SISTEMA SANITÁRIO PARA GATOS

July 17, 2017 | Autor: Cassiane Patzlaff | Categoria: Ergonomia, Saúde Humana E Animal, Higiene Doméstica, Sanitário para Gatos
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SISTEMA SANITÁRIO PARA GATOS CAT LITTER BOX Cassiane PATZLAFF¹, Cláudia STAMATO² (1)Bacharel em Desenho Industrial– Centro Universitário da Cidade e-mail: [email protected] (2)Mestre em Design – Centro Universitário da Cidade e-mail: [email protected] Palavras-Chave: saúde humana e animal, higiene doméstica, sanitário para gatos. Resumo: Este artigo apresenta um sistema sanitário para gatos desenvolvido a partir da análise de diversos produtos similares e substratos a venda no Rio de Janeiro. Foram realizados questionários, entrevistas e “Registro Postural” da “Análise da Tarefa” de manutenção de sanitários para gatos, utilizando a metodologia ergonômica de Anamaria de Moraes. Keywords: human and animal health, domestic hygiene, cat litter box. Abstract: This paper presents a new cat litter box, developed after the analysis of several similar products sold in Rio de Janeiro. The results were obtained through interviews, questionnaires and Postural Observations on the maintaining task of cat litter boxes. Its ergonomic methodology by Anamaria de Moraes.

1. Contextualização Segundo dados do IBGE (2010), as famílias brasileiras possuem menos integrantes e casas e apartamentos menores. Em todo o mundo as pessoas têm optado por animais domésticos de porte menor, especialmente gatos. Gatos já são mais populares que cães: são 204 milhões de gatos no planeta ante 173 milhões de cães, conforme a Abinpet, 2012. No Brasil, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), entre 2011 e 2012 a população de gatos aumentou 8%, totalizando 21,3 milhões, o dobro do crescimento dos cães. Os EUA são o país com mais gatos no mundo, 80 milhões. Segundo Alexandre Rossi (2008), especialista em psicologia animal, o gato é “o animal do futuro”. Passa-se grande parte do tempo fora do lar e o gato não se sente tão só nestas situações. Geralmente as pessoas preferem gatos por serem animais domésticos mais independentes e autônomos, permitindo ao dono maior liberdade. Além da adaptabilidade à vida moderna, o gato traz outros benefícios aos seus donos. Conforme Paola Bello (2008), os tratamentos terapêuticos envolvendo animais começaram a ser desenvolvidos no Brasil na década de 50 pela psiquiatra Nise da Silveira. O tratamento foi uma alternativa às terapias agressivas, como lobotomia

e eletrochoque, com resultados concretos. Hannelore Fuchs, doutora em psicologia e especialista na relação do ser humano com o animal, trabalhando com zooterapia cognitiva em São Paulo, corrobora com a ideia e afirma: “O gato é mais sutil e reservado, medindo mais as consequências e respeitando mais os limites dados pela pessoa. E isso influencia muito nas terapias com esquizofrênicos”(2010). Já para idosos, cuidar de um gato se torna um desafio positivo. “Manter um animal traz responsabilidade pela vida de outro ser, o idoso deixa de ser o cuidado para ser também o cuidador”, afirma. Segundo Mambrini (2010), o veterinário francês Jean-Yves Gauchet segue a mesma linha. Testou o poder do ronronar do gato em 250 voluntários. Ao fim do estudo, os participantes declararam sentir maior bem-estar, serenidade e uma facilidade maior para dormir. Mambrini relata ainda que em 2009 a Apple lançou em parceria com o veterinário Gauchet um aplicativo para iPhone que usa o ronronar para amenizar os efeitos da diferença de fuso horário (jetlag) em viagens internacionais. Dados de Estudo da Universidade de Minesota (EUA) apresentados por Mambrini (2010) mostram que manter um gato reduz até 30% o risco de ataque cardíaco, por ajudar a relaxar e aliviar o estresse. A frequência do ronronar é entre 25 e 50 hertz, a mesma utilizada na medicina

