Soeiros revisitado: aspectos da romanização do território alto alentejano nos meados do séc. I aC

June 7, 2017 | Autor: Pedro Angeja | Categoria: Roman Republic, Ceramica Romana, Roman Archaeology
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42. Soeiros revisitado: aspectos da romanização do território alto alentejano nos meados do séc. I aC. Rui Mataloto E Pedro Angeja Município de Redondo

Resumo Pretende-se com o presente trabalho efectuar uma abordagem mais aprofundada ao conjunto de materiais recolhidos no sítio dos Soeiros, recolocando-o nas problemáticas da ocupação do território centro alentejano nos finais da República Romana. Abstract The aim of this paper is to present a detailed approach to the set of materials collected at the site of Soeiros, placing it in the main issues of the occupation of Alentejo Central in the late Roman Republic.

Centurion: What’s this thing? “ROMANES EUNT DOMUS”? “People called Romanes they go the house?” Brian: It... it says “Romans go home”. Centurion: No it doesn’t. What’s Latin for “Roman”? Brian: (uncertain) “ROMANUS”. Centurion: Goes like? Brian: “-ANUS”. Centurion: Vocative plural of “-ANUS” is? Brian: “-ANI”. Centurion: (takes paintbrush from Brian and paints over) “RO-MA-NI”. “EUNT”? What is “EUNT”? Brian: “Go”. Centurion: Conjugate the verb “to go”! Brian: “IRE”; “EO”, “IS”, “IT”, “IMUS”, “ITIS”, “EUNT”. Centurion: So “EUNT” is ...? Brian: Third person plural present indicative, “they go”. Centurion: But “Romans, go home!” is an order, so you must use the …? MONTY PHYTON’S – Life of Brian (1979) Latin lesson

1 – OS SOEIROS: LOCALIZAÇÃO, ENQUADRAMENTO TERRITORIAL E CONDICIONANTES LOCAIS.

O sítio dos Soeiros implanta-se num pequeno esporão granítico pouco saliente, numa paisagem relativamente acidentada, sobranceiro ao Ribeiro das Covas, afluente da margem esquerda da Ribeira da Tera. A leitura da sua implantação topográfica é truncada pela presença da Albufeira dos Soeiros, que transforma o sítio em ilha, dificultando uma compreensão correcta da sua morfologia. Todavia, quer os efeitos erosivos, quer a presença de destacados afloramentos graníticos, em ambas as margem da ribeira, quer mesmo a presença da barragem, deixa indiciar vertentes pronunciadas no lado Norte, conferindo-lhe algum destaque e defensabilidade, a partir do vale, bem distinto do percepcionado actualmente. Contudo, o sítio dos Soeiros não deveria ser nem extenso nem destacado na paisagem, tendo o seu limite visual circunscrito a uma envolvente imediata. No entanto, a sua adjacência ao vale da Ribeira da Tera, situado a menos de 2km a Norte, confere-lhe uma certa proximidade com um putativo eixo de circulação Este – Oeste, entre o fundo do estuário do Tejo e o interior alentejano, na região 842

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da Serra d’Ossa, onde esta nasce (v. Fig. 1 e 2). A estratégia de localização do sítio dos Soeiros é de difícil percepção, na justa medida em que se encontra rodeado por terras de escassa fertilidade agrícola, sem ocorrências mineiras conhecidas nas inmediações não dispondo, igualmente, de qualquer capacidade de controlo territorial, ao encontrar-se rodeado por elevações de maior altitude. Todavia, é certo que no período aqui em análise, a época tardo republicana, este sítio se encontrava plenamente integrado nas dinâmicas económicas e populacionais da região (Fig. 1). 2 - REVISITAR O PASSADO … LEITURAS SOBRE OS SOEIROS.

O sítio dos Soeiros surge inicialmente citado num trabalho de síntese sobre a Idade do Ferro centro alentejana, sendo desde logo reconhecida a presença de uma ocupação tardo republicana (Calado e Rocha 1997: 102). No primeiro trabalho de cariz monográfico sobre o local (Calado et al. 1999) efectua-se um primeiro balanço geral sobre as múltiplas ocupações do mesmo, com particular realce para a mais expressiva no conjunto artefactual, justamente a que pretendemos aqui tratar. Genericamente, traçou-se uma leitura global, nomeadamente cronológica, que nos parece acertada e que os novos dados mais não vêm que reforçar. O sítio dos Soeiros foi então entendido como uma ocupação tardo republicana de meados/3º quartel do séc. I aC, implantada num esporão rochoso, com alguma defensabilidade, discutindo-se a natureza da própria ocupação, se de cariz indígena, ou já devedora das novas presenças romanas decorrentes do processo de apropriação do território, representada pelo que se veio a caracterizar como fortins alentejanos (Calado et al. 1999: 767) (Fig. 2). Em trabalho posterior veio a reforçar-se esta ligação do sítio dos Soeiros1 com as realidades integradas nos designados fortins alentejanos (Mataloto 2002: 168), reconhecendo-se, desde logo as marcadas diferenças, nomeadamente do ponto de vista arquitectural, dada a ausência de grandes estruturas em posição dominante, ainda que outras de escassa entidade sejam visíveis. Todavia, a proximidade cronológica, a sua pequena dimensão, com cerca de 0,5ha, e a sua implantação num esporão rochoso, fez-nos aproximar este local da realidade dos fortins. Contudo,

Fig. 1: Localização geral do Soeiros no Sudoeste peninsular

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cremos hoje que debe ser reconsiderada a sua integração no grupos dos fortins, devendo-se aproximá-lo de outras dinâmicas de apropriação do território. 3- A BAIXELA CERÂMICA DE MEADOS DO SÉC. I AC NOS SOEIROS

Fig. 2: Localização dos Soeiros sobre cartografia militar 1:25 mil e sobre foto aérea Google Earth de 28/08/2011.

