SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO: FATORES LOGÍSTICOS CRÍTICOS PARA A SUA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA A capacitação de pessoal para a operação do submarino nuclear brasileiro

September 27, 2017 | Autor: Leonam Guimaraes | Categoria: Nuclear Energy, PERSONEL MANAGEMENT, Submarines
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ESCOLA DE GUERRA NAVAL

CMG NELSON NUNES DA ROSA

SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO: FATORES LOGÍSTICOS CRÍTICOS PARA A SUA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA A capacitação de pessoal para a operação do submarino nuclear brasileiro

Rio de Janeiro 2011

CMG NELSON NUNES DA ROSA

O SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO: FATORES LOGÍSTICOS CRÍTICOS PARA A SUA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA A capacitação de pessoal para a operação do submarino nuclear brasileiro

Monografia apresentada à Escola de Guerra Naval, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Política e Estratégia Marítimas. Orientador: CMG (RM1) Nilson da S. Moreira

Rio de Janeiro Escola de Guerra Naval

2011 RESUMO

A Marinha do Brasil busca obter, desde 1979, a capacidade de projetar, construir e operar um submarino nuclear. O submarino nuclear brasileiro será projetado para utilizar um reator a água pressurizada, que é o mais empregado em propulsão naval e utilizado também em usinas termonucleares, inclusive as duas brasileiras. O princípio de funcionamento para geração de energia de uma instalação em terra e de uma embarcada é o mesmo, porém esta última apresenta características diferentes, que lhe conferem maior complexidade tecnológica e elevam os requisitos de segurança frente às terríveis consequências de acidentes nucleares. Por conseguinte, evidencia-se a necessidade de pessoal altamente capacitado para operar esse meio naval. A composição e operação de uma instalação propulsora naval permitem identificar as exigências profissionais requeridas para os seus operadores, seja na questão técnica como nos requisitos psicossociais e de saúde. Nesse sentido, o pioneirismo da Marinha norte-americana, traduzida na sistemática introduzida pelo Almirante Rickover, revela informações de destaque. Além disso, a capacitação de pessoal na área nuclear está condicionada às imposições da legislação brasileira, o que torna obrigatória a sua análise. Após esta, é importante verificar como ocorre a capacitação de pessoal das usinas pertencentes à ELETRONUCLEAR, por se tratar de uma valiosa fonte de consulta, e dos submarinistas nucleares das Marinhas da França, Estados Unidos da América e Reino Unido, cujas notáveis experiências estão acima de qualquer questionamento. Por fim, o autor apresenta uma proposta de capacitação para as primeiras tripulações do submarino nuclear brasileiro e das que se seguirão, quando estiver consolidado o emprego desse meio naval. Palavras-Chave: Reator Nuclear, Propulsão Nuclear, Submarino Nuclear, Capacitação de Pessoal.

ABSTRACT .

The Navy of Brazil is seeking since 1979 to obtain the ability to design, build and operate a nuclear submarine. The Brazilian nuclear submarine will be designed to use a pressurized water reactor, which is the most widely used in naval propulsion, and also used in thermonuclear plants, including two in Brazil. The principle of operation for a power generation facility on land and a board is the same, but the latter has different characteristics, which give greater technological complexity and increase security requirements facing the terrible consequences of nuclear accidents. Therefore, it is clear the need for highly trained personnel to operate the ship through. The composition and operation of a naval propulsion plant identifying the demands of work required for its operators, as is the technical issue in psychosocial and health requirement. In this sense, the pioneer of the U.S. Navy, reflected in the systematic introduced by Admiral Rickover, reveals information highlighted. In addition, the training of personnel in the nuclear area is subject to the impositions of the Brazilian legislation, which makes their analysis mandatory. After this, it is important to check how is the training of personnel of the plants belonging to ELETRONUCLEAR, because it is a valuable source of information, nuclear submarines and the Navy of France, the United States and Britain, whose remarkable experiences are above any questioning. Finally, the author presents a proposal for training the first Brazilian nuclear submarine crews and that will follow, when consolidated through the use of this ship Keywords: Nuclear Reactor, Nuclear Propulsion, Nuclear Submarine, Training of Personnel.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – REATOR NUCLEAR TIPO PWR.......................................................67 Figura 2 – INSTALAÇÃO PROPULSORA NUCLEAR.....................................67 Figura 3 – SALA DE CONTROLE DE ANGRA 1..............................................68

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA

CALDEIRAS

CASO

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SUBMARINOS PARA OFICIAIS

CC

CAPITÃO-DE-CORVETA

CEA

CENTRO EXPERIMENTAL DE ARAMAR

CF

CAPITÃO-DE-FRAGATA

CHEMAQ

CHEFE DE MÁQUINAS

CI

COMUNICAÇÕES INTERIORES

CIAMA

CENTRO DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO ALMIRANTE ÁTILA MONTEIRO ACHÉ

CIANA

CENTRO DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO NUCLEAR DE ARAMAR

CIAW

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE WANDELKOK

CIN

CENTRE D’INSTRUCTION NAVAL

CMG

CAPITÃO-DE-MAR-E-GUERRA

CNEN

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

CPA

CORPO DE PRAÇAS DA ARMADA

CT

CAPITÃO-TENENTE

DASM

DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DA MARINHA

EAMEA

ECOLE DÊS APPLICATIONS MILITAIRES À L’ENERGIE ATOMIQUE

EL

ELETRICISTA

EN

ESCOLA NAVAL

ENSM

ECOLE DE NAVIGATION DE SOUS MARINE

EUA

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

GV

GERADOR DE VAPOR

HMS

HER MAJESTIC SHIP

IPN

INSTALAÇÃO PROPULSORA NUCLEAR

LABGENE

LABORATÓRIO DE GERAÇÃO NÚCLEO-ELÉTRICA

MB

MARINHA DO BRASIL

MN

MARINHEIRO

MNF

MARINHA NACIONAL FRANCESA

MA

MÁQUINAS

MO

MOTORES

NNPS

NAVAL NUCLEAR POWER SCHOOL

NPTU

NUCLEAR POWER TRAINING UNIT

NSS

NAVAL SUBMARINE SCHOOL

OCS

OFFICER CANDIDATE SCHOOL

OR

OPERADOR DE REATOR

OSR

OPERADOR SÊNIOR DE REATOR

PCOM

PLANO DE CARREIRA DE OFICIAIS DA MARINHA

PCPM

PLANO DE CARREIRA DE PRAÇAS DA MARINHA

PNM

PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA

PROSUB

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE SUBMARINOS

PWR

REATOR A ÁGUA PRESSURIZADA

QTPA

QUADRO TÉCNICO DE PRAÇAS DA ARMADA

QC-CA

QUADRO COMPLEMENTAR DO CORPO DA ARMADA

SOBC

SUBMARINE OFFICER BASIC CURSE

SR

SUPERVISOR DO REATOR

SN-BR

SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2

A INSTALAÇÃO PROPULSORA NUCLEAR .............................................. 13

2.1

O reator nuclear ..................................................................................................... 13

2.2

A Instalação Propulsora Nuclear (IPN) ................................................................. 14

2.3

Diferenças entre uma IPN e uma instalação nuclearem terra ................................ 16

2.4

Acidentes nucleares ............................................................................................... 18

3

AS EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS ................................................................ 22

3.1

A sistemática do Almirante Rickover .................................................................... 25

3.2

Os operadores nucleares de submarinos ................................................................ 28

3.3

Legislação brasileira .............................................................................................. 30

