\"Sobre Fronteiras, Cultura e Civilização\": os contornos excludentes do \"internacional moderno\" em Beate Jahn, Edward Keene e Rob Walker, in Ensaios Acadêmicos, nº 5, Unicarioca, 2013 (p. 16-25)

July 3, 2017 | Autor: C. Ardissone | Categoria: International Relations, Postmodernism, Relações Internacionais, Pós Modernismo
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A revista Ensaios Acadêmicos é desenvolvida pelo programa de Iniciação Científica e Cultural em parceria com os coordenadores dos diferentes cursos, a Diretoria de Marketing e a Gerência Acadêmica da UniCarioca. Foi concebida com o objetivo de disponibilizar aos professores, pesquisadores e estudantes um canal para a publicação de trabalhos relacionados às diversas áreas do conhecimento. Editora-Chefe Ronize Aline Matos de Abreu Editor-Executivo Maximiliano Damas Conselho Editorial Alberto Tavares da Silva (UniCarioca) Diana Cristina Damasceno Lima Silva (UFRJ) Fátima Cristina Regis Martins de Oliveira (Uerj) Jalme Pereira (UniCarioca) Jorge Abreu Soares (UERJ) Lúcia Venina (UniCarioca) Luís Alfredo Vidal de Carvalho (UFRJ) Manoel Martins Filho (UniCarioca) Márcio Mori (UniCarioca) Marcos Antonio Silva (UniCarioca) Regina Célia Pereira de Moraes (UniCarioca) Ronize Aline Matos de Abreu (UniCarioca) Rosa Maria Esteves Costa (UERJ) Verônica Eloi de Almeida (UniCarioca) Projeto Gráfico Mayara Rufino Railane Louven Diagramação Mayara Rufino As ideias expressas na revista não refletem, necessariamente, a opinião da IES, dos Editores ou do Conselho Editorial, e são de exclusiva responsabilidade de seus autores. [email protected]

04 I

novação e adoção de novas práticas de negócios: Curva de Rogers aplicada ao micro emprendedor

07

10 I

mportância dos blogs literários para o mercado editorial

R

esenha Crítica do livro “Para entender redes sociais”

14

A

importância do Capital Humano Docente em uma Instituição de Ensino Superior

16

S

obre fronteiras, cultura e civilização: os contornos excludentes do “internacional moderno” em Beate Jahn, Edward Keene e Rob Walker

26 N

ormas de Publicação

Artigo

Inovação e adoção de novas práticas de negócios:

Artigo resultante do projeto de Iniciação Científica da Unicarioca de Janaina Cavalcanti, sob orientação da Professora Regina Moraes. Janaína Cavalcanti1 [email protected]

Curva de Rogers aplicada ao micro empreendedor

Resumo

E

ste trabalho apresenta os elementos sobre a teoria da Curva de Rogers sob a ótica do micro empreendedor individual. Sua adesão e crescimento conforme estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, na criação e aplicação da legislação que muda a regra e abre espaço para a empresa de um só empreendedor. Palavras-chaves: Curva de Rogers. Micro empreendedor individual Contextualização Everett Rogers foi um sociólogo que se debruçou sobre estudos relativos á difusão de inovações. Seu estudo foi ampliado e sua teoria foi ganhando densidade. Rogers define uma curva compreendendo os inovadores, os primeiros adotantes; a maioria inicial, maioria tardia e os retardatários. Segundo ele em seus estudos os inovadores são 2,5% do total do grupo de estudo. O conceito de inovação na curva de Rogers, é bastante ampla e abrange ideias, práticas ou objetos que não necessariamente sejam novos e são vistas

como novos pelo indivíduo. Rogers acreditava na ideia que primeiro precisamos convencer os inovadores, pessoas que apresentam grande facilidade e necessidade de algo novo, pessoas que quebrem os antigos paradigmas. Depois vem os formadores de opiniões que se adaptam ao conceito de inovação, evoluindo e passando para as demais pessoas de acordo com o conceito do novo paradigma e ou inovação. Rogers demonstra que precisa de tempo, clareza e meios de comunicação para cada etapa do processo de aceitação, as formas para chegada dessa informação para as demais massas e um fator importantíssimo. Finalmente a inovação chega aos chamados retardatários, pessoas desacreditadas em novos conceitos e ou paradigmas, que só aceitam o novo, quando todos os demais já estiverem usufruindo de seus benefícios a muitos apresentados e devidamente comprovados. O estudo do Caso de Empreendedor Individual na Comunidade do Turano A grande dificuldade encontrada pelos empreendedores de formalizar seus negócios, e a grande burocracia, taxas e tributos muitos elevados, ausência de profissionalização, a falta 1Acadêmica do 6° período de administração

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de informação e de inclusão na base da pirâmide financeira. A maioria prefere ficar a margem da sociedade. Sem perspectivas de crescimento em um futuro pouco promissor. Não e diferente com os profissionais informais da comunidade do Turano, a maioria de baixa renda e baixa escolaridade, sem apoio governamental. Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Industria e Comercio Exterior, da implementação da Lei complementar n°.128, de 19/12/2008 que estabeleceu condições para o trabalhador informal, a desconfiança e a aceitação nos messes subsequentes a implementação assemelha-se ao conceito da Curva de Rorges como podemos observar nas informações abaixo relacionadas: Janeiro 2009

Sem adesão

Fevereiro 2009

Sem adesão

Março 2009

Sem adesão

Abril 2009

Sem adesão

Maio 2009

Sem adesão

Junho 2009

Sem adesão

Julho 2009

8.273 adesões

Agosto 2009

148.533 adesões

Setembro 2009

374.755 adesões

Outubro 2009

604.909 adesões

Novembro 2009

902.160 adesões

Dezembro 2009

1.074.973 adesões

Figura 1: Quadro referente ao acumulado do mês em todo território nacional em adesão ao MEI na implantação da Lei que beneficia os empreendedores individuais, dados retirados no site www.portalempreendedor.com.br

No município do Rio de Janeiro, já optaram pela adesão 151.352 micro empreendedores, segundo dados encontrados na pagina do portal do empreendedor. Desse total não chega a 0,02% os inscritos da comunidade do Turano. A Curva de Rogers dica bem representada na rea-

lidade do Turano, onde os primeiros adeptos da inovação da nova Lei complementar n° 128, de 19/12/2008 são pessoas empreendedoras e inovadoras com grande necessidade de implementar e experimentar algo novo. Como deixar de lado o velho paradigma da informalidade e se ajustar a uma vida e uma nova realidade. Apesar da baixa aceitação relacionados por diversos motivos, o principal é a falta de informação. O tempo e o conhecimento para aceitar o que muitos ansiavam em poder usufruir de seus benefícios com a formalização de seus ofícios, ainda causa desconfiança àquela comunidade do Turano. Muitos consomem energia elétrica, água, esgoto sem pagar, vivem nos emaranhados de “gatos”. È notório que o poder publico não subiu à comunidade levando o essencial e de direito para uma vida digna. O conceito da Curva de Rogers esta inserida na vida do Turano e podemos observar alguns pontos: A vantagem relativa : não era uma idéia nova, mas a visão inovadora de trazer para o mercado algo que já existia no âmbito informal, e mesmo assim a desconfiança desse paradigma, dessa inovação causa desconfiança e medo para a maioria dos informais do Turano. A compatibilidade: O grau de inovação do MEI ( Micro Empreendedor Individual) e compatível com o que já existe no campo informal. O ofício dos trabalhadores foram reconhecidos, mas o pagamento da taxa mensal e pequena (hoje R$ 39,90) arrecada muito mais que somente ao pagamento da taxa. A complexidade: A dificuldade de aceitação e a percepção dos benefícios no projeto ficam claros quando conseguimos separar estatística da comunidade do Turano.

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Possibilidade de ser testada: O projeto do MEI (micro empreendedor individual) vem sendo testada pelos primeiros empreendedores inovadores, que já trabalhavam na informalidade e obtiveram a oportunidade da formalização e portas abertas para alguns benefícios do governo e organizações privadas. Hoje muitos dos trabalhadores informais do Turano esperam que esses primeiros que aderiram a formalização tenham um desempenho financeiro que compensem a formalização e tudo que acarreta as mudanças para sua nova realidade de vida, esperando talvez um milagre onde serão visto e inseridos na sociedade. Observabilidade: Os benefícios e as facilidades de trabalhar em seu oficio como pessoa jurídica através do MEI ( Micro Empreendedor Individual), esta caracterizado de fácil entendimento a muitos empreendedores e continua sendo ignorados e visto com desconfiança por outros trabalhadores informais. Exclusão e inovação: uma luz no fim do túnel Hoje o empreendedor pode estabelecer uma relação com a sociedade sem que seja marginalizado, trabalhando sem a pesada carga tributaria que as organizações tem como sobre peso. Com um percentual de 0,02% de aceitação do Mei (micro empreendedor individual) na comunidade do Turano, não podemos ignorar o fato que por muitos anos essa comunidade como outras foram abandonados pelo poder publico. Direitos básicos como saneamento para muitos ainda não e uma realidade, a profissionalização fica a cargo de ONGs. Como torna acessível mais um direito adquirido por esses profissionais? Como empoderar pessoas e grupos em uma comunidade que por anos a fio foi massacrada pela violência, onde os direitos básicos como saúde, educação, trabalho e dignidade foram desrespeitados sistematicamente por décadas?

mento : “pagar pro governo pra que? Meus direitos básicos não são respeitados!”? Como trabalhar uma comunidade acostumada a exclusão e se adequar a chegada do novo conceito de inovação que pode modificar e trazer benefícios sem desconfiança? Como na música de Gonzaguinha “ E sem o seu trabalho, o homem não tem honra, sem sua honra, se morre, se mata.” A comunidade também chora a sua marginalização, chora sem sua honra, morreu durante tantos anos sem dignidade e se mata a cada dia sem acreditar em um futuro melhor. Hoje não tenho uma resposta para a comunidade do Turano que se sente órfã, mas creio que em um futuro não muito distante, com trabalho árduo de conscientização de seu direitos básico, cobrar não somente do governo mas da própria comunidade a força necessária para uma ação social, uma movimentação para a mudança e aceitação de novos paradigmas de nova perspectiva.

