Sistemas de suporte a planos de emergência

June 2, 2017 | Autor: João Patrício | Categoria: Smart Cities
Share Embed


Descrição do Produto

Sistemas de suporte a planos de emergência Integração de procedimentos operacionais de proteção e segurança

Emergency plans support systems Integration of Safety and Security operational procedures

A Araújo, P. Lemos, I. Costa, P. Luís, L. Oliveira, N. Madeira, J. Patrício Instituto Politécnico de Tomar Tomar, Portugal [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Resumo — O IBM IOC (Intelligent Operations Center), é uma plataforma computacional de elevado potencial e com uma margem exponencial de crescimento, com aplicações nas mais diversas áreas inerentes à eficiência e desenvolvimento das cidades, tornando-as smarter, permitindo a criação de um sistema comum com informação dinâmica em tempo real, fazendo face às necessidades diárias de uma cidade, assim como de uma Festa de grandes dimensões. Neste trabalho é apresentada a aplicação à Festa dos Tabuleiros, realizada na zona histórica da cidade, e que apresenta um conjunto variado de desafios. Estas necessidades assentam fundamentalmente na proteção e segurança dos participantes e visitantes da Festa, envolvendo as respetivas entidades responsáveis, sendo mostrado como o IOC faculta a estas entidades uma ferramenta visual comum com impacto direto na realização da Festa. Palavras Chave – IOC, Eficácia, Eficiência, Inteligência.

Abstract — IBM IOC (Intelligent Operations Center) is a high potential computational platform with an exponential growth margin, that can be applied in many areas dealing with efficiency and smarter city development, by assisting its daily needs, along with the organization of large scale Festivities. In this work we present the application of this platform to Festa dos Tabuleiros (Trays Festival), which takes place every four years in the historic area of the city of Tomar, facing a number of challenges for the concerned authorities, addressing a set of needs raised by visitor safety and security issues. The resulting system, built around IOC, provides the authorities and general public a single powerful tool with direct impact on the management of the Festival. Keywords – IOC, Effectiveness, Efficiency, Intelligence

I.

INTRODUÇÃO

O conceito de smart city [1] procura dar materialização prática à procura de melhoria da qualidade de vida nos núcleos metropolitanos das cidades e respetivas áreas de abrangência. Este conceito pode ser aplicado não apenas às cidades como também a eventos específicos que sejam regidos por uma timeline planeada com eventos e ocorrências próprias [2]. Assim, num evento de grande dimensão, como a Festa dos Tabuleiros em Tomar [3], que ocorre de quatro em quatro anos, mobilizando toda a cidade e recebendo milhares de visitantes, torna-se cada vez mais necessário aliar a tradição e o conhecimento com a tecnologia e a inovação. Este evento exige um vasto conjunto de recursos financeiros, logísticos, burocráticos, entre outros, que exige um enorme reforço nas áreas de proteção e segurança, essencialmente devido à dimensão da Festa e à grande aglomeração demográfica que lhe é inerente. É imprescindível a existência de um maior nível de segurança, bem como, uma rápida resposta em caso de ocorrências, as quais se sucedem em elevado número durante a festa.

As áreas de proteção e segurança são assim duas áreas sensíveis no quotidiano de uma cidade pelas suas especificidades, bem como pela necessidade de alinhamento total para o sucesso das operações e pela metodologia tradicional de gestão de processos que dificulta o acesso à informação de forma rápida e eficaz. Assim, a abordagem destes temas é importante não só do ponto de vista da sua empregabilidade no âmbito das smart cities, como também se torna um essencial ponto de partida para a validação da sua aplicação em ferramentas de gestão operacional e estratégica e apoio à

decisão, como é o caso do IOC (Intelligent Operations Center) da IBM [4].

Na secção seguinte é apresentado o estado da arte, sendo posteriormente abordados os procedimentos operacionais das entidades envolvidas, descrevendo-se em seguida a solução implementada, que engloba a aplicação do IOC nas áreas da proteção e segurança, e uma gestão inteligente na cidade de Tomar. Esta solução é ainda particularizada para o caso concreto do projeto Smarter Fest e respetivos procedimentos aplicados. II.