esportiva para acelerar cicatrizações e recuperar lesões. Hannelore Fuchs (2010) aponta que há casos de crianças com dificuldade em abrir as mãos que desenvolveram ou retomaram esse controle devido ao esforço feito para poder acariciar um gato. Entretanto, como em qualquer relação, existem dificuldades sendo enfrentadas diariamente. Embora muitos estudos apontem para os benefícios da relação entre homem e gato, questões relacionadas ao dia a dia não têm sido abordadas. Neste trabalho foram evidenciados problemas relativos às necessidades fisiológicas desses felinos, em especial à manutenção do seu sistema sanitário, conveniente para uma relação mais harmônica com seu dono ou responsável. Segundo Paola Bello (2008), o principal motivo que leva as pessoas a abandonar gatos nos EUA é o fato dos mesmos fazerem suas necessidades fisiológicas fora da caixa higiênica. Se o gato não estiver completamente satisfeito com o sistema que lhe é oferecido para urinar e defecar, poderá evacuar menos que o ideal e sofrer constipação intestinal (prisão de ventre), obstrução da uretra, entre outros males. Ou ainda, defecar em qualquer lugar interna ou externamente à casa que considere higiênico.

2. Problema Diante do posto pode-se dizer que o ronronar real pode ser substituído para alguns fins, como fez a Apple, mas o contato físico ainda não. Isso fica evidente no que tange aos efeitos psicológicos e emocionais: nas trocas afetivas, na conversão de papéis para idosos, na reabilitação infantil e em tratamentos terapêuticos e fisioterápicos. Percebe-se que nessa relação um dos maiores entraves é a manutenção da higiene sanitária do gato. A tarefa de limpeza e manutenção do sanitário para gatos é desagradável ao homem pelo contato e odor das fezes e urina, o que inibe a frequência necessária. O gato, por sua vez, utiliza apenas sistemas onde não há acúmulo de dejetos. A dificuldade humana somada à exigência do felino dificulta a convivência harmoniosa.

3. Objetivo do Projeto

O projeto tem por objetivo principal beneficiar o convívio do humano com o felino através da facilitação da tarefa de limpeza e manutenção dos sanitários para estes animais. Os objetivos específicos são diminuir o tempo de manutenção de postura inadequada para realização da tarefa minimizando a proliferação de micro-organismos e bactérias geradores de maus odores e parasitas.

4. Público-Alvo Pessoas de classe média, residentes na Zona Sul do Rio de Janeiro e bairros semelhantes de Niterói, que possuam pelo menos um gato que faça uso de sistema sanitário específico na residência.

5. Metodologia Foi utilizada a metodologia ergonômica de Anamaria de Moraes, acrescida de técnicas de Gui Bonsiepe e Mike Baxter. A metodologia de Moraes é constituída por Apreciação Ergonômica, Diagnose Ergonômica, Projetação Ergonômica, Validação Ergonômica e Detalhamento (MORAES & MONT’ALVÃO, 2010). As técnicas utilizadas pelos demais autores se referem a análises de similares (Bonsiepe), técnicas de criatividade para geração e escolha de alternativas (Baxter). O projeto teve início com a etapa de Apreciação Ergonômica: com a realização de observações assistemáticas e registros de filmagem do cotidiano em duas habitações diferentes. A primeira em Niterói, em residência com apenas um gato, e a segunda no Rio de Janeiro, cujo apartamento comportava dois gatos. Também foram construídos os quadros de sistematização Posição Serial do Sistema, Hierarquização do Sistema, Expansão do Sistema, Modelagem do Sistema e Fluxograma Ação-Decisão. Segundo DIBARTOLA (2006), a urina humana, assim como a urina de outros animais, é composta aproximadamente por 96% de água, sendo o restante composto por ureia, fosfato, sulfato, amônia, magnésio, cálcio, ácido úrico, creatina, sódio, potássio e outros elementos. O cheiro desagradável de urina deteriorada deve-se à ação de bactérias que provocam a libertação de amoníaco. Um gato adulto utiliza o sistema sanitário existente de duas a três vezes ao dia. Filhotes possuem fezes mais mal cheirosas e gatos

machos costumam ter a urina com cheiro mais forte do que a das fêmeas. Foram levantados os problemas decorrentes desta relação e hierarquizados pela matriz G.U.T. (gravidade, urgência e tendência) para então construir o Quadro do Parecer Ergonômico. A seguir, apenas os problemas que alcançaram os maiores valores e, portanto necessitaram de intervenção imediata. GUT

Principais problemas hierarquizados

125

O gato faz as necessidades em locais inapropriados por acúmulo de dejetos na caixa sanitária.