Referências Bibliográficas http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual http://www.administradores.com.br/ http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatistica/relatorios-estatisticos-do-mei http://pesquisaconsumo.blogspot.com. br/2009/02/teoria-da-difusao-da-inovacao.html http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/

Como olhar para esse novo paradigma, essa inovação sem desconfiança? Como saber que a Lei Complementar não vai mudar suas regras ao decorrer do jogo? Como reverter o pensaEnsaios Acadêmicos | Outubro/ Novembro/ Dezembro 2013

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Resenha Crítica

Tássia de Caravlho Silva Albino, BSc.

Resenha Crítica do livro:

Jornalista e Publicitária

Para entender Redes Sociais

Introdução

Resenha crítica dos “Administrações
Públicas”,

de Ivone
Rocha;
 “Mobilização
Social” de Fernando
Barreto; e “Classes
Populares”, de João
Carlos
Caribe; publicados no Livro “Para Entender Redes Sociais”, organizado por Ana Brambilla. Em 2011, pouco após retornar de encontros em que pode debater mídias sociais, BRAMBILLA percebeu a efervescência do pensamento em mídias sociais seria algo que precisava acontecer em qualquer grupo, em qualquer ambiente, seja ele acadêmico, escolar, corporativo, em clubes de mães, ongs, associações de bairros, na insuperável mesa de boteco. Intentando oferecer subsídios para promover esses debates, os autores dos artigos que compõem o livro, aceitaram o desafio de lançar faíscas sobre temas que cruzam o universo das mídias sociais em várias esferas. Divididos em cinco núcleos: Bases, que abordará as plataformas, linguagens, tecnologias e ambientes por onde as redes ganham vida;

Mercado, enfatizando assuntos ligados à comunicação e empresas; Redação,
com
foco
ao
uso
das
mídias
sociais
pelo
jornalismo
e
seus
desdobramentos;
 Persona,
dedicado
ao
universo
da
cultura
pop
e
seus
subprodutos
e,
por
fim; Social,
tocando
em
temas
fundamentais
para
a
sociedade
que
estão
presentes
de
modo
significativo
nas
redes
de
relacionamento. Resumo “Administrações Públicas”, de Ivone Rocha aborda como governantes e governos não estão em redes sociais ou quando o fazem, confundem-nas com as mídias tradicionais; “Mobilização Social” de Fernando Barreto fala do empoderamento das pessoas no ambiente online; e “Classes Populares”, de João Carlos Caribe fala das necessidades que as mídias sociais trazem para o cotidiano.

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Crítica Será medo das críticas e cobranças que fazem com que os administradores públicos tenham receio de atuarem de forma permanente, constante e concisa nas mídias sociais? Dizemos permanente, porque em anos eleitoreiros e em suas vésperas os candidatos vão até as mídias, postam suas plataformas, mostram os problemas dos locais aonde querem votos, mas somem quando assumem seus mandatos ou os que ainda permanecem lá parecem viver sob uma verdadeira bolha e citam apenas os aspectos positivos de suas gestões. Esquecem-se que as redes sociais são ambientes igualitários, não totalitários. Administrações Públicas”, de Ivone Rocha cita que as redes sociais teriam tudo para servir de apoio às administrações públicas, na aproximação com o cidadão. Mas ainda não exercem esse papel. Talvez falte segurança para o cara a cara com o público, num relacionamento direto e sem intermediário. Primeiro, porque há o receio de ouvir aquilo que já se sabe e responder o que não se sabe. Segundo, os gestores ainda desconhecem que as redes poderão, inclusive, ensiná-los a falar, ouvir e responder. Os canais como falamos anteriormente, são utilizados de forma unilateral, governantes confundem mídias sociais com mídia impressa, parecem acreditar que publicam em um periódico, em um boletim local, aonde colocam apenas suas “boas ações”. ROCHA cita que hoje, quando acessamos os portais das prefeituras, com raras exceções, encontramos apenas informações do tipo “somos isso, fazemos aquilo e você, se precisar dos nossos serviços, deve acessar a página tal ou dirigir-se a uma das nossas áreas físicas” Não se pergunta: “o que é melhor para você?” E não se diz (sinceramente): “estamos aqui para ouvi-lo”, o que é um grande problema para o cidadão. Se a intenção for mesmo essa, ou seja, um monólogo, a existência de links bem visíveis para as redes sociais poderia suprir uma lacuna vista pelos usuários. As páginas das

mas nada é possível afirmar de certo, pois nada sabemos sobre a consciência eleitoral do brasileiro, ainda mais depois das ondas manifestatórias iniciadas em junho de 2013. De certo é que as redes sociais são sem dúvida alguma um ótimo local para a associação de diversas manifestações de classe, tanto no Brasil como no mundo. Diferentemente de duas décadas atrás quando era praticamente impossível reunir tantas pessoas em tão pouco tempo e em tantos lugares, as redes sociais são hoje as ferramentas mais rápidas e baratas de aglutinar pensamentos e causas No capítulo “Mobilização Social”, Fernando Barreto diz que as novas mídias sociais como Facebook e Twitter mudaram o uso da expressão “mobilização social”. Nos últimos tempos ela tem estado na boca ou nos caracteres digitados por pessoas que, sem essas redes, talvez não a colocasse com frequência em seus vocabulários. O que mudou? A mobilização social? Não, essa não. Sempre existiu e provavelmente nunca deixará de existir na história humana. Juntos, sempre tivemos mais força para lutar contra o que não achávamos certo. As mobilizações sociais derrubarram reis, mudaram sistemas econômicos, trouxeram novas formas de ver o mundo. Novas formas de compartilhar, interagir, relacionar, é preciso estar pronto, preparado para o que virá. Como será esta preparação? Indagação que não podemos responder com precisão neste momento, mas descobrimos que quanto mais lemos sobre o assunto, mais assunto há para ser lido. Somos hoje invadidos por grandes demandas de informações e passar um dia, algumas horas fora das redes online podem fazer de nós objetos obsoletos. Obsolescência está que pode ser vista, sentida, quase tocada, percebida e planejada ao mesmo tempo. Redes digitais criaram necessidades reais que vão além de ver a nova foto de fulano ou de curtir

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o post de beltrano. Como seres imagéticos estamos empoderados, humildes desconhecidos podem em apenas horas tornarem-se celebridades, não apenas por beleza, mas por pensamento, tornamo-nos formadores de opiniões, suas informações e pensamentos são publicados, lidos e compartilhados por milhares, milhões de pessoas diariamente, pessoas estas que muitas vezes não preocupam-se com o que as mídias tradicionais postam e pensam, mas têm necessidade de ler o que pessoas como Marcus Faustini, René Silva e José Junior publicam.

Artigos: “Administrações
Públicas”, de Ivone
Rocha “Mobilização
Social” de Fernando
Barreto “Classes
Populares”, de João
Carlos
Caribe

“Classes Populares”, de João Carlos Caribe cita que as redes sociais vão sendo incorporadas ao nosso ecossistema social de modo tão eficiente, que hoje muitos de nós não saberíamos mais viver sem elas. A dicotomia real x virtual já não faz mais sentindo; ela é apenas um instrumento metafórico que nós, imigrantes digitais, usamos para fazer a ponte com os “analógicos”, e para que possamos entender a revolução que vai se desenrolando a passos largos. Para os nativos digitais essa dicotomia simplesmente não existe, assim como muitos outros dogmas e valores do século XX, que começam a ser questionados no novo choque de gerações. Sem dúvida alguma, governantes precisam estar atentos às novas mídias e incentivas o acesso de seus cidadãos a elas. Se assim não o fizerem, cada vez mais os que ainda não acreditam no poder que possuem, o farão, indo à locais como a Uruguaiana e adquirindo por menos de R$300,00 “smartphones” que por apenas R$0,50 acessa a internet ilimitadamente. Esta ilimitadamente dá acesso há milhões de brasileiros que podem conectar-se com o mundo, falar, reclamar, descobrirem-se com vozes e fazerem com que estas ecoem alto. Referências Bibliográficas BRAMBILLA, Ana (organização, vários autores), Para Entender Redes Sociais; Veículo. Porto Alegre, 2011. Páginas 152 à 186.

