Sublimação e pornografia na Dialética do esclarecimento: um comentário crítico

June 14, 2017 | Autor: Verlaine Freitas | Categoria: Critical Theory, Psychoanalysis, Aesthetics, Theodor Adorno
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SUBLIMACÄO E PORNOGRAFIA NA DIALET/CA DO ESCLAREC/MENTO: UM COMENTARIO CRiTICO Verlaine Freitas

FREITAS, Verlaine . Sublimação e pornografia na Dialéctica do esclarecimento: um comentário crítico. In: Marta Nunes da Costa. (Org.). Teoria Crítica Revisitada. 1ed.Vila Nova de Famalicão: Húmus, 2014, v. 1, p. 91-112.

AO COMENTAR GRANDES AUTORES QUE 0 PRECEDERAM, Theodor Adorno

sempre ressaltava o que haveria de progressivo em suas teorias, mas tambem de falso e regressivo, bem como o teor de verdade hist6rico­ -ftlos6fico desses ultimos. Ern relar;äo a Freud näo e diferente, mas no que conceme äs questöes esteticas, hä muito pouca valorar;ao positiva, especialmente do conceito de sublimar;äo. Apesar de este ser usado de forma elogiosa na Teoria estetica, quando lemos que sublimar;äo e liberdade coincidem1'1, os comentadores säo unänimes em afirmar que Adomo näo chegou a desenvolver tal conceito, bem como teve apenas uma considerar;äo negativa dele1'1• De fato, nas Minima Moralia temos uma passagem deveras contundente, representativa da critica adorniana ä concepr;äo psicanalitica da arte: "Os artistas näo sublimam. Crer que eles näo satisfazem nem recalcam seus desejos, mas transformam­ -nos em realizar;öes socialmente desejäveis, suas obras, e uma ilusäo

' Cf. Adomo, Ästbelische Theorie, P-33 e 2

196.

Cf.Joel Whitebook,Perversion and Utopia, P-259: " ... por causa do contexto polemico em

que estava

a escrever, ele [Adorno] nunca tentou desenvolver um conceito mais adequado

desublimao;äo'"; e Eckart Goebel, "On BeingShaken. Adornoon Sublimation", pp.158ss.

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psicanalitica" (§136). Ao empregä-lo com um delineamento pröprio na Teoria estitica, Adorno dilui seu significado, pois lhe confere o sentido geral de uma refra�ao, de uma muta�ao de tudo que existe na realidade empirica, e näo especificamente do impeto pulsional, ao ser inserido no ämbito estetico131• Nesse panorama, causa certa estranheza o fato de os comentado­ res näo se referirem ao conceito de sublima�äo colocado por Adorno e Horkheimer na Dialitica do esc!m·ecimento, quando e contraposto ao de pornografia e humor1•1• Apesar de a referencia ä arte ser bastante sucinta, todo o parägrafo em que tal conceito aparece nos p ermite fazer uma interpreta�äo que nos parece bastante enriquecedora 1•1 . ­ Por outro lado, pensamos que essa concep�äo estä fundada em uma perspectiva te6rica sobre o desejo problemätica em cetios aspectos, que a comprometem em alguma medida. Todavia, de ve-se considerar de perto o fato de as considera�öes de Adorno e Horkheimer proporem uma apropriafiiO ftlos6flca da psicanilise, näo se situando no mesmo plano te6rico. 0 percurso deste texto sera, entäo, apresentar inicialmente, segundo

nossa perspectiva, a melhor leitura possivel da rela�ao entre pomogra­ fia e sublima�äo tal como se apresenta na Dialitica do esclarecimento, estabelecendo certa solufiiO de compromisso entre o que se pode depre­ ender do texto de Adomo e Horkheimer e nossa pr6pria concep�äo. Na segunda parte, consideraremos o tema da transposi�äo de conceitos psicanaliticos para o plano do discurso ftlos6fico, exemplificado pela temätica exposta no primeiro item, e apresentaremos pontos princi· pais de nossa crltica a esse quadro te6rico de Adorno e Horkheimer.

'"Permanece inalter:ivel para a refra�äo estetica o que e refratado; para a imagina
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