ESTADO DA ARTE

Complexidade, imprevisibilidade e evolução são características associadas nos dias de hoje às grandes aglomerações humanas. Uma cidade em constante evolução, quer demográfica quer economicamente, está aliada a um grande grau de complexidade, gerando inúmeros problemas a todos os níveis. Este grau de complexidade tem origem na imprevisibilidade de diversos fatores, nomeadamente, económicos e ambientais, fora do alcance dos respetivos responsáveis. São estes fatores que criam a necessidade de tornar as cidades inteligentes, com recurso a ferramentas de apoio à gestão e decisão, dado o carácter crucial da gestão da informação [5]. Embora já existam, um pouco por todo o mundo, exemplos bem-sucedidos destas implementações, está-se muito longe de uma adoção generalizada. Tais implementações recorrem ao uso, entre outras possibilidades, da plataforma da IBM, o IOC (Intelligent Operations Center), que permite a monitorização e gestão de recursos, eventos e incidentes, a otimização do crescimento da cidade e das suas operações, congregando, numa plataforma comum, a integração da informação de diversas entidades [4].

O IOC pode ser aplicado às mais diversas áreas. No que diz respeito mais especificamente às áreas de proteção e segurança, foi em Davao, Filipinas, que em 2012 a IBM colaborou na construção de uma Smart City, criando um dashboard centralizado, permitindo monitorizar eventos e operações em tempo real, levando as entidades responsáveis a uma resolução mais rápida e eficaz das ocorrências [6].

Esta abordagem nunca tinha sido ensaiada em cidades de dimensão mais reduzida, acolhendo festas de grandes dimensões aglomerando no mesmo espaço centenas de milhares de pessoas. Foi assim que, na Festa de Tabuleiros de 2015, na cidade portuguesa de Tomar, que, perante a necessidade de uma plataforma comum que permitisse o cruzamento de informação entre as duas entidades responsáveis pela segurança da festa, foi introduzido o IOC. III.

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

As organizações e entidades responsáveis por gerir as cidades ou eventos particulares dentro das cidades, são também responsáveis por elaborar e manter manuais de procedimentos que permitem organizar, orientar, facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias para a correta execução dos planos, essencialmente nas áreas de proteção e segurança em que tem que ser garantida a capacidade de resposta à emergência [7].

Para estas entidades, os procedimentos operacionais estão descritos, detalhados e previstos em planos operacionais que contêm todas as informações necessárias para uma correta operacionalização. Os procedimentos operacionais (SOP’s) têm uma importância particular devido ao facto de descreverem as várias ações inerentes à execução do procedimento. Isto é de extrema importância pois permite uma repetição de tarefas com o resultado esperado, o que diminui o erro (desvios na execução), mantendo um nível de qualidade elevado nas ações tomadas.

No IOC é possível criar procedimentos operacionais e associá-los a ocorrências fazendo que sejam despoletados por determinadas características das ocorrências. Além disso, todas as ações decorrentes do processo ficam registadas, sabendo-se em tempo real qual o ponto de situação de determinada ação e quem está responsável pela mesma. Isto permite ter um procedimento dinâmico e com automatismos próprios, ajudando as entidades responsáveis a perceber o estado das operações em tempo real, havendo assim maior poder de decisão de todas as áreas envolvidas. IV.

SOLUÇÃO

A quantidade de informação gerada nas cidades tem aumentado de forma exponencial. Assim, torna-se cada vez mais urgente criar processos modelados de forma a integrar da melhor forma as várias entidades envolvidas na gestão dos eventos e ocorrências de uma cidade e implementar ferramentas de apoio à decisão, capazes de anular as “ilhas” de informação, que podem fazer com que determinada decisão seja tomada sem se conseguir ter uma visão global das situações.

Por um lado, é cada vez mais importante implementar ferramentas de gestão com processos operacionais estandardizados e devidamente integrados, capazes de tornar a interoperabilidade mais eficaz e eficiente, que só será possível através da aplicação dessas ferramentas agregadoras de informação que irão funcionar como elemento vital no apoio à decisão. A aplicação do conceito de smart city tende a tornar-se urgente no futuro, pelo que a implementação deste conceito e dessas mesmas práticas em eventos críticos geradores de grandes quantidades de informação se pode tornar essencial para adaptar a sua integração numa escala maior às próprias cidades. Passamos agora a apresentar a nossa proposta de aplicação dos conceitos de smart city, mais concretamente nas áreas de proteção e segurança, a uma instância concreta.