4

A CAPACITAÇÃO DE PESSOAL NA ELETRONUCLEAR E EM OUTRAS MARINHAS ....................................................................................... 37

4.1

A capacitação de pessoal na ELETRONUCLEAR ............................................... 37

4.2

A capacitação de pessoal na Marinha da França ................................................... 38

4.3

A capacitação de pessoal na Marinha dos EUA .................................................... 41

4.4

A capacitação de pessoal na Marinha do Reino Unido ......................................... 43

5

A CAPACITAÇÃO DE PESSOAL NA MB ..................................................... 46

5.1

Modelo de capacitação da primeira tripulação do SN-BR .................................... 48

5.2

Modelo de capacitação de submarinistas nucleares............................................... 55

6

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 63 APÊNDICE A........................................................................................................ 67

APÊNDICE B ........................................................................................................ 69

1

INTRODUÇÃO A Marinha do Brasil busca adquirir, desde 1979, o conhecimento que permita o

ingresso no seleto grupo de países capazes de projetar, construir e operar um submarino com propulsão nuclear. Após alcançar o domínio do ciclo do combustível1 em 1982, um novo e importante passo foi dado em 2008, com a criação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). Este programa, alicerçado por um acordo firmado entre os governos do Brasil e da Franca (BRASIL, 2008b), prevê a construção, em estaleiro nacional, de quatro submarinos convencionais e do primeiro Submarino Nuclear Brasileiro (SN-BR), envolvendo também a transferência de tecnologia de projeto e de construção. Entretanto, essa parceria externa não contempla qualquer auxílio no que envolve a propulsão nuclear em si mesma, o que configura um grande problema a ser enfrentado. De acordo com Casaes Junior, “[...] seria ilusório acreditar que algum país entregue seu patrimônio tão exclusivo para outro, mesmo que cobrando muito por esse valor intangível” (CASAES JUNIOR, 2009, p. 81). O uso de energia nuclear envolve o domínio de uma tecnologia reconhecidamente complexa e restrita. A geração de eletricidade por usinas termoelétricas é o seu emprego mais comum e nos dias atuais existem 436 em funcionamento, localizadas em 30 países, inclusive no Brasil (BEZERRIL, 2011). Contudo, esta atividade está associada a consequências gravíssimas que um acidente pode provocar, advindo daí a necessidade de operá-las com pessoal altamente especializado e de se observar rigorosas normas de segurança. As instalações propulsoras nucleares embarcadas em submarinos estão, logicamente, inseridas nessa realidade, mas com características diferentes e maior complexidade tecnológica o que, por conseguinte, elevam os requisitos de segurança e _____________ 1

Ciclo do combustível - é o conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado em estado natural até sua utilização como combustível. Disponível em www.inb.gov.br.

11 explicam a utilização, no primeiro parágrafo, do termo “seleto grupo de países”, no caso Estados Unidos da América (EUA), Rússia, Reino Unido, França e China. Assim, para ingressar nesse grupo e garantir a nossa inserção na comunidade internacional como um País respeitável e confiável, torna-se evidente que a nação deverá transpor enormes dificuldades para a construção de um submarino que tenha uma propulsão nuclear. Porém, esse desafio não se restringe apenas à engenharia naval, uma vez que a operação desse meio naval exigirá uma tripulação altamente capacitada. E é nesse contexto que se pretende desenvolver a presente monografia, abordando exclusivamente a capacitação de pessoal para a operação do SN-BR. Inicialmente, o autor pretende identificar as principais características e peculiaridades da propulsão nuclear, de modo a possibilitar a sua compreensão. Para tanto, são descritos no capítulo 2 o entendimento básico do que consiste um reator nuclear, uma instalação nuclear a bordo de um submarino e suas principais diferenças comparadas às instalações em terra. Além disso, discorre-se também sobre acidentes nucleares, aspecto este de significativa importância quando se trata de operação segura de um submarino nuclear. A partir desses conhecimentos, o autor evidenciará no capítulo 3 as exigências profissionais requeridas para se tripular esse complexo meio naval, com ênfase, evidentemente, na parte nuclear. Além da tecnicidade em si associada, será analisado o pioneirismo da Marinha dos EUA na condução dessa questão, bem como os aspectos relacionados aos requisitos psicossociais, de saúde e as obrigações impostas pela legislação brasileira. No capítulo 4 será verificado como são capacitados os operadores das usinas termonucleares brasileiras, o que se constitui de valiosa referência, mesmo considerando as diferenças anteriormente apontadas. Em seguida serão destacados os procedimentos adotados atualmente pelas Marinhas francesa, norte-americana e britânica para a capacitação de seu

12 pessoal, cuja análise comparativa servirá de orientação para o autor propor um modelo brasileiro, objeto do capítulo 5. Finalmente, na conclusão, serão destacados os aspectos relevantes de todos os capítulos, com ênfase na proposição dos modelos de capacitação de pessoal para a operação dos futuros submarinos nucleares brasileiros, de modo a contribuir com a MB na superação de inevitáveis adversidades, oriundas do ineditismo e da complexidade envolvida.

2

A INSTALAÇÃO PROPULSORA NUCLEAR

2.1

O reator nuclear Um reator nuclear é composto, basicamente, de combustível, sistema de controle,

sistema de refrigeração e blindagem (GAYNES, 1969). A reação nuclear em si ocorre com a fissão2 do combustível formado por isótopos de urânio-235(U235) e consiste numa reação em cadeia, quando são liberados nêutrons e grande quantidade de energia (GAYNES, 1969). Essa reação em cadeia é controlada mediante a inserção ou remoção no reator de hastes de controle (sistema de controle), feitas de materiais que absorvem facilmente os nêutrons: quando inseridas, desaceleram a reação e reduzem a saída de energia; quando removidas, a reação se acelera novamente (GAYNES, 1969). A energia da fissão é liberada sob forma de calor, que é transferido para o líquido refrigerante (sistema de refrigeração) que circula pelo centro do reator e depois por um trocador de calor, transferindo-o para outro circuito de água, gerando vapor que será aproveitado para produzir energia. Além de conduzir o calor, o líquido refrigerante tem a importante função de evitar o superaquecimento e a fusão do núcleo3 (GAYNES, 1969). O combustível e o sistema de refrigeração ficam inseridos em uma blindagem, que evita a dispersão de material radioativo (GUIMARÂES, 1999). Existem diversos tipos de reatores, onde o que muda, basicamente, é o líquido refrigerante. O tipo mais usado em navios é o reator a água pressurizada- Pressurized Water Reactor (PWR) (figura 1 em apêndice), em virtude da sua flexibilidade de utilização, _____________ 2

Fissão - quando um núcleo de urânio-235 é atingido por um nêutron se divide em dois núcleos e libera grande quantidade de energia (GAYNES, 1969). 3 Fusão do núcleo – queima ou explosão do núcleo do reator devido ao aumento excessivo do calor. Disponível em www.algosobre.com.br.

14 facilidade de operação, simplicidade de construção (GUIMARÃES, 1997a) e por ser muito compacto (GAYNES, 1969).

