SPG34 Vida Social e Moralidades (40º Encontro Anual da ANPOCS 24 a 28 de outubro de 2016)

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ANPOCS 40º Encontro Anual da ANPOCS 24 a 28 de outubro de 2016 SPG34 : VIDA SOCIAL E MORALIDADES I. Identificação dos Coordenadores: 1. Marcus André de Souza Cardoso (Antropólogo, Doutor em Antropologia pelo PPGAS/UnB. Pesquisador associado ao Instituto de Estudos Comparados de Administração Institucional de Conflito (INCT-InEAC). Professor da UNIFAP. 2. Cesar Pinheiro Teixeira (Sociólogo, Doutor em Sociologia e Antropologia, PPGSA/IFCS/UFRJ) Universidade Federal do Rio de Janeiro Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia e no Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU/IFCS/UFRJ) Pesquisador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU/IFCS/UFRJ) e do Coletivo de Estudos sobre Violência e Sociabilidade (CEVIS/IESP/UERJ). Resumo: Na continuidade do GT Sociologia e antropologia da Moral, o simpósio propõe promover um debate em torno do "problema da moral" em pesquisas realizadas no âmbito de programas de pós-graduação em ciências sociais. Considerando a multiplicação de debates em torno de uma antropologia e sociologia da moral e/ou das moralidades, o objetivo do SPG aqui proposto é refletir sobre as contribuições, repercussões e reapropriações de abordagens sociológicas e antropológicas que problematizam "a moral" como objeto de estudo das ciências sociais. Busca-se mapear diferentes recortes analíticos possíveis para a compreensão "da moral" desde que "a moral" seja efetivamente o objeto em análise, i. é., de que a abordagem se esforce em se distanciar do caráter normativo que lhe poderia ser associado. Privilegiar-se-á descrições compreensivas de capacidades e operações morais de mobilizadas por atores sociais diversos. Para compreender a construção da "moral" como objeto, não foi delimitado previamente temas ou recortes. Serão privilegiados os trabalhos que relacionam este objeto com a postura compreensiva e/ou interpretativa da análise das competências de atores sociais.

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II. Título do SPG: Vida Social e Moralidades III. Resumo expandido: O SPG Sociologia e Antropologia da Moral foi organizado nas três últimas edições do encontro anual da Anpocs com a intenção de abrir um espaço de interlocução com pesquisadores pós-graduandos, e articulado com os objetivos do GT de mesmo nome presente nos encontros desde 20101. A experiência se provou bem-sucedida, na forma: da grande demanda por esse espaço pelos discentes, traduzida pelo expressivo número de resumos apresentados e pelo público presente nas sessões; da qualidade das propostas recebidas; e da complementaridade exitosa entre o SPG e o GT, o que permitiu uma inserção em paralelo de alunos de pós-graduação e de pesquisadores consolidados nas abordagens sociológicas e antropológicas voltadas para a moral como objeto. Considerando essas conquistas, reapresentamos o SPG este ano, agora com o nome de “Vida Social e Moralidades”. Desde 2013, este SPG é proposto nos encontros da ANPOCS em continuidade com o GT, já estabelecido, Sociologia e Antropologia da moral, coordenado por Luis Roberto Cardoso de Oliveira (UnB) e Alexandre Werneck (UFRJ) de 2010 a 2012, e novamente proposto por Alexandre Werneck e Patrice Schuch (UFRGS), de 2013 a 2015. O SPG sociologia e antropologia da moral propõe promover um debate em torno do “problema da moral” em pesquisas realizadas no âmbito de programas de pós-graduação em ciências sociais. Considerando a multiplicação de debates em torno de uma antropologia e sociologia da moral e/ou das moralidades, o objetivo do SPG aqui proposto é refletir sobre as contribuições, repercussões e reapropriações de abordagens sociológicas e antropológicas que problematizam “a moral” 1

