SILVA, F. P. M. . A seca foi (e sempre será) esquecida [...].

July 17, 2017 | Autor: F. Prado (Economi... | Categoria: Economia
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A seca foi (e sempre será) esquecida […] Por Filipe Prado Macedo da Silva A chuva tem castigado por longos dias a região Sul/Sudeste do Brasil. Cidades inteiras ficaram “ilhadas”, casas foram inundadas, produções agrícolas foram perdidas e a infraestrutura pública entrou em colapso. Isso sem contar, as vidas que brutalmente foram levadas por enxurradas, enchentes e desmoronamentos. Algumas cidades, como São Paulo, contabilizaram perdas “astronômicas”. Note que mesmo diante de tanta desordem, o Governo Federal rapidamente disponibilizou recursos financeiros para auxiliar os desabrigados e seus prejuízos – bem como providenciou verbas públicas para executar obras fundamentais nas cidades atingidas pelas chuvas. Sem dúvida nenhuma, tais ações provaram que o poder público é organizado, eficiente e capitalizado. Mas, como assim? Muitas vezes, achamos que o governo não é capaz de resolver problemas emergenciais ou que demandam celeridade, a fim de solucionar questões de caráter coletivo. Os recentes acontecimentos mostram que – ao contrário do que a população pensa – o governo funciona, e muito bem! Mas, existem momentos em que o poder público é ineficiente, como por exemplo, no caso das secas (do Nordeste). Sendo assim, qual o critério que os governantes usam para escolher onde e quando serão eficientes ou ineficientes? Bem, a resposta é simples! Quando comparamos os dois problemas climáticos brasileiros – secas e chuvas – notamos que o “onde” faz toda a diferença. É adequado observar que nenhum magnata ou político sulista influente deseja perder seu Mercedes-Benz numa enchente catastrófica. Isso significa, na prática, que a ação pública (sobretudo, federal) é eficiente em regiões onde os mais ricos/poderosos habitam. Vale lembrar, que o agreste pernambucano e o sertão baiano vivem em situação de calamidade pública há mais de 20 anos. As prolongadas secas causam sofrimento, miséria e dificuldade para milhares de nordestinos. Ano após ano, o Governo Federal tem falhado em prestar ajuda financeira ao Nordeste, além é claro de nunca colocar em prática um plano estrutural de longo prazo, a fim de solucionar para sempre os problemas da seca. Arrisco dizer que “tanta incompetência deve-se ao fato de que nenhum senador federal mora ou transita diariamente nas regiões atingidas pelas estiagens”. Além disso, a seca é um problema silencioso. Enquanto as chuvas devastam e derrubam, a seca “silenciosamente” destrói lavouras, seca reservatórios coletivos e empobrece famílias inteiras. É importante lembrar, que: no Sul/Sudeste as pessoas possuem casa para perder nas enchentes, enquanto no Nordeste, as pessoas nem casa (digna e de tijolo) não possuem para viver. Enquanto a chuva arrasa ruas e avenidas no Sul/Sudeste, a seca obriga milhares ao êxodo rural por estradas (ou por “caminhos” precários e de terra) que não existem nos mapas. Certa vez, com muita sabedoria e clareza, o ex-presidente FHC, expressou que “regiões e nações precisavam provar que possuíam vantagens (sobretudo, comerciais) para virarem objeto de interesse, caso contrário, cairiam no esquecimento […]” Assim sendo, enquanto as regiões nordestinas não apresentarem bons tesouros para o Brasil e o Mundo, continuarão esquecidas […] E, quem sabe, daqui uns 500 anos, alguém envie um “troco orçamentário” para comprar um saco de farinha ou construir uma pequena cisterna. “Isso já basta (diriam os políticos) para mudar a vida do povo!”

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