Soluções de design thinking aplicadas à gestão de recursos financeiros para o público jovem brasileiro: a relação que o público de interesse estabelece com o consumo e a deficiência na gestão dos recursos financeiros

May 31, 2017 | Autor: Alexandre Oliveira | Categoria: Design Thinking (Business)
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ENCONTRO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE POSITIVO EPIC 2014

DESIGN THINKING APLICADO NA INVESTIGAÇÃO DA GESTÃO DE RECURSOS FINANCEIROS PELO PÚBLICO JOVEM BRASILEIRO Alexandre Oliveira, Anna Maria Moraes e Cunha, Gisele Cristine Raulik Murphy [email protected], [email protected], [email protected] Universidade Positivo, Design – Projeto Visual 1. INTRODUÇÃO O jovem brasileiro estabelece uma relação irresponsável com seus recursos financeiros. O estudo apresentado neste artigo busca investigar esta afirmação, identificando causas, problemas e oportunidades. O objetivo final do projeto completo será desenvolver soluções que auxiliem o jovem em uma melhor gestão de seus recursos financeiros. O design thinking foi aplicado como metodologia principal no projeto. Este artigo apresenta a primeira fase do projeto, conhecida também como etapa de Imersão, que se caracteriza pela construção do conhecimento necessário como base para o desenvolvimento de ideias e soluções. Apresenta-se aqui em três partes: a) uma pesquisa bibliográfica baseada em autores reconhecidos na área de design de negócios – design thinking – na qual pode-se defender a proposta de direcionar o design para um projeto aplicado a um negócio, como parte do seu processo, e não somente ao seu fim, apenas como a proposta visual; b) também foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito do cenário econômico das famílias brasileiras, e também, do público jovem brasileiro, com o objetivo de identificar o comportamento sobre esse público que já foi traçado por autores e instituições de pesquisa; c) e um grupo focal para validar as informações comportamentais coletadas pelos autores da área de economia e finanças, e também, para identificar novas características sobre o perfil do público que poderiam influenciar não somente em seu comportamento de consumo, como também na forma como o público trata o assunto finanças. 2. A RELAÇÃO QUE O PÚBLICO JOVEM BRASILEIRO ESTABELECE COM O CONSUMO Segundo Marin (2010), o jovem brasileiro estabelece uma relação irresponsável com seus recursos financeiros. O índice de inadimplência entre os jovens é consequência de três motivos citados pelo autor: a) a falta de consciência sobre as suas finanças, para não gastar além do que se recebe; b) o grande estímulo ao consumo criado pelas campanhas publicitárias e, c) a grande oferta de crédito fácil. Gorczeski (2011) complementa as afirmações citando, ainda, dois fatores que estimulam o ato de

consumo entre os jovens. Para o autor, a necessidade de suprir a falta do convívio com os pais e as compras facilitadas pela internet são os dois grandes estímulos que os jovens precisavam para comprar de forma irresponsável. Indo de encontro aos pensamentos de Marin (2010) e Gorczeski (2011), Cerbasi (2013) ilustra suas afirmações sobre o consumo inconsequente usando como exemplo uma situação emocional. Segundo o consultor, quando o ser humano está em momentos de baixa satisfação, sentindo carência ou tristeza, por exemplo, fica mais propenso a se render às tentações do marketing e comprar para suprir outras faltas. Quanto mais imaturo financeiramente o indivíduo for, maior será a facilidade para o consumo sem controle. Dados do Instituto de Economia Gastão Vidigal (2010, apud Gorczeski, 2011) mostram que 41% dos jovens paulistanos, com idade entre 21 e 30 anos, estão inadimplentes com suas dívidas, e destes, cerca de 60% afirmaram não ter meios de quitá-las dentro de um mês. 3. DEFICIÊNCIAS NA GESTÃO FINANCEIRA ENTRE O PÚBLICO JOVEM Em um grupo focal realizado com quatro participantes com idades entre 21 e 29 anos, trabalhadores e com renda mensal superior a R$ 1.500,00, foram discutidas as situações de consumo não planejado que testavam sua disciplina e seu comprometimento quanto à gestão de seus recursos financeiros. Todos os participantes do grupo focal afirmaram possuir desejos de consumo, nomeados intimamente pelos próprios participantes como “sonhos e metas”. Quando questionado sobre qual a quantia acumulada (montante) que possuía para adquirir o produto de desejo, um dos integrantes afirmou que possuía um valor guardado que, segundo ele, era “insignificante”, um montante que não atingia 10% do preço do bem. Os demais participantes afirmaram que não possuíam nenhuma quantia exclusivamente destinada à realização do objetivo de consumo. E, ao serem questionados sobre a razão para não terem começado a reservar o valor para alcançar suas pretensões, todos alegaram que o valor de sua renda mensal não era suficiente para juntar o montante que proporcionaria a concretização de seu sonho. 430