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Artigo

A importância dos blogs literários para o mercado editorial

Introdução

A produção cultural no Brasil tem crescido ano

a ano, mesmo que seja pouco. No que diz respeito ao mercado editorial nacional, em 2011, as editoras registraram 469,5 milhões de livros vendidos, de acordo com a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro” (julho, 2012), realizada anualmente pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), encomendada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/ USP). Em comparação a 2010, as vendas aumentaram 7%, assim como o faturamento arrecadado, R$ 4,8 bilhões. Os livros impressos deixarão de existir com o tempo? Essa é uma questão polêmica, que tem sido tema de trabalhos escolares, trabalhos de conclusão de curso, documentários e reportagens. Já são 9,5 milhões de leitores de e-books, segundo a 3º edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em março de 2012. Acessibilidade e comodidade da leitura eletrônica: são esses os principais motivos que explicam a quantidade de leitores, citada acima. O tema leitura eletrônica lembra outro assunto: blogs literários. No que diz respeito ao âmbito do mercado editorial, os blogs literários facilitaram a interação entre leitor, autor e editora. Anteriormente a eles, para que os leitores pudessem encontrar informações específicas a

Railane Louven [email protected] Jornalista e ex-aluna da Unicarioca

respeito do mundo editorial e da literatura, era preciso se dirigir a revistas especializadas, procurar em fanzines relacionados e/ou procurar por notícias em jornais. Os conteúdos desses blogs estão, geralmente, ligados à crítica literária, ou seja, produção de resenhas. Interligado às resenhas, há também a divulgação de livros, fanfics, autores e editoras. Se pararmos para observar, é cada vez menor o espaço dedicado à crítica literária nos jornais diários. Poucos são os veículos de comunicação que mantém cadernos e/ou editorias a respeito desse assunto. Mediante a isso, o objetivo da monografia foi estudar a importância que os blogs literários têm para o mercado editorial, através da análise sobre a blogosfera hoje, em específico, como é feita a produção de conteúdo dos blogs literários, relacionando com a crítica literária nos tempos atuais. Esse novo mundo chamado blogosfera O conjunto de blogs na web foi batizado como blogosfera. Essas páginas da internet têm um público superior a oitenta milhões de usuários em todo mundo, segundo dados estatísticos da pesquisa feita 2012 pelo Boo-box referente ao período de janeiro a março do mesmo ano. Atualizadas com frequência pelos blogueiros de

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plantão, elas tratam de temas variados, se transformando no palco da moda a púlpito para políticos. A melhor definição para blog é aquela que mais se enquadra com o blogueiro ou que ele acredita fazer mais sentido. Blog não é algo estático, que possa ser enquadrado em uma definição exata, ele é o que o seu criador quiser, ou seja, pode ser uma revista eletrônica sobre um tema específico, um canal de discussões, uma página da internet, um portfólio, etc. Mas, se ainda existirem dúvidas sobre o que é um blog, indico os sites Youpix, Dear Book e Babi Dewet para serem acessados. Todos eles são páginas da internet, onde podem encontrar vídeos, fotos, textos, fóruns, comentários, discussões a respeito de assuntos diversos. Eles também têm publicidade, opiniões definidas e, geralmente, são compostos por uma equipe de blogueiros. Por compreender todas as formas de comunicação midiática, blogar se torna mais dinâmico e flexível, visto que um post publicado pode ser replicado com o universo do ciberespaço, ampliando sua divulgação; e porque nele não há limites nem restrições. O blog possibilita: postar textos com a quantidade de caracteres desejada por seu criador, publicar apenas fotos, com ou sem proteção de direitos autorais, criar conversas instantâneas, chats, fóruns, etc. É uma multiplataforma on-line. As funções dos blogs são variadas: plataforma de marketing, instrumento de pesquisa, portal de notícias, rede de relacionamento, portfólio, fóruns para discussão, promoção de causas sociais e também com diário pessoal. Além de proporcionar maior interação, o blog não tem preconceitos e está disponível a qualquer pessoa, independente de cor, idade, forma física, opção sexual ou religião. Ele atribuiu uma nova função ao cidadão ao permitir que esse se tornasse produtor de informação e conteúdo, não exigindo alto nível de escolaridade ou especialização em determinada área.

Crítica Literária A palavra crítica, fora de um contexto, nos remete a algo ruim, devido a sua definição: fazer comentários desfavoráveis a respeito de (pessoas ou coisas); dizer mal de; pôr defeitos em; exercer a crítica. Mas, o que é crítica literária? A literatura é relativa à época e local em que foi produzida, afirma Antoine Compagnon, Doutor em Filosofia, Teórico em Literatura e renomado crítico literário. Obras literárias são os clássicos produzidos por escritores Imortais, como Machado de Assis, e reconhecidos mundialmente. Esse paradigma foi quebrado e substituído pela produção artística moderna. Um livro escrito no século passado e rejeitado pela fase clássica, hoje pode ser vizinho dos consagrados nas prateleiras das estantes. Sendo assim, o que podemos chamar de literatura? “No sentido mais amplo, literatura é tudo o que é impresso (ou mesmo manuscrito), são todos os livros que a biblioteca contém” (COMPAGNON, 2003, p. 31). No livro Criação e crítica: reflexões sobre o papel do crítico literário, Eduardo F. Coutinho divide a atividade reflexiva em três etapas: a primeira seria a impressão provocada pelo contato com a obra; a segunda seria sua interpretação e a terceira uma análise detalhada baseada na compreensão obtida anteriormente, porém, fundamentada em critérios escolhidos e adquiridos com a experiência do crítico em perceber novas tendências ou pela tradição literária. Independentemente dos métodos usados para construir a crítica, julgar um trabalho produzido por outra pessoa, não é fácil. O papel do crítico é de grande responsabilidade. Muitos leitores irão se basear na avaliação feita. Blogs Literários Leitores de blogs costumam ser muito sinceros em seus comentários, e apesar do conteúdo, os blogueiros os valorizam bastante. Quando recebem elogios, funcionam como motivadores aos

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blogueiros a continuarem escrevendo, reforçam sua popularidade e os concede credibilidade e reconhecimentos junto à blogosfera, leitores e também às editoras. As críticas, apesar de não os deixarem tão alegres, são construtivas e informam que ainda assim, o blog está sendo lido. Escritores de blogs literários têm uma característica em comum, costumam ler com frequência livros e outras páginas da web. Geralmente, leem por ano cerca de 20 livros, uma média alta, ao comparar a população brasileira, 1,85 por pessoa, segundo terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-livro, março de 2012. Em 2011, a administradora do Dear-book leu 55 livros (ALMEIDA, 2013). Além de fazer parte da função de um blogueiro literário, esse hábito é considerado uma diversão para os apreciadores da literatura. É o prazer convertido em trabalho ou, também, o contrário. A blogosfera passa a ser alimentada duas vezes por eles, como consumidores e como produtores de conteúdo. “Quando não estou blogando ou trabalhando, estou vendo filmes, seriados coreanos, ouvindo música, lendo ou batendo papo com os amigos.” (DEWET, 2013). “Fora dos blogs costumo ler, ir ao cinema, jogar vídeo game, viajar” (ALMEIDA, 2013). A possibilidade de unir prazer ao trabalho diário pode trazer, além de muita felicidade, entusiasmo e qualidade de vida, ganhos expressivos também financeiramente. (ALBION, 2013), Blogueiros fazem o que gostam: leem e escrevem voluntariamente sobre o que lhes agradam. As editoras perceberam que a paixão dos blogueiros literários poderiam atrair mais leitores, atingir seu público alvo, e aumentar a divulgação e venda dos livros; tudo isso a baixos custos, e decidiram fazer parcerias. Os leitores são a melhor ferramenta de marketing, pois são eles que fazem a publicidade boca a boca que irá consagrar ou não a qualidade da obra. As editoras optam em selecionar blogs especializados em determinado gênero literários, isto que dessa maneira será mais fácil atrair leitores com o mesmo público alvo da obra.

Obedecer às regras gramaticais, evitando erros e escrevendo com criatividade e domínios da língua Portuguesa são fundamentais para as editoras, escritores de blogs e também para os leitores. O layout usado também é um diferencial, pois algumas preferem manter uma diagramação padrão, pois acreditam ajudar a reforçar a marca. Para aceitar parcerias com editoras, os blogs literários também possuem uma política. Eles geralmente não aceitam ser remunerados pelo trabalho de resenhar, pois acreditam que essa não é a finalidade do blog. “Esse site não tem fins lucrativos e faz parte, além de um trabalho de divulgação própria, de um espaço para que eu fale sobre o que eu gosto,” afirma Babi Dewet em suas regras de parceria, disponibilizadas em seu blog. Os casos em que há remuneração são quando o escritor é contratado por algum veículo de comunicação para fazer uma resenha, mas que não será postada no próprio blog. Além disso, costumam deixar claro que as resenhas podem ser positivas ou não. “As resenhas são críticas e podem ser negativas, a opinião do resenhista será sincera.”, Juliana Almeida. Críticas Literárias nos blogs Ambiente sem preconceitos; e a liberdade de expressão, são dois motivos que permitiram a expansão dos blogs literários em meio ao mercado editorial. Nesse contexto quase anárquico, como funciona a produção da crítica literária, que no passado era fundamentada em teorias? As entrevistas feitas com as editoras Rocco e Intrínseca pela redação do portal Saraiva Conteúdo, revelaram que qualidade e imparcialidade são itens muito importantes e decisivos na escolha de um blog literário para se tornar parceiro. A questão da parcialidade é polêmica, porque a resenha é baseada nas preferências de quem a escreve, e gostos são muito relativos, variam de uma pessoa para outra. A política de parcerias do Dear Book deixa claro para os visitantes que todo livro está passível de uma crítica ruim,

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porque a opinião dos que escrevem para o blog é sincera. As resenhas publicadas costumam seguir as normas ortográficas, o que é bom, pois garante a qualidade do texto, considerado um atrativo para as editoras e também para os blogueiros. Os textos são diretos, geralmente em primeira pessoa, já que são opinativos, mas também convidam aqueles que o leem para conversa, fato que se concretiza nos comentários da publicação.

diversão e ainda disponibilizam seu tempo para ajudar as editoras. E, como retorno, eles obtêm reconhecimento, popularidade e credibilidade mediante a blogosfera e as editoras. Mediante a isso, podemos dizer que os blogs literários revolucionaram o mercado editorial. Referências Bibliográficas AMARAL, Adriana et al. Blogs.com: Estudos sobre blogs e comunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009. 293p.