2.2

A Instalação Propulsora Nuclear (IPN) De acordo com Guimarães, “a Instalação Propulsora Nuclear (IPN) é entendida

como aquela parte do navio cuja função é fornecer a energia necessária à propulsão do navio e à produção de energia elétrica para consumo interno” (GUIMARÃES 1999, p. 357). O SN-BR será projetado para utilizar um reator do tipo PWR, que é o empregado, na sua quase totalidade, nos submarinos nucleares dos EUA, Reino Unido, França, Rússia e China (GUIMARÃES, 1999). Este sistema compreende dois circuitos: o primário e o secundário. O circuito primário, que compõe o reator em si, descrito no item acima, é um circuito fechado de água pressurizada (líquido refrigerante) que recebe o calor produzido pelo reator nuclear. A água é mantida sob alta pressão, de modo a conservá-la em estado líquido a uma temperatura de aproximadamente 300ºC. Essa água aquecida passa, então, por um trocador de calor, que constitui o gerador de vapor (GV) e depois retorna para circular novamente pelo reator (GUIMARÂES, 1999). Este circuito possui os seguintes componentes principais: - o núcleo, composto do combustível nuclear em fissão que gera o calor; -mecanismo de acionamento de elementos de controle, que acelera ou desacelera a reação nuclear; - gerador de vapor, onde o calor da água pressurizada é transferido para a água do circuito secundário, vaporizando-a;

15 - pressurizador, equipamento que controla as variações de pressão no circuito, de acordo com a maior ou menor necessidade de vapor; - bombas de circulação, que mantém a água circulando pelo núcleo e gerador de vapor;e - tubulações de resfriamento (GUIMARÃES, 1999). Todos esses equipamentos ficam contidos em um dispositivo especial de blindagem e para o funcionamento desse sistema existem válvulas de acionamento, medidores e dispositivos de purificação, controle volumétrico e detecção de vazamentos de água de resfriamento (GUIMARÃES, 1999). Na sequência do entendimento de um reator PWR, descreve-se a dinâmica do circuito secundário. Conforme descrito anteriormente, a água aquecida do circuito primário passa pelo GV. Nesse equipamento, o calor será transferido para outro circuito fechado de água, o circuito secundário, transformando-a em vapor. O vapor produzido no GV irá acionar as turbinas, que estão acoplados a geradores que convertem energia mecânica em energia elétrica. Em seguida esse mesmo vapor passará pelo condensador, o qual é resfriado pela água do mar, que circula em circuito aberto. No condensador, o vapor será transformado em líquido e retornará para o GV, fechando o circuito secundário (GUIMARÃES, 1999). A energia elétrica produzida é o resultado final da geração termonuclear. Esta será distribuída para o motor elétrico principal, que acionará o eixo propulsor, e para os demais utilizadores do submarino (GUIMARÃES, 1999). A figura 2 em apêndice apresenta um desenho esquemático de uma IPN.

16 2.3

Diferenças entre uma IPN e uma instalação nuclear em terra O “caráter navio” e o “caráter militar” impõe às instalações nucleares embarcadas condições extremamente particulares, muito distintas daquelas impostas às instalações em terra. São aqui consideradas somente as exigências de segurança nuclear dentro de “condições normais de paz”. É evidente que em “condições de conflito grave” ou “condições de guerra declarada” os níveis de riscos considerados socialmente aceitáveis não possuiriam mais os mesmos valores, alterando os conceitos fundamentais de segurança nuclear. (GUIMARÃES, 1999, p. 90).

A descrição simplificada do funcionamento de uma IPN até então se constitui no mesmo processo de geração de energia que ocorre em uma usina termonuclear, como as de Angra 1 e 24, por exemplo. Entretanto, existem diferenças significativas entre uma instalação nuclear embarcada em um submarino e uma instalação em terra. O entendimento inicial parte das imensas dificuldades relacionadas ao projeto de construção de um submarino. O tamanho e peso do reator compatível ao espaço disponível no interior do submarino e a obrigatoriedade de uma planta silenciosa são alguns exemplos mais evidentes (GUIMARÃES, 1999). A essas se somam também: - os movimentos naturais de balanço e caturro quando navegando na superfície e, principalmente, a inclinação do casco quando mergulhado, constituem um elemento de complexidade onde existe uma superfície livre líquida (GV e pressurizador); e -

resistência estrutural para suportar as acelerações provocadas por estes

movimentos e os choques resultantes de explosões submarinas próximas ao casco. (GUIMARÃES, 1999). Embora caiba aos engenheiros navais resolver esses problemas técnicos, aos tripulantes não é facultado desconhecer as características do meio em que opera. Todavia, os aspectos relacionados à operação de uma planta nuclear são mais relevantes nesse momento, razão pela qual são descritos a seguir os mais significativos: _____________ 4

As duas usinas termonucleares em funcionamento no Brasil que utilizam reatores PWR.

17 - o submarino, como qualquer navio, tem seu sistema de propulsão submetido à grande variação de potência, ou seja, está sempre alterando a velocidade. Esta característica intrínseca exige rápidos e acurados procedimentos de controle do reator e do circuito de vapor (circuito secundário) (GUIMARÃES, 1999); - diferentemente de uma instalação nuclear em terra, que tem uma finalidade única e principal (exemplo: gerar energia elétrica), a IPN é um componente de um sistema maior, no caso, um submarino, que tem a finalidade de navegar e combater. A disponibilidade de energia tem que ser contínua para diversas situações (GUIMARÃES, 1999). Para melhor entendimento, pode-se comparar o funcionamento das duas instalações: numa usina termonuclear, caso haja alguma falha ou mesmo algum risco de acidente, o procedimento esperado é adotar medidas especiais para interromper o seu funcionamento; em um submarino, o mesmo só pode ocorrer em última instância, pois este necessita de energia para se manter em funcionamento, seja em qualquer situação, na superfície ou mergulhado, em exercício ou em combate. Assim, fica claro que uma IPN tem que funcionar até o limite, ou seja, a disponibilidade tem que ser máxima e os índices de falhas têm que ser reduzidos ao mínimo; e - com relação à segurança do submarino frente aos riscos operativos e de navegação, esta somente será assegurada ao se dispor rapidamente de energia fornecida pela IPN; caso haja sua interrupção ou diminuição acentuada, a manobrabilidade e a própria segurança do meio será seriamente afetada; dessa forma, demonstra-se que a segurança da IPN depende da segurança do submarino, que por sua vez depende da disponibilidade da IPN, caracterizando

assim

uma

interdependência

de

segurança

“submarino

-

reator”

(GUIMARÃES, 1997b). Em que pese a diferença de potência gerada entre um reator de uma usina

18 termonuclear (Angra 2 gera 1350 MW)5 e um reator de um submarino nuclear de ataque ( o reator do submarino francês da classe Rubis gera 48 MW)6, fica evidenciada a diferença de concepção entre as instalações em terra e as embarcadas, embora a natureza científica da geração de energia elétrica seja rigorosamente a mesma.

2.4

Acidentes nucleares O uso da palavra “nuclear” está associado ao emprego militar de bombas atômicas

e às graves consequências que um acidente em uma usina termonuclear pode provocar. Esta percepção acompanha a humanidade desde o lançamento das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki7 durante a 2ª Guerra Mundial e os acontecimentos nas usinas de Three Mile Island8, Chernobyl9 e mais recentemente em Fukushima10. No que se refere a acidentes nucleares ocorridos em meios navais, especificamente em submarinos, os dados são imprecisos. Apesar do registro de oito naufrágios de submarinos nucleares (dois norte-americanos e seis soviéticos) durante o período da Guerra Fria (GUMARÃES, 1997a), e do Kursk11 no ano de 2000, não há uma associação precisa com problemas nas suas plantas nucleares, uma vez que as causas nem sempre foram devidamente esclarecidas, seja pelas próprias dificuldades inerentes à apuração no meio marinho e suas profundezas, ou pela falta de divulgação desse tipo de ocorrência por razões de segurança de Estado. Mesmo assim, considerando um número reduzido de acidentes, comparativamente _____________ 5