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Em contradição ao problema que foi levantado pelos quatro convidados do grupo focal, Cerbasi (2011) afirma que quando pretende-se conquistar um sonho a reserva de recursos destinada ao objetivo de consumo deve ser priorizada. Para o autor, o erro no comportamento de grande parte das pessoas é pensar em investir em seus ideais de sucesso com os recursos financeiros que sobram dos gastos mensais, sendo que o correto é reservar o seu valor de comprometimento com o seu objetivo de vida e depois distribuir a sobra da renda entre os seus gastos, se necessário, adaptando os gastos à quantia de dinheiro que sobrou. Para Macedo Junior (2007), o planejamento financeiro servirá de guia e orientação na vida financeira do indivíduo, contribuindo na identificação dos passos necessários para a obtenção do sucesso pré-definido, indiferente de qual seja esse sucesso. Quando questionados sobre quais custos não têm grande prioridade em suas vidas, os participantes do grupo focal citaram os relacionados ao entretenimento que, segundo eles, são gastos supérfluos. Ao final do encontro, os quatro afirmaram que, na verdade, todos os gastos com podem ser reduzidos e não apenas os do entretenimento. Através da análise dos relatos sobre o comportamento de consumo apresentado pelos participantes, e também, sobre as considerações a respeito da gestão de finanças apresentadas por Cerbasi (2011) e por Macedo Junior (2007) notou-se que existe a necessidade de estimular o controle financeiro entre o público jovem. Esse estímulo deve acontecer a partir da conscientização do jovem sobre seu perfil de consumo, para que posteriormente seja possível construir um plano de gestão financeira baseado em seus objetivos – desejos de realização e necessidades básicas de consumo. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho serve como documento para o reconhecimento do comportamento que o público jovem estabelece em sua relação com seus recursos financeiros. A partir desse reconhecimento pode-se direcionar projetos de design que envolvem essa relação a fim de obter maior aceitabilidade do projeto por parte do público de interesse e melhor assertividade das funções definidas para o projeto durante a sua conceituação e concepção. Neste contexto, o uso do design thinking foi assertivo porque nos permitiu abordar o projeto para a gestão de recursos financeiros, em sua totalidade e em suas diferentes vertentes, de maneira imersiva e altamente investigativa.

A metodologia de design thinking permitiu, ainda, observar o problema e o público através da perspectiva da gestão de negócios, direcionando a produção da equipe envolvida para além da esfera de possibilidades que limita-se à percepção equivocada sobre a produção do desginer, na qual o profissional é comumente categorizado apenas como produtor de composições visuais. REFERÊNCIAS BROWN, Tim. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. CERBASI, Gustavo. Calculando o seu sonho (2011). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=ONdVCW5wopA . Acesso em 21 abr. 2014. CERBASI, Gustavo. A complexa educação financeira (2013). Disponível em http://www.maisdinheiro.com.br/artigos/4/91/acomplexa-educacao-financeira. Acesso em 21 abr. 2014. CERBASI, Gustavo. Por que compramos por (2013). Disponível em impulso? http://www.maisdinheiro.com.br/artigos/5/92/por-quecompramos-por-impulso. Acesso em 21 abr. 2014. GORCZESKI, Vinicius. Cresce endividamento entre jovens brasileiros (2011). Disponível em http://www.dgabc.com.br/Noticia/134553/cresceendividamento-entre-jovens-brasileiros. Acesso em 21 abr. 2014. MACEDO JUNIOR, Jurandir Sell. A árvore do dinheiro: guia para cultivar a independência financeira. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2007. MARIN, Tauana. Endividamento prejudica carreira de profissionais mais jovens (2010). Disponível em . Acesso em 21 abr. 2014. MARTIN, Roger L. Design de negócios: por que o design thinking se tornará a próxima vantagem competitiva dos negócios e como se beneficiar disso. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. PINHEIRO, Tennyson. Design thinking Brasil: empatia, colaboração e experimentação para pessoas, negócios e sociedade. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2012.

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