Kelvin Falcão, doutor em teoria literária pela Universidade Federal de Santa Catarina e blogueiro relaciona a perda de espaço da crítica literária na mídia tradicional ao surgimento e expansão dos blogs literários. (KLEIN, 2013). A blogueira do Dear Book concorda, “Falta espaço na mídia para a crítica literária. Nas revistas de grande circulação tem no máximo uma nota sobre algum lançamento e a lista dos mais vendidos, dificilmente há destaque”, (ALMEIDA, 2013).

A BLOGOSFERA pode superar a grande mídia. Disponível em: Acesso em: 20 de junho de 2013.

A linguagem, fácil objetiva e sincera usada nas resenhas dos blogs literários conquistou leitores e o mercado editorial. Percebendo o poder de alcance que possuem, eles se superaram e entraram também no mundo do cinema.

ANÁLISE: Impressão do ‘leitor comum’ na internet ajuda estratégias das editoras. Disponível em: Acesso em: 20 de junho de 2013.

Conclusão Os blogs literários atraíram para si a atenção do mercado editorial, sem nem mesmo precisar da ajuda da mídia tradicional. Hoje, funcionam como peça fundamental para as editoras divulgarem seus livros, interagirem com seu público alvo, entenderem e conhecerem mais sobre seus leitores. Diferentemente das editoras, os blogs se tornaram mais independentes, visto que o mercado editorial precisa do auxílio, conhecimento e experiência de blogueiros que muitas vezes não chegaram aos 25 anos, para reforçarem a marca entre os leitores e os concorrentes.

BLOGUEIROS resenhistas dizem que chegam a ler 70 livros em um só ano. Disponível em: Acesso em: 20 de junho de 2013.

EDIÇÃO especial #8: vlogs e blogs literários no Brasil. Disponível em: Acesso em: 10 de junho de 2013. BABI Dewet. Disponível em: Acesso em: 1 de julho de 2013. DEAR Book. Disponível em: Acesso em : 1 de julho de 2013. GAROTA It. Disponível em: Acesso em: 1 de julho de 2013.

Apesar disso, os blogueiros, não demonstram comportamento prepotente, pelo contrário, não cobram pelo serviço que realizam por amor e Ensaios Acadêmicos | Outubro/ Novembro/ Dezembro 2013

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Artigo

A importância do Capital Humano Docente em uma Instituição de Ensino Superior A capital intelectual desempenha um papel pecu-

liar para as Instituições de Ensino Superior (IES). Dentro de uma perspectiva estratégica, o capital intelectual é definido como fonte de criação de valor. Para García-Meca e Martínez (2005) essa criação de valor pode ser obtida através do “conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e a experiência, que pode ser utilizada de forma a criar valor” (García-Meca e Martínez, 2005: p.308). O pensamento corrente sobre a definição do capital intelectual considera que este possui uma estrutura tripartite, composta pelo capital humano, capital estrutural e capital relacional (Beattie e Thomson, 2007). O capital humano consiste no conhecimento, competências, habilidades e experiências que os colaboradores levam com eles quando saem da empresa. O capital estrutural abrange o conjunto de conhecimentos traduzidos em rotinas organizacionais e tecnologia, que permanecem na empresa ao final do dia de trabalho. Por fim, capital relacional abrange todos os recursos vinculados às relações externas da empresa com seus clientes, fornecedores,etc. O estudo da gestão do capital humano de uma IES é realizado a partir do conceito de “core competence”. Esta definição está associada à competência que uma organização vai desenvolver, que pode se tornar diferencial em relação aos demais concorrentes. Segundo Hamel & Prahalad (1990), esta competência deve ser acessível a vários mercados, ser relevante

Claudio Maciel [email protected]

para o produto final e constituir um diferencial em relação a seus concorrentes. Partindo dessa premissa, podemos direcionar o estudo do capital humano nas instituições de ensino superior com foco no corpo docente. Somente este grupo pode atender aos requisitos indicados pelos princípios da “core competence”, por estar principalmente ligado à formação do produto final. De acordo com Francisco (2011: p.88), “os conhecimentos, habilidades e atitudes dos professores, consolidam as sistemáticas heurísticas vinculadas à construção do conhecimento na organização”. O papel do corpo docente não fica limitado apenas a um mero instrutor, e sim como agente importante na elaboração de projetos político-pedagógicos, na construção de conteúdos curriculares e planos de ensino e no compartilhamento das melhores práticas de ensino. Awad (2010) desenvolveu com sucesso o mapeamento do capital intelectual de uma Instituição de Ensino Superior. Nesta pesquisa foram identificadas os seguintes categorias de capital humano: grau de qualificação dos colaboradores, capacidade de oferta de novos produtos/serviços para a sociedade e grau de envolvimento/comprometimento do seu colaborador. Silva et al (2013) identificou outras formas de ca-

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tegorias de identificação do capital humano docente através pesquisa qualitativa junto a coordenadores de curso de Administração: Prática Docente (Teaching Practice) – Atuação do corpo docente em sala de aula seja nos cursos de graduação, bem como os de pós-graduação e ensino a distância. Conhecimento Técnico (Expertise) – Conhecimento relacionado com as competências e habilidades de executar algo. Consiste na formação docente, sua experiência profissional e seu envolvimento em promover cursos de extensão, auxiliar a Empresa Júnior e articular ofertas de estágios/empregos em função do sua rede de conhecimentos. Pesquisa Científica (Scientific Research) – É o envolvimento docente com a pesquisa que se traduz na participação de Congressos, Seminários, elaboração de artigos acadêmicos e projetos de iniciação científica. Uma vez identificadas estas categorias, as instituições de ensino devem buscar a possibilidade de mensuração e gestão deste capital humano. Tachizawa (2006) trabalha com a concepção de que os processos de gestão de uma instituição de ensino superior são realizados a partir da transformação de insumos em produtos. Segundo o autor, os insumos correspondem ao corpo docente, projeto pedagógico e recursos materiais, tecnológicos e financeiros. Já o processo de produção consiste no processo ensino-aprendizagem e nos sistemas de informação de apoio ao aluno. Por fim, o produto final seriam os egressos da instituição. Entretanto, apenas mensurar indicadores de desempenho do corpo docente não é suficiente para avaliar seu capital humano. França (2004), em sua tese sobre mensuração de ativos intangíveis conclui que é necessário um debate amplo na organização sobre os indicadores de desempenho, o diagnóstico dos resultados obtidos e alinhamento com o planejamento estratégico de uma organização. A gestão do capital humano docente pode contribuir para a melhoria da qualidade de ensino de uma instituição educacional, porém é difícil mensurar o

valor agregado gerado pelo conhecimento. Pelas avaliações institucionais do MEC o corpo docente é avaliado de acordo com sua titulação, regime de trabalho, tempo de docência, experiência profissional e produção científica. Porém, tais diretrizes regulatórias também são insuficientes para compreensão deste capital humano docente. Para contextualizar tal crítica às tentativas de mensuração do capital humano docente, podemos citar a articulação deste com a pesquisa científica. Tal mensuração não deveria resumir-se a mera capacidade de produção científica, traduzida na quantidade de publicações e artigos. Estes somente contribuirão de fato para a comunidade acadêmica da IES, caso estimule o interesse e participação do corpo discente na pesquisa , bem como nas atividades de iniciação científica. É uma externalidade positiva gerada que tais indicadores não evidenciam. Enfim, o capital intelectual – em especial o capital humano docente - passa a ter relevância na formulação de estratégias das IES diante das transformações que estão surgindo no setor educação. Torna-se necessário um debate acerca das formas possíveis de mensuração e gerenciamento deste capital humano de forma a contemplar integralmente a sua geração de valor para a IES. Referências Bibliográficas AWAD, F. M. A estruturação e a gestão do capital intelectual na. Universidade de Passo Fundo : uma análise a partir do modelo de navegador de Stewart. Dissertação de Mestrado. UNIJUI. 2010 BEATTIE, V. and THOMSON, S.J. (2007), “Lifting the lid on the use of content analysis to investigate intellectual capital disclosures”, Accounting Forum, Vol. 31, No. 2, pp. 129-163. FRANCISCO, T. H. A . e outros. A contribuição das core competence no desenvolvimento das habilidades cognitivas de alto nível no corpo docente de uma IES privada. Revista Electrónica de Investigación y Docencia ( REID ), ISSN-e 1989-2446, Nº. 5, 2011 , págs. 69-94

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Artigo

Sobre fronteiras, cultura e civilização: Os contornos excludentes do “internacional moderno” em Beate Jahn, Edward Keene e Rob Walker

