Sobre arquivos e tumbas

May 28, 2017 | Autor: Heliana Conde | Categoria: História Oral
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Sobre arquivos e tumbas: uma análise da expressão "documento como
monumento"

Heliana de Barros Conde Rodrigues


Qual inúmeros outros pesquisadores, uma de minhas primeiras
aproximações ao emaranhado processo de constituição da história oral
contemporânea foi a leitura de A voz do passado, do britânico Paul
Thompson, cuja publicação original data de 1978. Se alguma novidade existe
nessa circunstância, remete ela às ressalvas com que fiz tal aproximação.
Muitos comentadores diagnosticam duramente o trabalho de Thompson, acusando
o autor de empirista, positivista, preenchedor de lacunas, quantitativista
etc. – em suma, de ingênuo devedor de uma reles "epistemologia da
coincidência" (CHARTIER, 2001, p. 133).
Sem qualquer intuito de hagiografar Thompson, começo por afirmar que
seu livro me trouxe gratas surpresas, em lugar das anunciadas (e
menorizantes) constatações. Percebi com inquietação (como é próprio a uma
"aprendiz de feitiços" historiográficos) por que motivo A voz do passado
havia representado, para os historiadores orais, uma poderosa arma de
resposta aos ditos "tradicionalistas", para os quais a fonte exclusiva da
disciplina histórica seriam os documentos escritos (ou, ao menos, os
documentos passíveis de conversão a alguma forma de "escritura",
"inscrição" ou "fixação").
Em seu gigantesco esforço de réplica, em vezao invés de tentar
assegurar a adesão das fontes orais a alguma espécie de "passado como
realmente se passou", Paul Thompson obriga os exclusivistas da escrita a
uma brutal revisão das alegadamente incontestáveis fidedignidade,
representatividade e relevância de suas próprias fontes. Do documento
diplomático ao iconográfico, das atas parlamentares aos objetos da
civilização material, da correspondência pessoal aos registros judiciários,
dos jornais aos surveys com seus sofisticados tratamentos estatísticos,
tudo aquilo que constitui o corpus do historiador se vê arrancado de seu
tranquüilo flutuar no mundo do "garantido". Cumpre ressaltar, porém, que
essa trajetória anti-evidencialista tem como ápice uma problematização da
confiança depositada pelos historiadores justamente no arquivo ou acervo.
Segundo Thompson (1992), o método documental, hegemônico desde o
século XIX, foi o dispositivo fundamental da profissionalização do
historiador: ele oferece à história um procedimento não partilhado por
outras disciplinas, fazendo com que a avaliação das competências se torne
um assunto interno ao campo acadêmico; mas ele representa, principalmente,
uma proteção social para um crescente número de praticantes da história,
que preferem "se trancar em seus gabinetes a misturar-se quer com a
sociedade dos ricos e poderosos, quer com as pessoas comuns" (THOMPSON,
1992, p. 80). Nesste percurso, o arquivo ( "coleção de documentos
empacotados: escrituras, contratos, livros de registro de empregados,
cartas etc." (THOMPSON, 1992, p. 145) ( faz-se espaço-síntese de uma
cientificidade arrogante, dispositivo a partir do qual séries são montadas,
comparações cruzadas postas em cena, indicadores estatísticos calculados (
como se o passado houvesse tido o cuidado de arrumar seus traços na forma
de uma obsessiva memória.
A esse respeito, Thompson põe a funcionar uma reflexão teórico-
metodológica muito distanciada dos clichês acadêmicos, advertindo:


Certamente não é por acaso que esses documentos e
registros vieram a estar ao dispor do historiador. ([...)]
Os historiadores que tratam esses achados como depósitos
inocentes, como objetos lançados numa praia, estão
simplesmente enganando a si próprios. (THOMPSON, 1992, p.
145)

Prevendo uma possível réplica de historiadores que, cônscios dos
riscos da oficialidade documental, partem em busca de fontes quiçá mais
inocentes, acrescenta:


A[...] até mesmo documentos sociais aparentemente casuais,
como fotografias e filmes, são na verdade muito
cuidadosamente montados ([...)]; em ocasiões especiais,
pode-se descobrir que, para um instantâneo 'casual' de
família, todos os que aparecem na fotografia foram
obrigados a trocar de roupa, abandonando seus trajes
habituais. E não apenas isso, mas decisão semelhante é
tomada quanto a com que fotos ficar para pôr no álbum. A
mesma espécie de expurgo dá forma ao arquivo público.
(THOMPSON, 1992, p. 145-146)


A articulação dessas duas instâncias críticas – análise sociopolítica
da erudição historiográfica profissionalizada, bem como da prática de
constituição de arquivos e acervos ( conduz Paul Thompson ao elogio de
Jules Michelet – elogio este que virá a justificar o título de nosso
trabalho.

Sobre a hHistória e a morte: de Jules Michelet a Michel Foucault
O historiador francês Jules Michelet (1798-1874) escreveu suas obras
quando algumas das regras que viriam a definir as fronteiras do campo
disciplinar ainda estavam em franco processo de disputa. ASendo assim,
autorizava-se a combinar a escritura com o que chamava de tradição oral,:
"[...] aquela que podemos colher se, ao encontrar à beira da estrada um
transeunte descansando, começarmos a falar com ele da chuva, da estação, e
do alto preço dos mantimentos, e da época do imperador, e da época da
Revolução" (MICHELET apud THOMPSON, 1992, p. 45-46).
Embora filho de um gráfico parisiense bastante pobre, Michelet recebeu
esmerada educação escolar. Uma assertiva passível de ser dita
"metodológica", contida no prefácio de O povo (1946), sugere o quanto o ato
de entrevistar o levava de volta a suas origens sociais: "Minha
investigação entre documentos vivos ensinou-me muita coisa que não se
encontra em nossas estatísticas" (MICHELET apud THOMPSON, 1992, p. 72).
Pouco adiante, bom analista das tendências historiográficas que começam a
se mostrar dominantes, reconhece: "Dificilmente se dará crédito à massa de
informação que consegui obter desse modo e que não se encontra em nenhum
livro" (MICHELET apud THOMPSON, 1992, p. 72).
Michelet não se sente à vontade nos salões burgueses, tampouco nos
estabelecimentos educativos por intermédio dos quais ascendera socialmente.
Mas será a experiência como professor de história, na École Normale
Supérieure, aquela capaz de abalar as hierarquias promotoras de separações-
solidões:


Aqueles jovens, gentis e confiantes, que acreditavam em
mim, reconciliaram-me com a humanidade ([...)]. Se, como
historiador, tivesse algum mérito especial que me
mantivesse no nível de meus ilustres predecessores,
deveria isso à docência que, para mim, foi amizade. Os
grandes historiadores foram brilhantes, ponderados e
profundos; quanto a mim, amei mais. (MICHELET apud
THOMPSON, 1992, p. 73)


Michelet apaixona-se, não só ensina ou pesquisa; conversa à beira das
estradas, não apenas registra ou computa. Com isso, atravessa domínios que
se fazem progressivamente mais rígidos – entre burguesia e povo; entre
mestre e aluno; entre ciência e arte; entre o arquivável e o descartável.
Entretanto, nem mesmo ele fica imune ao profissionalismo crescente. Desse
profissionalismo são dispositivo e símbolo os Arquivos Nacionais da França,
dos quais Michelet é nomeado curador-chefe em 1831.
Em um único local, a partir da Revolução, deposita-se o conteúdo antes
espalhado por inúmeros locais de guarda: atas de reuniões das facções
revolucionárias, transcrições de registros policiais, diários, cartas,
autobiografias, relatos de acontecimentos oferecidos por notáveis ou
anônimos, dados antes escondidos em mosteiros ou castelos; ou seja, uma
profusão daquilo que Thompson (1992, p. 74), criando uma denominação que é
um verdadeiro achado, denomina "fontes orais secundárias". Referindo-se a
esses arquivos, prestes a se tornarem o habitat natural do historiador,
declara Michelet no posfácio ao segundo volume da História da França:


A vitória será nossa, pois somos a morte. Tudo gravita
para nós e cada giro se faz em nosso benefício ([...).]
Quanto a mim, quando entrei pela primeira vez nessas
catacumbas de manuscritos, nesta admirável necrópole de
monumentos nacionais, teria de bom grado exclamado
([...)]: 'Este é meu descanso eterno; aqui habitarei, pois
isso é o que tenho desejado!' (MICHELET apud THOMPSON,
1992, p. 74-75)


As comparações estabelecidas por Michelet entre arquivos e tumbas não
apenas seduzem Paul Thompson como nos conduzem, a partir deste momento, a
uma análise da proposta foucaultiana, presente em A arqueologia do saber,
de "tratar o documento como monumento". Ao contrário do que sugere à
primeira vista – justamente uma petrificação mortífera –, a frase pretende
injetar vida (e veremos qual) nos acervos e arquivos dos historiadores.

Por uma monumentalização documental
No verbete documento/monumento, elaborado para a Enciclopéedia
Einaudi, Jacques Le Goff começa por diferenciar os termos: enquanto os
monumentos seriam uma herança do passado, os documentos decorreriam de uma
escolha do historiador. Se os primeiros carregam uma suspeita
intencionalidade – legado a ser perpetuado –, os últimos não escapam à
arbitrariedade de uma seleção. A partir do final do século XIX, no entanto,
o documento impõe-se como prova: a ênfase em uma presumida aleatoriedade
dos papéis disponíveis como que neutraliza a escolha primeira do
historiador, que pode, em seguida, justificá-la pela importância do autor
ou pela representatividade numérica dos restos encontrados. Com isso, a
objetividade da história passa a contrapor-se à intencionalidade do
comemorativo: a nova ciência deve, pois, "documentalizar o monumental".
"Não há história sem documentos" – eis o lema com que se compraz a
historiografia do século XX. Embora a sinonímia entre documento e texto
seja quase onipresente, já na década de 1920 os fundadores da revista
Annales falam em estender o caráter documental a tudo aquilo que denote a
passagem do homem, fazendo "falar as coisas mudas para fazê-las dizer o que
elas próprias não dizem [...]" (FEBVRE apud LE GOFF, 1990, p. 540).
Esste primeiro alargamento, entretanto, é uma gota d'água em face do
oceano que invade os anos 1960/70, quando se assiste à apelidada "revolução
documental", sintetizada por Le Goff em dois grandes aspectos: mudança na
hierarquia dos documentos e ampliação do acesso às fontes históricas. No
tocante ao primeiro, o deslocamento do interesse pela história política,
militar ou diplomática para a história das massas anônimas rebaixa a
importância dos escritos dos grandes homens e traz para o primeiro plano os
registros da vida cotidiana. Quanto ao segundo, criam-se, com o concurso
das tecnologias computadorizadas, possibilidades de acesso a enormes
agregados de informações.
Da confluência dos dois aspectos nasce a história serial e, por seu
intermédio, uma eventual história quantitativa. O documento perde o caráter
de memória (epifenomênica) de uma suposta substância-passado, pois o que se
torna objetivo, pela ação de seleção/reunião/ordenação efetuada pelo
historiador, é o valor relativo do documento – vinculação com o que o
precede, o que lhe é contemporâneo e o que o sucede. A história serial, por
conseguinte, convida a inverter a máxima da história (agora) tradicional:
enquanto esta supunha escapar à intencionalidade de legados e comemorações
através do gesto de transformar monumentos em documentos, a história serial
transforma documentos em monumentos, compondo esculturas de relações.
Tudo issto, no entanto, pode reduzir-se aos avatares de um
progressismo objetivista caso não nos arrisquemos a enfrentar a questão
fundamental: a crítica do documento enquanto tal. Em A arqueologia do saber
(original de 1969), Michel Foucault encaminha-a em toda a sua radicalidade:

A[...] a história, em sua forma tradicional, se dispunha a
'memorizar' os monumentos do passado, transformá-los em
documentos e fazer falar estes rastros que, por si mesmos,
raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa
diversa do que dizem; em nossos dias, a história é o que
transforma os documentos em monumentos e que desdobra,
onde se decifravam rastros deixados pelos homens, onde se
tentava reconhecer o que tinham sido, uma massa de
elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados
pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjuntos.
(FOUCAULT, 1987, p. 8)


Esstas proposições foucaultianas constituem, provavelmente, a primeira
explicitação rigorosa da episteme da história serial, pondo em cena um
historiador que, em lugar de decifrar uma memória, dá status e elaboração a
uma massa documental. A partir do problema que formula no presente, esse
historiador constrói diferentes séries – relativas a dimensões econômicas,
culturais, literárias, científicas, religiosas, subjetivas etc. – e busca
determinar as relações que podem ser estabelecidas entre elas. Liberta-se,
assim, do apriorismo de um centro (o verdadeiro passado) para montar o
espaço (monumental) de uma refletida dispersão (FOUCAULT, 1987, p. 12).
Ao cruzar sua própria análise com a de Foucault, contudo, Le Goff
enfatiza um segundo elemento, geralmente menos explicitado: "Aa intervenção
do historiador que escolhe o documento insere-se numa situação inicial que
é ainda menos neutra do que sua intervenção" (LE GOFF, 1990, p. 547). Pois
o próprio documento jamais é indiferente, aleatório ou inócuo: resulta
invariavelmente de uma montagem decorrente tanto da época em que foi gerado
como das sucessivas etapas em que continuou a existir, em que de algum modo
sobreviveu. O documento, portanto, é sempre monumento, não apenas porque
ativamente elaborado (= posto em séries e em séries de séries) no presente,
mas igualmente por resultar de um


esforço das sociedades históricas para impor ao futuro –
voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si
próprias ([...)]. Qualquer documento é, ao mesmo tempo,
verdadeiro – incluindo e, talvez sobretudo, os falsos – e
falso, porque um monumento é, em primeiro lugar, uma
roupagem, uma aparência enganadora, uma montagem. (LE
GOFF, 1990, p. 548)


Frequüentemente se diz, sem maiores precisões, que Foucault faz uma
história do presente. Le Goff (1990) nos ajuda a compreender que, mediante
tal expressão, o que está em pauta vai além do lugar institucional ocupado
pelo historiador, envolvendo também o lugar, não menos institucional, do
documento-monumento: o que nos constitui – "ontologiza", dirá Foucault nos
anos 1980 – não é exatamente o passado, mas a forma como este foi fixado ou
monumentalizado, fornecendo-lhe funcionalidade, – possibilidade de exercer
efeitos sobre os modos de ver, dizer, pensar, sentir e ser do presente.
Para Foucault, por conseguinte, o passado nos condiciona em sua
materialidade monumental – o que circula e se dá a conhecer hoje, em razão
das múltiplas forças desste hoje e de inúmeras outras forças, de tantos
ontens –, nunca em uma documentalidade significativo-representativa de um
referente, de um passado-em-si, perdido e inapreensível.
Atento ao salto crítico que essta perspectiva promove, Le Goff (1990,
p. 548) sugere: "É preciso começar por desmontar, demolir esta montagem,
desestruturar esta construção e analisar as condições de produção dos
documentos-monumentos".