125

O sistema necessita de lavagem com produtos químicos.

112

O gato não utiliza a caixa sanitária quando cheia, podendo adoecer.

91,1

Recipiente com manchas lamacentas.

91,1

Acúmulo de inadequada.

excrementos

por

manutenção

Tabela 01: Problemas principais hierarquizados.

Categoria

Argilosos

Argilosos

Sílica

Trigo

Mandioca

Madeira

Para absorver a umidade que gera o mau odor dos dejetos dos gatos são utilizados substratos específicos dentro de bandeja sanitária. Esses substratos aglomeram os dejetos em “torrões” que são removidos mais facilmente com o auxílio de uma pequena pá que possui ranhuras por onde cai o substrato limpo. A tabela a seguir apresenta alguns dos tipos de substratos encontrados no Rio de Janeiro, analisados por critérios como tamanhos dos grânulos e preço.

Grânulos: p, m ou g

g

pem

g

p

p, m eg

g

Forma torrões?

não

sim

não

sim

sim

não

Variação preço/Kg

3e9

1e7

9e8

7 e10

4e9

4e8

Peneira comum?

sim

sim

sim

sim

sim

não

Biodegradável?

não

não

não

sim

sim

sim

Tabela 02: substratos.

Seis pets shops (lojas que vendem produtos para animais domésticos) da Zona Sul do RJ foram

visitadas para levantar quais os substratos mais vendidos. Apesar de ser um argiloso: Pipicat (cujo preço varia entre R$ R$6,00 e R$10,00 por embalagem de 4k), ele não pode ser compostado ou despejado no esgoto doméstico, local ideal para o descarte de dejetos. Desta forma, o lixo doméstico é contaminado com as bactérias e micro-organismos presentes nas fezes e urina. Portanto, para o projeto priorizou-se substratos descartáveis no esgoto doméstico ou compostáveis, são os substratos biodegradáveis. Na Diagnose Ergonômica fez-se uso de filmagem da tarefa de manutenção do sistema sanitário para gatos dos mesmos dois usuários que permitiram a realização de uma observação assistemática de seu convívio com os animais em sua residência. A partir destas filmagens foram feitos registros de comportamento tais quais registro postural e cursivo-contínuo, além de entrevistas não estruturadas. Nesta etapa também foram realizadas duas entrevistas com veterinárias atuantes na Zona Sul (RJ), além de questionário aplicado a 28 pessoas, enviado via e-mail e redes sociais.

5.1 Registro Cursivo Contínuo A tarefa de remoção dos dejetos e reposição de substrato registrada leva em torno de cinco minutos, quando realizada uma vez ao dia. O registro da tarefa aqui exposto simplificadamente consiste em: 1- Posicionar a bandeja sanitária no chão em local pré-definido, para que o animal se acostume, geralmente junto a uma parede; 2Preenchimento da mesma com substrato até a altura indicada na embalagem de substrato (quatro a oito centímetros); 3- Aguarda-se que o felino utilize o sistema; 4- A pessoa que faz a manutenção abaixa-se em frente à bandeja e remove os dejetos aglomerados (torrões), utilizando uma pá pequena específica e saco de lixo: insere-se a pá no substrato, erguendo-a para permitir que o substrato limpo caia, operação realizada duas a três vezes (lembrando que se trata dos dejetos de apenas um gato, multiplica-se a operação pelo número de gatos); 5- Em seguida repõe-se a quantidade de substrato necessária para completar o nível; 6-Após duas semanas (variando conforme a quantidade de gatos) o restante do substrato é descartado no lixo e a bandeja lavada com desinfetante; 7- Limpa-se o local onde a bandeja estava com o auxílio de vassoura, pano de

chão e desinfetante; 8- Após a limpeza da bandeja fecha-se o ciclo e retorna-se à atividade “2”.