O conjunto cerâmico aqui em estudo foi sendo recolhido em diversas visitas realizadas entre meados dos anos 90, quando o sítio foi identificado, e 2013. O acesso ao local sempre foi condicionado pelo nível da água da barragem, tendo estado acessível a seco muito pontualmente. Os materiais recolhidos foram identificados um pouco por toda a área de oscilação do nível da barragem, concentrando-se, no entanto, onde o bater da água afecta depósitos com alguma expressão vertical, ou então áreas de escorrências erosivas. Este facto é particularmente notório do lado Nascente, onde a pendente deverá ser um pouco mais pronunciada, ao ponto de se verificar o total desmonte da estratigrafia envolvente de uma estrutura que, todavia, se manteve, ao assentar na rocha. No lado Norte, numa área de forte escorrência, entre grandes blocos graníticos, desenvolve-se uma nova concentração de materiais, com dupla acção erosiva, quer de escorrência quer de batimento. No lado sudeste, com uma pendente bastante mais suave, surge nova área de abundante material, mas em menor número que as anteriores. Fora da área de oscilação do nível das águas os materiais à superfície são quase inexistentes, ou muito pouco expressivos. 3.1 METODOLOGIA

A abordagem a um conjunto artefactual proveniente de um sítio arqueológico com as características de Soeiros, ou seja, de um acervo que provém de recolhas de superfície, deve procurar assentar em morfotipologias bem definidas, de preferência já existentes e bem contextualizadas, de modo a suprimir a insegurança inerente à ausência de contexto estratigráfico. Neste sentido, para a sua análise, os materiais cerâmicos foram previamente divididos em grandes categorias morfotecnológicas, nomeadamente, em cerâmica campaniense, -“paredes-finas”-, e ânforas, sendo os restantes analisados como cerâmica comum. Esta categoria foi ainda subdividida, após uma análise macros844

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cópica, em produção manual e a torno e, atendendo às suas pastas, em cerâmica comum de importação e cerâmica comum de produção local/regional. As condicionantes derivadas da ausência de contexto, da escassez de perfis completos e das ocupações anteriores (Calado et al. 1999), que ao nível dos fundos poderiam deturpar a amostra, levou-nos a efectuar um estudo com base apenas nos fragmentos de bordo. Realizámos a análise da cerâmica comum de produção local/regional segundo a proposta tipológica avançada por Inês Vaz Pinto e Anne Schmitt (Pinto e Schmitt 2010) para o Castelo da Lousa fazendo, contudo, pequenas adaptações que nos pareceram relevantes, para uma melhor definição de alguns subtipos. Na categoria dos “potinhos”, definimos um diâmetro de abertura máximo de 14 cm, retomando a proposta de Jeannette Nolen (Nolen 1985), procurando responder a alguma ambiguidade existente entre a categoria dos “pote/panela”, nomeadamente, os de pequenas dimensões, e os maiores “potinhos”. Por igual ordem de razões, propomos que as peças definidas como “contentor aberto” não apresentem o diâmetro máximo da peça ao nível do bordo sendo, então, exclusivamente formas fechadas, de modo a clarificarmos a divisão entre “contentor aberto” e “bacia/alguidar” que se afigura, por vezes, problemática. Definiu-se, igualmente, que as talhas devem possuir uma espessura da parede igual ou superior a 1 cm, indiciador de uma certa robustez e dimensão, pois parece-nos uma característica importante para a sua classificação e separação dos potes/panelas. 3.2. ASPECTOS TÉCNICO-PRODUTIVOS

O conjunto cerâmico do sítio de Soeiros, apesar da sua aparente coerência cronológica, revelou-se muito diversificado em termos morfológicos mas, também, no que concerne às formas de produção e às técnicas de acabamento das mesmas. Por conseguinte, afigura-se muito expressiva a manutenção de cerâmicas com acabamentos toscos, em contraste com cerâmicas de pastas bem depuradas e outras com bons acabamentos de superfície. Será igualmente de assinalar que a cerâmica de produção local/regional alcança mais de 84% do conjunto, deixando apenas uma pequena percentagem para as VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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presenças forâneas, incluindo os contentores anfóricos. Neste sentido, destaca-se no acervo a quantidade de cerâmica produzida manualmente ou com auxílio do torno lento, ambas as técnicas de cariz marcadamente indígena, que perfazem ainda 25% do conjunto dos recipientes de cerâmica comum, diminuindo ligeiramente se comparadas com o total do acervo. Os materiais de produção manual e torno lento apresentam, genericamente, pastas pouco depuradas com frequentes elementos não plásticos e um tratamento de superfície bastante tosco, contendo algumas inclusive as marcas dos dedos do oleiro(a) que as modelou. A persistência de cerâmica montada à mão, bem como a produzida ao torno lento, já tinha sido salientada por Carlos Fabião para os contextos do século I a.C., nomeadamente, em toda a diacronia de ocupação do sítio das Mesas do Castelinho (Fabião 1998: 26-27), encontrando-se também documentada ao longo da ocupação do Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 249). Nos Soeiros, não obstante, durante o século I a.C., a maioria da cerâmica produzida local ou regionalmente já é montada ao torno. A expressiva cifra de 75%, que aumenta se considerarmos toda a cerâmica a torno do conjunto, revela a progressiva mudança desde a sua introdução no âmbito peninsular, nos inícios da Idade do Ferro. Todavia, a presença significativa de cerâmica manual ou a torno lento em Soeiros deixa entrever uma certa estabilização nas suas percentagens, atendendo que na região, em inícios do séc. V aC, já se verificava a existência de 60% de cerâmica a torno em pequenos sítios rurais como a Herdade da Sapatoa (Mataloto 2004: 76). No Castelo da Lousa a manutenção destas técnicas encontrase atestada por uma percentagem de 18,8% que, segundo as autoras, “coloca o Castelo da Lousa no plano de um povoado indígena” (Pinto e Schmitt 2010: 331), o que, todavia, não se nos afigura linear dada a sua presença igualmente significativa em contextos de claro fundo romano, como o acampamento da Lomba do Canho (Fabião e Guerra 1987: 299).

