SOCIEDADE E IGREJA: CONTRIBUIÇÕES DA TEOLOGIA CRISTÃ NOS PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EM ANGOLA

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Estudante de Bacharel em Teologia – Integralização de créditos. E-mail: [email protected]
Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade - MPCS pela Universidade da Região de Joinville -UNIVILLE (2013); Licenciando em História pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci(UNIASSELVI); Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana - FTSA (2007), graduação em Processos Gerenciais pela Faculdade Internacional de Curitiba FACINTER (2006).Atualmente professor e coordenador do Curso Bacharel em Teologia da Faculdade Refidim. E-mail:[email protected]
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SOCIEDADE E IGREJA:
CONTRIBUIÇÕES DA TEOLOGIA CRISTÃ NOS PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EM ANGOLA


Domingos Amândio Eduardo
Prof. Valdinei Ramos Gandra

RESUMO
Este trabalho surge a partir de uma problemática que nos propusemos: O percurso da Igreja em Angola, começado com os missionários portugueses, e a necessidade de ver questões políticas, sociais, econômicas e de direitos humanos do povo resolvidas, questões que de resto, foram grandes marcos para a luta de libertação nacional. Nos prendemos ainda à questão da participação de importantes figuras cristãs no processo de libertação nacional e sua implantação na democracia Angolana. Pretendemos elucidar um pouco mais o público acadêmico, religioso e cristão sobre fatos históricos importantes que ocorreram durante a implantação da igreja em Angola, e com isso incentivar a nova geração de teólogos, religiosos, padres e pastores a participarem dos processos de transformação social necessários para tornar o país no que todos angolanos almejam, um bom lugar para se morar, estudar e professar. A metodologia usada decorre da relação interdisciplinar da teologia com a história, tendo em conta a matéria que é objeto do trabalho seguindo uma hermenêutica sócio histórica da experiencia da fé do homens. Quanto a fontes, recorremos à fontes diretas e fontes indiretas..

PALAVRAS-CHAVE: Teologia, história, ativismo social e político.









INTRODUÇÃO
A teologia angolana ainda não se pode considera Africana. É produto de uma herança estrangeira Europeia, como na verdade também o é o próprio cristianismo.
Por falta de fontes locais a tarefa de investigar sobre a matéria não tem os recursos desejados. O contexto é de muita dificuldade infraestrutural.
Quando os missionários chegaram ao território que hoje chamamos de Angola eles já encontraram povos habitando os lugares mais recônditos. O cristianismo, portanto, veio a ser edificado sobre bases sociológicas de um povo que viu amputados muitos traços de sua cultura para assimilar novos hábitos. Esse fenómeno deixou profundas sequelas ao povo do continente de forma geral, e de Angola de forma particular.
A religiosidade do próprio homem angolano não foi tida em conta com profundidade no âmbito da expansão do cristianismo na região. Não houve um diálogo inteligente com a cultura. Pelo contrário. Quase tudo foi ignorado e erradicado a africanidade local, tendo-nos sido imposta a europeização cultural.
Já em posse de nova cultura e apôs vários séculos ainda se faz necessário que se comece um diálogo entre Cultura angolana e Teologia Cristã. Munidos da História do país antes da colonização até ao dia da Independência, com a participação de todas as forças sociais existentes no território desde então, Angola precisa inaugurar uma nova fase Teológico-acadêmica.
Propor esse debate e esse diálogo é um dos nossos grandes objetivos, que começa com esse pequeno ensaio.
O que já foi feito? O que ainda precisa ser feito? Como faze-lo doravante?
As respostas não estão todas em nossa posse, mas não nos custa nada começar o diálogo.




HISTÓRIA DO REINO DE ANGOLA
A história de Angola encontra-se documentada do ponto de vista arqueológico desde o Paleolítico, através de fontes escritas e orais desde meados do primeiro milénio. Foi uma colónia portuguesa até 11 de Novembro de 1975, quando acedeu à independência na sequência de uma guerra de libertação e de um golpe militar na então "metrópole".
Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta região de África, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros, o do Reino de Ndongo e o de Matamba, os quais não tardam a fundir-se, para dar origem ao Reino de Angola.
A colonização efetiva do interior só se inicia no século XIX, após a independência do Brasil (1822) e o fim do tráfico de escravos (1836-42), mas não da escravatura. Esta ocupação do interior tinha o carácter de uma resposta às pretensões de outras potências europeias, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, que reclamavam na altura o seu quinhão em África. Diversos tratados são firmados estabelecendo os territórios que a cada uma cabem, de acordo com o seu poder e habilidade negocial.
As fronteiras de Angola só são definidas em finais do século XIX, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que a do território dos Ambundu, a cuja língua o termo Angola anda associado.
A colonização de Angola, após a implantação de um regime republicano em Portugal (1910), entra numa nova fase. Os republicanos haviam criticado duramente os governos monárquicos por terem abandonado as colónias. O aspeto mais relevante da sua ação circunscreveu-se à criação de escolas. No plano económico, desde muito tempo era legal 1916 na região de Luanda.
A independência deu-se a 11 de Novembro de 1975, mas não foi o início da paz. Muito antes do Dia da Independência já os três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.


A EVANGELIZAÇÃO E CRISTIANIZAÇÃO DE ANGOLA
A entrada da igreja cristã em Angola deu-se com a chegada dos portugueses que foram para colonizar. A colonização portuguesa instalou-se sobre um solo com cultura, raízes e tradições próprias, inclusive com religiões próprias, com o sentido de Deus próprio, porém, sem o conhecimento da Bíblia Sagrada e da vontade do Deus segundo os ocidentais.