Disponível em www.eletronuclear.gov. Disponível em HTTP://en.wikipedia.org/wuki/Rubis-class-submarine.. 7 Cidades japonesas bombardeadas por uma bomba atômica cada, com um total estimado de 220.000 vítimas fatais. Disponível em www.infoescola.com/historia/bombas-de hiroshima-e-nagasaki. 8 Usina norte-americana que sofreu um acidente nuclear em 1979, sem vítimas. Disponível em www.nrc.gov. 9 Cidade na Ucrânia onde ocorreu um acidente nuclear em 1986 em uma usina, provocando a morte instantânea de 30 funcionários. Disponível em www.world-nuclear.gov. 10 Cidade japonesa atingida por um maremoto que provocou um acidente nuclear em uma usina, sem vítimas. Disponível em www.iaea.org. 11 Submarino nuclear russo da classe Oscar II. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Submarino_Kursk. 6

19 à quantidade de usinas e submarinos em operação12 desde o início do uso da energia nuclear como fonte geradora de eletricidade, há de se considerar os impactos terríveis de suas consequências. Por conseguinte, é preciso entender o que consiste efetivamente essa anomalia. O que caracteriza um acidente nuclear é a ocorrência da dispersão do material radioativo para fora da blindagem do reator. Para reduzir esta possibilidade, é preciso assegurar o cumprimento de três funções básicas da Segurança Nuclear13: - Controle eficaz da reação nuclear; - Resfriamento adequado do combustível; e - Contenção do material radioativo no interior da blindagem (GUIMARÃES, 1999). A perda das funções básicas acima provocará a ocorrência dos seguintes acidentes: - Acidente de reatividade: perda de controle externo sobre a reação da fissão nuclear, causando um rápido aumento da energia gerada pelo núcleo do reator; - Acidente de perda de resfriamento: desequilíbrio entre a potência térmica gerada pelo núcleo do reator e a potência removida pelo seu sistema de resfriamento, o que pode provocar a fusão do núcleo; e - Acidente de perda de estanqueidade: liberação dos produtos radioativos para o meio ambiente (GUIMARÃES, 1999). A luz desses três tipos de acidentes verifica-se que nas três usinas nucleares citadas anteriormente houve perda de resfriamento e de estanqueidade. Na usina norteamericana e na ucraniana, os acidentes foram causados principalmente por falhas humanas, _____________ 12

- A experiência mundial com relação à operação de submarinos com propulsão nuclear, desde o início de operação do primeiro em 1954, indica o uso em cerca de 400 unidades (GUIMARÃES, entrevista em apêndice). - No ano de 2010 estavam em operação 143 submarinos nucleares. Disponível em www.segurancadefesa.com. 13 Segurança Nuclear – consiste nas ações tomadas ao longo de todo o período de funcionamento de uma instalação nuclear, visando à prevenção de acidentes e a mitigação de suas consequências (GUIMARÂES, 1999, p 44).

20 enquanto na japonesa foi provocado por um tsunami14. Com relação aos submarinos, um caso que ficou bem conhecido foi o acidente ocorrido com o submarino soviético K-1915 em 1961, cujo reator sofreu uma perda de resfriamento. A tentativa de sanar o problema e evitar a dispersão de material radioativo para o meio ambiente provocou sérios problemas de saúde aos seus tripulantes, alguns vindo a falecer em poucas semanas. Além dos próprios acidentes nucleares em si, abordados acima, cumpre destacar que as instalações de máquinas que utilizam vapor (saturado ou superaquecido) se constituem numa grande ameaça aos seus condutores, pois o vazamento deste, ao entrar em contato com o ser humano, se torna fatal. O registro mais impressionante desse tipo de acidente foi o ocorrido com o submarino francês Emeraud16, que sofreu um vazamento de vapor pelo condensador do circuito secundário, vitimando de morte 10 militares (BECHLER, entrevista em apêndice). Diante do que foi exposto neste capítulo, conclui-se que o SN-BR terá no seu sistema de propulsão o reator nuclear do tipo PWR, que é o mais empregado em submarinos e é composto, basicamente, de um circuito primário e secundário. Além disso, constata-se que o princípio de funcionamento para geração de energia em uma instalação embarcada e em uma instalação de terra é o mesmo, porém, as características inerentes a um submarino, quais sejam, navegar em diversas condições e ser um meio exclusivo para o combate, impõe requisitos de projeto, construção e operação mais rigorosos para se evitar acidentes. Ademais, mesmo considerando que os tipos de acidentes nucleares são iguais em uma planta nuclear _____________ 14

Tsunami – palavra de origem japonesa que tem o mesmo significado de maremoto. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Tsunami. 15 Submarino soviético da classe Hotel (classificação adotada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN), que sofreu um acidente nuclear em 1961. Disponível em www.johnstonsarchive.net/nuclear/radevents/1961USSR1html. 16 Submarino francês da classe Rubis. Disponível em http://www.netmarine.net/bat/smarins/emeraude/index.htm.

21 embarcada ou em terra e que o número desses eventos é relativamente pequeno, constata-se que o risco é maior em um submarino. Por conseguinte, eleva-se o nível de capacitação exigido para os seus tripulantes.

3

AS EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS

As responsabilidades envolvidas na operação de navios com propulsão nuclear e os requisitos associados às plantas nucleares torna essencial que as pessoas envolvidas no programa tenham um alto grau de inteligência e capacidade de aprender. (RICKOVER, 1979, p. 27, tradução nossa).

A partir do entendimento do funcionamento de uma IPN de um submarino e os acidentes possíveis de ocorrer, faz-se necessário identificar as exigências profissionais requeridas aos seus tripulantes, envolvidos ou não diretamente com a planta nuclear. Na questão essencialmente técnica, evidencia-se a necessidade de habilidades mentais e intelectuais em um nível bastante elevado como requisito para a capacitação de um operador nuclear, além de uma sólida formação acadêmica, sobretudo com uma base adequada de conhecimentos em matemática e física (RICKOVER, 1979). Nesse sentido, pode-se considerar que os oficiais oriundos da Escola Naval (EN) possuem a capacitação adequada (informação verbal)17 (MARQUES, entrevista em apêndice). O mesmo pode ser esperado dos oficiais oriundos do Centro de Instrução Almirante Wandelkok (CIAW), caso ingressem na MB com a graduação superior necessária para a formação na área nuclear (por exemplo, cursos de engenharia). Contudo, não é exagero afirmar que a atual formação acadêmica de praças vai exigir do setor de ensino da MB cuidados especiais. A atual capacitação para guarnecer os meios navais, realizada em diversas escolas e centros de instrução da MB, tem correspondido às necessidades. Entretanto, a complexidade das disciplinas relacionadas ao campo nuclear (MARQUES, entrevista em apêndice) requer o conhecimento científico das disciplinas de matemática, física e química em um nível mais elevado, o que não está garantido naquelas _____________ 17

Palestra proferida para o Curso de Política e Estratégia Marítimas em 27 de maio de 2011, pelo ViceAlmirante Antônio Fernando Monteiro Dias, Diretor de Pessoal Militar da Marinha e ex-Comandante da Escola Naval.