A Festa dos Tabuleiros é um evento que acolhe uma grande massa populacional na cidade de Tomar, o que leva a que seja necessário um grande controlo, monitorização e gestão de todos os meios, para que haja uma maior segurança e maior rapidez na resposta a ocorrências. Para tornar possível este controlo, monitorização e gestão mais eficaz e eficiente, a solução global desenhada para o evento passou por integrar o conceito de smart city e aplicando a plataforma IOC como solução integradora de informação e ferramenta de gestão e apoio à decisão, sendo que para alimentar esta plataforma foram também desenvolvidas: 

aplicação para gestão dos parques de estacionamento e visualização do estado dos mesmos no IOC e na aplicação mobile dos visitantes;

 

aplicação para geolocalização do cortejo e visualização em tempo real no IOC e na aplicação mobile dos visitantes;

aplicação para dispositivos móveis (Android e IOS) para os visitantes poderem visualizar o estado de ocupação dos parques de estacionamento, saberem a posição exata do cortejo e com informações dos concertos e eventos da festa.

A solução implementada para a Festa dos Tabuleiros incorporou uma fase de analítica preditiva, com o objetivo de recolher dados, correlacioná-los e tratá-los estatisticamente. Recorreu-se a dados de edições anteriores da Festa dos Tabuleiros com o intuito de dotar o sistema desenvolvido com capacidades preditivas, dando origem a um conjunto de "lições aprendidas" e a uma base de conhecimento para eventos futuros. A. Aplicação do IOC nas áreas de Safety e Security

1) Integração do IOC para uma gestão mais inteligente As cidades modernas podem ser vistas como ambientes complexos com vários elementos conjugados que requerem uma gestão eficaz e eficiente. No quotidiano das cidades as várias entidades responsáveis têm que lidar com incidentes e emergências com soluções que aumentem a capacidade operacional e minimizem o impacto das ocorrências.

Nesse sentido, e à semelhança de outras ferramentas vocacionadas para a gestão de smart cities, o IOC funciona como uma ferramenta de apoio à gestão e decisão, a um nível operacional e estratégico, que permite monitorizar e gerir recursos, eventos e ocorrências, otimizar as operações através da análise de indicadores, estar conectado com os cidadãos e endereçar as suas preocupações através de ferramentas com procedimentos específicos, integrar dados de várias origens numa plataforma comum, e finalmente modelar procedimentos das várias entidades e integrar os mesmos em procedimentos operacionais comuns, agregando e disponibilizando a informação numa plataforma comum com uma perspetiva gráfica que facilita a rapidez de decisão através da observação de indicadores, permitindo a integração e visualização de dados de várias fontes, a colaboração quase em tempo real, coordenação e gestão das respostas a incidentes, bem como a análise dos dados com o objetivo de melhorar a eficiência das operações realizadas, fornecendo mapas, dashboards, reports e algoritmos de análise e procedimentos de operações padrão interativos (SOP’s). B. Gestão mais inteligente em Tomar – O caso do Smarter Fest A Festa dos Tabuleiros surge como um evento de carácter crítico. A interoperabilidade entre as várias entidades envolvidas carece de ferramentas de apoio à decisão e processos transversais de gestão de eventos e ocorrências. As soluções tradicionais existentes e implementadas no passado funcionavam, sendo contudo baseadas em objetos e estruturas estáticos, funcionando os sistemas de informação das diferentes áreas de forma autónoma e independente. Conclui-se deste modo que o processo de ligação e comunicação pode ser melhorado por forma a aumentar a celeridade do processo de decisão. Com o IBM IOC, foi possível alterar essa situação, e para além de ser possível consumar a ligação entre a informação de ambas as áreas, as duas entidades envolvidas passaram a ter conhecimento da posição de cada membro no terreno, existindo

assim uma informação dinâmica. Mais concretamente, a localização do cortejo, dos operacionais que se encontravam ao serviço, do estado das ruas, das ocorrências, e ainda, acesso constante e em tempo real a relatórios com o registo de todas as ocorrências registadas durante a Festa, passou a estar acessível, de forma dinâmica, a todas as entidades com responsabilidade na gestão do evento, mantendo-se contudo a estrita observância dos protocolos de transmissão deste tipo de informação para as entidades responsáveis, feita por via telefónica dos operacionais no terreno para os operadores que, no centro de comando, introduziam os dados no IOC.

