SILVA, F. P. M. . O caos econômico e social da tragédia.

July 17, 2017 | Autor: F. Prado (Economi... | Categoria: Economia
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O caos econômico e social da tragédia Por Filipe Prado Macedo da Silva Nos últimos dias, a imprensa internacional divulgou com excelência os acontecimentos da tragédia no Haiti (na América Central). Em milésimos de segundos, um terremoto (de magnitude 7.0 na escala Richter) devastou regiões inteiras do país, causando destruição, desordem, caos e sofrimento. As imagens traduzem a dura realidade de uma tragédia que destruiu o pouco que já existia no país. Agora, fica ainda mais complicado encontrar o rumo para o desenvolvimento – agravando assim os problemas sociais e econômicos. Se o Haiti, já era um dos países mais pobres do mundo, depois da tragédia, voltou a “idade das cavernas”. O mundo, como sempre e, sobretudo, as nações mais ricas, a fim de preservar a “política de boa vizinhança” (ou numa terminologia mais sofisticada, “manter a elegância nos corredores da diplomacia internacional”), prestou auxílio financeiro e solidariedade (imediata) as vítimas. Sem dúvida alguma, as doações e contribuições (unilaterais) são de suma importância para o Haiti, e mostram a natureza nobre do ser humano e de seus governos. Infelizmente, essa ajuda serve apenas para resolver os problemas de curto prazo. E o que dizer do futuro? Será que essa é uma grande oportunidade para o Haiti resolver seus problemas de desigualdade social e distribuição de renda? Bem, só o tempo dirá […] Mas, a princípio é muito difícil acreditar que o futuro será melhor que o “trágico presente” e o “miserável passado”. Isso porque, o caos econômico e social gerado pela tragédia oferecerá sólidas perspectivas de lucros (futuros) para os mais variados setores econômicos da sociedade. De construtoras a redes hospitalares, de universidades a instituições financeiras, todos estão hoje e agora (mediante a ajuda humanitária de curto prazo, como as doações e contribuições) tentando “carimbar o passaporte” para a “sala dos privilégios”. Ou seja, “eu te ajudo hoje, para você me ajudar amanhã”. Essa é a natureza maquiavélica do ser humano e de seus governos. Ninguém vai ajudar aquele esquecido país, sem depois pedir nada em troca. Foi assim, em todas as guerras, e em todas as tragédias já registradas, alguém no final “tem que pagar a conta”. Algumas empresas multinacionais vão instalar suas filiais no país, a fim de se prepararem para a reconstrução da nação. Rapidamente, o caos se converterá em lucro, e com certeza, em mais concentração de renda (característica essencial do capitalismo em nações em desenvolvimento). Será difícil acreditar que as coisas vão mudar! Os pobres vão continuar cada vez mais pobres, pois perderam tudo que tinham. E, os ricos (do Haiti) vão ficar mais ricos, pois ganharam novas oportunidades de negócios – para ampliarem seus lucros – seja reconstruindo a nação (com dinheiro público) ou elevando o preço de seus produtos (diante da generalizada escassez de bens e serviços). O fato real é que mesmo diante da generosidade global, ou dos esforços dos voluntários das agências multilaterais, o Haiti continuará desigual e esquecido. Arrisco até prever quando isso ocorrerá: “assim que os repórteres da CNN e Reuters fizerem as malas e guardarem os equipamentos, o mundo já se esqueceu dos problemas e da localização do Haiti. Onde fica mesmo?”

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