O SPG foi coordenado em 2013 e 2014 por Jussara Freire e Gabriel Noel e no ano de 2015 foi coordenado por Jussara Freire e Marcus Cardoso, pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC). Este ano, é reapresentado com Cesar Pinheiro Teixeira, pesquisador com contribuições importantes no que tange ao tema deste SPG. Cesar Pinheiro Teixeira tem privilegiado a moral como objeto de estudo nas pesquisas que vem desenvolvendo, no âmbito da sociologia do crime e da violência e da sociologia da religião. De modo geral, tem se debruçado sobre as formas como diferentes coletivos (evangélicos, policiais civis, policiais militares, traficantes de drogas, milicianos, agentes sociais) constroem suas moralidades e sobre os modos como operam, a partir delas, nos diversos planos morais que configuram o “labirinto urbano” do Rio de Janeiro.

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como objeto de estudo das ciências sociais. Em outros termos, busca-se mapear diferentes recortes analíticos possíveis para a compreensão “da moral” desde que “a moral” seja efetivamente o objeto em análise, i. é., de que a abordagem se esforce em se distanciar do caráter normativo que lhe poderia ser associado. No caso da sociologia, em particular, esta ênfase permite compreender a efetiva passagem entre uma sociologia moral para uma sociologia da moral. Por exemplo, em vez de compartilhar a denúncia dos atores, a sociologia e antropologia da moral podem privilegiar a descrição e a compreensão das competências, capacidades, habilidades e operações críticas e morais mobilizadas pelos atores para realizá-la. Como o simpósio consiste em mapear estudos atuais de programas de pós-graduação que problematizam “a moral” para compreender a construção deste objeto, a presente proposta não delimitou temas previamente definidos. Com efeito, este GT visa antes reunir e debater diferentes trabalhos que permitiriam identificar a construção do objeto “da moral” em sociologia e antropologia ao longo dos anos.

Por este motivo, serão privilegiados os

trabalhos que relacionam este objeto com a postura compreensiva e/ou interpretativa da análise das competências de atores sociais (justificativas, prestações de conta, trabalho de elaboração de reivindicações e/ou denúncias, modos de administração de conflitos, modos de mobilizar “o direito” para a defesa de causas, dentre outras formas morais que emergem na vida social). Associando a moral às competências dos atores, este objeto transcende fronteiras temáticas e propõe apreender outros modos de compreensão de ordens sociais/morais, tanto aquelas voltadas para um horizonte de justiça e de seus decorrentes conflitos quanto àquelas cujos princípios de coordenação voltam-se para outras moralidades (por exemplo, a amizade, o amor, ou ainda, a força). Acredita-se, que a confrontação de trabalhos tão diversos possa permitir não somente contribuir para o trabalho de delimitação da construção do objeto da “moral” nas ciências sociais brasileiras, bem como compreender a continuidade existente entre diferentes ordens, tradicionalmente dissociadas. IV. Justificativa Uma atenção crescente é dada ao problema da moral e/ou das moralidades em Antropologia e Sociologia nas associações de pós-graduações 3

brasileiras ou em eventos e elas vinculadas nos últimos anos. Ainda que a avaliação do teor desta discussão nas ciências sociais brasileiras seja precoce, pode-se observar uma multiplicação de debates referentes à “moral”, o que sugere uma inquietação em torno desta pauta na agenda acadêmica. Há pelo menos seis anos, vêm se formando vários grupos de trabalhos e mesas redondas que abordam a moral e/ou moralidades em eventos acadêmicos latino-americanos. Pode-se observar que na ANPOCS, o debate aparece em eventos acadêmicos nacionais desde, pelo menos, 20102. Na programação do encontro da Associação Brasileira de Antropologia, em 2012, foram contemplados quatro grupos de trabalho que se relacionavam com o tema ou incorporaram-no em segundo plano3 e dois, em 20144. Na RAM, o GT “Antropologia das Moralidades” foi contemplado no encontro de 20115 e em 2013, ainda foi organizado o GT “moralidades nas cidades da periferia” (coordenado por Machado da Silva, Noel, Freire e Bermudez) e reapresentado em 2015. No que tange à produção acadêmica resultante de alguns destes GTs, destaca-se a publicação de dois livros: - em 2014, Pensando bem - Estudos de sociologia e antropologia da moral (Ed. Casa da Palavra/FAPERJ) coordenado por Alexandre Werneck e Luis Roberto Cardoso de Oliveira, resultante dos encontros do GT Sociologia e Antropologia da Moral na ANPOCS; - e Moralidades em cidades da “periferia” (no prelo, coordenada por Machado da Silva, Noel, Freire e Bermudez / Ed. Garamond/FAPERJ) resultante do GT 2