Durante este evento foram criadas duas equipas, uma na área de proteção e outra na área de segurança. Estas equipas marcaram presença nas salas de controlo de cada uma das áreas e inseriram a informação no IOC com o objetivo de ajudar em simultâneo todos os envolvidos no apoio a decisão. O IOC contou igualmente com outras fontes de dados, recebendo informação do estado dos parques de estacionamento, recolhida pelo pessoal responsável pela segurança em cada um deles, assim como da localização do cortejo no momento. Foram deste modo construídas aplicações móveis para enviar informações sobre a taxa de ocupação dos parques e a localização dos pontoschave do cortejo. Essas aplicações Android, instaladas em dispositivos móveis que eram transportados por elementos que incorporavam o cortejo e enviavam a informação para uma base de dados acedida pelo IOC.

Como forma de dotar esta plataforma de capacidades no domínio da analítica preditiva, procedeu-se ao registo e georreferenciação de todas as ocorrências durante os cortejos principais das edições de 2007 e 2011 da Festa dos Tabuleiros de 2007 e 2011, recorrendo-se aos registos feitos na ocasião e disponibilizados pelas Corporações de Bombeiros envolvidas. Tal como é documentado na Figura 1, este registo permitiu identificar zonas críticas nos cortejos principais das edições de 2007 e 2011 da Festa dos Tabuleiros, que permitiram às várias entidades envolvidas reposicionar alguns meios e reajustar o plano de operações aos dados apresentados.

Figura 1 IOC - Ocorrências registadas na Festa dos Tabuleiros de 2015

Através do registo na plataforma IOC das ocorrências no cortejo principal da Festa dos Tabuleiros de 2015, foi possível, para além do simples registo descritivo das ocorrências, localizálas geograficamente de forma automática no mapa, tal como é mostrado na Figura 2. As regiões circulares denotam áreas críticas, cujo raio é diretamente proporcional à sua severidade. Em complemento, a gestão dos parques de estacionamento assumiu um importante valor acrescentado em comparação com

a estratégia seguida durante o cortejo principal das anteriores edições da Festa dos Tabuleiros. Neste contexto foi desenvolvida uma aplicação que, com o envolvimento dos meios humanos da empresa a quem a segurança dos parques de estacionamento foi adjudicada, permite o conhecimento da taxa de ocupação dos parques de estacionamento, com três estados, verde, amarelo e vermelho, representando respetivamente o estado livre, parcialmente ocupado e completamente ocupado, tal como é mostrado na Figura 3. Foi deste modo possível às autoridades responsáveis pelo encaminhamento dos visitantes pelos acessos secundários, para o centro da cidade, ter conhecimento em tempo real do estado de ocupação dos parques através dos centros de operação, permitindo encaminhar as pessoas pelos acessos diretos para as áreas com parques de estacionamento livres.

Figura 2 IOC - Ocorrências registadas na Festa dos Tabuleiros de 2015

do estado dos parques de estacionamento e da localização do cortejo.

O desenho da solução no IOC nasce com o acompanhamento da elaboração dos anexos ao plano de operações com o posicionamento de meios e viaturas permitindo consolidar o alinhamento entre algumas entidades relativamente aos corredores de evacuação a ser utilizados, materializado no ecrã representado na Figura 5, permitindo aos Comandantes presentes no centro de operações ter conhecimento, de uma forma muito gráfica e dinâmica, da disponibilidade e localização dos meios e viaturas que dizem respeito à sua área de operações, assim como uma melhor definição das zonas de intervenção.

Figura 4 IOC - Estado de ocupação dos acessos e corredores de circulação

Figura 3 IOC - Áreas e locais dos parques de estacionamento

Estratégia idêntica deu possibilidade aos Centros de Comando das Corporações de Bombeiro e às Autoridades de Segurança de poder visualizar em tempo real o estado dos acessos primários e secundários e dos corredores de circulação através dos estados livre e condicionado, tal como representado na Figura 4. Além disso, a visualização, na mesma apresentação, dos corredores de evacuação de emergência permitiu o encaminhamento dos meios de socorro das Corporações de Bombeiros sem contratempos de condicionamento de vias. Numa outra vertente da disponibilização de informação, desta feita ao público em geral, foi criada uma aplicação móvel que permitiu aos visitantes do cortejo principal da edição de 2015 da Festa dos Tabuleiros ter conhecimento em tempo real

Figura 5 IOC - Posicionamento dos meios e viaturas, das áreas de proteção e segurança

O acompanhamento, por parte das autoridades de proteção e segurança, da Festa dos Tabuleiros exige um grande alinhamento da informação entre as entidades intervenientes, que foi possível graças ao IOC, como unanimemente o admitiram os responsáveis pela Polícia de Segurança Pública e do Corpo de Bombeiros da cidade de Tomar [8].

