SIM III VICENTE CECIM O Olho do Poder série Diálogos:Com

June 15, 2017 | Autor: Vicente Franz Cecim | Categoria: Filosofía, Filosofía de la Libertad, Filosofia
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SIM II VICENTE CECIM Série DIÁLOGOS:COM e-mail 4446 toques

O Olho do Poder

LEGENDA Max Ernst: “Os homens nunca saberão”

O Panóptico deu aos médicos, industriais, educadores e juristas o que eles buscavam: uma tecnologia de poder para exercer vigilância. FOUCAULT

Em fins do século XVIII, o jurista inglês Jeremy Bentham concebeu uma atroz forma de controle sobre as pessoas: o Panóptico - trazidas à tona do fundo das sombras das masmorras elas passaram a ser expostas, dia e noite, a uma cruel e permanente claridade. Parece ou não com a privacidade individual violada pelos mecanismos de manipulação e controle dos rebanhos humanos pelas novas tecnologias? O antigo Olho do Panóptico é ou não é um precursor do atual Olho Virtual do Facebook? A Bbc fez recentes descobertas e revelações sobre como o Facebook – e os outros olhos virtuais –

vigiam, controlam e governam a sua, a minha, as nossas vidas: O Facebook reúne dados detalhados sobre quase 1,5 bilhão de pessoas, cerca de 96 milhões delas no Brasil. Com esses dados, vende anúncios segmentados para outras empresas. O alto preço desses anúncios se baseia nisso: os anunciantes sabem perfeitamente quem e como atingir seus alvos. Para isso, o Facebook não só usa as informações sobre tudo o que você faz na rede – do que gosta e não gosta, o que quer e não quer ver, de onde você se conecta, onde faz check-in, etc – e, além disso , sabe tudo o que você faz em outros sites e aplicativos, nos quais optou por se cadastrar via seu perfil de Facebook. Por isso mesmo ajustando configurações de privacidade, é impossível você evitar que o Facebook armazene e saiba tudo sobre você. O que agora acontece no chamado mundo global já havia sido antevisto – e denunciado – pela ficção: pelo Cinema, no filme mudo expressionista Metrópolis, de Fritz Lang, na Literatura, por George Orwell, em seu livro 1984, e por Aldous Huxley, em Admirável Mundo Novo, e o Panóptico e o Facebook estão nas origens dos filmes Matrix, que os mostra excedendo seu controle até a realidade por sua miragem. Michel Foucault estudou as evoluções desse vigiar e punir, segundo seus rastros desde o século XVIII. É com ele este Diálogo:com.

Do Panóptico ao Facebook Foucault: Quanto à punição no século XIX, vi que todos os grandes projetos tinham a ver quase sempre com o Panóptico, de Jeremy Bantham. O princípio era: ao redor uma construção circular, no centro uma torre com amplas janelas abrindo para o interior do círculo. A construção circular é dividida em celas, cada uma atravessando de um lado a outro a construção. As celas têm duas janelas, uma aberta para o interior diante das janelas da torre central e outra aberta para o exterior, por onde passa permanentemente a luz de um lado a outro da cela. Basta, pois, por um guarda na torre central e trancar em cada cela um prisioneiro – no caso de hospícios – um louco, ou – no caso de hospitais – um doente – ou – no caso de indústrias – um operário – ou – no caso de instituições de ensino – um estudante. Através de suas silhuetas vistas pelo guarda entre a luz e a contra luz, as pessoas estão sob vigilância dia e noite. - Em vez da sombra das masmorras, nenhuma privacidade, até dormir tinha que ser feito exposto à luz? Foucault: Havia ainda um mecanismo muito complicado para que o barbeiro pudesse cortar os cabelos sem tocar nelas pessoas fisicamente: o corpo ficava preso na cela e só a cabeça – do prisioneiro, louco, doente, operário, aluno – passava através de uma claraboia para o lado de fora. Fazendo uma pausa em Foucault: o barbeiro do Panóptico parece ou não parece o computador que não nos permite ter nenhum contato humano com os seres humanos que administram o Facebook, e ocupam sua torre central de vigia? Alguma vez, você já consegui falar com algum deles? Foucault prossegue: Bentham proclamava como um verdadeiro Ovo de Colombo o seu Panóptico. Dizia que havia dado aos médicos, industriais, educadores e jurista o que eles buscavam: uma tecnologia de poder para exercer vigilância. Agora, os procedimentos de controle postos em prática pelos controladores das massas modernos são muito mais complexos e eficientes. Dizem que o princípio do total controle pela exposição das pessoas à – visibilidade - já era uma tecnologia de poder desde o século, XXIX seria falso.

Pegue Vigiar e Punir de Foucault e faça uma leitura atualizadora de suas páginas. Ou você prefere não abrir os olhos para ver como espreita o seu rebanho o Grande Irmão – que a todos nós vê – sem por nenhum de nos ser visto?

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