23 instituições de ensino. Ainda no que tange à tecnicidade em si, pode-se afirmar que, em função das diferenças entre uma IPN e uma instalação em terra, os operadores nucleares embarcados necessitam de um treinamento diferenciado e mais rigoroso (MARQUES, entrevista em apêndice). O submarino, seja convencional ou nuclear, é um navio que oferece alto risco de vida aos tripulantes e isto se deve à suas características e ao meio em que opera. Por ser um ambiente de espaço restrito e isolado, alguns acidentes (exemplos: incêndios e desprendimento de gases tóxicos) se tornam fatais, caso não sejam combatidos rapidamente. Além disso, em sua própria operação normal, o monitoramento da atmosfera de bordo tem que ser muito eficiente, pois a falta de controle dos percentuais de oxigênio, gás carbono e hidrogênio18 são igualmente fatais. Por fim, a pressão da água sobre o casco, que pode causar alagamentos incontroláveis que levam a sua perda, se constitui na maior ameaça e, consequentemente, no maior temor dos seus tripulantes. Entretanto, a abordagem das exigências profissionais vai além da questão puramente técnica para a condução de uma IPN em um submarino. É preciso também analisar os requisitos psicossociais e de saúde, pelo simples fato de que o operador nuclear estará embarcado em um meio naval que, por si só, é diferente e perigoso. Assim, soma-se a questão relacionada ao enfrentamento de se habitar um local confinado e adverso por períodos prolongados. O desconforto é percebido nitidamente, por exemplo, naquelas pessoas que eventualmente visitam um submarino, terminando essa experiência, invariavelmente, com comentários que destacam a dificuldade de permanecer em

_____________ 18

As baterias elétricas da propulsão dos submarinos convencionais e da propulsão de emergência dos submarinos nucleares liberam hidrogênio, cuja concentração a partir de 3% na atmosfera de bordo provoca incêndios e explosões.

24 um ambiente com espaço reduzido por muito tempo19. O mesmo ocorre também com marinheiros experientes, seja em visitas ocasionais ou durante a própria realização da qualificação (estágio) do curso de submarinos, quando percebem a falta de pendor para a atividade. Cumpre ressaltar, nesse último caso, que estes já tinham sido previamente aprovados em exame psicotécnico. Diante disso, constata-se a necessidade de tripulantes que possuam um elevado preparo psicológico e de saúde. Todas essas questões têm sido conduzidas com eficácia na MB desde o ano de 1914, quando foram adquiridos três submarinos italianos. Ao longo desses quase 100 anos, os submarinistas angariaram grande reputação pelo seu profissionalismo, constituindo uma parcela especial de marinheiros na MB. O processo de seleção para realizar o curso de submarino sempre teve como premissa o voluntariado, o qual se manteve em níveis adequados, seja pela curiosidade que oferece um navio que navega debaixo d’água ou por expressiva compensação financeira. Entretanto, a partir do início dos anos 1990 houve uma significativa queda na procura pelo curso, coincidentemente ao decréscimo do valor do incentivo pecuniário. Algumas medidas foram adotadas para reverter essa tendência, como, por exemplo, a construção de Próprios Nacionais Residenciais exclusivos para submarinistas embarcados e a hospedagem paga em hotéis quando da estada em outros portos, alcançando resultados satisfatórios. A situação atual de preenchimento de vagas está contornada, tanto para oficiais quanto para praças, porém, com o advento do SN-BR a partir de 2022 (DIAS, 2011), um novo desafio se descortina. É razoável afirmar que as características de um submarino nuclear multiplicam as adversidades citadas acima. A disponibilidade de energia permite a este meio prolongar _____________ 19

Observação obtida pelo próprio autor, que serviu embarcado em submarinos por aproximadamente doze anos e seis meses.

25 enormemente a sua permanência no mar, limitando-o pela quantidade de gêneros que pode armazenar. Assim, é sua condição intrínseca realizar longas viagens, algo que ainda não foi experimentado em nossa Marinha e que vai testar a sua tripulação. No quesito segurança, porém, é que surge a questão mais sensível. Como se não bastasse a um submarino ser um meio de alto risco, soma-se a isto a própria existência de um reator nuclear nesse espaço confinado, associado ao imaginário de consequências apocalípticas que um acidente pode provocar. Dessa forma, somente militares extremamente motivados, dispostos a receber um excepcional treinamento, estarão aptos e capacitados a enfrentar o tremendo desafio de operar o SN-BR.

3.1

A sistemática do Almirante Rickover Em 1954, os EUA lançaram ao mar o primeiro submarino com propulsão nuclear

da história, o Nautilus. O surgimento deste significou dispor do “submarino por excelência”, ou seja, aquele que tem a capacidade de permanecer longos períodos mergulhados por possuir energia “quase infinita”. E quando se estuda este estrondoso sucesso, emerge instantaneamente a figura notável do Almirante Rickover, citado sempre como o pai do programa nuclear da marinha norte-americana (POLMAR, ALLEN, 1982). Os princípios e métodos por ele adotados na ocasião para a capacitação dos tripulantes deste submarino foram considerados exemplares e ainda são utilizados por aquela Marinha nos dias atuais, o que indiscutivelmente habilita-os para servir de referência. Na análise inicial desse processo, destaca-se a percepção de Rickover sobre a necessidade de se buscar a excelência, tendo em vista as possíveis consequências de um acidente no reator nuclear. Segundo Polmar, Allen (1982):

26 De acordo com a doutrina Rickover, acidentes não poderiam acontecer a bordo de um submarino com propulsão nuclear porque não poderia haver homens inexperientes de serviço. Rickover exigia que todos os comandantes e oficiais se qualificassem como “operadores da planta nuclear” antes de ir para o mar na “marinha de Rickover”. Mas antes de entrar a bordo de um submarino nuclear, um oficial deveria ser treinado ao “modo Rickover” (POLMAR, ALLEN, 1982, p.295, tradução nossa).

Da citação acima, observa-se também os seguintes aspectos: - o primeiro se refere à exigência que todos os comandantes e oficiais se qualificassem como operadores de planta nuclear, o que determinou o processo de formação dos submarinistas daquela Marinha, onde todos são qualificados na área nuclear, independente da função exercida a bordo; - o segundo está inserido no próprio jargão “marinha de Rickover”, que representa as grandes mudanças introduzidas na Marinha norte-americana com o advento da propulsão nuclear; e – o terceiro refere-se à própria sistemática adotada por Rickover para a capacitação de pessoal, que será abordada a seguir. Essa sistemática tinha início com um modo característico para a seleção de pessoal: todos os candidatos eram submetidos a uma rigorosa entrevista inicial, sendo que no caso de oficiais, pelo próprio Almirante Rickover. De forma a assegurar que apenas os oficiais com o potencial e motivação necessárias sejam selecionados para o programa de propulsão nuclear, os candidatos são todos chamados a Washington e entrevistados por vários altos membros da minha equipe e, finalmente, por mim. Além de fornecer mais informações do que está disponível no registro do oficial em relação a sua inteligência e habilidade, estas entrevistas são úteis na determinação da vontade do oficial para realizar o difícil programa de treinamento para o serviço na propulsão nuclear e seu interesse no desenvolvimento profissional, evidenciado pelo seu trabalho e hábitos de estudo (RICKOVER, 1979, p 29, tradução nossa).