De volta ao começo: uma viva monumentalização da memória
Gilles Deleuze disse certa vez que o modelo da "tumba do faraó"
caracteriza, com funestas consequüências, a quase totalidade dos estudos
relativos ao ato de recordar. Mediante tal expressão, faz severa crítica a
uma concepção que se refere unicamente a sujeitos e objetos, e na qual os
meios – o que pode ser cartografado de modos ilimitados, sem submissão
prévia a uma estrutura ou forma – não são mais do que âmbitos voltados a
conservar, identificar e autenticar esses mesmos sujeitos e objetos
(DELEUZE, 1996). Ao rejeitar essa perspectiva, que diz dotada de uma
"câmara central inerte na parte inferior da pirâmide", convida-nos a
experimentações com modelos outros, que variam "do deslocamento dos
continentes às migrações dos povos, tudo aquilo através do qual o
inconsciente cartografa o universo" (DELEUZE, 1996, p. 92-93).
Sim, pois se as tumbas são monumentos, nem todos os monumentos são
tumbas. Quando autores como Foucault e Le Goff nos convidam a "tratar os
documentos como monumentos", falam de algo bem distinto de uma mortífera
petrificação: ao contrário, agitam o que se encontrava inscrito, fixado,
molarizado, territorializado, codificado e mesmo sobrecodificado, injetando-
lhe uma vida que contingencia – logo historiciza, no sentido contra-
positivista do termo – nossos tão estimados arquivos e acervos.
Cumpre, neste momento, retornar ao ponto do qual partimos, ou seja, a
história oral contemporânea. Nesta, se os estudos de história da memória
são hoje primordiais, é certo também que vias diferenciadas se abrem.
Acervos de depoimentos gravados arriscam-se a tornar-se necrópoles macabras
se uma monumentalização memorial crítica não for permanentemente
empreendida. É nessta linha que certos oralistas, como Alistair Thomson,
nos levam a refletir sobre uma memória-composição, ou seja, sobre um
recordar que jamais pode ser desvinculado dos dispositivos que condicionam
a cisão entre o que é, ou não, memorável e que, por essa via, esculpem as
monumentais memórias-documento que sobreviverão – as memórias das quais não
nos separaremos, em suma (THOMSON, 1997).
Tais dispositivos abarcam uma imensa gama de novelos
socioinstitucionais, dentre os quais Thomson (1997) ressalta a situação de
entrevista. Em sua pesquisa com os Anzacs australianos, por exemplo, ele se
arrisca a intervir sobre o processo de monumentalização, indagando àqueles
que só poderiam ser heróis da guerra e da nação – conforme fixado nos
monumentos midiáticos, bibliográficos e sonoros preexistentes – acerca do
medo dos combates, da inadequação das vivências, do caráter excludente-
menorizante da experiência nacionalista etc. "Nunca ninguém quis ouvir
sobre isso" é uma fórmula bastante expressiva da reação inicial de alguns
dos entrevistados. Mas, em seguida, algo de novo foi ouvido nesses
encontros: neles se recordou e registrou o "fora da fórmula", o "fora da
ordem do discurso", o "fora do (até então) relato coletivo". Com isso, os
acervos orais dos Anzacs deixam de ser lugares de descanso eterno para se
tornarem, alternativamente, planos de consistência originais e móveis para
eventuais monumentalizações contra-hegemônicas.
Para o oralista Alessandro Portelli, por sua vez, não estamos sendo
convidados, neste início de século XXI, a substituir uma memória muitas
vezes falha e incerta pela história científica, mas sim convidados a
substituir as múltiplas memórias de bilhões de indivíduos que vivem neste
planeta pela memória profissional de um grupo de historiadores
profissionais, ou mesmo pelas memórias institucionais dos centros de poder
(PORTELLI, 2000); melhor dizendo, pelos agentes, arquivos e acervos de
controle memorial.
Cabe, portanto, que nos tornemos capazes, seja como historiadores seja
como aprendizes do ofício, de injetar uma vida monumental nas tumbas
arquivísticas – exatamente aquelas que tanto angustiaram o novecentista
Jules Michelet e que deflagraram, com Paul Thompson, a potente réplica
contida em A voz do passado.

Referências
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conhecimento. In: PESAVENTO, S. J. (Org.). Fronteiras do milênio. Porto
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do século XXI. In: FERREIRA, M. M.; FERNANDES, T. M.; ALBERTI, V. (Org.).
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