Sobre a Definição de Virtude: no Bojo da Visão Aristotélica

May 29, 2017 | Autor: Marcos Jaques | Categoria: Aristotle, Filosofía, Aristoteles, Filosofia antiga, Virtudes
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE Filosofia


MARCOS JAQUES











SOBRE A DEFINIÇÃO DE VIRTUDE: NO BOJO DA VISÃO ARISTOTÉLICA















CURITIBA
2015
MARCOS JAQUES














SOBRE A DEFINIÇÃO DE VIRTUDE: NO BOJO DA VISÃO ARISTOTÉLICA
ARTIGO APRESENTADO À DISCIPLINA FILOSOFIA ANTIGA DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM
FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.















CURITIBA, ABRIL DE 2015.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3
Virtude I 4
Virtude II 6
Considerações finais 7
Referências 8
. Introdução

O presente trabalho tem como objetivo compreender, o conceito de
virtude em Aristóteles, no primeiro livro de, Ética a Nicômaco, pois, a
virtude tem um papel de suma importância no que tange a conquista da
felicidade, segundo o autor, a virtude é uma excelência da alma, partindo
dessa premissa, podemos identificar a importância da virtude para o ser
humano, já que estamos em constante busca da felicidade, um bem absoluto.
Neste trabalho, o primeiro capítulo, abordará a virtude como um conceito
universal, e também, farei algumas observações do conceito e do que seriam
as virtudes. Como elas fazem parte da felicidade, tudo isso, segundo
Aristóteles; o segundo capítulo, será um apanhado geral da virtude
aristotélica.
Quando se fala de virtude, encontramos nesta palavra muitas
significações, que indicam a amplitude desse termo, não muito utilizado na
atualidade, como efeito, a virtude hoje é considerada um termo antiquado,
não muito utilizado, entretanto, podemos ver niddo um reflexo, para
formação, dos nossos conceitos de bom e mau. É chamado de virtuoso, aquele
que faz algo com excelência, assim, a virtude tem como primeira definição,
por consequência, algo que definimos como bem, ou seja, algo feito de forma
impecável, desse modo, podemos encontram alguém que possui virtude.
Porém, como veremos, Aristóteles, concebe a virtude, como sendo, algo
próprio do ser humano, em conseguinte, ele determina alguns tipos desta,
elas definem estilos de felicidade, com base, em como cada ser humano busca
felicidade, Aristóteles elenca três tipos de vida, com esse viés poderemos
marcar seu pensamento a respeito da virtude, e sua importância na vida do
ser humano. Tudo isso, será mostrando de forma empírica, que definirá muito
bem o pensamento aristotélico, e como se diferenciava de Platão, que também
é citado nos primeiros capítulos do livro, como alguém, que define um bem
supremo, que é bom por si próprio; contudo, veremos como esse pensador
influênciou, e está presente, na forma com que entendemos virtude hoje, mas
normalmente, encontra-se de forma implícita. Não encontramos a origem de
tal significado, todavia, a partir do contato com esse texto, fica claro,
quem foi o precursor, e de como surgiu a virtude como qualidade da alma e
que deve ser exercitada.

Mas virtude, ela nasce com o indivíduo ou ela é conquistada? Ela só é
imperativa da felicidade?

Virtude I

A virtude[1] é algo de interesse da grande maioria dos seres humanos, uma
vez que, essas pessoas buscam ser felizes, um bem humano é sempre ansiado,
mesmo, umas não sabendo muito bem o que seria seu ssentimento de felicidade
propriamente dita, algumas até com posições mais céticas, desacreditando,
que a felicidade exista, já que a própria vida acaba em tragédia, a morte
no caso. Somos obsidiados por explicações, que tem um papel vertiginoso em
nossas amargas e frias vidas, condicionados a leis naturais que nem, com o
maior dos poderes mentais e de transcendência, são quebradas, por nós,
meros mortais.
É falando sobre os fins, que Aristóteles inicia sua
investigação acerca do bem, defendendo que toda a ação tem como finalidade
um bem pré-determinado, entretanto, esse bem não é igual para todos,
deixando claro que cada pessoa, pode, o buscar de forma diferente, porém,
com esse pensamento, entendemos que, a partir do momento que todos têm o
bem como finalidade, chegamos à conclusão que exista um "sumo bem", a
excelência. Neste sentido, contemplamos a felicidade, após citar esse bem
essencial, o filósofo mostra. que esse bem e oriundo de algum lugar, que
define esse bem, o objeto do bem poderia ser as ciências mais apuradas, e
no caso do homem, seria a política, pois, Aristóteles define a importância
da política para os homens como, nas suas palavras:

Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por
outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as
das outras, de modo que essa finalidade será o bem
humano.[2]


Pode-se ver a importância dada a política, por parte dos gregos, em
especial, o Estagirita, que estava em um período complicado da cidade-
Estado, entretanto, se detinha em encontrar explicações, partindo de suas
análises, sobre os fins, que as pessoas davam as suas ações, que culminava
irremediavelmente a um bem, o bem humano.
E o bem humano, é dado de acordo com Aristóteles, segundo cada um conhece,
esses assuntos, o autor, destaca que apenas podemos ter um julgamento de
bom ou ruim, a partir do momento que conhecemos, e deixa claro que, quem
consegue fazer o bom uso disso, com ajuda da razão, terá vantagens e o irá
acrescentar aos seus fins, sendo assim, o Estagirita, ressalta,
independente da sua instrução, o bem deve ser excelência da alma, e é
nomeada como virtude, uma qualidade da alma, que se mostra, um tanto
quanto, heterotético no ato de acossar a felicidade.
A felicidade, se dá, de modo, com que a vida tem satisfação, e
ela pode ser encontrada nas mais variadas classes de homens, a serem
definidas como "vulgo" pelo pensador grego, pessoas comparadas a escravos e
animais, pois, se contentam com os prazeres, como: comer, beber e ter
relações sexuais; isso para Aristóteles é uma vida sem valor, que ele chama
de vida agradável, em conseguinte, coloca em questão uma vida política,
essa, como uma vida incompleta em busca de honras. Esta busca no objetivo
da vida política, passa a ser uma vida incompleta, desde que, ela depende
do julgo de pessoas, para assim se obter a felicidade, algo supérfluo,
pois, a virtude não é um honra; e por último, nos fala sobre a vida
contemplativa, que seria, por excelência, a melhor dentre a citadas, ela
não é explicada neste momento. Também reitera, que a vida em busca de
riquezas é uma vida degradante, dado que, sua busca se dá, na vontade de
ter acesso a outro bem.
No discorrer do Livro I, seu autor explica, porque o bem não pode
ser universal, de acordo como ele: "é evidente que o bem não pode ser algo
único e universalmente presente em todos os casos"[3]. Ele explica, que se
está universalidade existisse, não haveriam, diferentes concepções de bem,
isso, leva a crer, que essa universalização não pode ser feita, a definição
de um bem único, algo que pode até ser notado nas ciências, não existem.
Uma ciência única, capaz de abranger o todo, vários campos da ciência. A
seguir, a leitura vê-se que Aristóteles aponta uma separação dos bens: os
bens em si e os bens uteis, estas são uma referência a Platão e suas
Ideias, tudo isso, para mostrar que os bens ideais não são claros, pois, o
bem único não faz sentido para Aristóteles, por ser inatingível. Enfim, o
que seriam esses bens, que tanto Aristóteles fala: primeiro ele é algo
atingível, pela ação humana, algo palpável, que está sempre em nossos
objetivos, para Aristóteles, esse bem tem um nome, a felicidade, pois, ela
é sempre vítima do nosso desejo, e ela é isenta de interesses adicionais,
como: a honra o prazer e a razão. Essas virtudes não fazem parte da
felicidade, demonstrando assim, o cunho de autossuficiência, algo como um
desejo natural, uma característica do que Aristóteles chamava de "animal
político"[4].