Resumo

Beate Jahn, Edward Keene e Rob Walker são au-

tores que prestam contribuições importantes para refletir sobre os limites e contornos do internacional moderno enquanto categoria conceitual. Mais especificamente, eles demonstram que o processo de construção do internacional observa caminhos autoritários e de exclusão, encerrados em uma epistemologia positivista e, por vezes, culturalmente enviesada, Estes traços podem e devem ser repensados e descontruídos, por suas possibilidades libertárias. Palavras-chave: Fronteiras, Cultura, Civilização, Internacional Moderno Introdução O Pós-Guerra Fria representou e ainda representa um desafio considerável para os estudiosos de Relações Internacionais. Passado o momento das análises iniciais que apontavam, entre outros cenários, para o triunfo de uma ordem ancorada no pensamento liberal e/ou para a emergência de uma ordem unipolar estável, capitaneada pelos Estados Unidos, o fato é que, em pouco tempo, elementos de instabilidade se revelaram como obstáculos consideráveis à confirmação daqueles prognósticos. A profusão de guerras civis, a prática disseminada de genocídios com base em critérios de limpeza étnica e/ou racial, os grandes

Carlos Maurício Ardissone¹

deslocamentos de contingentes populacionais atingidos por conflitos bélicos (como em muitos países da África ou nos Bálcãs), as rediscussões em torno de fronteiras territoriais com base em novas ou antigas rivalidades e a crescente influência de atores políticos com laços de organização e de legitimação que puseram em xeque a posição do Estado como locus privilegiado da política (como as redes terroristas transnacionais e as organizações não-governamentais) são fenômenos recorrentes desde o final do século XX e parecem solapar a estabilidade internacional. Não está claro para onde vamos. Por isso, torna-se importante repensar a lógica e os contornos da construção moderna do internacional e, a partir das respostas encontradas, avaliar se há ou não um objeto bem definido para o estudo da disciplina de Relações Internacionais. Sobre estas questões, autores pós-modernos como WALKER têm se debruçado nos últimos tempos. Mas tão relevante quanto discutir os processos de formação e de redefinição do internacional é procurar compreender seus possíveis traços autoritários e de exclusão. Como se define quem está Doutor e Mestre em Relações Internacionais pela PUC-RJ. Professor dos cursos de graduação em Relações Internacionais do IBMEC-RJ e da Universidade Estácio de Sá. 1

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dentro e quem está fora do internacional? Quais são as práticas ou estratégias que foram ou que são adotadas com o objetivo de incorporar para dentro do internacional moderno àqueles que dele supostamente não fazem parte? Quem está excluído do internacional? Como reagem a este processo de exclusão? Sem a pretensão de ser exaustivo, o trabalho pretende apresentar respostas preliminares para estas questões. Trata-se, portanto, de colocar em foco os aspectos excludentes e autoritários do internacional, por meio de perspectivas desenvolvidas por três autores contemporâneos: Beate Jahn, Edward Keene e Rob Walker. Pretende-se inicialmente, a partir da análise de WALKER (2005), refletir sobre a lógica do “dentro-fora” e sobre o que há ou não de arbitrário no estabelecimento das fronteiras territoriais e políticas do internacional e conseqüente exclusão daqueles cuja identificação subjetiva e objetiva não passa e nem depende da forma como elas foram convencionalmente definidas. O exame crítico de WALKER acerca das práticas de internalização do internacional, concebido como totalidade capaz, supostamente, de ser assimilável por todos, também trará subsídios interessantes. Em seguida, as contribuições presentes nas discussões de JAHN (2000) serão importantes para a análise do quanto, de fato, o encontro internacional entre os ameríndios e os espanhóis foi importante para a construção do “internacional moderno” e também para avaliar se o movimento de assimilação cultural dos povos das Américas pode ser interpretado como uma prática excludente que visava trazê-los para dentro das fronteiras da modernidade. Se em WALKER uma parte substancial da chave teórica para a compreensão dos elementos de instabilidade do internacional se encontra na desestabilização da coincidência entre as fronteiras territoriais e políticas (pretendida pela modernidade), em JAHN a chave vai se localizar num entendimento secularizado do Estado de natureza como impulsionador da estratégia de assimilação e de dominação dos povos ameríndios pelos espanhóis, estratégia esta exposta numa

discussão desenvolvida em bases culturais. Finalmente, a abordagem de KEENE (2002) será relevante na demonstração do padrão excludente e discriminador de ordem que informou a relação dos povos europeus com os não-europeus desde o século XVII, diferente do padrão de ordem pretensamente tolerante que os europeus teriam utilizado para se relacionarem entre si. Em KEENE, a chave teórica para a compreensão dos elementos de exclusão do internacional se concentra numa compreensão da construção de uma ordem para além da Europa (e a partir da Europa) sob a base de um projeto civilizador. Ao final, importa verificar como os três autores selecionados podem trazer contribuições substantivas aos questionamentos centrais do trabalho. Como pretensão secundária, pretende-se explicitar o quanto conclusões ou insights de cada um podem apresentar lacunas. Deve-se antecipar que o escopo das respostas está, portanto, limitado à forma como cada autor responde (ou deixa de responder) as questões apresentadas. Daí o alerta de despretensão de exaustividade. Ainda assim, espera-se que as análises tragam contribuições significativas para uma exposição mais pormenorizada dos contornos excludentes do internacional. Walker e a exclusão a partir das fronteiras Segundo WALKER, a vida política nem sempre vai acontecer no lugar em que a tradição do Estado moderno soberano nos diz que ela deve ocorrer. Consequentemente, a “política” pode estar se transformando em alguma coisa outra que não uma mera expressão das necessidades e possibilidades do Estado moderno. Não está mais claro onde se localiza a vida política, assim como suas possibilidades. Apesar da política estatal moderna ter se afirmado como a expressão do antagonismo entre as reivindicações de cidadania (individual), por um lado, e de uma humanidade (universal), por outro, o fato é que não é mais o Estado que primordialmente nos confere nossa identidade política elementar. Podemos pertencer a diferentes comunidades políticas

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cujas fronteiras já não são necessariamente tão bem definidas pelas fronteiras territoriais dos Estados. Globalismos, localismos, regionalismos e outros fenômenos desafiam a autoridade do Estado moderno (WALKER, 2005:1).

2). Interessa-lhe, sobretudo, enfatizar como certas práticas de discriminação e diferenciação têm sido autorizadas de forma a definir o que está de cada lado das fronteiras que a vida política moderna veio a dar por certas (id. ibid: 2).

É a partir dessa constatação que o autor vai afirmar que “quase todas as questões complexas de nosso tempo convergem para o status das fronteiras” (id. ibid:1). As fronteiras são vistas como espaços complexos e não como simples reproduções cartográficas. Contudo, WALKER reconhece que a imagem de claras linhas de fronteiras demarcadas permanece até hoje em dia como uma ambição reguladora da vida política moderna. A demarcação horizontal e vertical do espaço territorial auxiliaria o homem a estar ciente de qual o seu lugar (id. ibid: 1). Mesmo assim, o autor sugere que seria importante discutir o status das fronteiras, fugindo de “clichês familiares”, ou seja, dos clamores restritos a sua contínua presença ou ausência. Tais clichês prejudicariam nossa capacidade de conferir sentido à crescente complexidade da desarticulação e rearticulação espaço-temporal das fronteiras. Em síntese, interessa a WALKER a relação mutante entre o político e as fronteiras. O que pretende é demonstrar que não há uma pura convergência entre as fronteiras da vida política com as fronteiras do Estado moderno, o que não significa, em absoluto, que elas estejam desaparecendo por completo (id. ibid:1-2). É por esta razão que vai sugerir um engajamento crítico que analise bem “o que as fronteiras e os limites fazem” (id. ibid: 2).

WALKER chama atenção para uma dupla externalidade que operaria no internacional. Em primeiro lugar, ela corresponderia a uma subjetividade individual que “reproduz sua própria exterioridade como objeto, mas apenas sob condição de que este sujeito capaz de objetividade é primeiramente diferenciado de qualquer mundo mais amplo fora da sua própria subjetividade e objetividade” (id. ibid: 2). O mundo da subjetividade e objetividade moderna presumiria sua própria distinção de algum mundo externo ao seu. Assim, haveria sempre uma externalidade presumida quanto à produção de subjetividades modernas capazes de objetividade, uma “externalidade que deve ser excluída para o permitir que o ser moderno conheça a si mesmo em relação ao seu próprio entendimento do que a objetividade, de fato o mundo como tal, deve ser” (id. ibid:2).