De acordo com o Almirante Rickover, não bastava ao oficial ter um bom desempenho escolar, pois isto não assegurava que o mesmo teria capacidade de operar uma

27 planta nuclear. Assim, na sua visão, esta entrevista, que se tornou famosa no meio naval norte-americano (POLMAR, ALLEN, 1982) (ROCKWELL, 1992), apontava quem realmente tinha condições de ser selecionado e era considerada uma parte muito importante do programa (RICKOVER, 1979). Com relação às praças, a quem era exigido que possuíssem o ensino médio completo, também havia uma entrevista inicial, porém realizada pelo pessoal do seu estadomaior (RICKOVER, 1979). Além desse modo peculiar e da obrigatoriedade de um desempenho escolar acima da média, também se verificava, de forma rigorosa, o comportamento do candidato, eliminando-o automaticamente no caso de condenações ou constatação de falta de atributos morais. Mesmo em situações de frequentes violações das leis de trânsito ou acidentes causados por imprudência, o candidato estava passível de ter negado o ingresso no programa nuclear (RICKOVER, 1979). Efetuada a seleção, todos os alunos, oficiais e praças, realizavam a fase acadêmica em sala de aula por seis meses e posteriormente realizavam o treinamento prático em protótipo de planta nuclear em terra, também em seis meses, este último considerado por Rickover como o coração de todo o programa (RICKOVER, 1979). Um ponto muito interessante nessa sistemática era a ênfase dada à formação científica. Conforme Polmar, Allen (1982): Para Rickover, a tarefa de selecionar e treinar marinheiros nucleares era um problema de engenharia. A ênfase estava na planta de máquinas, não nos navios, assim os homens eram treinados em Idaho20 ou em outros lugares bem distante do mar, em protótipos idênticos com os reatores e praças de máquinas de submarinos e porta-aviões (POLMAR, ALLEN, 1982, p.296, tradução nossa).

_____________ 20

O primeiro protótipo de reator do programa nuclear da marinha norte-americano estava situado nesse estado dos EUA, situado no meio-oeste.

28 Os currículos e métodos dessa formação foram meticulosamente organizados pelo Almirante Rickover, ganhando logo a reputação de cursos extremamente rigorosos. O desempenho escolar era acompanhado semanalmente, sendo que os alunos que apresentavam alguma deficiência eram cuidadosamente incentivados para superá-las. Nas avaliações não era aceitas questões de múltipla escolha ou do tipo falso ou verdadeiro (RICKOVER, 1979). A sistemática Rickover, introduzida nos anos 50, permanece ainda em vigor com todos os seus detalhes, garantindo à Marinha dos EUA a excelência na operação de submarinos nucleares, o que pode ser provado pelos mais de cem submarinos nucleares lançados após o Nautilus sem nunca ter sido noticiado algum tipo de acidente nuclear21. Assim sendo, não há dúvidas que esta sistemática serve de valiosíssima fonte de inspiração, considerando-se a similaridade do precursor programa norte-americano com o que está sendo desenvolvido no Brasil, sem nenhum auxílio externo na área nuclear.

3.2

Os operadores nucleares de submarinos Antes de verificar como ocorre a capacitação dos operadores nucleares de

submarinos, é preciso entender exatamente quem são estes e o que fazem. Os serviços executados na planta nuclear de um submarino francês da classe Rubis (BECHLER, entrevista em apêndice) e a elaboração de uma tabela apontada por Marques (MARQUES, entrevista em apêndice) balizam esta pesquisa. Assim, diante dessas informações e observando o estudo anterior da IPN, que revelou a sua composição em três sistemas interligados, o circuito primário, o circuito secundário e o sistema de distribuição de energia elétrica, configuram-se então as seguintes necessidades de pessoal: - Operador do painel do circuito primário - o circuito primário exige um _____________ 21

Os afundamentos dos submarinos Tresher e Scorpion não tiveram causas relacionadas à problemas na IPN. Disponível em www.naval.com.br.

29 profissional que controle o processo da fissão nuclear, o funcionamento das bombas de circulação para manter o adequado resfriamento do combustível e o funcionamento do pressurizador; - Operador do painel do circuito secundário - o circuito secundário exige um profissional que controle a conversão da água em vapor no GV, o funcionamento das turbinas e conversão de vapor em água pelo condensador, fechando o ciclo; - Operador do painel dos sistemas elétricos - a energia elétrica produzia pelo gerador acoplado à turbina requer um profissional que controle a sua distribuição para o motor elétrico, que movimenta o eixo propulsor e hélice, e os demais utilizadores de eletricidade do submarino. - Químico nuclear: monitora as análises químicas dos circuitos primários e secundários; - Técnico de instrumentação – garante a correta operação e a manutenção planejada dos instrumentos da planta nuclear e dos painéis de controle; e - Supervisor do Reator (SR) – profissional que supervisiona os procedimentos conduzidos pelos três operadores. Em termos quantitativos, esse submarino francês necessita do seguinte pessoal para executar o serviço em viagem no compartimento de máquinas (BECHLER, entrevista em apêndice): - três operadores do painel de controle do reator (especialidade de mecânico); - três operadores do painel de controle do circuito secundário (especialidade de mecânico); - três operadores do painel de controle dos sistemas elétricos (especialidade de eletricista); - três supervisores do reator (2 mecânicos e 1 eletricista);

30 - dois instrumentadores nucleares; e - um químico nuclear. Os instrumentadores e o químico não cumprem serviço em escala, porém estão sempre prontos para atender ocorrências inesperadas, além de cumprir suas tarefas de rotina. Cabe também elucidar que, apesar de todas essas tarefas serem realizadas por praças, a supervisão geral é realizada por oficiais, mediante a execução de serviço em escala, seja em viagem ou no porto (BECHLER, entrevista em apêndice). Acrescenta-se também que é necessário ao Comandante, Imediato e oficiais que conduzem operativamente o submarino, possuírem o entendimento perfeito das possibilidades e limitações da IPN, o que pode levá-los a realizar alguns cursos de capacitação nuclear. Este aspecto específico será analisado posteriormente. Além dessas atividades, existe outra relacionada à proteção dos tripulantes e das pessoas externas ao submarino contra a exposição indesejada de radiação. Trata-se do Serviço de Radioproteção, obrigatório numa instalação nuclear e supervisionado pelo Supervisor de Radioproteção, que no caso francês é atribuição do Imediato (BECHLER, entrevista em apêndice). Por fim, um submarino nuclear necessita ter em sua tripulação um enfermeiro capacitado para atender os indivíduos expostos à radiação, embora esta atividade não esteja envolvida diretamente com a operação do reator (BECHLER, entrevista em apêndice).

3.3

Legislação brasileira A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é uma autarquia federal criada

em 10 de outubro de 1956 e vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia que orienta, supervisiona, fiscaliza, licencia e controla a atividade nuclear no Brasil (BRASIL, 2006a). Assim sendo, todas as atividades que a MB pretende relizar, relacionadas à construção,

31 condução e capacitação de operadores de plantas nucleares, deverão estar em consonância com as normas expedidas por este órgão. No que se refere especificamente à capacitação, as seguintes normas são aplicadas ao tema e serão analisadas a seguir: - NORMA CNEN-NN-1.01: Licenciamento de Operadores de Reatores Nucleares. Esta norma regula o licenciamento de operadores de reatores nucleares de instalações certificadas. Como instalações certificadas entendem-se unidades que possuem um reator nuclear. Por outro lado, Operador de Reator (OR) é definido como aquele que manipula os controles deste reator (BRASIL, 2007d). Diante dessa apresentação, torna-se importante destacar que as atividades realizadas pelos operadores nucleares de submarinos para a condução do reator, quais sejam, operadores dos painéis do circuito primário, circuito secundário e sistemas elétricos, conforme descrito anteriormente, ficam associadas unicamente ao OR. Assim, de acordo com esta norma, não existe uma formação diferenciada para os operadores desses três sistemas. Além do OR, está prevista na mesma a função de Operador Sênior de Reator (OSR), que exerce a função equivalente ao SR, também descrito anteriormente. Após esse entendimento, são listados os aspectos mais relevantes: - as atividades de OR e OSR deverão ser licenciadas obrigatoriamente pela CNEN; - os programas de treinamento dos candidatos à licença de OR e OSR deverão ser aprovados pela CNEN; - o candidato à licença de OR deverá ser técnico de nível superior, na área de engenharia plena, em campos relacionados com a produção de energia elétrica (como, por exemplo, nas especialidades de mecânica, elétrica, eletrônica) ou em campo científico ou

