Sobre livro do papa Francisco que aborda o tema da misericórdia_Folha de Londrina_Jan_2016

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23/01/2016

Folha de Londrina ­ O Jornal do Paraná ­ Brasil

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Opinião 23/01/2016 00:00:00

ESPAÇO ABERTO Papa Francisco aborda o tema da misericórdia O papa da misericórdia. Esse poderá ser o epíteto que os pósteros atribuirão ao pontificado de Francisco seguindo os sinais que ele próprio tem deixado ao longo de seu ministério na "cátedra de Pedro". Para reforçar essa marca, o papa Francisco volta a abordar esse tema em seu primeiro livro intitulado "O nome de Deus é misericórdia" (2016), anunciado recentemente pelo diretor de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, com previsão de lançamento em fevereiro no Brasil. Sem dúvida, misericórdia é a palavra­chave que o papa latino­americano escolheu para expressar e orientar as suas ações como líder espiritual católico e chefe do estado­enclave da Cidade do Vaticano. Ainda em 18 de março de 2013, apenas cinco dias após a sua eleição para bispo de Roma, Francisco fez divulgar o seu brasão papal com a significativa divisa latina retirada de um comentário de São Beda, o venerável, ao evangelho de Mateus (capítulo 9, versículo 9 e seguintes): "Miserando atque eligendo" que significa "Com misericórdia, o elegeu". Desde então, o tema da misericórdia norteou, ainda que implicitamente, as suas publicações mais expressivas e de maior repercussão: as encíclicas Lumen Fidei (2013) e Laudato Si’ (2015), bem como a exortação apostólica Evangelli Gaudium (2013). O mesmo ocorreu com os seus gestos: o diálogo interreligioso e o diálogo com ateus e agnósticos, a gestão colegiada da Igreja, os efeitos do Vatileaks, a austeridade e simplicidade de vida, o contato direto e afetuoso com as pessoas, a reforma da Cúria Romana e do Instituto de Obras Religiosas (o Banco do Vaticano), bem como as emblemáticas visitas à África, Israel, Cuba e Estados Unidos da América. No início do ano de 2015 proclamou a abertura de um extraordinário Ano Jubilar da Misericórdia, iniciado em 8 de dezembro de 2015, data provida também de importante significado para a Igreja por duas razões: primeira, corresponde ao dia da solenidade da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, dogma católico defendido pelos jesuítas desde o século 16 e confirmado pelo papa Pio 9 em 1854; segunda, porque nesse dia, nos idos de 1965, foi encerrado o Concílio Vaticano 2º, evento de intensas e extensas repercussões institucionais e teológicas no catolicismo romano. Com isso, o papa Francisco quis explicitar que o Ano da Misericórdia tem por origem e finalidade manifestar a graça de Deus que livra a humanidade do pecado e também vincular os seus atos pontificais à integralidade e radicalidade da mensagem de abertura da Igreja ao mundo contemporâneo como anunciado pelo Concílio Vaticano 2º há 50 anos. É nesse contexto que se situa o lançamento do livro "O nome de Deus é misericórdia", resultado da entrevista que o papa Francisco concedeu ao jornalista italiano Andrea Tornielli. Segundo o Escritório de Imprensa da Santa Sé, nesse livro o papa argentino apresenta de forma coloquial e muito direta a sua percepção de que a mais apropriada definição de Deus e a melhor prática cristã coadunam­se em uma palavra: misericórdia. Para deixar a sua marca pessoal, o papa manuscreveu o título que http://www.folhaweb.com.br/?oper=acao&op=imprima&id_folha=2­1­­1770­20160123

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aparece na capa do livro em seus 86 diferentes idiomas. Enfim, é evidente que a "eclesioesfera" (mundo da Igreja, para usar a designação do sociólogo francês Émile Poulat) é institucionalmente complexa, muitas vezes ambígua e contraditória, estando inclusive envolvida em gritantes polêmicas, mas também não se pode desconsiderar, como aqui se enfatiza, esse aspecto ético e utópico do discurso de Francisco que não deixa de ser crítico em face das crises morais, políticas e econômicos que atravessam o nosso tempo presente. "Se o essencial é invisível aos olhos", como escreveu Saint Exupéry no clássico livro O pequeno príncipe, para Francisco o "essencial invisível" tem nome: misericórdia. Para o papa latino­americano, esse é o nome de Deus, o mote de seu pontificado e a esperança da humanidade no terceiro milênio. MAURÍCIO DE AQUINO é professor do Centro de Ciências Humanas e da Educação, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho ■ Os ar​ ti​ gos de​ vem con​ ter da​ dos do au​ tor e ter no má​ xi​ mo 3.800 ca​ rac​ te​ res e no mí​ ni​ mo 1.500 ca​ ­ rac​ te​ res. Os ar​ ti​ gos pu​ bli​ ca​ dos não re​ fle​ tem ne​ ces​ sa​ ria​ men​ te a opi​ nião do jor​ nal. E­​ mail: opi​ niao@fo​ lha​ de​ lon​ dri​ na.com.br Maurício de Aquino

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