5.2 Análise da tarefa A análise da tarefa nas duas residências apresentou as seguintes informações: a sequência das atividades em ambas as residências é similar ao descrito no Registro Cursivo Contínuo, detalhado anteriormente; porém, o procedimento foi realizado com o auxílio de sacolas plásticas de supermercado, usadas como luvas. A disposição da bandeja privilegia locais de pouca circulação por pessoas não residentes, pois nos dois casos observados os gatos evitam usar o sistema quando há pessoas que não seus donos, por perto. Na primeira residência o local escolhido foi a área de serviço e na segunda foi a varanda, ambos considerados cômodos molhados e com pisos de mais fácil limpeza e higienização. Na primeira residência o substrato utilizado é um dos mais baratos Uricat (argiloso) que forma torrões apenas com as fezes; a urina impregna na argila e com o acúmulo forma uma lama que propaga maus odores mais facilmente. Por isso a remoção dos dejetos é feita duas vezes ao dia e completa-se o nível com substrato, usando em torno de seis embalagens de 4kg por mês (6 x R$5,00 = R$30,00). Considerado de qualidade e preço superior, o substrato utilizado na segunda residência era o Limpicat (a base de trigo) que forma aglomerados (torrões) com as fezes e a urina, não criando lama e absorvendo bem os maus odores. O substrato de trigo, apesar de ser biodegradável, não é descartado no esgoto doméstico pelo fato do sistema ficar distante do ambiente de captação. A remoção dos dejetos é feita uma vez ao dia e a troca completa de substrato acontece duas vezes no mês. Se gasta em torno de 2,5 sacos de 2,5kg (2,5 x R$17= R$42,50) Na casa onde havia apenas um gato a manutenção era feita com mais frequência levando de dois a três minutos, variação se dá pela reposição ou não de substrato. O gato da primeira residência ao aproximar-se do sistema e percebendo a presença de dejetos, “reclama” ao dono pela remoção dos mesmos até que perceba que está limpo novamente. Acredita-se que isso ocorra devido ao cheiro que o substrato de má qualidade não absorve completamente.

Já na segunda residência o sistema é compartilhado entre dois gatos, que toleram quando há poucos dejetos e utilizam o sistema da mesma forma, embora com certo cuidado de encobrir completamente os dejetos até que não sintam o cheiro. Caso o sintam, voltam a cobrir os dejetos com mais substrato formando uma “montanha”. A manutenção na segunda residência é feita uma vez ao dia e leva em torno de oito minutos. Em ambas as residências a lavagem quinzenal leva em torno de dez minutos. Acredita-se que a variação de aceite do sistema sujo ocorra essencialmente pela percepção do odor de dejetos que não são tão absorvidos por substratos mais baratos. Ficou evidente que, em ambas as residências, os gatos evitam o sistema quando as bandejas apresentam dejetos acumulados ou quando o mau odor se apresenta mais forte, como por exemplo, em dias mais quentes. A realização de questionário com 28 donos de gatos, residentes na Zona Sul do Rio de Janeiro apontou que 22 pessoas do total, utilizam o modelo de bandeja mais simples existente no mercado, ou bandeja de dimensões semelhantes, improvisada. Os outros seis usuários utilizam modelos com adaptações como aumento de borda, bandeja coberta com abertura para o gato entrar ou bandeja do modelo Furba (detalhado na análise de similares) que facilitam a manutenção e isolamento do sistema. Não foram encontrados registros de equipamentos automáticos em uso ou à venda na Zona Sul carioca, apenas em outros países, conforme pesquisas de internet. O questionário indica que o gasto mensal médio com higiene é de R$ 25,00 por gato, variando com o custo mínimo entre R$5,00 e máximo de R$40,00, por animal. O sistema mais usual é a bandeja sanitária retangular, disposta diretamente no piso, com substrato específico em seu interior. Método utilizado por 21 dos 22 entrevistados durante o estudo. O vigésimo segundo indivíduo relatou usar jornal ao invés de substrato, “pelo custo elevado”, disse, fazendo o descarte das fezes no vaso sanitário e do jornal com a urina, no lixo doméstico. Uma pessoa comentou que descarta as fezes junto com outros orgânicos para transformálas em adubo. Todas as outras descartam os dejetos junto ao lixo doméstico. Não é hábito descartar substratos e dejetos no esgoto doméstico.