32 tecnológico apropriado, e possuir 30 meses de experiência térmica e nuclear; - o candidato à licença de OR deverá ser técnico de nível médio, em campo científico ou tecnológico apropriado, e possuir 42 meses de experiência térmica e nuclear; - o candidato à licença de OSR deverá ser técnico de nível superior, na área de engenharia plena, em campos relacionados com a produção de energia elétrica (como, por exemplo, nas especialidades de mecânica, elétrica, eletrônica) ou em campo científico ou tecnológico apropriado, e possuir, no mínimo 36 meses de experiência em função de responsabilidade de OSR; - o candidato à licença de OSR deverá ser técnico de nível médio em campo científico ou tecnológico apropriado, e possuir, no mínimo 24 meses de experiência como OR; e - a licença de OR e OSR terá validade de dois anos e sua renovação estará condicionada ao cumprimento de um programa de treinamento aprovado pela CNEN (BRASIL, 2007d). Desses aspectos relacionados, cumpre-se destacar que o diploma da EN não atende aos campos científicos requeridos para um técnico de nível superior. Assim, para contornar essa incompatibilidade, vislumbram-se as seguintes soluções: - obter a aprovação da CNEN para o enquadramento desse diploma ao previsto como “campo científico ou tecnológico apropriado”, uma vez que o nível de ensino da EN é adequado para se realizar a capacitação nuclear, conforme citado anteriormente; - reformular o currículo da EN, concedendo ao seu final a graduação em engenharia plena. Apesar da dificuldade que se apresenta para implementar esta solução, torna-se oportuno frisar que o curso da Academia Naval em Annapolis22 , realizado também _____________ 22

Academia Naval em Annapolis – equivalente norte-americano à Escola Naval da MB.

33 em quatro anos, concede aos seus formandos a graduação plena em diversas áreas, inclusive engenharia23. Além disso, cabe ressaltar também que os oficiais que iniciam a capacitação nuclear na Marinha da França e na Marinha do Reino Unido possuem a graduação em engenharia (BECHLER, entrevista em apêndice) (UK ROYAL NAVY); e - reformular o currículo da EN, de modo que, ao seu término, o oficial voluntário para o curso de submarinos prossiga os estudos em uma universidade para obter, em um ano, a graduação em Engenharia Mecânica ou Eletrônica. Essas três propostas devem ser motivo de grande reflexão. Apesar de a primeira ser a mais fácil de ser implementada, as duas últimas não podem ser inteiramente descartadas, pois o ingresso na era nuclear para submarinos poderá exigir grandes mudanças. De acordo com Gillcrist (2006) “o serviço submarino (norte-americano) entre as décadas de 50 e 70 foi um tempo de transição notável. [...] a mobilização da indústria de base e a infra-estrutura educacional requerida foi sem igual na história militar (GILCRIST, 2006 p. xv). Além dessa questão relacionada ao diploma, releva destacar também os tempos mínimos de experiência nas funções, o que no caso de licenciamento de OR no nível técnico, equivalente a uma praça, é o mais expressivo, pois são exigidos 42 meses de treinamento - NORMA CNEN-NN-3.01: Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. Esta norma estabelece, entre outras, a definição de proteção radiológica, ou radioproteção: “conjunto de medidas que visam a proteger o ser humano e seus descendentes contra possíveis efeitos indesejados causados pela radiação ionizante” (BRASIL, 2005, p. 10). De uma maneira mais específica, deve-se entender que essas medidas visam a segurança dos operadores, da população e a preservação do meio ambiente. Além desse conceito, a norma define as seguintes responsabilidades: _____________ 23

Informação obtida com o Capitão-de-Mar-e-Guerra Flávio Augusto Viana Rocha, que foi

instrutor da Academia Naval em Anápolis no período de 1997 a 1999.

34 - Titular - responsável legal pela instalação nuclear; e - Supervisor de radioproteção - designado pelo Titular e habilitado pela CNEN para executar as ações relacionadas à radioproteção (BRASIL, 2005). Do que foi exposto, associa-se naturalmente o cargo de Comandante do submarino com a responsabilidade do Titular. - NORMA CNEN-NN-3.02: Serviços de Radioproteção. Esta norma regula o funcionamento do Serviço de Radioproteção, definido como um órgão constituído especificamente para a execução e a manutenção de uma sistemática de radioproteção de uma instalação nuclear. O mesmo é constituído pelo Supervisor de Radioproteção e técnicos de nível superior e/ou nível médio, que devem atender as seguintes qualificações: Supervisor de Radioproteção - deve ser um técnico de nível superior e ter certificado de qualificação concedido pela CNEN. Técnico de nível superior: - possuir curso universitário completo numa das seguintes áreas: física, química, engenharia, medicina, biologia, farmácia, medicina veterinária e agronomia, odontologia, biofísica, bioquímica e geologia; e - possuir curso de radioproteção certificado pela CNEN. Técnico de nível médio: - possuir curso completo de segundo grau ou equivalente; e - possuir curso de radioproteção certificado pela CNEN (BRASIL, 1988). Com relação ao técnico de nível superior, configura-se novamente o problema do diploma da Escola Naval, que não abrange as qualificações especificadas. Assim sendo, a administração da MB deverá solucionar este impasse de acordo com o que foi apontado anteriormente.

35 - NORMA CNEN-NN-3.03: Certificação da Qualificação de Supervisores de Radioproteção. Esta norma estabelece os requisitos necessários à certificação de qualificação de supervisores de radioproteção (BRASIL, 1999). O certificado de qualificação será concedido mediante a aprovação em exame de conhecimentos aplicado pela CNEN e terá a validade de cinco anos. Após esse período, o certificado será revalidado, porém caso o supervisor de radioproteção não comprove que exerceu a atividade de radioproteção pela metade do período de validade do mesmo, deverá realizar novo exame de conhecimentos (BRASIL, 1999). - NORMA CNEN-NE-1.06: Requisitos de Saúde para Operadores de Reatores Nucleares. Esta norma estabelece os requisitos de saúde para a qualificação de operadores de reatores nucleares, em consonância com a NORMA CNEN-NN-1.01: Licenciamento de Operadores de Reatores Nucleares (BRASIL, 1988). De um modo geral, são descritos nesta os tipos de exames, as responsabilidades, as obrigações, as condições qualificativas mínimas e as condições desqualificativas. Comparando-a ao que é realizado atualmente na MB para a avaliação anual de saúde dos submarinistas, percebe-se uma grande similaridade de procedimentos e exigências, o que a torna facilmente aplicável. Todavia, os requisitos psicológicos relacionados ao confinamento em submarinos deverão ser aperfeiçoados pela MB, pois se trata de um ambiente de trabalho completamente distinto ao que se apresenta para um operador de usina termonuclear, caracterizado por um espaço amplo e agradável (figura 3 em apêndice). Assim, dentro de quaisquer considerações que se faça a respeito às exigências profissionais para tripulantes cujas atividades estão relacionadas à propulsão nuclear, neste capítulo foi abordada a necessidade de se contar com militares que possuam uma adequada

36 formação acadêmica. Com relação aos oficiais, é esperado que os cursos da EN e CIAW atendam as demandas, porém, no que se refere às praças, vislumbram-se óbices que exigirão adaptações ao sistema de ensino naval, o que somente poderá ser analisado com o transcorrer dos cursos específicos de capacitação na área nuclear. Além das rigorosas exigências técnicas e intelectuais, configura-se para a MB o inédito desafio de se capacitar militares em perfeito estado de saúde e psicológico para tripular um meio naval que realiza prolongadas viagens e possui no seu confinamento um reator nuclear, sempre associado a acidentes terríveis. De qualquer forma, as Marinhas que operam submarinos nucleares passaram por esses problemas, o que torna o pioneirismo norte-americano motivo de destaque. A sistemática introduzida pelo Almirante Rickover nos anos cinquenta, ainda em uso naquela Marinha, revela em seus pormenores o sucesso alcançado. Por fim, a descrição das tarefas realizadas para a condução de uma IPN, balizadas pelos condicionantes da legislação brasileira, permite estabelecer propostas de capacitação dos tripulantes do SN-BR.