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3.3 – LEITURAS GLOBAIS

Pretendemos efectuar um estudo de todo o acervo material recolhido, atribuível ao período tardo-republicano, tendo-se aplicado a tipologia proposta por Inês Vaz Pinto e Anne Schmitt (Pinto e Schmitt 2010) para o estudo da cerâmica comum do Castelo da Lousa, como já referimos. Decidiu-se pela sua aplicação não só devido à proximidade geográfica e cronológica dos sítios mas, sobretudo, por entendermos que a aplicação de uma mesma tábua analítica, que consideramos relativamente completa e pormenorizada, à baixela cerâmica possibilitará no futuro perspectivar padrões regionais. Este facto não obsta que tivéssemos necessidade, como já se afirmou, de definir critérios quantitativos diferenciadores entre algumas categorias, de modo a tentar minorar a sua arbitrariedade. A cerâmica de produção manual apresenta escassa variedade morfológica pois, dos 59 fragmentos que apresenta, 56 foram classificados como pote/panela/potinho, 2 como tigela e 1 classificado de contentor aberto. Neste sentido, percebemos que existia uma categoria morfotipológica preferencial para as produções montadas à mão (v. Fig. 3). Não obstante, esta uniformidade dilui-se quando procuramos analisar as formas integradas nesta categoria. A Forma 1 da tipologia utilizada apresenta uma “pança esférica pouco larga em relação ao bordo em pequena aba oblíqua e amendoada” (Pinto e Schmitt 2010: 250) e está representada no acervo material dos Soeiros por 10 fragmentos (v. Fig. 3, 1). Nos reportórios cerâmicos das Mesas do Castelinho (Fabião 1998) e Aliseda (Rodriguez Díaz e Pavón Soldevilla 1999: 82) constam igualmente recipientes integráveis nesta forma. A forma 2 é a mais representada entre o conjunto, com 31 fragmentos, constando de “um bordo também oblíquo mas mais alongado e levemente afilado” (v. Fig. 3, 2) (Pinto e Schmitt 2010: 250). Esta é, também, igualmente a forma mais representada na cerâmica manual do Castelo da Lousa, tendo sido proposto pelas autoras uma funcionalidade de pequeno recipiente de ingestão de bebidas, atendendo que as dimensões do bordo se centram entre os 10 e os 14 cm (Pinto e Schmitt 2010: 250). As dimensões dos fragmentos representados no Soeiros enquadram-se, grosso modo, nestes diâmetros (exceptuando 3 exemplares de maiores dimensões). A forma 3 de maiores dimensões “mais bojudo e com o bordo oblíquo mais espesso” VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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Fig. 3: Pote/Panela/Potinho forma (manual)1-1, forma 2-2, forma 3- 3, forma 4- 4 e 5; pote/panela (a torno) forma B1-7, B8- 8, B9-9, B25- 10, D1- 11, D2- 12

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(Pinto e Schmitt 2010) está representada por 7 fragmentos no conjunto (v. Fig. 3, 3). A forma 4 não se encontra representada no Castelo da Lousa entre as produções manuais, ainda que se documente em forma igual mas montada ao torno (v. Fig. 3, 4 e 5). Esta forma apresenta um “bordo em forma de gancho formando uma garganta interna” (Pinto e Schmitt 2010: 274) e está presente nos Soeiros em 5 bordos produzidos manualmente com pastas pouco depuradas e abundantes elementos não plásticos. A presença destas formas manuais pode estar a indicar-nos uma necessidade de maior resistência às oscilações térmicas, reforçando o seu potencial uso para confecção de alimentos. Estão documentados mais 3 fragmentos de potes/panelas/potinhos que foram considerados como formas raras. Foram, igualmente, registadas 2 tigelas e 1 contentor aberto, inexistentes na proposta morfotipológica em uso para os recipientes elaborados manualmente (Pinto e Schmitt 2010), pelo que foram considerados formas raras (v. Fig. 3, 6). Como já foi mencionado, a cerâmica montada ao torno representa 75% do total de cerâmica produzida local ou regionalmente, com um conjunto de 176 fragmentos. Esta apresenta uma grande variedade morfológica. A categoria dos pote/panela integra, como seria espectável, o maior número de fragmentos, 89, representando 50,56% do total de cerâmica produzida a torno. Este grupo apresenta uma grande variedade interna, atestada pelas 11 formas que engloba. A forma A1 representa os potes de asas de cesto, e encontra-se atestada nos Soeiros por 1 fragmento. Esta é uma tipologia de clara tradição indígena presente em sítios como a Azougada (Antunes 2009: 293-296) e a Herdade da Sapatoa (Mataloto 2004: 271) desde momentos antigos, subsistindo, embora em quantidades residuais, no século I a.C., não só nos Soeiros mas também no Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 269). A forma B1 caracterizada pelo “bordo voltado para fora formando pequena aba arqueada” (Pinto e Schmitt 2010: 270) apresenta 18 fragmentos entre o acervo estudado. O conjunto inclui 19 fragmentos da forma B8, com diâmetros de abertura entre

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os 15-30 cm; no entanto, a maioria apresenta diâmetros entre os 15-20 cm. Esta é uma forma bem representada no Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 272). No Soeiros a forma melhor representada, com 35 fragmentos, é a B9, o que tambêm acontece no Castelo da Lousa. Esta surge noutros contextos republicanos como a Cabeça de Vaiamonte (Fabião 1998) e Aliseda, onde é, igualmente, considerada como a forma mais abundante (Rodríguez Día e Pavón Soldevila1999: 91). Por oposição, a forma B19, bem representada no Castelo da Lousa, encontra escassa representação no nosso conjunto, com 2 fragmentos. A forma B25 está presente com 6 elementos mas, ao contrário dos apresentados no Castelo da Lousa, que demonstravam um fabrico fino (Pinto e Schmitt 2010: 273), estes exibem uma pasta de média depuração e acabamentos mais toscos. As restantes formas presentes entre o acervo têm poucos fragmentos associados, contendo a forma C1 e D5 um fragmento cada e as formas D1, D2 e D4 dois elementos cada. As formas 4 e D4 são idênticas sendo que a primeira é produzida manualmente e está ausente do reportório cerâmico do Castelo da Lousa e a segunda, montada ao torno e bem representada neste sítio, tem escassa representação entre o conjunto dos Soeiros. Os grandes contentores de armazenagem, ou seja, as talhas, são a segunda categoria morfológica mais representada entre a baixela cerâmica dos Soeiros, com 33 fragmentos, perfazendo um total de 18,75% do conjunto. A forma 1 variante A apresenta-se como a melhor representada nesta categoria, com um total de 13 fragmentos (v. Fig. 4, 3). Esta é também a forma mais numerosa entre o conjunto do Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 285) e possui paralelos no sítio das Mesas do Castelinho (Fabião 1998). A forma 1 variante B encontra-se representada por 5 fragmentos cerâmicos com um diâmetro entre os 38-40 cm (v. Fig. 4, 4). A forma 2 está bem atestada no conjunto do Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 285) e conta com 9 talhas entre o acervo dos Soeiros (v. Fig. 4, 5). A forma 10, embora apenas possua apenas um fragmento (v. Fig. 4, 6) evidencia na sua morfologia clara semelhança com algumas ânforas de tradição pré-romana, que foram aparentemente produzidas na região até momentos tardios, tal como as documentadas em Malhada dos Gagos (Calado Mataloto e Rocha 2007: 162) ou Malhada de Biterres (Estrela 2012: 355). A forma 6 VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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Fig. 4: Pote/Panela (a torno) forma D4-1, D5-2; Talha forma 1A3, forma 1B- 4, forma 2- 5. forma 10- 6, forma rara- 7; tigela forma 1- 8; forma rara – 9.