Segundo o Padre Tony Neves, os missionários que vieram a bordo dos navios exploradores europeus eram todos católicos. Então cabe-nos afirmar que a Igreja Cristã foi implantada em Angola por missionários católicos, e foram eles os únicos representantes da fé segundo Jesus Cristo no continente africano do sul até metade do século XIX.
O Capitão Diogo Cão comandou as caravelas que se dirigiram à foz do rio Zaire em 1482. Apôs sua chegada e os primeiros contatos com os reis dos reinos encontrados Diogo Cão regressou a Portugal tendo levado consigo até Lisboa quatro habitantes da região do reino do Congo, com o fim de serem instruídos em toda a religião católica e serem batizados.
Depois do início da cristianização destaca-se o nome de Dom Henriques como o primeiro Bispo negro da Igreja Católica na região. Dom Henrique foi filho de Dom Afonso I, rei do Congo, - diz Eduardo Muaca-
A evangelização do Congo foi feita por membros do clero secular, por jesuítas e Capuchinhos. Com a tomada de Luanda por Paulo Dias de Novais (1576), começou a evangelização de Angola, feita pelo clero secular, jesuítas, franciscanos, capuchinhos e carmelitas.

O Papel das igrejas e dos nacionalistas angolanos na luta pela independência
A Igreja católica enviou vários missionários para Angola com o intuito de estabelecerem missões, e as diversas congregações daquela religião cristã chegaram e espalharam por todo país um grande número de missões. Os diversos grupos de missionários católicos e congregações contribuíram para o desenvolvimento científico sobretudo nas áreas da Linguística, da Geografia Descritiva, da Botânica e da Etnografia. Foram escritos livros relacionados com a Linguística: 'gramática, dicionários e vocabulários, métodos linguísticos e manuais de conversação, livros de leitura, educação cívica e moral, livros escolares, catecismos, manuais de oração e cantos, evangelhos e histórias sagradas. As línguas mais estudadas pelos missionários foram o fiote, quioco, quicongo, quimbundo, mbunedo, ganguela, cwanhama, cuangar, diírico e muíla. de entre todos merecem ser destacados o P. Albino Alves Manso, com o seu Dicionário Etimológico Bundo-Português, o Dicionário Português-Nhaneca do P. António Silva e a Gramática Mbundu do P. Francisco Valente.'
Promoveram a educação e a de Formação de Professores, deram seu contributo a nível da imprensa e na fundação dos seminários. Segundo Tony Neves "os relatos deixados por intelectuais católicos nos mostram claramente que a quantidade de livros, descobertas, experimentos, contributo médio por parte dos padres e missionários europeus em Angola foi determinante". Angola deve a sua construção material e imaterial aos missionários católicos e protestantes que da Europa partiram, alguns para nunca mais retornarem. Os primeiros missionários protestantes, da Junta Americana de Comissários para as Missões Estrangeiras, fez a sua primeira expedição ao interior de África na direção do Planalto Central o século XIX, e em 1882 atingiram o Bié, um reino Ovimbundu.
Segundo o Pastor Henderson, a chegada dos primeiros missionários protestantes ao Norte de Angola deu-se em 1878. Os Metodistas foram os primeiros protestantes a evangelizar a tribo kimbundu. William Taylor foi eleito pela Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal dos EUA como Bispo da África, em 1884.
Depois da chegada do Bispo Taylor as missões protestantes só cresceram, para o sul, para o norte, sudeste, até penetrarem e evangelizarem quase todo território angolano. Tony Neves cita em seu artigo Igrejas e o Nacionalismo que o Pastor Schubert escreveu todo um capítulo da sua tese sobre o ano 1960 em que ele considera que o colonialismo português estava em fase terminal, e por isso se aceitou com naturalidade que começasse a luta pela independência em 1961, de forma oficial, com o ataque, a 4 de Fevereiro, de membros do MPLA a duas prisões de Luanda, a fim de libertar alguns presos políticos. Mas, para trás, estava já um longo caminho percorrido, para o qual muito contribuiu a Resolução 1514 da ONU que reconhecia o direito dos povos à autodeterminação, a independência da Índia com Gandhi, as lutas renhidas pela independência nos territórios da Argélia e Indochina e, sobretudo, a fundação, em 1944, em Lisboa, da Casa dos Estudantes do Império, 'ponto de encontro e de debate político dos futuros dirigentes da África portuguesa, convertendo-se numa verdadeira incubadora dos respetivos movimentos nacionalistas'. Por ali passariam Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos, Alda Espírito Santo.
Foram nascendo partidos armados nacionalistas. Primeiro a UPNA/UPA (mais tarde, FNLA), depois o MPLA e, já em 1964, a UNITA. Seriam estas as três forças que se assumiriam como legítimos representantes do povo angolano à hora da independência, a 11 de Novembro de 1975.
O movimento missionário estrangeiro foi o responsável pelo surgimento de igrejaa no território angolano, quer fossem elas do movimento católico ou do movimento protestante. Os missionários vieram de vários países europeus e também dos Estados Unidos da América. O tempo passou-se e terminou a escravidão, estávamos vivendo os anos da colonização, os anos em que Portugal planejava fazer de Angola a joia da Coroa, como na verdade já a consideravam.
Neste período, as missões do Norte, Planalto central, sudoeste e sul de Angola já tinham muito do seu trabalho realizado pelos missionários em fase muito avançada de consolidação. De salientar que só em um ano, os missionários padres espiritanos fundaram 109 missões em toda Angola. As missões começaram a apostar na preparação de liderança local para um período de transição, e as juntas missionárias que já contavam com a participação de alguns líderes locais nas suas administrações começaram a dar bolsas de estudos para jovens angolanos também fora de Angola.
