SILVA, F. N. ; MENEZES, V. H. S. \"Autonomia e engajamento político das mulheres retratadas no seriado Roma - um ensaio\". In. CARLAN, C.U.; FUNARI, P.P.A.; FUNARI, R.S. Cinema e o Mundo Antigo. A antiguidade através da sétima arte. Novas Edições Acadêmicas: Saarbrucken, Alemanha. 2015

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Autonomia e Engajamento Plítico das Mulheres Retradas no Seriado Roma: Um ensaio.

Filipe N. Silva5 Victor Henrique S. Menezes6

Introdução

Não sem maiores ressentimentos por parte de alguns historiadores, nos dias atuais é quase consensual que a História é apenas uma dentre as diversas formas de representação do passado que habitam em nosso meio social (CHARTIER, 2009:21; JENKINS, 2013:24). Impossibilitando uma espécie de monopólio sobre o passado por parte da História acadêmica, as obras de ficção (literárias ou cinematográficas) e as PHPyULDVFROHWLYDVWrPGLIXQGLGRFDGDTXDODVHXPRGR³XPDSUHVHQoDDRSDVVDGRjV vezes ou amiúde mais podHURVD GR TXH DV TXH HVWDEHOHFHP RV OLYURV GH KLVWyULD´ (CHARTIER, 2009:21). Instrumentos cruciais para a formação e divulgação de uma ampla percepção sobre diferentes momentos históricos, o gênero literário, mas também os filmes e seriados televisivos alcançam grande popularidade por se adequarem com maior facilidade às questões do presente do que a História (ROBERMAN, 1997:06). Se o passado tal como aconteceu não nos é acessível, em todos esses casos tratam-se de narrativas e representações que se reportam ao passado sob a influência do tempo presente (JENKINS, 2013:23-24). A atenção para a relação entre passado-presente também, aliás, tem sido prática corrente entre os pesquisadores interessados na análise de filmes e seriados de TV sobre momentos e personagens históricos que, de longe, são as narrativas com as quais a população, em geral, tem um maior contato (CHEVITARESE, 2013; FEITOSA & VICENTE, 2012: 178). Como qualquer outro produto cuja intencionalidade consiste em  ϱ

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apresentar narrativas sobre o passado, as produções cinematográficas e televisivas ligam-se às convicções políticas, religiosas e de gênero: em outras palavras, trazem consigo os valores e normas sociais do período e da sociedade que as produziram (FUNARI, 2012: 31). Fruto dos debates historiográficos empreendidos ao longo das últimas décadas, as pesquisas centradas nas representações do passado por meio do cinema e televisão, cada vez ganham mais espaço no cenário internacional e, em particular, no brasileiro7. (FUNARI, 2012: 23). De acordo com Robert Rosenstone (2010: 17), as narrativas cinematográficas e televisivas que tratam de temas históricos desenvolvem um papel semelhante ao do historiador em construir memórias e interpretações dos acontecimentos passados. Assim, é inegável, nos dias atuais, a importância desse tipo de documentação para pesquisas que pretendem refletir os diferentes significados que o passado tem para o presente (ROSENSTONE, 2010: 17). Torna-se válido, então, buscar evidências que permitam perceber e compreender como determinados eventos e períodos históricos adquirem sentido nesse tipo de representação (FEITOSA & VICENTE, 2012: 179). Pois, na análise de produções televisivas e cinematográficas históricas 8, como disserta Marcos Napolitano (2008: 75): O importante não é, apenas, o que se encena do passado, mas como se encena e o que não se encena no processo ou evento histórico que inspirou o filme. Não se trata de cobrar do diretor a fidelidade ao evento encenado em todas as suas amplitudes e implicâncias, mas de perceber as escolhas e criticá-las dentro de uma estratégia de análise historiográfica (NAPOLITANO, 2008:75).

Seguindo tais perspectivas, neste texto objetivamos demonstrar a relevância de se utilizar um produto midiático como documento histórico a partir do seriado Roma,  ϳ

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