Onze das quinze pessoas que responderam a pergunta deixam a bandeja sanitária em área de piso comumente cerâmico (terraço, área de serviço ou garagem). Três pessoas relataram deixar a bandeja no banheiro e uma, em canto da sala. Quatro pessoas não responderam corretamente à pergunta. As duas veterinárias entrevistadas concordam que não há recipiente adequado, a escolha depende do tamanho do gato e de sua aceitação e ressaltam que a tarefa de remover os torrões deve ser feita frequentemente e a bandeja deve ser lavada semanalmente com desinfetantes. Recomendam, também, que haja uma caixa a mais do que o número de gatos.

5.3 Coordenação motora e equilíbrio A manutenção dos dois sistemas exige que quem a faça abaixe-se para realizar as tarefas de dispor e repor a areia na bandeja sanitária, peneirar a areia para retirar os dejetos aglomerados. Tais atividades exigem um esforço maior relacionado ao equilíbrio do corpo e coordenação motora. Foram registradas, três posturas inadequadas assumidas durante a realização da tarefa: a) Com um joelho no chão e outro flexionado; b) De cócoras sobre as pontas dos pés; c) Com o tronco e a cabeça flexionados.

5.4 Análise de Similares Foi realizada análise de vários produtos similares encontrados no mercado, avaliados quanto a sua função, morfologia, estrutura e uso. A seguir, listam-se seis modelos e algumas informações relevantes: nº1 é um sistema elétrico que despeja os torrões em compartimento; nº 2, sistema Furba que vem com sobreposição de bandejas em que uma é peneira; nº3, bandeja sanitária com cobertura e abertura para limpeza; o nº 4 é a bandeja sanitária convencional; o nº 5 é um modelo onde a embalagem de papelão é montada tornando-se a bandeja; e o nº 6 é um sistema onde a embalagem já vem com substrato e é necessário apenas abrir a tampa e prendê-la por encaixe para que fique aberta:

1

2

3

4

5

6

Questão \ Modelo

1

2

3

4

5

6

Já vem com substrato?

n

n

n

n

s

s

Necessita montagem?

s

n

s

n

s

n

n

s

s

s

s

s

n

s

n

n

s s

n s

s s

s n

s n

São necessários mais de 3 min para remover os dejetos? n Altura acessível para filhotes e que limite o espalhamento. s Utiliza acessório que não venha no sistema? n Necessita lavagem semanal? s

Tabela 03: Análise de Similares (n: não; s: sim.)

Resoluções: Existem modelos dos mais variados. Poucos puderam ser citados. Percebeu-se que derivados do papel podem ser empregados como embalagem do substrato e também como bandeja sanitária, dispensando o uso de água e químicos em lavagem semanal; Soluções que diminuam o espalhamento de substrato geralmente necessitam de maior quantidade de material em sua estrutura, que podem ser inacessíveis para um animal pequeno, prenhe ou convalescido; é importante ressaltar que são poucos os modelos que reduzem o tempo ou atividades da tarefa, tal qual a remoção dos torrões repetidas vezes e em posturas desconfortáveis como de cócoras ou ajoelhado.