Nesta altura a missão Metodista do Norte de Angola, as missões do Planalto central, as missões do Sul, tanto as católicas, e principalmente as protestantes, concederam levar para europa jovens angolanos a fim de serem formados naquelas paragens.
O pensamento de dominação partiu da Europa, e nesta senda jovens africanos de vários pontos encontraram-se agora como estudantes na metrópole que comandava a segregação em solo africano, o que se constituiu de uma boa oportunidade para que se iniciassem os movimentos pela libertação total de todas as colónias.
Um dos principais papeis da Igreja angolana autóctone foi o de ter consentido enviar à diáspora jovens angolanos que mais tarde viriam tornar-se nos percursores da luta pela independência de Angola.
A igreja enquanto agência missionária, algumas lideradas por missionários europeus, tinha uma consciência da necessidade de pregar Cristo o messias, com toda a sua carga de Teologia da Libertação, pois o momento em que o povo angolano em particular, e africano em geral, vivia, carecia realmente de uma postura da Igreja libertadora. E a libertação que se impunha não podia apenas ser tratada no âmbito da batalha espiritual com as forças supra naturais. O país estava em presença de um inimigo real, um inimigo factual, e que oprimiu um povo por 5 séculos. Então, é nesse período em que se destacam os padres e bispos que desenvolveram um claro trabalho de luta nacionalista pela independência de Angola.
Ao permitir estrategicamente que os jovens angolanos filhos de líderes religiosos da época fossem como bolseiros estudar fora, esses líderes, mesmo que sem a formação teológica idêntica a que possuíam os missionários, tinham reuniões estratégicas planejando ações estudadas para o fim lógico do colonialismo.
Jonas Savimbi, um dos Jovens enviados a estudar fora do país, e tendo se tornado fundador e líder de um dos grandes movimentos populares para a libertação de Angola teve um pai funcionário do Caminho de Ferro de Benguela e também pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA).
Antônio Agostinho Neto foi filho de Agostinho Neto, catequista de Missão americana em Luanda, sendo mais tarde pastor e professor nos Dembos, e de Maria d Silva Neto, professora. São apenas um exemplo dos muitos que se destacaram em Angola. As igrejas se tornaram em verdadeiras agências de promoção da luta nacionalista pela independência de Angola, mostrando assim que os líderes daquela época conseguiram interpretar bem os textos sagrados e realizar a aplicação do ensinamento bíblico à realidade. Uma teologia de Libertação angolana foi vivida, e não se difundiu em palavras até hoje porque desde a época em que secretamente se viviam os conceitos, não era possível falar nada, sob pena de serem presos, exilados e até mortos todos aqueles que ousassem se manifestar contra o sistema colonial português.
Muitas igrejas foram destruídas pela PID-DGS por supostamente acobertarem atos de rebelião contra o estado, muitas foram fechadas por traição, muitos pastores foram presos por alegadamente serem cooperadores com os líderes dos movimentos de libertação nacional, e não era mentira, porque os jovens que se haviam decidido lutar para tornar Angola um país livre tinam todos eles passado pelas Igrejas. As Igrejas detentoras das missões possuíam, e isso fez delas relevantes.

O PAPEL DA TEOLOGIA CRISTÃ NA AFIRMAÇÃO E IDENTIDADE DO POVO ANGOLANO
Na base da fundação da nação angolana esteve um povo liderando por nossos antepassados Ekuikui I, Ekuikui II, Rainha Nzinga Bandi, Rei Ndunduma no Bailundo.
A Cristianização da sociedade angolana deixa claro que a luta realizada para Angola ser o que é hoje foi travada pelos filhos de Angola que desempenharam um importante papel. Revestidos de um forte e largo sentido patriótico os padres e pastores da época da cristianização do país levaram a cabo verdadeiras campanhas de luta aberta contra a dominação colonial.
A Biografia de Jesus Cristo escrita pelo Dr. Lucas afirma, segundo a versão de João Ferreira de Almeida Atualizada no Capítulo 4:18: "
O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos.
O Ministério de Jesus Cristo, o messias, teve como base a predição profética de que nasceria para o povo de Israel um salvador, alguém que regeria a vida deles sob novas formas de tratamento, essencialmente com justiça, amor e paz. Essa é a base para existência de clérigos anunciadores da vinda de um reino diferente, de um reino melhor, e reino este que começa aqui, na terra, e sobretudo, dentro de nós.
A Bíblia sagrada nos informa de forma sobejada que Deus é, antes de um Deus de amor, um Deus de Justiça, Verdade e Igualdade. Por isso, não poderíamos esperar dos pastores, dos líderes religiosos da igreja angolana uma postura diferente. Orgulho-me em dizer que houve pastores que eram verdadeiros ativistas políticos contra o regime colonial injusto, houve padres que se tornaram alvo da ditadura militar por ensinarem o povo a ser livre a requerer os seus direitos civis de liberdade, igualdade e expressão. Houve Bispos sul africanos que participaram diretamente da luta contra o apartheid. E o fato desses homens lutarem de perto não os torna menos santos do que aqueles que não pegaram em armas, não incentivaram uma revolta ou uma rebelião armada. Eles eram tão filhos de Deus quanto o eram os outros.
Tomemos com nota mais algumas referências da Bíblia sagrada para embasar o nosso estudo:
Salmos 45:7 Amas a justiça e abominas a impiedade e, por isso, o Eterno, teu Deus, escolheu dentre todos os teus companheiros e ungiu-te com o óleo de júbilo.