WALKER é um crítico contumaz da forma como o pensamento moderno foi construído na sua forma de pensar o político a partir de antinomias de exclusão e diferenciação como eu/ outro e interno/externo. O que pretende é colocar sob suspeição as formas estatais da vida política e atentar para a importância de compreender “como discursos hegemônicos da modernidade tão facilmente nos seduzem a ponto de pensarmos que podemos nos engajar com outros através das fronteiras apenas para nos permitir reproduzir cuidadosamente narrativas modernas do que os outros devem ser” (id. ibid:

Em segundo lugar, apesar da dupla externalidade ser mais reconhecível no que se refere à construção de narrativas específicas modernas de subjetividade e, mais explicitamente, de amigos e inimigos dentro do Estado moderno, ela também operaria em relação ao que se encontra “fora do internacional” (id. ibid: 2). WALKER demonstra que a assertiva de que o internacional abarca tudo que está dentro do mundo moderno seria, na realidade, uma “presunção reguladora da vida política moderna” (id. ibid: 2). O internacional moderno seria compreendido como totalidade: o mundo como um todo poderia ser “trazido para dentro do mundo da modernidade” (id. ibid: 2). Assim, ao contrário do que muitos analistas políticos da modernidade presumem, os limites da vida política moderna seriam articulados não somente nas fronteiras territoriais do Estado moderno, mas também nas fronteiras do internacional moderno (id. ibid: 3). Portanto, o projeto da modernidade teria sido concebido como uma história linear e teleoló-

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gica, com o objetivo de sujeitar todos às autoridades ordenadas dentro do internacional moderno (id. ibid: 3). Trata-se das estratégias de internalização dirigidas àqueles que resistem a se integrar por completo ao internacional, como seriam, nos dias de hoje, por exemplo, algumas comunidades silvícolas, terroristas islâmicos radicais e “Estados Párias” como a Coréia do Norte. Tais estratégias seriam movidas primordialmente a partir do Estados soberanos modernos que representariam um ideal regulador ainda com força considerável sobre todos os clamores acerca do que significa falar sobre cultura e culturas, e da possibilidade de estabelecer relações entre elas (id. ibid: 3). Para WALKER, a presunção de que existem “Estados por toda parte” (states everywhere) conferiria expressão, entre outras coisas, a uma espaço-temporalidade específica na qual seria possível imaginar a construção de todas relações de universalidade e particularidade dentro de um arranjo horizontal e territorializado de Estados-nação soberanos, inseridos num sistema de Estados (id. ibid: 4). Essa construção espaço-temporal da vida política moderna implicaria numa construção específica do relacionamento entre o modo de vida moderno e todos os demais, quer seja ela interpretada como uma ruptura histórica com o pré-moderno, quer como uma ruptura geográfica com aqueles “outros” – como os povos colonizados ou outras civilizações – que deveriam ser trazidos para dentro das estruturas de autoridade da modernidade (id. ibid: 4). A noção de bringing in ou “subjetivação” é enfatizada por WALKER para explicar como se legitimaria o emprego da violência contra o outro no internacional moderno. A partir daí, a posição do outsider poderia variar desde um comportamento passivo e conformado, passando por um comportamento de resistência passível de ser combatido e controlado pelos meios de coerção convencionais (que vão desde a marginalização de organismos multilaterais até a medida extrema da intervenção militar unilateral ou multilateral), chegando, finalmente, a uma postura desafiadora que, não obstante o emprego de todos os instrumentos de coerção, não seria suficiente para domesticá-lo

por completo e descaracterizá-lo como elemento de perturbação do internacional. Jahn e o internacional como uma hierarquia de culturas O ponto de partida inicial da argumentação de JAHN é a presunção de que “a cultura é uma parte constitutiva da natureza humana [...] é, de fato, constitutiva da natureza humana” (2000, xii). Segundo a autora, não é possível pensar em qualquer conceito da natureza humana que não seja resultado de crenças culturais específicas. Não haveria um telos universal que possa ser colocado como um contra-ponto à diversidade cultural (id. ibid: xii). Com base no conceito de cultura de GEERTZ, JAHN afirma que ela deve ser vista como “um conjunto de mecanismos de controle – planos [...] regras, instruções – para a orientação do comportamento” JAHN abraça uma concepção de cultura como sistemas organizados de símbolos significativos, sem os quais o comportamento humano não poderia ser administrado (id. ibid: 4). A cultura deve ser estudada como “a estrutura através da qual a ação política, a organização social e a direção moral são trabalhadas em situações específicas” (id. ibid: 6). A autora justifica a utilização dessa concepção particular de cultura em primeiro lugar porque, ao considerar que toda vida humana é produto de culturas, ela permitiria avaliar como a cultura está localizada no cerne das Relações Internacionais, independentemente de tempo e de espaço (id. ibid: 5). Em segundo lugar, ela afirmaria a liberdade dos seres humanos na produção e transformação de culturas, fornecendo, assim, a chave teórica que a autora necessita para ingressar na construção e na defesa do seu argumento central: que o pensamento ocidental das Relações Internacionais foi consideravelmente influenciado, transformado e desenvolvido pelo encontro dos europeus (particularmente os espanhóis) com os povos ameríndios (id. ibid: 5). Em linhas gerais, o que JAHN vai propor é um entendimento crítico da política internacional tal qual ela se desenvolveu durante séculos, a

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contar do “encontro internacional” entre espanhóis e ameríndios, entendimento este atrelado a uma rediscussão filosófica e teórica do conceito de Estado e Natureza por parte dos pensadores europeus daquele tempo, que permitiu que o internacional, com base numa acepção particular de razão (de fundo aristotélico), se expandisse para além da Europa, de forma a ser assimilado pelos povos nativos das América Hispânica. Ao contrário do texto de WALKER, que não privilegia e nem determina nenhum momento específico de ruptura que coincida com o “ponto de partida” do internacional moderno, a abordagem de JAHN (2000) tem como um de seus objetivos resgatar um fato histórico cujas repercussões teriam ajudado a fundar a concepção moderna do internacional. Resta argüir, especificamente, como JAHN interpreta o movimento de colonização das Américas pelos espanhóis e porque ele seria particularmente importante para a compreensão do internacional moderno. Vale questionar também se possíveis contornos excludentes e autoritários do internacional estão presentes em sua análise. JAHN entende que o encontro internacional entre ameríndios e espanhóis foi vital para forjar uma discussão particular sobre o conceito de Estado de Natureza. Significa dizer que para a autora tal acontecimento se contrapôs às concepções cristãs-hispânicas da natureza humana. Os espanhóis viram-se forçados a ajustar suas concepções culturais particulares de tal forma que pudessem assimilar, da forma mais cômoda possível, a existência dos povos ameríndios (id. ibid: xii). O simples fato de que os ameríndios não existiam antes para os europeus implicava na impossibilidade de enquadrá-los como inimigos da cristandade, a exemplo de inimigos conhecidos como os muçulmanos e alguns povos da África. Era necessária a construção de um novo discurso cultural que justificasse a presença e a permanência dos espanhóis no novo continente e que cimentasse filosoficamente a interação entre tão diferentes culturas. Em resumo, JAHN argumenta que foi

durante o discurso sobre a natureza dos povos ameríndios que os espanhóis eventualmente utilizaram o velho conceito religioso do Estado de Natureza – nomeadamente a condição dos seres humanos no paraíso antes de cair em desgraça – e o revestiram de uma novo significado por intermédio da identificação dos povos ameríndios com aquele Estado de Natureza. Este movimento, contudo, importou em uma considerável re-interpretação do Estado de Natureza de forma que agora ele passou a descrever uma condição secular e histórica como o primeiro estágio da existência de toda humanidade (id. ibid: xii).

O movimento a que JAHN se refere nada mais é, segundo sua ótica, do que o movimento necessário que os europeus tiveram que realizar de modo a propiciar a expansão do internacional moderno pela via da assimilação cultural de outros povos, até então desconhecidos. Era preciso justificar este movimento do ponto de vista filosófico e moral. Fez-se necessário secularizar o conceito de Estado de Natureza, uma vez que os preceitos religiosos eram insuficientes para lidar com a realidade do encontro com um novo continente. Contudo, somente isso não bastava. JAHN demonstra o sofisticado esforço de teóricos espanhóis como Francisco de Vitória, Sepúlveda e Las Casas no sentido de criar novas categorias que pudessem ser aplicadas aos ameríndios e que fossem capazes de determinar a natureza destes em particular (id. ibid: 50). Obstinados pela acumulação de riqueza e pela conversão dos pagãos, os espanhóis se depararam com a necessidade de resolver um dilema para justificar suas incursões nas novas terras: se a lei humana e a lei divina não eram compartilhadas por ameríndios e espanhóis, onde encontrar uma lente interpretativa adequada para lidar com o encontro

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internacional? A resposta, segundo JAHN, foi buscada na lei natural (id. ibid: 51-52) e no esforço em estabelecer se os ameríndios detinham ou poderiam desenvolver suficiente razão (no sentido aristotélico) para gerir seu próprio destino e ter amplo controle sobre os recursos que os circundavam e extrair deles toda sua riqueza em potencial (id. ibid: 55). A humanidade passaria a ter que se conformar com uma ordem natural, mas uma ordem compreendida como uma obrigação normativa, dentro de uma perspectiva evolucionária. Aos espanhóis cumpriria verificar se os ameríndios conseguiriam viver em sociedade e se seus arranjos e instituições sociais refletiam uma compreensão ou tentativa de implementar aquela ordem (id. ibid: 55). Quaisquer movimentos mais ou menos pacíficos por parte dos ameríndios de resistência perante esta pretensão colonizadora serviria de justificativa aos espanhóis para trazer, se necessário pela força, os ameríndios para o mundo da razão, ou seja, para dentro do internacional moderno. Um dos traços presentes na abordagem de JAHN é a perspectiva linear e evolucionária em sua narrativa embutida na suposição de que os europeus estariam à frente dos demais povos, em termos de desenvolvimento material, moral e tecnológico. Isso justificaria o “generoso” movimento de internacionalização do internacional pelos espanhóis em direção ao povo recém “descoberto”, a partir de uma lei natural que, supostamente, seria mais bem compreendida pelos europeus e que deveria ser transmitida aos demais povos para que pudessem tentar alcançar o mesmo patamar de desenvolvimento. O movimento radical de secularização do Estado de Natureza e de construção de uma ordem entendida como obrigação normativa e centrada num conceito particular de razão teve implicações, segundo JAHN, para concepções emergentes do internacional (id. ibid: xiv). Diferentes culturas são equiparadas a diferentes estágios de desenvolvimento. No mesmo sentido, “a presunção da validade universal e uma certa forma de organização política derivada de um estado de natureza universal [...] levou a uma concepção do internacional baseado