5.5 Definição de Requisitos: -Diminuir o tempo de manutenção de postura inadequada para realização da tarefa; - Extinguir uma ou mais atividades da tarefa; -Diminuir o espalhamento de substrato; -Altura das bordas acessível para gatos adultos, filhotes convalescidos; -Favorecer a diminuição do odor; -Evitar a aderência dos dejetos nas laterais; -Utilizar material resistente, mas proveniente de insumos renováveis ou de reaproveitamento; -Montagem e manutenção simplificada; -Manter o substrato e a umidade dentro da caixa; -Ao ser descartado industrialmente os materiais devem ser de fácil separação;

6. Projetação Foi selecionada a alternativa que, entre cinco, melhor se enquadrou nos requisitos. Um modelo de papel descartável que dispensa a raspagem de dejetos presos nas laterais e fundo da bandeja, e a lavagem semanal, reduzindo o tempo da tarefa, a duração de postura inadequada e o consumo de água e produtos químicos para limpeza.

O sistema consiste em seis peneiras descartáveis que ficam encaixadas numa caixa de papelão e são removidas uma-a-uma, a cada dois dias. O substrato fica no interior das peneiras e conforme se retira uma unidade, o substrato limpo escorre para a próxima e quando não houver mais peneiras, descarta-se o restante do sistema. As dobras da caixa possibilitam que ela sirva como embalagem do produto quando fechado, e como bandeja quando aberta.

6.1 Teste de substrato Após a escolha da alternativa foram realizados testes para selecionar o tipo e marca de substrato que o sistema comportará. Para definição das ranhuras da peneira percebeu-se que quanto mais homogêneo o substrato, melhor seria a separação entre substrato limpo e sujo. Então, para se enquadrar no projeto, o substrato deve, além de ter grânulos de tamanhos homogêneos, ter boa aglomeração, absorver bem os odores e diminuir ou extinguir a formação de lama. A grande maioria dos granulados argilosos forma lama, dificultando a manutenção, além de aumentar os maus odores. Algumas marcas possuem os grânulos de tamanhos diferentes na mesma embalagem. Como todos os argilosos são extraídos de jazidas de argila, fonte não renovável, optou-se por evitá-los. Dentre os não-argilosos de grânulos destacam-se o substrato a base de mandioca DBest, a base de madeira Kittycat e Gatos e a base de trigo LimpiCat. Foi realizado um teste de 30 dias com o substrato de madeira por seu preço ser o mais acessível entre outras variedades de não argilosas. O teste foi realizado com dois gatos, a marca de substrato utilizada foi a Gatos. A observação focou no manuseio feito pelo homem: - A peneiragem do substrato de madeira é feita de maneira inversa ao convencional, o que cai da peneira é o que deve ser removido. É necessário recolher manualmente, com o auxílio de pá ou saco plástico, os torrões aglomerados de fezes. Notou-se que a serragem gerada pelo desmanche dos grânulos se acumula formando uma camada densa na parte superior, fazendo com que o gato evite o sistema caso a manutenção não seja realizada com maior frequência. Portanto, por ser de peneiragem inversa ao de todas as outras variedades de substrato e por exigir maior frequência e tempo de

manutenção descartou-se a possibilidade de utilizálo como substrato-base. Durante um mês foi adotado o substrato Limpicat da empresa Guabi. Produzido a partir de fonte renovável (trigo), de odor suave ao ser umedecido, não forma lama e absorve bem os maus odores. A embalagem tradicional vem com 2,5kg. Também foi testada a marca DBest. Optou-se pelo Limpicat por ele não exigir tanto tempo de manutenção, pelo preço mais acessível do que o DBest e por absorver melhor o mau odor.