A Teologia cristã angolana tem muito pouco material escrito sobre sua identidade cultural. Mas desde que os missionários europeus e americanos começaram a se retirar de Angola tornou-se visível o vazio deixado no cenário teológico nacional. Os angolanos não sabiam ler nem escrever até à chegada dos europeus. Não dominavam (e não dominam muito ainda) da ciência e da técnica. Portanto, se conhecer, narrar e escrever a própria história é um assunto de extrema dificuldade e sensibilidade, o que dizer-se então do conhecimento profundo do papel a desempenhar pelo povo cristão num contexto onde a força das armas e da bala dita quase todo o pensamento social?
O povo angolano teve sempre suas manifestações culturais, tais como festas na época da colheita, a festa da Puberdade, e outras. O europeu chegou e ensinou ao africano uma maneira diferente de se aproximar do divino. As manifestações religiosas africanas antes do cristianismo foram muito místicas. Apesar disso é importante frisar que a diferença não é sinónimo de feitiçaria. Pelo contrário, a Teologia Cristã precisa encontrar urgentemente formas de ser local e nacional. "É preciso lavarmos a nossa Cultura no Sangue de Jesus, mas não renunciar os nossos hábitos culturais para assumir outros que não nos caracterizam".
O processo de cristianização, ainda não terminou. Existem muito poucos estudiosos que se aprofundaram em conhecer os aspetos religiosos das manifestações de culto dos homens negros e que foram capaz de difundir informações para utilidade pública. O sincretismo religioso em torno do que é africano tem, ao longo dos tempos, se transformado em onda de rejeição do sagrado segundo a lógica africana anterior à colonização, fazendo com que a modernidade nos submeta uma cultura de um povo que também existiu antes mesmo da vinda de Jesus Cristo, e que continuam até hoje a viver o cristianismo mas debaixo das suas raízes históricas e culturais.
Essa ausência de discussão profunda é um legado deixado pelo colonizador que desejando abafar qualquer atitude de questionamento e revolta do autóctone simplesmente se limitou a impor o que era seu e não se preocupou em estudar as manifestações religiosas ou culturais do povo que encontrou e foi subjugar.
É necessário que a Teologia cristã angolana comece a debruçar-se de forma mais exequível sobre a religiosidade do homem angolano antes da colonização, do homem angolano atual, e fazer uma comparação. Teologia Comparativa entre aquilo que é local e o que é importado para que possamos, no âmbito do processo de evangelização ou de consolidação desse processo, definir o que é cultural, o que é bíblico, o que é profano do que é santo, para que a religiosidade dos angolanos não desapareça completamente.
Mais uma vez a título de exemplo: A igreja cristã tem se empenhado em cristianizar os índios. Depois de ter participado diretamente do processo de sua extinção, o mínimo que a teologia deveria fazer era produzir um estudo profundo do sagrado na cultura dos índios, e não passar a incentivar a erradicação de todos os costumes tribais com o argumento de serem práticas de feitiçaria.
O mesmo se aplica à Angola. Eu tenho tido o privilégio de andar com pessoas de várias agremiações religiosas, tenho assistido a reuniões ecuménicas, e recentemente o governo angolano criou plataformas de organização para igrejas não reconhecidas ou legalizadas no país, e a beleza das manifestações religiosas dos vários e distintos grupos nessas plataformas inseridas é de uma raridade muito grande.
É claro que os suíços ensinaram-nos que adorar a Deus é necessário falar em Português, Francês, Inglês, e quando se usar a língua materna deve haver tradutor. Na verdade, como muitos dos missionários eram ao mesmo tempo agentes secretos das agências de segurança do estado português, e outros tinham medo de insurgirem-se contra o regime colonia, era conveniente, e sempre foi, que os povos colonizados adotassem a língua do colonizador em todas as suas manifestações públicas. Igualmente, eles ensinaram-nos que para se adorar a Deus a deve haver ordem e decência, ensinaram ainda que só existe o Deus da Bíblia e deveria ser adorado de acordo com a cultura europeia, em sua maioria gélida. Assim sendo, toda e qualquer manifestação religiosa fora desse padrão desenhado e encaixotado pelo colonizador é PECADO, SINCRÉTICA E PERIGOSA.
Até os assimilados líderes das igrejas nacionalizadas não conseguem mais se libertar da europeização mental para se vestirem dos costumes saudáveis deixados pelos ancestrais. A Teologia Cristã angolana precisa nascer do âmago dos angolanos e começar a pesquisar de forma profunda o que éramos antes de nos tornarmos "europeus". O povo angolano não é apenas a cópia que nos restou de tudo que se foi de volta para a Europa. A Igreja angolana precisa deixar de ser apenas cópia do que vem da Europa e da América, continentes que continuam a enviar missionários munidos de manuais de suas culturas religiosas ao invés de financiarem o surgimento de uma cultura teológica local.
Existe um esforço em prol da evangelização dos povos ainda não alcançados, porém, esse movimento evangelístico não tem sido acompanhado de ações concretas que levem o povo angolano, o povo africano a permanecer africano. É triste quando vemos fotos sendo mostradas em eventos missionários servindo como relatórios para se levantar mais ajuda de custos, e nelas aparecer um punhado de pessoas que antes se vestiam com trajes tradicionais, e a prova da sua conversão ser agora o fato de estarem a usar um terno fino, gravata, sapatos, ou seja, o normal e o bonito é aquilo que o missionário traz, ao invés de ser aquilo que o missionário encontra.