numa hierarquia de culturas” (id. ibid: xiv). Significa dizer que no momento em que o Estado se afirma como o locus organizacional e legítimo da política com base numa razão instrumental, em justificativas tomadas da lei natural e em uma ótica secular do Estado de natureza (a fase pré-contratualista que liberais e realistas assumem sob a forma da anarquia), todas as comunidades políticas devem ter no Estado moderno o seu objetivo (a hierarquia máxima) e, portanto, têm que se esforçar para superar a fase pré-estatal em que se encontram. Se os ameríndios se recusassem a reconhecer isto e insistissem em viver como sempre viveram, mesmo após confrontados com a razão, seria preciso convencê-los a mudar de idéia pelos meios que fossem necessários. Da caracterização de JAHN do internacional como uma hierarquia de culturas denota-se que sua construção deve ser compreendida como um processo arbitrário e de exclusão (pela via da assimilação cultural), uma vez que qualquer discurso acerca da superioridade moral ou do conjunto de valores de um povo em relação a um outro obedeceria a condicionalidades e contextos culturais específicos. Esta constatação tem repercussões relevantes para a forma como a Teoria Política e as Relações Internacionais foram moldadas, já que ambas teriam sido informadas por uma concepção particular de Estado de Natureza que é criticada pela autora. Estar ciente de que não há natureza humana sem cultura poderia significar o primeiro passo para ampliar os limites do internacional e combater seus elementos de arbitrariedade. Keene e o Projeto Civilizador da Ordem “Além-Europa” A proposta central presente na obra de KEENE é demonstrar que o internacional moderno foi construído a partir de dois padrões de ordem legal e política simultâneos, um baseado na tolerância e na coexistência pacífica entre unidades estatais soberanas (a ordem européia wetsphaliana), e outro, baseado num projeto civilizador, que ditou o

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padrão de relacionamento dos europeus com os não-europeus, principalmente durante o período de colonização e de expansão do imperialismo, este no século XIX (KEENE, 2002). Enxerga-se, de pronto, que é neste último padrão de ordem que vão se apresentar quais seriam, sob sua ótica, os elementos autoritários e de exclusão do internacional esculpidos na modernidade. O autor salienta que o mundo de hoje seria resultado da combinação entre os dois padrões de ordem mencionados. O problema seria que [...] a narrativa ortodoxa da política mundial moderna é aquela que descreve apenas um desses padrões de ordem internacional: aquele que foi dedicado à busca de uma coexistência pacífica entre soberanias iguais e mutuamente independentes, que se desenvolveu dentro do sistema wetphaliano e da sociedade européia de Estados. (id. ibid: 5). Para entender como KEENE vai atestar a existência de dois padrões de ordem no internacional, é importante compreender antes com quais postulados desenvolve seu raciocínio, enfim, as “chaves teóricas” que utiliza. Dois pontos merecem destaque. Em primeiro lugar, KEENE se vale de uma leitura heterodoxa de Grotius para demonstrar que duas proposições de sua teoria foram centrais para a política moderna, servindo de sustentáculos para o padrão de ordem que demarcou o relacionamento dos europeus com os não-europeus (id. ibid: 3). A primeira delas é a de que as prerrogativas das autoridades públicas soberanas são divisíveis umas das outras, de forma que seria possível para a soberania ser dividida entre diversas instituições dentro de uma única comunidade política. Colocado de outra forma, corresponderia a afirmar que seria possível a um Estado adquirir algumas das prerrogativas de soberania que originalmente pertenceram a outro e exercê-las em seu benefício (id. ibid: 3). A outra proposição é a de que sob certas condições os indivíduos têm direito segundo a Lei das Nações de se apropriar de terras desocupadas, “mais ainda, se nenhuma autoridade política estabelecida age para

proteger seus direitos, os próprios indivíduos poderiam conduzir uma “guerra privada” em sua defesa que seria justificada pela Lei das Nações [...]” (id. ibid: 3). KEENE defende que estas duas reivindicações “devem ser incluídas no exame dos sistemas colonial e imperial de governança que representaram um padrão distinto da ordem moderna internacional política e legal [...]” (id. ibid: 4). KEENE esclarece que não pode ser atribuída a Grotius responsabilidade pelas diferentes formas pelas quais a ordem internacional se desenvolveu para dentro e para além das fronteiras européias. Sua ordem internacional legal teria sido imaginada em termos universais e não discriminatórios (id. ibid: 6). No entanto, durante os séculos XVIII e XIX, os europeus começaram a se tornar mais preconceituosos em relação a povos não-europeus. A supremacia imperial tornou-se padrão na forma daqueles se relacionarem com estes. O projeto de uma Lei das Nações passou por uma dramática transformação: a introdução da idéia de civilização aplicada às duas idéias de Grotius sobre a divisibilidade da soberania e os direitos individuais de propriedade, o que radicalizou mais as relações dos europeus com os não-europeus (id. ibid: 6). Reside aí o segundo ponto (e talvez mais significativo para as pretensões do artigo) da abordagem de KEENE: o entendimento do padrão de ordem legal e política do relacionamento entre europeus e não-europeus como um projeto de caráter civilizador. Destaca-se o trecho em que KEENE descreve tal ordem: Para além da Europa [...] a ordem internacional foi dedicada a um propósito bem diferente: promoção de civilização. Colocado simplesmente, os europeus e os americanos acreditaram que sabiam como outros governos deveriam ser organizados, e trabalharam ativamente para reestruturar sociedades que consideraram como não-civilizadas de forma a encorajar o progresso econômico e eliminar o barbarismo, a corrupção, o despotismo e a incompetência que eles acreditavam serem

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características de muitos regimes locais (id. ibid: 98-99). Qual a noção de civilização utilizada pelo autor e que informaria esta ordem? E com base em quais critérios ele vai realizar esta escolha conceitual? De acordo com KEENE, muitos juristas do século XVIII, como Robert Plummer Ward, começaram a observar que as relações internacionais operavam de formas sistematicamente diferentes em relação aos mundos europeu e extra-europeu. A Lei das Nações, imaginada como universal, passou a ser percebida cada vez mais não como uma Lei de todas as Nações, mas de um segmento específico delas. Era necessário encontrar formas de lidar com os não-europeus. Uma delas seria ignorar o que se passava no mundo extra-europeu. A outra seria afirmar alguma espécie de diferença qualitativa entre europeus e não-europeus ou, até mesmo, de condições geográficas que permitissem explicar a diferença nas Relações Internacionais (id. ibid: 111). Seguindo esta segunda opção, KEENE afirma que juristas e teóricos políticos passaram a refletir sobre a questão da ordem na política mundial em termos de uma radical distinção entre sociedades civilizadas e não-civilizadas. Eles teriam desenvolvido uma abordagem de forma a lidar com os princípios de direitos individuais privados e de divisibilidade da soberania como relacionados a um código particular que governou as relações entre povos civilizados e não-civilizados e cumprindo o propósito de permitir aos primeiros levar civilização àqueles lugares do mundo que ainda não gozassem de seus benefícios (id. ibid: 111). Detendo-se, finalmente, numa abordagem mais detalhada do conceito de civilização, nota-se que ele teria sido construído a partir de duas dimensões principais: a primeira, de natureza material, no sentido do progresso econômico e tecnológico; a segunda, de natureza moral, no sentido de que, para ser considerada civilizada, uma sociedade deveria ser baseada numa população educada e num bom governo amparado por sistemas judiciais, administrativos e políticos confiáveis e efetivos (id. ibid: 112). A este aspecto dual (material e moral)

da civilização, KEENE acrescenta mais um: o da compreensão da civilização como um processo em direção a um objetivo que, em muitas narrativas, foi visto como um ideal que nunca poderia ser plenamente realizado. Em termos práticos, os Estados europeus e a União de Estados Americanos seriam a expressão mais bem acabada de sociedades civilizadas (id. ibid: 114). Enfim, KEENE reflete sobre os contornos excludentes do internacional repousado numa concepção particular da ordem internacional política e legal que teria marcado as relações dos europeus com os não-europeus. Em termos finalísticos, o que pretende é que a idéia de civilização seja apreciada não somente como um mero critério para regular o ingresso de novos Estados na sociedade de Estados, mas também como um conjunto completamente diferente de regras legais e instituições políticas com suas próprias prerrogativas (id. ibid: 117), Considerações Finais As abordagens de WALKER, JAHN e KEENE guardam contribuições importantes para refletir sobre os limites e contornos do internacional moderno. Mais especificamente, todas demonstram que o processo de construção do internacional, independentemente de atrelado ou não a algum mito fundacional, seguiu critérios rígidos e autoritários. Percebe-se que cada autor se vale de uma diferente “chave teórica” para impulsionar e tentar conferir coerência aos seus argumentos. Mas ao optarem, respectivamente, por uma explicação cultural e civilizacional, JAHN e KEENE simplesmente realizam abstrações e recortes que são tão arbitrários quanto àqueles que teorias do mainstream das Relações Internacionais realizam para descrever a natureza do internacional. Cultura e civilização são reificadas como categorias causais e a relação de causalidade que procura explicar

