Sobre o ciclo: percurso, espaço, carne e...

June 4, 2017 | Autor: Allan Yzumizawa | Categoria: Artes Visuais, Exposição
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“Sobre o ciclo: percurso, espaço, carne, e...” “Toda longa jornada se inicia com um único passo”1. Assim, “Desloque(-se)” (2014) nos convida a experimentar o início de um novo ciclo. A partir das experimentações e tentativas; erros e acertos somos incitados à organização de um repertório de sensações que servem como estruturas de criação de uma subjetividade. Percorrer, investigar, andar – são verbos essenciais para que possamos construir algo novo, novas formas de vida, novos horizontes, novos espaços. Desse modo, estruturado sobre a ideia de ficção, os espaços sugeridos em “Cartografias Imaginárias” (2015) e da Série “Céu | Mar” (2016) não sustentam-se num eixo cartesiano; aproximando-se de um espaço inventado e/ou afetivo, construído através desses percursos. Na performance “Precisamos Conversar” (2015) - que expograficamente se localiza num espaço mais reservado - possibilita íntimas conexões entre o artista e o espectador. É nessa conexão que se constrói esse espaço afetivo, o qual propicia a ampliação de descobertas de subjetividades do Outro. Da mesma maneira, nesta íntima conexão, é que o espectador também pode “observar” os monstros (2013/2015) de Amadeo Galdini . Entretanto, essas possibilidades de subjetividades podem gerar choques e confrontos quando colocadas no espaço compartilhado. O corpo está no mundo social, mas o mundo social está no corpo2 e assim, as infinitas possibilidades de espaços subjetivos são reprimidas pelo social que impõe normas e padrões a serem seguidos. Somos levados a essa ideia através das 90 línguas impressas em xilogravura dispostas na instalação “990” (2015), título que indica um cálculo sobre estupros no Brasil: seriam precisos 990 minutos para que 90 mulheres (representadas através das línguas) fossem violentadas sexualmente. As línguas impressas estabelecem a conexão com a última etapa do cíclo: a carne. Em “Quero Que Exista” (2014), as peças funcionam como uma instalação, como um órgão em que acopla ao corpo. Em decorrência às suas consecutivas exposições, o desgaste material do trabalho assume a morte desse corpo insistindo entretanto - através da vídeo-performance - a sua própria permanência. A carne apodrece, decompõe e desfragmenta-se como em “Estigma” (2015), assim um ciclo se encerra. Porém, deixamos no mundo um vestígio, ainda que virtual mas que insiste quanto ideia, para que então, um novo ciclo se inicie: percurso, espaço, carne, e… O que virá depois? Será preciso um novo “passo” para começar de novo. Re-começamos... Allan Yzumizawa Equipe Curatorial Campinas, 2016. 1 2

Lao-Tsé Pierre Bourdieu

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