A Teologia Cristã em Angola precisa com urgência criar academias locais, de preferências ensinadas nas línguas locais, mas os currículos teológicos não devem ser meras cópias do que se adquiriu ao longo dos tempos da Europa. É preciso que os teólogos angolanos leiam e conheçam sua história a sim de saberem como transformarem-na sem, no entanto, alterar suas raízes.
Eu sou ainda apologista que o movimento missionário na direção norte sul deveria ser estudado com maior intensidade. Os movimentos missionários estrangeiros devem continuar sua tarefa de evangelização, além de suas fronteiras, mas é muito urgente que propositadamente se incentive o surgimento de uma teologia autóctone.
Portanto, a Angola religiosa já existe antes mesmo da chegada dos portugueses. Mas será que essa religiosidade era apenas sincrética? Será que éramos apenas feiticeiros? Será que todas as manifestações religiosas são pagãs? Será que pensar no negro dançando, girando, xinguilando, levantando as mãos, falando em dialetos durante a adoração, é sinónimo de Adoração aos Espíritos pagãos? Não. Nem tudo é mau, e precisa-se aprofundar os estudos
Assim como historiadores se têm empenhado em realizar pesquisas sobre as origens e maneiras de viver do povo ao longo da história, os próprios teólogos angolanos precisam começar a dedicar-se a escrever o que, de acordo com o livro sagrado chamado Bíblia, nós os angolanos podemos praticar, e incentivar que se pratique sem, no entanto, perdermos a identidade cultural nem a cristã assimilada.
A sociedade espera isso de nós, teólogos, e deveria ser papel de uma igreja preparada, capaz e respaldada com recursos humanos bem formados para darem resposta à demanda existente.
A inexistência de uma verdadeira identidade cultural faz com que não hajam referências locais. As referências que temos continuam sendo as do estrangeiro, aquelas que assistimos na Televisão, o que faz com que nós os angolanos tenhamos uma religiosidade confusa, muito mal esclarecida.
A teologia cristã precisa trazer ao debate público temas candentes do fórum religioso, porque a sociedade mundial continua em evolução depois do "grande século".
A nossa era é a era do maior desenvolvimento científico e técnico que a humanidade já experimentou. O desenvolvimento abrangeu o homem como um todo, e permitiu que a religiosidade se expressa de diversas maneiras. Auxiliados pela globalização, o mundo enfrenta hoje situação delicadas, tais como conflitos causados por práticas religiosas.
Angola conheceu desde 1992 para frente um grande movimento de imigração de cidadãos de vários pontos da África e também do mundo, que em busca de melhores condições de vida e também de mercado para prática de seus comércios, aportaram em Luanda e se fixaram. São indivíduos oriundos do centro e leste africano, países com 100% de predominância do Islamismo. O islão é a religião fundada pelo Profeta Maomé cuja sede mundial é a Meca, e tem assistido uma grande expansão a nível mundial. Nos países africanos tem tido uma ascensão meteórica devido a volatilidade populacional em termos sociais e econômicos, pois os mentores desta religião trazem para Angola não só uma nova maneira de adoração, mas sobretudo uma nova cultura de vida. A metodologia evangelizadora do Islamismo atinge o âmago do angolano porque os missionários muçulmanos trazem os ensinamentos do seu profeta, e junto com essa bagagem religiosa trazem também comércios para instalarem em solo pátrio e empregam nacionais.
A teologia angolana tem pela frente problemas para debater e dar respostas, e a islamização da sociedade é um dos maiores desafios da atualidade no país. Os cidadãos que vêm com essa religião trazem também seus costumes de vida em suas sociedades, que apesar de africanas em sua maioria, têm características peculiares.

A Teologia Cristã precisa se permitir ajudar a fazer surgir temas sociais para um debate de ideias e apresentar soluções aos problemas sociais do país.
As maiores democracias do mundo, já consolidadas, tiveram nas suas gênesis movimentos de afirmação social, muitos destes encabeçados por figuras religiosas dos seus países. Nos Estados Unidos da América conhecemos a História do Reverendo Martin Luther King Jr.
" Martin Luther King Jr. Nasceu em Atlanta, a 15 de janeiro de 1929 — Memphis, e viveu até 4 de abril de 1968). Foi um pastor protestante e ativista político. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Um ministro Batista, King tornou-se um ativista dos direitos civis no início de sua carreira. Ele liderou em 1955 o boicote aos ônibus de Montgomery e ajudou a fundar a Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC), em 1957, servindo como seu primeiro presidente. Seus esforços levaram à Marcha sobre Washington de 1963, onde ele fez seu discurso "I Have a Dream".
Portanto, a mente teológica pode, (e deveria faze-lo baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo) ajudar a desmistificar o idealismo que se criou em torno do pensamento político dos nossos dias. A vida na terra foi instituída por nosso grande Deus, nada do que existe é criação do diabo, além do pecado. Porém, assistimos a uma tendência alienante da classe religiosa principalmente a cristã protestante, de todos os círculos de convivência social, sob pretexto diabolizante da vida social como está organizada.
Caim empenhou-se em construir uma cidade, dando-lhe o nome do seu filho". O início da vida em cidades trouxe consigo a maldade, o caos social e a necessidade de organização da vida nesse ambiente fora do Jardim do Éden, onde tudo era organizado e sem necessidade de organização extra, pois o próprio Deus cuidou desse detalhe, cabendo ao homem apenas o dever de executar. Destituído das faculdades originalmente concebidas pelo eterno, o homem precisava agora se organizar.