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está pouco representada por apenas 3 elementos; outros 2 fragmentos cerâmicos, por não se assemelharem com nenhum subtipo foram considerados formas raras (v. Fig. 4, 7). As tigelas representam uma das morfologias da baixela cerâmica melhor documentada no Soeiros. Esta categoria enquadra cerâmicas utilizadas como baixela de mesa. Foram contabilizados 27 fragmentos de tigelas produzidas local ou regionalmente, com uma percentagem de 15,34%. Apresentam uma morfologia hemisférica muito simples e por isto, 26 fragmentos pertencem à forma 1 da tipologia em uso, também a mais expressiva no Castelo da Lousa (Pinto e Schmitt 2010: 260) (v. Fig. 4, 8). Apenas um fragmento, por apresentar um sulco abaixo do bordo, foi considerado uma forma rara (v. Fig. 4, 9). Os contentores abertos são uma morfologia que se adapta bem à armazenagem do quotidiano, pois possuem um grande diâmetro ao nível do bordo, de modo a facilitar o acesso ao produto acumulado. Esta categoria é minoritária no conjunto, com apenas 9 elementos, ostentando alguns casos decoração incisa recta ou ondulada ao nível do arranque do bordo. A forma 2 apresenta 4 fragmentos com diâmetros entre os 35-40 cm, com alisamento da superfície externa das peças (v. Fig. 5, 1). A forma 1 encontra-se representada nos Soeiros por 2 peças, sendo os restantes 3 fragmentos de bordo foram considerados formas raras (v. Fig. 5, 2). Encontram-se, também, escassamente representados os potinhos. Estas peças apresentam morfologias que, por vezes, se assemelham às tipologias das “paredes finas”. No conjunto dos Soeiros estão presentes 8 peças interpretadas como potinhos apresentando uma grande diversidade de formas. As formas 2, 3 e 4 apresentam 2 fragmentos cada, enquanto a forma 1 e 6 possuem apenas 1 (v. Fig. 5, 3 e 4). As bacias/alguidares são recipientes abertos de grandes diâmetros que serviriam, provavelmente, para a preparação de alimentos. Afigura-se como uma categoria parcamente representada entre o acervo do Soeiros, com apenas 5 fragmentos. Somente 1 deles fragmentos se insere nas tipologias definidas por Inês Vaz Pinto e Anne Schmitt (Pinto e Schmitt 2010), nomeadamente na forma 3 (v. Fig. 5, 5), configurando os outros 4 elementos formas raras (v. Fig. 5, 6 e 7), o que impõe a necessidade de maior base documental para alargar a tipologia desta forma.

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Os pratos, as terrinas e os tachos estão pouco representadas no conjunto. Foi documentado um prato da forma 1, uma terrina de uma forma rara e 2 tachos das formas 2 e 3 (v. Fig. 5, 8). Registou-se também uma tampa da forma 2 variante A. A presença de uma lucerna, aparentemente de produção extra regional, parece remeter para mais um hábito claramente associado à influência romana, tendo sido já assinalado como um dos melhores indicadores do processo de romanização (Fabião 2001a: 123) (v. Fig. 5, 9). A presença de cossoiros, apesar de escassa, com apenas 2 elementos, atesta actividades de fiação no sítio do Soeiros. A decoração é pouco frequente entre o espólio estudado. Os motivos incisos ondulantes, com ou sem a moldura, de duas linhas paralelas é a mais frequente, estando associada a contentores abertos (v. Fig. 6, 5). Esta decoração, dada a sua simplicidade, encontra-se bem atestada em momentos tardios da Idade do Ferro, em sítios de natureza diversa. Foi igualmente detectado um fragmento de bojo decorado com uma matriz impressa “estampilhada” com motivo geométrico quadrangular radiado, associado a cordão plástico com decoração de matriz em pente (v. Fig. 6, 8). Estes motivos criados por matrizes radiadas, ainda que mais frequentemente aplicados a grandes recipientes em fases recuadas da segunda metade do Iº milénio a.C., subsistem até momentos mais tardios, sendo gradualmente substituídos por motivos reticulados e palmetiformes apostos sobre cerâmicas finas, acompanhados com frequência por motivos impressos a pente, como está bem atestado no Castelo da Lousa (Pinto e Schmit 2010: 316-317). A decoração a “carretilla” está presente em 2 fragmentos cerâmicos com pastas cinzentas, muito depuradas e polidas (v. Fig. 6, 6). Este tipo de decoração integra-se dentro da designada Fase IV de L. Berrocal, que avança uma cronologia essencialmente pós-sertoriana até aos inícios do período Imperial (Berrocal 1992: 116). Destaca-se no conjunto um fragmento de recipiente que apresenta um grafito feito pré-cozedura. Este grafito apresenta caracteres latinos, no qual se consegue distinguir claramente um A (v. Fig. 6, 7). Diversas outras incisões pré-cozedura foram igualmente documentadas, podendo corresponder a outros grafitos alfabéticos, contudo, a excessiva fragmentação não permitiu aferir com clareza outros grafemas. Os grafitos em caracteres latinos encontram-se relativamente presentes em VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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contextos tardo-republicanos alentejanos, e não só, como nos foi possível verificar no Castelo da Lousa (Encarnação 2010), na Rocha da Mina (Mataloto e Roque 2013: 136), na Cabeça de Vaiamonte (Fabião 1996) ou no Castrejón de Capote (Berrocal 1992), deixando clara a expansão da literacia em caracteres latinos. 3.4 – FLUXOS COMERCIAIS: AS CERÂMICAS DE IMPORTAÇÃO

