3)  “et quia apud ipsos fides obstinata, misericordia in promptu, sed adversus omnis alios hostile odium” (TÁCITO, Hist., V, 5.1)  “Separati epulis, discreti cubilibus, proiectissima ad libidinem gens, alienarum concubitu abstinente” (TÁCITO, Hist., V, 5.2)

TÁCITO, HISTÓRIAS (104-109 E.C.) Quem seriam esses judeus compreendidos pelos olhares de Tácito?  “Transgressi in morem eorum idem usurpant, nec quicquam prius imbuuntur quam contemnere deos, exuere patriam, parentes liberos fratres vilia habere.” (TÁCITO, Hist., V, 5.2)  “Corpora condere quam cremare e more Aegyptio, esdemque cura et de infernis persuasio, caelestium contra.” (TÁCITO, Hist., V, 5.3)  “Iudaei mente sola unumque numen intellegunt: profanos qui deum imagines mortalibus materiis in species hominum effingant; summum illud et aeternum neque imitabile neque interiturum.” (TÁCITO, Hist., V, 5.4)  “Igitur nulla simulacra urbibus suis, nedum templis sistunt; non regibus haec adulatio, non Caesaribus honor.” (TÁCITO, Hist., V, 5.4)  “[...] Liberum patrem coli, domitorem Orientis, quidam arbitrati sunt, nequaquam congruentibus institutis: quippe Liber festos laetosque ritus posuit, Iudaeorum mos absurdus sordidusque.” (TÁCITO, Hist., V, 5.5)

A RETÓRICA DA ALTERIDADE A “diferença”  “[...] dizer o outro é enunciá-lo como diferente – é enunciar que há dois termos, a e b, e que a não é b;” (HARTOG, 1999, p. 229)  “[...] Profana illic omnia quae apud nos sacra, rursum concessa apud illos quae nobis incesta.” (TÁCITO, Hist., V, 4.1)

A “inversão”  “[...] não há mais a e b, mas simplesmente a e o inverso de a; [...] Quando se trata dos costumes, a diferença transforma-se em inversão. Além disso, o enunciado tem pretensões de universalidade: a inversão mede-se com relação ao resto do gênero humano” (HARTOG, 1999, p. 230)  “Moyses, quo sibi in posterum gentem firmaret, novos ritus contrariosque ceteris mortalibus indidit.” (TÁCITO, Hist., V, 4.1)  “[...] et quia apud ipsos fides obstinata, misericordia in promptu, sed adversus omnis alios hostile odium” (TÁCITO, Hist., V, 5.1) HARTOG, François. O espelho de Heródoto. Ensaio sobre a representação do outro. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

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