O crescimento das cidades trouxe tamanho caos, a tal ponto de o Senhor Deus ter que destruir e refazer o que havia projetado, pois não se podia mais suportar tanta maldade. Deus viu que a maldade depois de Caim era terrivelmente mais abundante que antes. Quando atingiu o ápice ele teve de destruir o mundo e o reconstruir com os filhos de Noé.
Encontramos um relato claro daquilo que deveria ser a forma de vida do povo escolhido por Deus quando ele traz uma forma de vida organizada para moises estabelecer ao seu povo, com estatutos (leis) e normas (códigos de conduta) que todos deveria seguir. Na verdade, apesar de ter destruído o mundo com o dilúvio Deus nunca conseguiu dissociar completamente o seu coração do mundo que criara. E mais uma vez Ele o organiza.
A gênesis de todos os sistemas políticos e sociais conhecidos e amplamente divulgados está na Bíblia sagrada. A maioria dos códigos estabelecidos pela ciência do Direito atual se baseiam nesse livro, e as teorias de justiça social produzidas pelos cientistas e acadêmicos de todos os séculos que se tem registo também se basearam nesse conjunto de leis. Existiam sociedades antes do povo de Israel, assim com em paralelo com a existência desse povo, outros que viveram com costumes diametralmente diferentes. Mas temos bases para afirmar que a revelação divina apresentada ao povo eleito para ser Israel não deve ter se limitado à cedência de conhecimento e revelação da mente da sabedoria a este povo, mas Deus pela sua sabedoria e bondade deu a luz do conhecimento a todos os povos que habitam o planeta terra. Por isso podemos dizer que surgiram grandes impérios política e socialmente bem organizados, militarmente bem estruturados, e isso tudo antes de Cristo ou em paralelo a existência dos judeus.
O reverendo Martin Luther King Jr. inspirou-se, de certeza absoluta, nos ensinamentos de justiça social, espiritual e familiar encontrados na Bíblia sagrada, na história de vida e ministério dos profetas, dos quais o maior foi Jesus Cristo, o messias, para desenvolver o seu ministério da forma que o fez. Os direitos civis não são exclusividade para uma classe social chamada política defender em nosso país, são a responsabilidade de uma igreja consciente defender também. Uma academia munida do poder do Espírito Santo e desprovida da miséria do sentimentalismo de baixa autoestima legado pelo imperialismo europeu criaria uma força propulsora que catalisaria Angola a um nível de desenvolvimento social muito maior do que aquele que se regista hoje.
Angola encontra-se à braços com um dos maios cânceres da humanidade, algo que eu considero a maior endemia do mundo moderno cujo catalisador é o capitalismo ensaiado no nosso país pelos europeus já desde sua chegada com o fomento da atividade esclavagista: A CORRUPÇÃO. A corrupção " Corrupção é o efeito ou ato de corromper alguém ou algo, com a finalidade de obter vantagens em relação aos outros por meios considerados ilegais ou ilícitos.
Etimologicamente, o termo "corrupção" surgiu a partir do latim corruptus, que significa o "ato de quebrar aos pedaços", ou seja, decompor e deteriorar algo. 
" A ação de corromper pode ser entendida também como o resultado de subornar, dando dinheiro ou presentes para alguém em troca de benefícios especiais de interesse próprio.
A corrupção é um meio ilegal de se conseguir algo, sendo considerada grave crime em alguns países. Normalmente, a pratica da corrupção está relacionada com a baixa instrução política da sociedade, que muitas vezes compactua com os sistemas corruptos". 
A corrupção na política pode estar presente em todos os poderes do governo, como o Legislativo, Judiciário e Executivo. No entanto, a corrupção não existe apenas na política, mas também nas relações sociais humanas, como o trabalho, por exemplo. Para que se configure a corrupção, são precisos no mínimo dois atores: o corruptor e o corrompido, além do sujeito conivente e o sujeito irresponsável, em alguns casos.
Corruptor: aquele que propõe uma ação ilegal para benefício próprio, de amigos ou familiares, sabendo que está infringindo a lei;
Corrompido: aquele que aceita a execução da ação ilegal em troca de dinheiro, presentes ou outros serviços que lhe beneficiem. Este indivíduo também sabe que está infringindo a lei;
Conivente: é o indivíduo que sabe do ato de corrupção, mas não faz nada para evitá-lo, favorecendo o corruptor e o corrompido sem ganhar nada em troca. O sujeito conivente também pode ser atuado e acusado no crime de corrupção, segundo prevê o artigo 180 da Convenção Federal do Brasil;
Irresponsável: é alguém que normalmente está subordinado ao corrompido ou corruptor e executa ações ilegais por ordens de seus superiores, sem ao menos saber que esses atos são ilegais. O sujeito irresponsável age mais por amizade do que por profissionalismo;
A corrupção ainda pode significar o desvirtuamento e a devassidão de hábitos e costumes, tornando-os imorais ou antiéticos, por exemplo". Por se tratar de uma tese que se deseja publicar em livro dirigido ao público de todo o mundo, mas principalmente daquele país alvo das minhas pesquisas, eu devo salientar que esse estilo de vida perdulário é ainda hoje característica de todos os setores da vida pública angolana, e também da vida religiosa. A corrupção em Angola atinge desde a elite política da nação, passando pelas igrejas, atingindo as escolas e creches infantis. No setor privado por exemplo, nada acontece sem incentivos fiscais advindos da corrupção. Até a justiça do país e órgãos afins sucumbem à esse tremendo lixo moral, o hábito de vender favores. Isso vem de longa data, mas precisa ser denunciado para que hajam sérias mudanças.