Fig. 5: Contentor aberto forma 2-1, forma rara- 2; potinho forma 1- 3, forma 2- 4; bacia/alguidar forma 3- 5; forma rara 3 – 6; forma rara 9 - 7; tacho forma 3- 8; lucerna(?)-9

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O conjunto de cerâmicas de importação do sítio dos Soeiros, apesar de relativamente escasso, é essencial para um melhor enquadramento cronológico da última ocupação do local. A cerâmica de importação corresponde a um total de 37 fragmentos (de bordos e fundos) cerâmicos que representam 15,68% do acervo cerâmico dos Soeiros. No Soeiros foram recolhidos 10 bordos de ânforas provenientes essencialmente do Sul e Oeste da Ulterior, nomeadamente da região da bacia do Guadalquivir e estuários do Tejo/Sado. As ânforas de proveniência itálica estão representadas apenas por um bordo associável, aparentemente, à região brindisina, além de alguns fragmentos de bojo de produções da Campânia. A região gaditana encontra-se representada apenas por um arranque de asa e escassos bojos (Figs. 5 y 6). As importações dos centros produtores da região do Guadalquivir estão presentes com um exemplar de Ovóide 1 (Classe 67/LC67) (fig. 7, 10) e outro provável (fig. 7, 11), um fragmento de Haltern 70/Ovóide 4 (fig. 7, 13) (Vargas, Almeida, Gonzalez 2011: 223), além de um exemplar de Ovóide 6 (fig. 7, 12) (Vargas, Almeida, Gonzalez 2011: 228). Estas produções anfóricas estão bem atestadas na maioria dos grandes sítios estudados com cronologias de meados do séc. I aC do actual território português como Santarém (Almeida 2008), Mesas do Castelinho (Parreira 2009), ou, mais próximo, no Castelo da Lousa (Morais 2010). O caso das ânforas de tipo Haltern 70/Ovóide 4 é relativamente complexo de analisar, atendendo às propostas recentes, para além do facto do bordo aqui em causa ser, digamos, pouco comum. Se acompanharnos às propostas de Vargas, Almeida e González (2011) estaríamos certamente perante uma Haltern 70, dado que o lábio é superior a 4cm e o diâmetro de abertura em torno dos 15cm. No entanto, isso implicaria, seguindo os autores, uma cronologia já augustana que, por razões

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expostas abaixo, não cremos que seja o caso. Neste sentido, parece-nos mais prudente, até pela sua morfologia “heterodoxa” seguirmos as propostas de P. Berni (2011: 87), que coloca a criação desta forma, enquanto Haltern 70 “primigenia” no âmbito das produções ovóides, a partir de meados do séc. I aC, ainda que se venha a cristalizar morfologicamente em período augustano. Também desta região da província da Ulterior se registou uma ânfora do tipo Urceus (fig. 7, 14) (Morais 2008) que está cada vez melhor representada nos contextos de finais da República. Esta presença parece vir reforçar, como se verá, a proposta cronológica do autor (Morais 2008: 269), eventualmente recuando-a inclusivamente um pouco mais, para o terceiro quartel do séc. I aC. Será de destacar que as mais antigas produções da fachada atlântica da Ulterior, na futura província da Lusitânia, correspondam a metade dos exemplares detectados, os quais apresentam algumas diferenças ao nível do bordo, com 4 lábios em fita (fig. 7, 1 a 4), de altura bastante variável, entre o curta (3cm) e mais alargada (5cm), a par com outra produção de bordo marcadamente triangular (fig. 7, 5). Curiosamente, ou talvez apenas pelo elevado grau de fragmentação, não detectámos os típicos bordos moldurados com marcados baquetões sob o bordo. Este tipo de bordo em fita de altura variável parece acompanhar directamente a diversidade e os processos de mutação que pela mesma diacronia, meados/terceiro quartel do séc. I aC, estão a ocorrer na zona Sul da Ulterior, reforçando a ligação entre as duas regiões oleiras, eventualmente devedoras de origens comuns nos processos de “romanização” dos contentores anfóricos. Estas produções foram caracterizadas recentemente (Morais e Fabião 2007), tendo vindo a alargar-se a sua presença em múltiplos contextos do litoral atlântico (Morais 2003: 40; Pimenta no prelo; Filipe 2008: 318), mas também no interior alentejano, como no Castelo da Lousa (Morais 2010) e em diversos fortins (Mataloto 2008: 131; Mataloto et al. no prelo). A ânfora produzida na Península Itálica (fig. 7, 6), aparentemente na região adriática, evidencia uma morfologia afim das Lamboglia 2, apresentando uma pasta muito depurada e homogénea2. A tratar-se desta forma, pode-se afirmar que acompanha um processo de distribuição essencialmente costeiro (Bargão 2006: 42) através de sítios como Santarém e Lisboa (Pimenta 2005), sempre em núme-

Fig. 6: Cerâmica comum de importação: Guadalquivir - 1 e 2; Tejo/Sado - 3 e 4; cerâmica decorada - 5, 6 e 8; grafito pré-cozedura - 7; fragmento de asa de simpulum – 9 (5 – Seg. Calado e Rocha, 1997; 6 e 7 – Seg. Calado, et al., 1999)