Tal como foi mencionado anteriormente, as várias entidades envolvidas na festa dos Tabuleiros, integrantes da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) regem-se por “processos pelo qual se estabelecem, testam e colocam em prática as medidas, normas, procedimentos e missões destinadas a serem aplicadas numa situação de acidente grave ou catástrofe” [7]. Por outro lado, a gestão eficaz e eficiente de situações de emergência de Proteção Civil “regulam-se com um bom planeamento e deverá ter por base um plano de emergência simples, flexível, dinâmico, preciso e adequado às características locais” [7]. Deste modo, os procedimentos operacionais traduzem o planeamento das tarefas a ser executadas e as medidas necessárias para a realização dessas mesmas tarefas [2]. No cortejo principal da edição de 2015 da Festa dos Tabuleiros, a solução passou por integrar os planos e procedimentos das várias entidades envolvidas em procedimentos operacionais padrão (SOP), facilmente parametrizados e geridos através do IOC. Os SOP devem desta forma ser definidos para gerir as ocorrências que chegam ao IOC. Estes SOP definem a sequência de atividades que são despoletadas em resposta a uma ocorrência com certos parâmetros predefinidos e cada atividade corresponde a uma tarefa automatizada. Estas tarefas encontram-se atribuídas a utilizadores, ficando cada alteração de estado da tarefa registada num determinado momento, havendo sempre um responsável pela sua execução.

No caso particular do cortejo principal da edição 2015 da Festa dos Tabuleiros, foi possível integrar alguns dos procedimentos, contidos nos planos operacionais das várias entidades, nestes SOP, permitindo desta forma que os órgãos de decisão soubessem em qualquer momento o estado de determinada tarefa e o responsável pela mesma. Podemos aqui demonstrar o caso prático do fluxo de emergência pré-hospitalar, tal como é mostrado na Figura 6, que contém todas as movimentações e tarefas desde a ativação dos meios de socorro até à disponibilidade dos meios após o despacho da emergência.

Figura 7 IOC screenshot de SOP de emergência pré-hospitalar

É possível observar que este SOP contém atividades com perfis para cada um dos utilizadores com as suas funções específicas, que são despoletadas através da execução de tarefas. Todos estes registos surgem como instâncias com data/hora de início e fim, permitindo que a qualquer momento os decisores possam ter acesso aos status das atividades e respetivos responsáveis. Apesar da sua utilidade em eventos anteriores, sendo este um procedimento importante anexo ao plano operacional de qualquer município, uma das soluções apresentadas na festa dos tabuleiros foi a parametrização e configuração deste fluxograma num SOP incorporado no IOC, conforme se pode observar, de forma parcial, na Figura 7. A integração deste procedimento no IOC e sua associação ao data source de emergências médicas permitiu ao decisor seguir os passos da execução de cada emergência individualmente, com gravação da data e da hora de todas as ocorrências registando a data e hora, permitindo a comparação de tempos e criar de medidas estatísticas com vista à otimização dos procedimentos.

Figura 6 Fluxograma de emergência pré-hospitalar

Para criar o procedimento no IOC, foram criados todos os passos a executar em Solution Administration -> Standard Operating Procedures -> Definition -> Create. Neste local, é feita a configuração do procedimento. Foram criados passos de execução de diferentes tipos de atividade, manual e de decisão (if-then-else), sendo ainda possível a introdução de atividades de forma manual. O registo destes dados vai facilitar a criação de relatórios com o software Cognos, parte integrante do ecossistema IOC.