A Igreja cristã, a teologia bíblica, a academia teológica precisa de ícons com coragem de apresentar fatos verídicos, contrapô-los em público e defender a justiça e a verdade. Os setores da vida nacional enfermados pela corrupção são:
Saúde: Para se ter um atendimento médico num hospital público tudo acontece mais depressa caso se contacte um parente ou um amigo que trabalha no hospital. No banco de urgência ou até mesmo para se realizar um cirurgia é necessário que o interessado preste alguns favores a quem tem nas mãos o poder de decisão.
Educação: As escolas de todos o país, desde o primário ao mestrado e doutoramento, a famosa gasosa existe e funciona. Para se transitar de classe existem as gasosas, os favores financeiros para se conseguir vantagens, e isso é feito até mesmo em escolas de propriedade das igrejas.
Política: Os políticos angolanos são os mais corruptos cidadãos que existem. Com raras exceções, os cidadãos que exercem o poder no país são detentores de força económica que os permite comprar o silencia, a competência e o trabalho de quem eles quiserem. As coisas em Angola apenas acontecem quando um político está por traz, quando sua palavra é soada. Até para se conseguir empréstimo bancário, torna-se mais fácil com a recomendação de um tio ou sobrinho político. A falta de um pensamento completamente democrático faz com que os políticos angolanos se tornem cada vez mais propensos a cometerem atos de corrupção ativa. O governo e todos os seus executivos gozam de vantagens indevidas e usam as suas reputações e cargos para promoverem seus interesses pessoais.
Sociedade como um Todo: Para se ter acesso a um serviço instituiu-se a cultura da gasosa. Nada acontece sem se prestar um favor em troca.
"Do ponto de Vista da economia, a Teologia Cristã pode trazer ao debate aspetos da renda dos cidadãos e da divisão equitativa do erário público".
Angola ainda continua sendo uma nação muito jovem em termos de governo. Apesar do grande esforço do executivo para transforma-la numa economia crescente, esbarramos em fatores que enfermam o nosso contexto de vida que precisam ser objetivamente enfrentados, debatidos e corrigidos. Um crescimento sustentável assenta em fatores de ordem sociológicos bem resolvidos, e na ausência deles as empreitadas para o crescimento tornam-se em verdadeiros calvários sem fim.

EDUCAÇÃO- Premissa Básica para a Mudança

Os missionários europeus fundaram centenas de missões, e a base da fundação das missões estava na educação (ensino religioso + ensino acadêmico).
A educação é o pilar do desenvolvimento de qualquer nação que se afirme e deseje transformar suas infraestruturas sociais, políticas, científicas e económicas. As antigas missões tiveram em atenção esse fator, e é tanto, que o trabalho desempenhado pelos missionários não teria tamanho impacto não fosse as escolas e internatos que tinham a função de educação do homem novo angolano.
A educação é, sem sombra de dúvidas o setor mais importante para o desenvolvimento de qualquer povo, e o ensino sistematizado desde o nível primário até ao universitário continua sendo a estratégia que a modernidade encontrou para perpetuar de geração a geração todos os tipos de ensino necessários ao crescimento dos seus países.
O apóstolo são Paulo foi um dos mais notáveis intelectuais da sua época, assim como o foi o doutor Lucas, médico e escritor de uma das biografias de Jesus Cristo, e todos eles foram também grandes teólogos, notáveis transformadores das realidades a sua volta, tanto no plano científico quanto no plano religioso ou teológico.
O apóstolo Paulo soube expressar-se para intelectuais tanto quanto para simples e gentios. A sua cultura acadêmica o levou a ter o destaque que teve entre os judeus e também entre os romanos da sua época. Paulo foi destaque também na sua capacidade de articular e escrever textos, alguns de difícil interpretação, alguns dos quais não eram sequer de fácil compreensão dos apóstolos que tinham na sua maioria pouca cultura acadêmica. O destaque do apóstolo São Paulo nas escrituras traz a tona a importância que a educação tem para os teólogos que almejam contribuir positivamente e em larga escala para o crescimento da obra evangelizadora entre os povos.
A cultura acadêmica dos Teólogos antes da era cristã e a mesma ou melhor cultura acadêmica de homens como Martinho Lutero permitiu a Igreja ter verdadeiras obras de arte, cujos legados espirituais incomensuráveis. Entre os Teólogos mais estudiosos que a História tem registro estão centenas de homens aos quais devemos a tradução da Bíblia nas mais diversas línguas, a escrita de diversos livros sobre diversos assuntos, o ensino em universidades, igrejas, academias teológicas, e tudo isso graças ao papel desempenhado pela educação de forma geral. A teologia e a educação são inseparáveis. A segunda deu vida a primeira, e é necessário que um dos trabalhos árduos dos teólogos seja o ensino das sociedades. Teólogo não ensina nem investiga apenas sobre religião e Divindades, apesar de ter neles seu maior objeto de estudo. ´necessário identificar deficiências no sistema de educação e propor reformas clara e que possam contribuir para o crescimento da nação.
A educação, por ser um dos fundamentais motores para o desenvolvimento da nação precisa ser tratada com a devida responsabilidade. O presidente angolano em um dos seus discursos de fim de ano reconheceu que Angola possui um sistema de educação cuja qualidade é a todos os níveis questionável. A maior causa que enferma o sistema de educação nacional e o retira qualidade chama-se corrupção generalizada. Nas escolas angolanas, desde o ensino primário ao universitário, existe uma gritante corrupção que desvirtua o sistema de educação nacional.