No GT coordenado por Luis Roberto Cardoso de Oliveira e Alexandre Werneck “Sociologia e Antropologia da Moral” e organizado em 2010, 2011 e 2012, e posteriormente, em 2013 e 2014, por Alexandre Werneck e Patrice Schuch (que apresentaram novamente este GT para o 39º encontro de 2015). 3 “ Culturas Corporais, Sexualidades e Reconhecimento novas moralidades em debate” Coordenação: Laura Moutinho (USP), Fabiano Gontijo (UFPI); “Famílias e ações estatais de gestão práticas, moralidades e estratégias” - Coordenação: Adriana Vianna (UFRJ), María G. Lugones (FFyH UNC); Sensibilidades jurídicas e sentidos de justiça na contemporaneidade Antropologia e Direito - Coordenação: Jacqueline Sinhoretto (UFSCAR), Kátia Sento Sé Mello (UFRJ); “Saúde, Família e Políticas dilemas e desafios para a antropologia” Fernanda Bittencourt Ribeiro (PUCRS), Jaqueline Ferreira (UFRJ). No caso do GT “Sensibilidades jurídicas e sentidos de justiça na contemporaneidade Antropologia e Direito”, é importante salientar que este analisa, entre outros problemas, a relação entre moral e jurídica desde também desde o ano de 2010. 4 GT Antropologia das Emoções e da Moralidade coordenado por Mauro Guilherme Pinheiro Koury, Francisca Verônica Cavalcante e o GT Culturas Corporais, Sexualidades, Transgressões e Reconhecimento: novas moralidades e ética em debate coordenado por Fabiano de Souza Gontijo e Júlio Assis Simões. 5 O GT “Antropologia das Moralidades” foi coordenado por Fernando A. Balbi (Conicet); John Comerford (UFRRJ); Gabriel D. Noel (Conicet)

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coordenado por estes autores a RAM. Ainda deve ser mencionado o Dossiê “Sociologia e Antropologia da Moralidade” publicado na Revista Brasileira de Sociologia da Emoção (v. 12, n. 36, Dez. 2013) Um levantamento dos trabalhos apresentados nestes eventos cruzado com artigos nacionais e livros publicados tratando das moralidades e da moral aponta para uma grande diversidade de modos de esses objetos. As moralidades não se referem a uma tradição comum, principalmente considerando antropológicos.

importantes

distinções

entre

estudos

sociológicos

e

Antes, apontam para um recorte analítico que ancora

diferentes modos de problematizar o viver-junto. No entanto, é interessante observar