Virtude II

Este que é detentor da obstinação da felicidade um bem é bom, de certa
forma, necessária em nossas constantes mudanças da vida, em que somos
obrigados a tomar decisões, formar conceitos sociais e individuais.
Necessitamos deste bem, e para o Estagirita: "o bem do homem vem a ser a
atividade da alma em consonância com a virtude e, se há mais de uma
virtude, em consonância com a melhor e mais completa entre elas." [5] Essa
necessidade da virtude, mostra que apesar de estar sempre em busca da
felicidade, só seremos plenos, nesta busca, se tivermos uma vida regrada
pela virtude. Destarte, o filósofo explica que existem os bens da alma e os
exteriores.
Essas ações virtuosas são uma autoafirmação, dizem respeito a algo que é
agradável a elas, e por estes motivos acontecem, não obstante, elas possuem
uma dependência do exterior para suas realizações, Aristóteles começa a
alçar o exercício de algum tipo de virtude com o produto a felicidade, é
com efeito, que a partir de ações, teremos a conquista da felicidade, no
entanto, essa virtude pode ser definida? Parece que não, pois, é algo que
deve ser exercitado na vida, a felicidade é um estado pleno e não
oscilante, no entanto, como afirma Aristóteles, sobre essa definição:
"nenhuma função humana é dotada de tanta permanência como as atividades
virtuosas, que são consideradas até mais duradouras que o próprio
conhecimento humano das ciências.". Virtudes que deixaram o homem em um
estado de vida de contemplação, em que passa pelas adversidades dos
momentos infelizes e permanece em um estado de felicidade, devido a sua
virtuosidade, ele consegue contornar esses pontos de forma resignada e
assim demostra a pureza da alma, logo, uma pessoa virtuosa, será sempre
feliz e abnegada, por mais que passe por obstáculos, manterá o decoro. Em
consonância, felicidade dar-se-á como algo digno de louvor e estima, uma
vez que, ela é o princípio de tudo que produzimos, quanto humanos, o
objetivo por trás de todas nossas ações. Essas ações, estão diretamente
ligadas à alma, que para o Estagirita, contém dois elementos que agem no
indivíduo, os princípios racionais e os irracionais, estão em constante
oposição, a virtude entra como uma "mediadora", entre as relações, sendo
assim, a temperança, ou seja, a capacidade de estabilizar estes elementos
irracionais da alma, por meio da razão. Se evidencia e difere, as pessoas,
que com esse exercício mostram seu valor, no controle racional do elemento
irracional, quando ele tenta interferir na vida, porém, ele também age no
elemento racional, entretanto se submetem a ela. Ainda, neste sentido, as
virtudes são divididas de duas essencialmente: intelectuais e morais; essa
se aprende e interpreta aquela você possui e demonstra. A virtude então, é
um bem, e sua possuidora é a alma, e seus avaliadores são os que recebem,
entendem e percebem sua existência no seu exercício.




Considerações finais



Ao me deparar com tais pensamentos e ideias, como as que foram
apresentadas pelo mito Aristóteles, é que entendo, o quanto foi a
genialidade desse, em sua forma didática e carregada de conhecimento com
que ele trata, temas como, a virtude e alma, que esta tão presente no
primeiro livro da, Ética a Nicômaco, sela e evidência a sua capacidade de
análise e conclusão; um posição que é formadora de opinião e de oposição ao
seu mestre. Aristóteles deixa muito claro, a sua complacência com os seus
semelhantes, era instigado por seu método indutivo a dar seu parecer a
respeito dos problemas do ser humano, e ter o empenho de investigar a
questão da felicidade, e intuir nela a virtude.
Sabendo que muitos já tiveram o privilégio de ler este texto, é que
considero importante a difusão deste, pois, com mais pessoas que consigam
entender, usar as ideias e observações provenientes do sublime Estagirita,
é que vejo uma esperança, em obter a plena felicidade, exercendo o papel de
virtuoso, quando se da à chance de mais pessoas conhecerem esse texto, e
poderem beber dessa fonte inesgotável de conhecimento que é Aristóteles.
Compreenderem, o quanto o pensamento aristotélico influência e está
presente na atualidade e que devemos compreendê-lo; para assim, espalhar as
ideias desse biólogo, que se preocupou tanto com seus políticos e
concidadãos, ao ponto, de dedicar seus esforços intelectuais a sua
explicação. E neste viés, começarmos a fortalecer o homem, em uma atividade
introspectiva, no intuito, da conscientização do exercício humano de viver,
ou seja, para o bem comum e o respeito do individual, com isso, viver em
sociedade com princípios possíveis e não fadados à amargura da castração
intelectual ou social até mesmo a psicológica, e lendo o que de melhor foi
produzido em nossa história, com relação à virtude.





Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim
da versão inglesa de W. D. Ross In: Os Pensadores. São Paulo: Nova
Cultural, 1991, v.2.



 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd
Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1984.



ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Texto integral. Coleção "A Obra-Prima de
Cada Autor". São Paulo: Martin Claret, 2003.



ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução coordenada e revista
por Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.







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[1] Tradução do grego arcaico arete,ἀρετή (excelência), a palavra "virtude"
em português tem origem etimológica do latim vir (homem), de modo a mostrar
que a virtude é o que conduz o ser humano à excelência ou à
plenituࠀࠁࠂࠡ࠴࠶ࡃࡉࡍࡏ࡫࡬ࢊ࢖࢚ࢦࢧࢨࢵࣁde.
[2] Cf. Aristóteles, 1991, p.6.
[3] Cf. Aristóteles, 2003, p.19
[4] Cf. Ibidem, 2003, p.22
[5] Cf. Ibidem, 2003, p.23
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