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ro reduzido, podendo registar-se também em contextos mais interiores, como as Mesas de Castelinho (Parreira 2009: 57; Fabião 1998: 384-385). Todavia, o pequeno fragmento de bordo recolhido pode ainda ser associado a outras produções ovóides sud-itálicas brindisinas, nomeadamente do tipo Apani VII A (Palazzo e Silvestrini 2001: 72), as quais têm vindo a ser documentadas em diversos sítios do Sul de Portugal (Bargão 2006: 50; Parreira 2009: 58), pelo que não é improvável a sua presença aqui; todavia, a reduzida dimensão do fragmento impede maiores considerandos e certezas. Foi igualmente possível registar a presença de cerâmica campaniense no acervo recolhido. Esta apresentam características coincidentes com as produções do “círculo da B”, basicamente associável às produções de Cales3. Entre os fragmentos classificáveis encontram-se duas píxides, que inserimos na série 7553 de Morel, forma 3 de N. Lamboglia (fig. 7, 7 e 8) (Calado et al. 1999: 763764). Esta forma encontra-se relativamente bem documentada em todo o Sul de Portugal, sendo de destacar pela proximidade e cronologia o Castelo da Lousa (Luís 2010: 122). Também com produção calena, está documentada a presença de vários pés de pátera integráveis, genericamente, nas espécies 2250-2280 de Morel (Morel 1981), forma 5/7 de Nino Lamboglia (fig. 7, 15). Estas formas enquadramse, numa ampla cronologia entre o século II-I a.C. (Morel 1981: 410-414), atingido o seu apogeu ao longo do século I a.C. (Morel 1981: 410-414). O grupo de importações mais numeroso é o das cerâmicas comuns, com 19 fragmentos de diversas proveniências, em particular do Sul da Ulterior. Foram classificados 13 potes de importação, nomeadamente 5 provenientes dos centros produtores situados no vale do Guadalquivir, onde destacam os típicos bordos triangulares introvertidos, não sendo, todavia, possível associar a qualquer das propostas existentes, dada as pequenas dimensões dos fragmentos (Pinto e Morais 2007: 242). Os restantes 8 potes são oriundos, provavelmente, dos vales do Tejo e do Sado. As tigelas constituem as restantes importações de cerâmica comum, com 6 fragmentos, dos quais 3 aparentemente oriundos dos centros produtores do Guadalquivir e 3 da região gaditana. Foi também recolhido um fragmento de artefacto metálico, em cobre ou bronze, que classificamos como parte de uma pega de simpulum de pega horizontal, não 854

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sendo, todavia, possível distinguir o tipo, dada a sua pequena dimensão (fig. 7, 9) (Castoldi e Feugére 1991: 64). A presença deste tipo de baixela metálica romana tem paralelos em alguns sítios com ocupação republicana da região como Cabeça de Vaiamonte (Fabião 1996: 176, fig. 2 e 4), Castelo Velho de Veiros e Castelo da Lousa, ou mais a Sul em Mesas do Castelinho e Castelo Velho do Cobres (Fabião 1998: 335). 3.5 – O TEMPO E OS DIAS: CRONOLOGIA E DINÂMICAS DE TRANSFORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE.

Como estamos a lidar com um conjunto proveniente de recolhas de superfície a avaliação cronológica carece de grande ponderação, ao não podermos assegurar a contemporaneidade dos conjuntos. Todavia, o facto de estes resultarem do desmonte constante de estratigrafia, provocado pela erosão da oscilação do nível da barragem, retira alguma aleatoriedade ao conjunto, estando bastante seguros da relativa proximidade cronológica dos materiais respeitantes a esta fase de ocupação. Se atendermos ao conjunto de cerâmicas de importação encontramos uma certa homogeneidade cronológica, que situa a ocupação, nos meados e terceiro quartel do séc. I a C, sendo o limite inferior definido pela ausência total de terra sigillata de tipo itálico, bem atestada na região, mas igualmente pela ausência de ânforas como as Dressel 7-11, que parecem caracterizar contextos já augustanos, como nos foi possível verificar no fortim do Caladinho (Redondo) (Mataloto et al. 2014). O perfil da cerâmica comum de produção local ou regional parece atestar igualmente um claro momento de transformação, apresentando uma persistência de formas de cariz pré-romano, nomeadamente, o grande número de materiais montados manualmente ou com o auxílio do torno lento. No entanto, a presença de morfologias de cariz já claramente romano, ou romanizado, é bastante notória, como o atestam os pratos, tachos e potes/panela de “bordo arqueado revirado para o exterior” ou “em gancho” (Nolen 1985), que estão claramente ausentes no reportório indígena pré-romano. A presença destas novas formas está, não só, a indiciar-nos um momento avança-

Fig. 7: Ânforas Ovóides da Ulterior Ocidental – 1 a 5; Ânforas Itálica: Lamboglia 2 - 7; Ânforas do Sul da Ulterior (Guadalquivir): Classe 67 – 10 e 11, Ovóide 6 – 12, Haltern 70/Ovóide 4 – 13, Urceus – 14; Campanienses de Cales – 7, 8 (Série 7553 Morel) e 15 (Séries Morel 2250-2280).

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do do séc. I aC, quando a presença romana se começa a fazer sentir de modo mais acentuado no território interior, como também a alteração dos hábitos alimentares e de consumo, o que as próprias ânforas poderão reforçar. Neste sentido, o aparecimento de formas como os pratos de largo fundo plano, os tachos, tal como pequenos copos de beber, a que poderíamos adicionar em outros locais a presença de almofarizes, apontam para uma clara transformação no quotidiano através da chegada de novas formas de confeccionar e servir os alimentos. A existência de grafitos em caracteres latinos é um elemento igualmente importante sobre o fenómeno de “romanização” nas populações locais, na justa medida em que não existiu, em período pré-romano, um “hábito” de “aposição de grafitos a recipientes cerâmicos no Sudoeste” (Fabião 1998: 479). Deste modo, os grafitos com escrita latina são uma evidente marca de contacto com os romanos e a absorção de alguns dos seus costumes, além de um claro indício de “literacia”, tema que não tem sido muito explorado para o período republicano, ainda que se possa apresentar como uma das grandes marcas de integração cultural das populações locais nas novas dinâmicas da República. Por isto, o fenómeno da difusão da língua latina “poder-se-á considerar um fenómeno relativamente rápido, sobretudo ao nível das elites, eventualmente incorporadas na esfera do novo poder” (Fabião 1998: 482). Neste sentido, alguns autores consideram que a escrita foi um fenómeno colonial de imposição de uma língua aos autóctones, substituindo o vasto panorama linguístico existente no Sudoeste peninsular (Diaz Ariño 2008). Estamos certos que este processo de integração das sociedades do sudoeste peninsular na égide do poder de Roma se acelerou significativamente a partir dos meados do séc. I aC, ou talvez mesmo logo após as Guerras Sertorianas. 4- OS SOEIROS E AS DINÂMICAS DE POVOAMENTO NO INTERIOR ALENTEJANO EM MEADOS DO SÉC. I AC.