que

os

referidos

GTs

reúnem

ao

mesmo

tempo

quase

sistematicamente sociólogos e antropólogos, o que sugere uma interlocução possível entre estas tradições disciplinares. No GT “Sociologia e Antropologia da Moral”, desde sua primeira organização em 2010, o objetivo era de “desnaturalizar” a moral ou o universo das moralidades, com ênfase no ponto de vista dos atores ou em sua orientação, mas com abordagens igualmente críticas ao etnocentrismo e ao niilismo moral. Trata-se, então, de privilegiar olhares que se impressionem com – no sentido de tomar como questão – o fato de haver moralidades e não que se impressionem (apenas) com momentos de desobediência/obediência a elas. Partindo das experiências anteriores do SPG, acredita-se que o simpósio com alunos de pós-graduação permitirá apreender a continuidade entre os movimentos acima descritos com os projetos de mestrandos e doutorandos em curso de formação. A compreensão da absorção dos temas pautados pelos GTs para alunos de pós-graduação reforçará a compreensão da inserção da “questão da moral” (e de seus dilemas) na agenda acadêmica das ciências sociais. Para um balanço efetivo deste movimento inicial, este simpósio parece de suma importância na medida em que permite tematizar paralelamente o estado da postura “crítica” e “a-crítica” da sociologia, da antropologia e das ciências políticas, fortemente vinculada com o pressuposto a partir do qual se trata da “moral” (e a partir das análises de alunos de pós-graduação sobre estas questões, o que orienta e reforça a presença de uma pauta cada vez mais importante na sociologia na agenda acadêmica brasileira). Experiências do SPG anteriores apontam para um claro movimento (por parte de discentes 5

de pós-graduação) de privilegiar a compreensão de ordenamentos sociais em curso de elaboração (com uma postura reflexiva sobre o tratamento da moral), distanciando-se do pressuposto de ordens sociais previamente definidas, sem considerar recursos, dispositivos e arranjos que contribuem para a sua formação. Nesse sentido, acredita-se que este GT possa contribuir para a formação e o estímulo de um movimento analítico que incide fortemente nas formas anteriores de cursos de pós-graduações organizarem a produção de seus conhecimentos em ciências sociais. V. Relevância Na interlocução direta com o GT Sociologia e Antropologia da moral, proposto por Alexandre Werneck e Patrice Schuch, a presente proposta visa aprofundar a análise da construção do objeto da moral, promovendo uma reflexão e um diálogo com estudos em andamento ou concluídos de alunos de programa de pós-graduação em Ciências Sociais. A articulação do presente SPG com o GT foi planejada para aprimorar a compreensão de uma nova agenda de pesquisa e de debates teóricos, não apenas em estudos consolidados de pesquisadores docentes, mas incluindo também aqueles de discentes de pós-graduação.

Considera-se que as escolhas analíticas e

teóricas destes últimos representam, de forma significativa, a definição de pautas na agenda acadêmica atual e futura. Uma das principais contribuições deste SPG consistirá, portanto, em discutir posturas descritivas e interpretativas do ponto de vista de atores competente, pessoas que possuem e desenvolvem capacidades próprias quando problematizam determinados assuntos, mesmo que suas formulações não sejam compartilhadas pelo observador. Esta abordagem revela-se também de suma importância para compreender a ordem social, no curso de sua elaboração, e os momentos em que esta é colocada à prova (e seus efeitos). Assim, esta postura permite a compreensão de uma pluralidade de engajamentos na vida social e a partir do esforço analítico de reconstituição deste mosaico. A inquietação coletiva em tematizar “a moral” a partir da reformulação de muitas das abordagens teóricas que pouco se dedicaram na compreensão das modalidades concretas que viabilizam ou colocam à prova uma ordem social. 6

Por este motivo, a confrontação de diferentes estudos empíricos permitirá ainda contribuir para a compreensão da viabilidade da vida social a partir de sua pluralidade. VI. Pesquisadores/Instituições comprometidos com o SPG: - Luis Roberto Cardoso de Oliveira (Universidade de Brasília, UnB); - Alexandre Werneck (Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ); - Patrice Schuch (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS); - Luiz Antonio Machado da Silva (IESP/UERJ); - Michel Misse (IFCS/UFRJ); - Gabriel Davi Noel (Universidade de San Martin, CONICET, Argentina); - Natália Bermudez (Universidade de Córdoba, Argentina); - Jussara Freire (Universidade Federal Fluminense, UFF).

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