6.2 Desenvolvimento de protótipo Foram desenvolvidos modelos que foram modificados conforme as necessidades impostas pelos requisitos: 1º teste – “Manter o substrato e a umidade dentro da caixa”. Inicialmente plastificou-se a parte externa da caixa com adesivo marca Contact para impermeabilizá-la. Com utilização da caixa por dois gatos, durante três dias, sem utilizar peneiras, notou-se que a impermeabilização é insuficiente. O material empregado inicialmente foi o papel cartão 180g, que por apresentar pouca resistência à umidade foi substituído por papel ondulado duplex (papelão). Este é mais rígido, com mais camadas de papel melhorando a absorção, além de mais barato. 2º teste – Atendendo ao requisito “Altura das bordas acessível para gatos adultos, filhotes ou convalescidos” e “não espalhamento do substrato” na parede frontal deixou-se uma abertura de 10 x 8 cm que facilita a circulação do gato e permite a visualização do entorno da caixa. Para “diminuir o espalhamento de substrato” optou-se por aumentar as bordas em dez centímetros. Para as dimensões finais observou-se o tamanho de um gato adulto, compararam-se os modelos similares, a quantidade e nível de substrato utilizado. Chegou-se às medidas de 40cm x 30cm na base com “paredes” de 20 cm de altura. O material deve ter espessura de 3mm para garantir maleabilidade nas dobras. 3º teste – Extinguir uma das atividades favoreceu a “diminuir o tempo em postura inadequada” Para isso as peneiras inteiriças foram criadas. Optou-se por folhas que preenchem toda a base interna da caixa e sobem pelas paredes até alguns centímetros

115,1

Ângulo confortável de movimentação da cabeça, flexão frontal, com rigidez postural.

30°+ 30°

Manipular sistema.

Ângulo de conforto do braço

20° a 60°

Manipular sistema

Ângulo de conforto do antebraço

70° a 165°

Flexionar o tronco para frente

Ângulo de conforto quadril/tronco

10°a 30°

x

x

Olhar para o sistema sobre a superfície flexionando o pescoço.

6.3 Validação Ergonomizadora Foram elaboradas tabelas com dados antropométricos que facilitaram na definição das medidas do produto. A partir dos estudos antropométricos realizados foi desenvolvido o modelo funcional com o qual foram registradas imagens de manuseio por usuários extremos. Tais usuários montaram o produto sobre uma mesa e o depositaram no chão, validando a definição das medidas via estudo antropométrico.

Fonte de Dados PHESANT, DIFFRIENT, 81 96 DIFFRIENT, 81

Abrir embalagem Altura do chão sobre ao cotovelo do superfície para maior homem montar a caixa.

DIFFRIENT, 81

89,4

DIFFRIENT, 81

Abrir embalagem Altura do chão sobre ao cotovelo da superfície para menor mulher montar a caixa.

DIFFRIENT, DIFFRIENT, DIFFRIENT, 81 81 81

70 cm

Usuário limitante

Distância focal máxima desejável do raio de focalização

H 97,5 (no máximo)

Visualização do sistema

x

Largura da palma da mão do maior homem: 9,7cm

M 2,5 (no mínimo)

Facilitar o transporte com pegas laterais que sustentem o peso do produto.

H 97,5 (no máximo)

Pega para transportar a caixa da superfície até o chão e após o uso erguer do chão e colocar na lixeira.

x

Vista

Requisitos da tarefa/ sistema

X

5º teste – Para simplificar a manutenção foram elaboradas “pegas” a partir das medidas do maior homem, percentil 97,5 de Diffrient (1981) e detalhes obtidos no livro de Dreyffus (2005). No entanto, o papelão testado não apresentou a resistência esperada para 2,5kg de substrato. O rasgo da pega fragilizou o material. Faz-se necessário um novo estudo de materiais. Mas para uma solução temporária, entre o rompimento da pega e a inexistência desta, optou-se pela segunda, ofertando resistência necessária à embalagem e à tarefa sem a introdução de um novo elemento inexistente nas embalagens atuais.

Requisitos

Dimensão relevante

4º teste - Optou-se por desenvolver peneiras de papel com ranhuras padronizadas semelhantes às das pás usadas para esse fim. O papel Strong manteve a resistência necessária sem gerar muito volume no fundo da caixa. Quando foram sobrepostas e presas duas folhas para cada peneira obteve-se maior resistência, pois a peneira de baixo sustentava a de cima, que estava úmida. Foi realizado um teste derramando-se água diretamente sobre o papel.

Plano sagital/ lateral

acima do nível recomendado nas embalagens de substrato. A atividade de remoção dos torrões com a pá diversas vezes foi substituída por uma única remoção da peneira superior. Removendo uma das peneiras a cada dois dias elimina-se a necessidade de ficar em posição desconfortável para realizar várias remoções com pá. O período é suficiente para aglomeração e retenção da umidade dos dejetos, apesar da recomendação veterinária.