O povoamento indígena parece sofrer um forte processo de reestruturação nos inícios do séc. I aC., eventualmente na sequência dos episódios sertorianos das 856

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Guerras Civis (v. Berrocal 1996; Fabião 1998 e 2001: 237) detectando-se a continuidade de ocupação em alguns dos que são, ou se tornam, os maiores povoados da região, caso do Castelo Velho de Veiros (Estremoz) (Arnaud 1970), enquanto outros, de grande dimensão, como os Castelos do Monte Novo (Évora) ou Castelo Velho do Degebe (Reguengos) parecem já não atingir os meados do século; este facto não invalida que outros de menores dimensões, como o Alto do Castelinho da Serra (Montemor-o-Novo) (Gibson, Correia e Burgess 1998) ou a Granja (Estremoz) (Calado e Rocha 1997), conheçam uma ocupação durante este período, tornando evidente que este não foi um processo linear. O caso de Vaiamonte, de longe o melhor conhecido, parece deixar claro o modo como estas grandes ocupações cobrem apenas parte da diacronia republicana (Fabião 1996: 60). Os mais recentes dados de Evoramonte também não favorecem a sua leitura enquanto grande centro vertebrador do território a partir dos inícios do I aC. Em trabalho anterior, tivemos já a oportunidade de assinalar o processo gradual de apropriação efectiva do território a partir de meados do séc. I aC, sob a iniciativa do poder de Roma (Mataloto 2010: 76). De facto, cremos que o período que medeia entre os episódios sertorianos da Guerra Civil e a ascensão de Augusto é determinante para o conhecimento da própria Lusitânia, no seio da Ulterior. A este facto deve associar-se, principalmente, a figura de César e o seu exercício de cargos públicos nesta província, quer durante o período em que foi Questor (69 aC), quer principalmente durante a sua Propretura (61 aC) (Novillo López 2012: 167). Na realidade, apenas a consolidação e estabilização do território a Sul do Tejo permitiria assegurar a conquista e pacificação da região entre Tejo e Douro, posição que César assume com determinação (Guerra 2010: 91) desenvolvendo o que, segundo proposta recente, se poderia designar de II Guerra Lusitana (Novillo López 2012: 167), sendo a instalação do aquartelamento militar da Lomba do Canho claro indício dessa tomada de posição (Nunes, Fabião e Guerra 1988). Será importante reforçar que, apenas quarenta anos antes, em 104 aC, como nos recorda o Bronze de Alcântara (López Melero et al. 1984), se pacificava a linha do Tejo no território extremenho. Contudo, e como bem assinala C. Fabião (1998: 264), o episódio sertoriano da Guerra Civil ter-se-á traduzido num profundo revés do domínio romano sobre estes territórios, que aparentemente aderiram firmemente VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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ao partido dissidente, impondo a sua reocupação sobre novos moldes, após a sua derrota. Cremos que o território alto alentejano terá, em grande medida, acompanhado o forte processo de reorganização do povoamento indígena documentado na área vetónica, que determinou o abandono de vários grandes povoados cerca dos meados do séc. I a C, eventualmente na sequência de todo uma nova organização administrativa e territorial, impulsionada, durante a Propretura de César, e estruturada em novos modelos de fundo romano (Novillo López 2012: 169). O modo como nos últimos anos se tem vindo a reconstruir o processo evolutivo do conteúdo geográfico da designação “Lusitânia” (Pérez Vilatela 2000 a; 2000b; Guerra 2010; Moret 2010) demonstra, quanto a nós, o quanto este território era mal conhecido. Terá sido, então, a mão de César a dar um impulso determinante no conhecimento, fixação e construção da futura província da Lusitânia (Pérez Vilatela 2000b: 80; Guerra 2010: 90), que ficará plasmado no epíteto Iulia que receberão muitas das cidades fundadas por acção do Imperador Augusto na província da Lusitânia. Não será, então, ao acaso que esta província será criada em 27 a C, de modo um tanto titubeante, com as fronteiras a sofrerem uma constante redefinição até à vinda de Agripa (19 a C), o que demonstra o modo como o conhecimento do território se estava a consolidar. Em meados do séc. I a C assiste-se, na região alto alentejano, à instalação de um conjunto de ocupações de fundo romano, sem paralelo no povoamento indígena, que virão transformar profundamente a paisagem durante um curto espaço de tempo, desaparecendo em seguida, ou sendo transformadas em estruturas romanas de fundo produtivo. Se, por um lado, vemos surgir uma diversidade de novas instalações de fundo claramente romano, por outro, aproveitando momentos muito particulares de instabilidade decorrentes dos episódios cesarianos das Guerras Civis, vemos surgir e desaparecer sítios como a Rocha da Mina (Mataloto e Roque 2013) ou, como cremos, os Soeiros, entre outros, de aparente fundo indígena. A nova atitude de Roma face aos territórios provinciais peninsulares, em particular da Ulterior, que parece ocorrer após as Guerras Sertorianas, onde estas regiões desempenharam um papel bastante activo, ficará marcada pelo arranque de uma 858