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os elementos excludentes e autoritários do internacional é desenvolvida a partir de uma epistemologia positivista em que as motivações materiais dos atores são privilegiadas em detrimento das ideacionais, não obstante o esforço dos autores em incluí-las em suas estruturas explicativas, sem sucesso. Frise-se, por exemplo, a parca explicação de KEENE acerca da dimensão moral do seu conceito de civilização relacionado à existência de instituições políticas organizadas e de populações educadas, dois fatores cujas naturezas são aparentemente muito mais materiais do que ideacionais. Em JAHN, o forte peso relativo dos fatores materiais também pode ser notado na forma como os espanhóis teriam justificado sua presença colonizadora nas Américas. A racionalidade moderna que seculariza o Estado de Natureza é central para a compreensão de como gradualmente as motivações religiosas da cristandade foram sendo abandonadas por uma racionalidade material instrumental. Elas teriam sido abandonadas para dar lugar a uma perspectiva evolucionária de progresso, concentrada no aproveitamento racional dos recursos da natureza que só os europeus já saberiam explorar. Afinal, o que se constata é que JAHN e KEENE desenvolvem abordagens epistemologicamente semelhantes, apesar de em JAHN se abrir mais espaço para uma ontologia que flerta com o construtivismo, uma vez que é possível identificar em seu raciocínio uma espécie de relação de co-constituição entre os agentes envolvidos (ameríndios e espanhóis) e a estrutura do internacional, identificada com um sistema europeu de Estados que, em razão do encontro internacional, tem que ser repensada em suas próprias bases filosóficas, de traços religiosos. Em comum ainda entre os dois autores é a falta da visão “do outro”, do que está “nas margens ou fora delas”, desperdiçando-se os possíveis frutos analíticos que uma atenção maior à alteridade poderia render. Ambos são contaminados por uma visão extremamente eurocêntrica (ocidental) das Relações Internacionais. Constroem seus argumentos causais e selecionam os fatos empíricos examinados e os autores que lhes dão suporte com base em

critérios convenientemente arbitrários, de forma a tentar impedir o falseamento de suas hipóteses, omitindo outros fatos e autores igualmente relevantes que não poderiam ser manipulados da mesma forma. Quanto à abordagem de WALKER, sem dúvida é a mais ambiciosa, intrigante e não-convencional entre as três revisadas e, provavelmente, a que fornece respostas mais plausíveis para compreender quais são os contornos de exclusão do internacional e porque eles existem, e ainda o processo de construção das relações aliado/inimigo, eu/outro entre os Estados, povos e indivíduos. Com efeito, ao propor a desestabilização das fronteiras políticas e territoriais do internacional moderno, WALKER não quer construir nenhuma estrutura refinada e bem acabada de causalidade. Pretende, apenas, demonstrar que a construção de externalidades às fronteiras, no plano individual e internacional, segue vias subjetivas e objetivas que ajudam a tornar o internacional hegemônico enquanto estrutura da modernidade. WALKER avança mais do que os demais autores porque não tem a pretensão de erguer uma refinada estrutura causal de fatos encadeados, mas sim de desconstruir. O que propõe é uma metateoria em que a subjetividade moderna procura se colocar como um mundo à parte dos demais para justificar sua própria existência e predominância, valendo-se ainda de estratégias de esquecimento para excluir e ignorar aquelas externalidades que não se amoldam ao “Ser Moderno”. Vai ser a noção de subjetivação ou bringing in que vai aproximar WALKER de uma dimensão ideacional que não pode ser preterida e que é tão apropriada quanto a material para explicar o caráter excludente do internacional. Ela é fundamental para entender como se legitima o uso da violência contra o outro ou outsider e incentiva uma reflexão sobre os instrumentos contemporâneos utilizados por Estados de forma unilateral ou multilateral para persuadir outros Estados a buscar inserção no internacional moderno, como as intervenções humanitárias empreendidas pela ONU e as intervenções dos Estados Unidos no

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Oriente Médio, no início do século XXI. WALKER também contribui para a exposição dos aspectos totalitários da modernidade quando analisa a forma como foi transplantada para o internacional a pretensão kantiana de que a razão universal pode ser internalizada dentro do sujeito moderno. De acordo com esta visão, qualquer um que se dispusesse a ingressar no mundo moderno se tornaria uma criatura madura capaz de reconhecer e realizar suas aspirações universais. É isto que permite que Estados de tradição liberal reivindiquem uma espécie de superioridade moral sobre aqueles que se encontram excluídos. Nesse espectro, as intervenções, consentidas ou não, empreendidas por aqueles sobre estes, ganham contornos disciplinadores e autoritários, à exemplo do que se observa na recente tentativa dos EUA de buscar legitimidade para intervenção na Síria. Implicitamente, deduz-se que WALKER avança no entendimento da construção do “político” como desenvolvido a partir de uma forte reivindicação da ideologia dominante (liberal/ocidental) em torno da definição do internacional moderno. Referências Bibliográficas JAHN, B (2000). The cultural construction of international relations: the invention of the state of nature. Houndmills, Basingstoke, Hampshire; New York, Plagrave. (CD) KEENE, E. (2002). Beyond the anarchical society: Grotius, colonialism and order in world politics. Cambridge, UK; New York, NY, USA, Cambridge University Press. (E-Brary) WALKER, R. B. J. (2005). The Doubled Outsides of the Modern International. 5th International Conference on Diversity in Organizations, Communities and Nations. C. a. N. Fifth International Conference on Diversity in Organizations. Beijing.

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A Revista Ensaios Acadêmicos publica e divulga trimestralmente artigos científicos e acadêmicos, com áreas de concentração que correspondam aos campos da Administração, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Ciências Contábeis, Ciência da Comunicação, Design, Engenharia de Produção, Gestão de Recursos Humanos, Jornalismo, Marketing, Pedagogia, Publicidade e Propaganda e Redes de Computadores. Os artigos serão submetidos ao Conselho Editorial e, uma vez aprovados, serão publicados na Revista. Os artigos deverão ser encaminhados para o seguinte endereço eletrônico: [email protected].

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deve ser menor que o corpo do texto (tamanho 09) e o espaçamento entre as linhas deve ser simples; 6. Citações com até 3 linhas podem aparecer no corpo do texto e devem apresentar aspas; 7. Palavras estrangeiras escritas em itálico; 8.

Os títulos devem ser apresentados em negrito;

9. Título e subtítulo devem figurar na pagina de abertura, no alto, escritos na língua do texto e em inglês. O título deve ser centralizado, em letras maiúsculas e em negrito; 10. Nome completo do(s) autor (es) na forma direta, acompanhados de um breve currículo que o(s) qualifique na área do artigo; 11. O currículo: nome da instituição de origem, informação sobre a atual situação acadêmica do autor (se é graduando ou graduado), incluindo endereço (email) para contato, deve aparecer em nota de rodapé; 12. Resumo na língua do texto: o resumo deve apresentar de forma concisa, os objetivos, a metodologia e os resultados alcançados, não ultrapassando 100 palavras. Não deve conter citações; 13. Resumo na língua inglesa tract): obrigatório em todos os

(abstextos;

14. Palavras-chave na língua do texto: elemento obrigatório deve figurar abaixo do resumo, antecedidas da expressão: Palavras-chave; 15. Palavras-chave na língua inglesa: elemento obrigatório deve figurar abaixo do resumo em inglês, antecedidas da expressão: Keywords; 16. Introdução: Na introdução deve-se expor a finalidade e os objetivos do trabalho de modo que o leitor tenha uma visão geral do tema abordado; 17. Desenvolvimento: parte principal e mais extensa do trabalho deve apresentar a fundamentação teórica, a metodologia, os resultados e a discussão. Divide-se em seções e subseções conforme a NBR 6024, 2003. Os títulos de cada seção devem ser apresentados em negrito;

der às questões tes aos objetivos ves podendo e sugestões

da pesquisa, correspondene hipóteses; devem ser breapresentar recomendações para trabalhos futuros;

19. Notas explicativas: a numeração das notas é feita em algarismos arábicos, sobrescritos no fim da palavra ou expressão dentro do texto, em ordem sequencial, devendo ser única e consecutiva para cada artigo. Não se inicia a numeração em cada página. As notas explicativas, restritas ao mínimo, deverão ser apresentadas no rodapé, com fonte 8; 20. Referências: elemento obrigatório constitui uma lista ordenada dos documentos efetivamente citados no texto (NBR 6023, 2000); 21. nal

Glossário: elaborado em

elemento opcioordem alfabética;

22. Apêndices: elemento opcional. “Texto ou documento elaborado pelo autor a fim de complementar o texto principal”(NBR14724, 2002, p.2); 23. As ilustrações (quadros, figuras, fotos etc) deverão ser enviadas em arquivos separados, em com resolução mínima de 500 pixels, claramente identificadas (ex: Figura 1, Figura 2 etc), indicando o texto e o local (espaço) onde devem ser inseridas. Sua identificação aparece na parte inferior, precedida da palavra designativa, seguida de seu número de ordem de ocorrência do texto, em algarismos arábicos, do respectivo título, a ilustração deve figurar o mais próximo possível do texto a que se refere. Conforme o IBGE (1993) as tabelas devem ter um número em algarismo arábico, sequencial, inscritos na parte superior da tabela, à esquerda da página, precedida da palavra Tabela. Exemplo: Tabela 5 ou Tabela 3.5. A fonte deve ser colocada imediatamente em baixo da tabela para indicar a autoridade dos dados e/ou informações da tabela, precedida da palavra Fonte; 24. As referências bibliográficas, digitadas em ordem alfabética no final do texto, devem seguir a NBR6023.

18. Conclusões: as conclusões devem responEnsaios Acadêmicos | Outubro/ Novembro/ Dezembro 2013

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