Tabela 05. Campo de Visão e Área Acional – Pl. Lateral

6.4 Teste com o Modelo Final Após a validação de uso pelo humano, o sistema foi testado junto aos gatos por quatorze dias. Foi feito o registro em vídeo e constatou-se que a maioria dos requisitos foi satisfeito. Entre eles: a) Altura das bordas acessível para gatos adultos, filhotes e convalescidos; b) Favorecer a diminuição do odor; c) Montagem e manutenção simplificada; d) Manter o substrato e a umidade dentro da caixa; e) Evitar a aderência dos dejetos nas laterais; f)

Diminuir o espalhamento de substrato; e g)Diminuir o tempo de manutenção de postura inadequada para realização da tarefa. A manutenção sendo feita diariamente levava de três a cinco minutos diariamente. O tempo foi reduzido de cinco a oitos minutos para uma média de 60 segundos. A tarefa de remoção da primeira peneira foi de 45 segundos e a quinta foi de 1 minuto e vinte segundos, variação que ocorreu pelo fato das peneiras seguintes absorverem parte da umidade.

Conclusão Como o produto é descartável foram excluídas as tarefas de lavar a bandeja sanitária e pá semanalmente (utilizando desinfetantes e vários litros de água) e a de reposição do substrato, além da diminuição do tempo gasto com o peneiramento e da não utilização de pá. Reduziu-se assim o trabalho e o tempo de manutenção de posturas inadequadas. A adoção de substrato de melhor qualidade diminuiu a necessidade de remover constantemente substrato contaminado. Essa escolha maximiza a vida útil do sistema, pois controla melhor o mau odor e favorece o aceite do sistema pelo animal, mesmo que haja resquícios de dejetos. A necessidade de pegas na embalagem foi descartada, porém mostraram-se necessárias nas peneiras, a fim de evitar o contato humano acidental com o substrato sujo.

Abinpet.org.br; Gasto mensal médio com animal de estimação pode variar 2.000%. Disponível em: Acesso em 26/04/2013. ABNT. NBR 6023: Informação e documentação: Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002; BAXTER, Mike; tradução Itiro Iida. Projeto de Produto: guia prático para o design de novos produtos. 3ª edição.São Paulo: Blucher, 2011; BELLO, Paola. Um novo olhar sobre o gato Revista Galileu, Edição 204. - Jul de 2008, Editora Globo S.A. Acesso em: 18/03/2012.Disponível em: DIBARTOLA, S.P.; Fluid therapy in small animal practice. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 2006. IIDA, Itiro - Ergonomia: projeto e produção. 2ª edição rev. e ampl. - São Paulo: Blucher, 2005. MAMBRINI, Verônica. Ronronterapia. IstoÉ independente. N: 2100 05 fev. 2010. Disponível em: Acesso em: 16/04/2012 MORAES, Anamaria de e MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia – Conceitos e Aplicações. Rio de Janeiro: 2AB, 2010; QUARESMA, Maria Manuela R.. A Aplicação de Dados Antropométricos em Projetos de Design; Rio de Janeiro: PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2001. ROSSI, Alexandre. Gato, o pet do futuro? Disponível em: http://www.caocidadao.com.br/artigo/gato-o-petdo-futuro/> Acesso em: 18/03/2012

Img 01-Usuário utilizando o sistema.

A embalagem fechada se apresenta em forma de similar a um paralelepípedo, o que facilita o empilhamento e transporte.

Referências Bibliográficas

SILVA, José Carlos Plácido da Silva; SILVA, Fernando Moreira; PASCHOARELLI, Luis Carlos. Design Ergonômico-Estudos e Aplicações. Bauru: FAAC – U. E. Paulista, 2010. TILLEY, Alvin R., Henry Dreyfuss Associates. As medidas do homem e da mulher. Tra. Alexandre Salvaterra. - Porto Alegre: Bookman, 2005.

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