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profunda estruturação administrativa do território, que começará justamente pela sua reapropriação e estruturação segundo modelos romanos. Se, por um lado, o papel de César em ambas as magistraturas parece ser fundamental, e a fundação de uma cidade associada a um Praesidium, em Scallabis, bem próximo da área que nos concerne, o deixa bem evidente; por outro, não deveremos menosprezar o eventual papel de Pompeio, e dos seus legados, nomeadamente o próprio Varrão, no reforço e continuação desta política, como bem se apontou para outras regiões (Novillo López 2012: 103). A fundação de Imperatoria Salacia, em 45/44 aC por Sexto Pompeio (Faria 2009: 116) pode ser outro indício nesse sentido. Um dos indícios mais directos, no nosso território, desta mudança de perspectiva sobre a ocupação da Ulterior é constituído justamente pela instalação, em meados do séc. I a C, do Monte da Nora (Teichner 2008; Teichner e Schierl 2009) ao implantar-se uma ocupação de características castrenses junto da confluência de duas das mais importantes vias de ligação do principal porto do Ocidente peninsular (Alarcão 2006), Olisipo, ao interior do território extremenho onde, mais tarde, se viria a fundar a capital provincial. O Monte da Nora deveria desempenhar, seguramente, um papel logístico e de controlo bastante relevante para a segurança da transitabilidade na região. Não deixa de ser relevante que, no extremo de uma destas vias de ligação ao litoral, César tenha fundado, como já se afirmou, a cidade de Praesidium Scallabis, em 61 aC, aparentemente associada ao acampamento romano do Alto do Cacos (Pimenta et al. 2012) e a tenha feito colónia, escentando o epíteto Iulium, pouco depois, entre 49 e 45 aC (Faria 1999: 43). Este facto pode bem representar a relevância que este território teve para César durante o Bellum Hispaniense. A instalação do Monte da Nora faria, então, parte de um provável programa mais vasto de instalação de importantes unidades de fundo militar em pontos estratégicos do Sul do actual território português, com vista ao controlo, conhecimento e apoio à eventual circulação dos exércitos, em meados do séc. I a C. Em cronologia muito semelhante, funda-se o Castelo da Lousa que, apesar das resistências apresentadas às suas funções militares (Alarcão et al. 2010: 31), não deixou de entregar diverso militaria, indicador da presença de uma guarnição militar, a qual deveria ser, igualmente, entendida mais de um ponto de vista logístico, VII ENCUENTRO DE ARQUEOLOGÍA DEL SUROESTE PENINSULAR - SOEIROS REVISITADO: ASPECTOS DA ROMANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ALTO ALENTEJANO NOS MEADOS DO SÉC. I AC. -RUI MATALOTO E PEDRO ANGEJA

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que de um ponto de vista estritamente militar ostensivo, como, aliás, estes autores também sugerem (Alarcão et al. 2010: 31). Atendendo às suas características fortificadas, à presença militar e à sua posição de claro controlo da travessia do Guadiana, conectada com a ligação do Alentejo Central com a baixa Andaluzia, através da serra de Aracena, parece-nos, uma vez mais, que o Castelo da Lousa possa ter sido um ponto relevante no apoio logístico à movimentação de tropas através deste território. O momento subsequente à fundação desta rede de novas instalações de fundo militar será acompanhado pela disseminação progressiva de um conjunto amplo de fortins, ao longo do terceiro quartel do séc. I a C (Mataloto 2002 e 2004), que irá, efectivamente, preparar e conhecer o território que, em 27 a C, conhecerá a fundação de uma nova urbe, Liberalitas Iulia Ebora e das ligações viárias que unirão o litoral com a capital da futura província. Efectivamente, cremos que este processo se deverá desenrolar essencialmente após os episódios peninsulares das guerras civis, num momento em que, como já se afirmou, se estava a esboçar a criação da nova província. É plausível que boa parte da população indígena do território alto alentejano estivesse, pelos meados do séc. I a C, já dispersa no campo, ou reunida em pequenas aldeias, como a documentada na Malhada das Mimosas, próximo de Juromenha (Calado, Mataloto e Rocha 2007). Assim, cremos que a ocupação dos Soeiros deriva, justamente, desse processo de dispersão pelo campo da população indígena em processo de aculturação, decorrente do desmantelamento das grandes ocupações indígenas, que parece desenvolver-se nos finais da primeira metade do séc. I a C, motivada pela citada reorganização do território (Mataloto 2010; Mataloto e Roque 2012: 679). Por outro lado, as próprias vicissitudes geradas pela instabilidade do poder de Roma durante esta fase, com os diversos episódios das Guerras Civis, que tiveram no Ocidente peninsular um importante palco de acção, empurrariam a população a agregar-se em pequenas comunidades em áreas claramente marginais. Efectivamente, apenas um contexto de grande instabilidade, tal como Varrão nos transmite para esta região em meados do século I aC, justificaria a instalação desta comunidade numa pequena elevação, discreta na paisagem, dotada de alguma 860

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defensabilidade natural e afastada de boas zonas agrícolas. Por este mesmo conjunto de razões, terminado o longo processo das Guerras Civis, quer dos episódios cesarianos, quer pós-cesarianos, o sítio dos Soeiros é abandonado, certamente em prol de ocupações mais próximas de melhores áreas produtivas, disfrutando do novo contexto de pacificação. A percepção desta dinâmica nos Soeiros parece ser reforçada pela documentação de um processo semelhante num sítio com o qual partilha algumas afinidades, em primeiro lugar cronológicas, mas também orográficas, como é a Rocha da Mina (Mataloto e Roque 2013). Todavia, com o arranque do período augustano, no último quartel do século, dáse nova mutação nas tendências, eventualmente derivadas de um novo sentido de estabilidade proporcionada pela nova organização administrativa do território, que permitirá a formação do Mundo Provincial romano, que decorrerá de forma profundamente integradora das realidades indígenas, consolidando o processo de aculturação que vinha sendo desenvolvido, tal como a baixela cerâmica nos parece denunciar. Este facto não obsta a alguma tensão eventualmente existente na implementação do Latim, como parece ficar patente em muitos dos grafitos … Redondo/Oeiras, Fevereiro 2014 NOTAS

1. Será de corrigir a localização do mesmo, incorrecta nesta publicação, e na anterior (Calado et al. 1999, p. 768), ao situar-se mais para noroeste da sua efectiva implantação. As coordenadas correctas são, portanto, 30º 51’36”N 7º51’33”O (WGS84), obtidas sobre imagem do Google Earth datada de 28/08/2011. 2. Agradecemos a Paola Palazzo a sua opinião à cerca desta peça. 3. Agradecemos a Catarina Alves os sábios conselhos prestados, no que às cerâmicas campanienses aqui analisadas diz respeito. 6 - BIBLIOGRAFIA

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