A Figura 8 ilustra outros SOP utilizados para gerir as atividades inerentes à abertura e encerramento dos parques de estacionamento e fecho e abertura de ruas, tendo sido fundamentais para os órgãos para acederem aos estados de ocupação dos parques de estacionamento, as ruas com maior afluência de pessoas e viaturas, assim como as vias a ser utilizadas para em contexto de evacuação ou emergência préhospitalar. Os Standard Operations Procedures assim definidos irão permitir que, em modelos preditivos das próximas edições da Festa dos Tabuleiros, a informação da edição de 2015 possa complementar a informação das edições de 2007 e de 2011.

de uma forma tradicional, vêm a ser aplicados ao longo dos anos pelas autoridades responsáveis pela tarefas de security e de safety em eventos culturais. O recurso a uma ferramenta de apoio à gestão de smart cities como o IOC permitiu aliar a modernidade à tradição, sem que esta se perdesse, tornando a Festa dos Tabuleiros Inteligente, Eficaz e Eficiente, possibilitando às autoridades a realização de uma forma mais eficiente de uma Festa mais segura, mais ágil e dinâmica a nível de informação.

Esta implementação afetou diretamente os procedimentos e processos das entidades envolvidas, otimizando-os e tornandoos mais eficazes, numa perspetiva completamente diferente da por elas utilizada anteriormente. A visualização em tempo real das ocorrências, eventos, e localização geográfica dos agentes no terreno, proporcionaram uma tomada de decisão com maior prontidão e de impacto imediato. Os resultados desta aplicação foram visíveis em tempo real, através da recolha constante de dados em ambos os centros de operações, que possibilitou um tempo de resposta mais rápido de todos os meios envolventes, não só de segurança como também das restantes entidades envolvidas na Festa dos Tabuleiros.

Figura 8 - IOC screenshot de SOP's

Após a realização do cortejo principal da edição de 2015 da Festa dos Tabuleiros, foi feito um levantamento das ocorrências, esquematizado na Figura 9, de que resultou um relatório entregue às entidades envolvidas, onde é possível constatar que, se por um lado, o número de ocorrências em 2015 aumentou relativamente a 2011, em consonância com a maior afluência de pessoas à Cidade de Tomar, por outro o tempo médio de resposta às ocorrências baixou consideravelmente.

Figura 9 - Tempo total das ocorrências e ocorrências por tipo (2011 vs 2015)

V.

CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objeto de estudo a incorporação de ferramentas computacionais e de sistemas de informação na assistência a um conjunto de procedimentos operacionais que,

A Festa dos Tabuleiros, uma tradição tomarense e portuguesa carregada de significado histórico, teve desta forma o seu primeiro contato com o conceito Smarter Cities e uma aplicação como IOC. A aplicação deste conceito a um evento específico poderá agora resultar numa implementação para a cidade que o alberga, a cidade de Tomar, a longo prazo e de uso mais frequente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] M. Naphade, G. Banavar, C. Harrison, J. Paraszczak e R. Morris, “Smarter Cities and Their Innovation Challenges,” Computer, vol. 44, pp. 32-39, June 2011. [2] C. Sell e I. Braun, “Using a workflow management system to manage emergency plans,” em Proceedings of the 6th International ISCRAM Conference, Gothenburg, Sweden, 2009. [3] A. Rosa, D. C. R. J. L. e L. Graça, História de Tomar, 1971. [4] IBM, “Intelligent Operations Center,” [Online]. Available: http://www-03.ibm.com/software/products/pt/intelligentoperations-center. [Acedido em 20 Fevereiro 2016]. [5] H. Chourabi, T. Nam, S. Walker, J. R. Gil-Garcia, S. Mellouli, K. Nahon, T. A. Pardo and H. J. Scholl, “Understanding Smart Cities: An Integrative Framework”, em 2012 45th Hawaii International Conference on System Science (HICSS 2012), pp. 2289-2297, IEEE. [6] IBM, “City of Davao and IBM Collaborate to Build a Smarter City,” 2012. [Online]. Available: https://www03.ibm.com/press/us/en/pressrelease/38152.wss. [Acedido em 20 Fevereiro 2016]. [7] R. Almeida, C. Mendes, S. Serrano, F. Araujo, P. Carlos, C. Coelho e A. Gomes, “Manual de apoio à elaboração e operacionalização de Planos de Emergência de Planos de Protecção Civil,” Cadernos Técnicos PROCIV, 2008. [8] “Inovação abraça Festa dos Tabuleiros,” Revista Smart/Cities, vol. 7, 2015.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.