Outro fator de desequilíbrio é a falta de preparo eficaz dos professores que lecionam na rede pública e privada de Angola. Se um país admite ter um sistema de educação sem qualidade, e prova disto é que em África não consta da lista das 100 universidades reconhecidas alguma de Angola, o que ele continuará a transmitir aos seus cidadãos? Com certeza absoluta um ensino amputado e deficitário.
É necessário que se lute para trazer qualidade ao sistema de ensino nacional, através de uma combinação de fatores podemos um dia chegar a esse desiderato. Combinando Educação + honestidade poderemos chegar um dia a um resultado chamado eficiência.
Oremos a Deus para que consigamos equacionar na mente do homem novo angolano todos esses fatores e que haja uma força de vontade para os pormos em ação. A preguiça mental e espiritual é um dos, se não mesmo o maior obstáculo ao avanço da nação rumo ao desenvolvimento sustentável.
Assistimos os chineses a trabalhar, os português a trabalhar, os brasileiros a trabalhar, todos esses em solo angolano, mas continuamos a perguntar porque o homem autóctone que serviu como escravo com toda sua força hoje não consiga criar ele mesmo os fatores que contribuam para o seu desenvolvimento.
Outro fator importante para o desenvolvimento nacional é a investigação científica, a educação no nível científico, não mais no nível secundário. Angola precisa desenvolver sua própria tecnologia se quiser ombrear com outras nações em matérias de desenvolvimento.
Foram vários anos de importação de matéria prima e humana para ajudar a desenvolver o nosso país, desde a vinda dos portugueses e americanos, europeus de outras nacionalidades até africanos que foram ao solo angolano para o ajudar a crescer como nação. Cada nação que mandou pra lá seus nacionais os fez transportarem suas tecnologias, e isso começou já nos veículos de que se fizeram transportar. A tecnologia vem de fora, mas a educação e ciência nacional não se desenvolveu para produzir seus próprios meios.
É necessário que o país desenvolva agora um forte ensino técnico profissional, é necessário que supere problemas infraestruturais para que se comece a investir no sistema de ensino superior a fim de que os graduados desenvolvam pesquisas que contribuam positivamente para o desenvolvimento do país.
O mundo atual é governado por superpotências que desenvolveram pesquisas sérias nas áreas ciências energéticas, aeroespaciais, médica, de militares, e nosso sistema de educação não tem a mínima capacidade para desenvolver de raiz um experimento básico e patenteá-lo mundialmente como tendo sido desenvolvido por Angola. Esse assunto é matéria para uma próxima tese, mas gostava muito de entender a diferença que existem entre nós em termos de capacidades cerebrais, bem como se existe uma subserviência crônica impeditiva, que faça com que não consigamos ombrear com outros países e culturas em termos de desenvolvimento científico e tecnológico.
Para que se consiga alcançar tais níveis de desenvolvimento intelectual tudo precisa começar de alguém, e torna-se mais rápido quando a pessoa que está a governar o povo tem eles mesmo as ideias para ajudar o seu povo a se tornar melhor do que já é.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Comecei a investigar sobre a história de Angola de forma geral em 1997 quando engressei pela primeira vez no curso médio de ciências sociais do Pré Universitário na cidade do Lobito. A imensidão de assuntos por se tratar contina sendo grande, e ainda ainda nos esmeraremos por mais aprofundamento do assunto. Por agora cabe dizer que a construção do nacionalismo angolano deu-se ao sangue de muitos filhos seus, e a construção dessa nação continua em fase crucial.
Angola enfrenta problemas infraestruturais básicos que concorrem para a não realização de tais intentos, e um processo de democratização aliado ao crescimento económico e social atrasado, consequência dos processos de dominição, colonização, e resquícios da guerra fria, que durante décadas perpetrou uma sangrenta guerra civil.
A sociedade está aberta ao surgimento de um divisor de águas, e nesse sentido a Teologia angolana pode se afirmar, desde que surjam líderes preparados e corajosos para realizar mudanças necessárias.

REFERÊNCIAS
 http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/elo-perdido
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15340834
http://beta.mnet.co.za/carteblanche/Article.aspx?Id=2619
João Medina & Isabel Castro Henriques, A rota dos escravos: Angola e a rede do comércio negreiro, Lisboa: Cegia, 1996.
Christine Messiant. L'Angola colonial, histoire et société: Les prémisses du mouvement nationaliste. Basileia: Schlettwein, 2006.
A situação em que Angola se encontrava naquela altura é descrita em Victoria Brittain, Morte da Dignidade: A guera em Angola, Lisboa: Dom Quixote, 1996.
BIBLIOGRAFIA
Armando Castro, O sistema colonial Portugués em África (Meados do século XX), Lisboa: Caminho, 1978
David Birmingham, The Portuguese Conquest of Angola, Londres: Oxford University Press, 1965.
David Birmingham, Trade and Conquest in Angola, Londres: Oxford University Press, 1966.
História de Angola, Anotações e Manuais de História de Angola da 7ª série do ensino secundário a 11ª Série do ensino médio em Ciências Sociais, 1996 a 1999
HENDERSON, Lawrence W., A igreja em Angola : um rio com várias correntes
M. R. Bhagavan, Angola's Political Economy 1975-1985, Uppsala: Nordiska Afrikainstitutet, 1986
Patrick Chabal e outros, A History of Postcolonial Lusophone Africa, Londres: Hurst, 2002 (artigo sobre Angola por David Birmingham)
NEVES, Tony, As igrejas e o nacionalismo em Angola,
Organização Geral de Estado, Anotações e Manual académico do Curso Médio Pré Universitário em ciências Sociais no PUNIV-Lobito, 1997-1999.

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