4

A CAPACITAÇÃO DE PESSOAL NA ELETRONUCLEAR E EM OUTRAS MARINHAS

4.1

A capacitação de pessoal na ELETRONUCLEAR Embora haja diferenças nos requisitos de construção e na operação entre as

instalações nucleares em terra e de bordo, os princípios científicos de funcionamento da planta nuclear são idênticos. Com isso, torna-se muito importante verificar como está sendo obtido o sucesso na capacitação daqueles que conduzem com segurança as usinas termo-nucleares de Angra 1 e 2, pertencentes à ELETROBRÁS TERMONUCLEAR SA – ELETRONUCLEAR, por se tratar da única instituição com acesso disponível para a MB. Os OR e OSR dessas usinas são capacitados no Centro de Treinamento da ELETRONUCLEAR, mediante o cumprimento de um plano de treinamento que prevê a realização de cursos teóricos, treinamento prático em reator de pesquisa, treinamento em serviço, treinamento no simulador e prova final de licenciamento. Para completar o programa, o OR deverá obter os conhecimentos de matemática, física clássica, diagramas esquemáticos, eletricidade, instrumentação e controle, princípio de detectores, física nuclear, teoria do reator, química da planta, transferência de calor, termodinâmica, equipamentos, ciência dos materiais, proteção radiológica (radioproteção), treinamento contra incêndio e segurança individual. O OSR deverá avançar mais no conteúdo teórico e treinamento, de modo a se qualificar na coordenação das tarefas dos OR (BÁRBARA, entrevista em apêndice). Ao final desse programa, o OR estará apto para manipular os controles de uma planta nuclear e o OSR estará apto para supervisionar as atividades daqueles. Releva mencionar que são cumpridas as exigências contidas NORMA CNEN-NN-1.01 e que o tempo previsto para a qualificação de um OSR é de 52 meses.

38 Após o término da capacitação, esses profissionais exercem suas atividades na Sala de Controle das usinas (figura 3 em apêndice). Finalmente, releva também destacar que, além do livre acesso ao programa de capacitação técnica, as instalações do Centro de Treinamento da ELETRONUCLEAR, em especial o simulador de reator, poderão ser utilizadas para o treinamento dos futuros submarinistas nucleares.

4.2

A capacitação de pessoal na Marinha da França A capacitação de oficiais submarinistas na Marinha Nacional Francesa (MNF) é

sistematizada em função de uma separação muito significativa na carreira: ou se segue na área de operações ou na área de máquinas. Assim, aquele que opta em ser operativo nunca poderá ser Chefe de Máquinas (CHEMAQ); por outro lado, aquele que opta em ser maquinista não concorrerá aos cargos de Imediato e de Comandante. A orientação dessas duas áreas já é realizada na Escola Naval (BECHLER, entrevista em apêndice). A primeira etapa na carreira do oficial, antes de iniciar o curso de submarinos, ocorre mediante a realização do curso de especialização no Centre d’Instruction Naval (CIN) Saint-Mandrier, com duração de quatro meses. Os maquinistas se especializam em mecânica e eletricidade, enquanto os operativos em eletrônica, comunicações e armamento. Em seguida, há o embarque de um ano em um navio de superfície, que consolidará o aprendizado inicial da profissão (BECHLER, entrevista em apêndice). Após o embarque, tem início na Ecole de Navigation de Sous Marine (ENSM) a formação em submarinos para os oficiais voluntários, cujo primeiro curso ministrado consiste nos conhecimentos básicos sobre o submarino, com duração de três semanas. Ao término deste, começa a capacitação de maquinistas e operativos de forma separada. Com relação aos primeiros, que estarão envolvidos posteriormente com as tarefas atinentes à condução da

39 planta nuclear, deverão ainda realizar o curso de qualificação com Oficial de Águas24, com duração de nove semanas, e embarcar em um submarino por um ano (BECHLER, entrevista em apêndice). Encerrada a formação básica de submarinos, inicia-se a capacitação nuclear na Ecole des Applications Militaires à l’Energie Atomique (EAMEA). Com a realização, durante um ano, de cursos em engenharia atômica, segurança nuclear e radioproteção, o oficial recebe o diploma de engenheiro atômico. Na sequência, é ministrado na CEA Cadarache25 e no simulador da ENSM o curso específico para a qualificação como supervisor de reator, com duração de sete meses (BECHLER, entrevista em apêndice). Antes de embarcar novamente em submarino, o oficial deverá realizar no CIN Saint Mandrier um curso específico para chefe de máquinas e logística, com duração de três semanas, e um curso específico de conhecimentos avançados em submarinos, com duração de aproximadamente quatro semanas na EAMEA. Para se tornar CHEMAQ, deverá permanecer embarcado entre três a quatro anos, exercendo as atividades afetas á IPN (BECHLER, entrevista em apêndice). Da análise do que foi apresentado, destaca-se que primeiramente é realizado o curso básico de submarinos, seguindo-se então a capacitação nuclear. Além disso, cumpre ressaltar que: o tempo de formação como submarinista é de dois anos e dez meses, incluindo evidentemente a nuclear, de um ano e sete meses; e, acrescentando-se o período de especialização e o embarque inicial da carreira, são despendidos aproximadamente quatro anos para um oficial oriundo da Escola Naval se tornar submarinista. Apesar de ter sido abordado de modo completo apenas a carreira dos maquinistas, o modelo francês exige que os oficiais operativos realizem um curso específico de segurança _____________ 24

Oficial de águas – serviço a bordo responsável pelo controle do submarino. CEA Cadarache - Centro de pesquisa da Comissão de Energia Atômica e Alternativas Energéticas. Disponível em www.cadarache.cea.fr. 25

40 nuclear e radioproteção, habilitando-os ao exercício do serviço no porto, e que os pretendentes ao cargo de Imediato realizem uma parte avançada desse curso, credenciando-os como encarregado da radioproteção e segurança nuclear (BECHLER, entrevista em apêndice). O processo de capacitação nuclear das praças da MNF começa com o recrutamento preferencial de profissionais oriundos de escolas técnicas e alistadas diretamente como terceiro-sargento (3º SG), embora haja também a possibilidade de serem aproveitados marinheiros (MN) de carreira. A formação inicial de sargento tem a duração média de nove meses e somente concorrerão ao programa nuclear as praças especializadas em mecânica e eletricidade (BECHLER, entrevista em apêndice). Semelhante ao que ocorre com oficiais, tem início em primeiro lugar a formação básica em submarinos na ENSM, com um tempo de duração de três anos e cinco meses para mecânicos e dois anos e cinco meses para eletricistas (BECHLER, entrevista em apêndice). Na sequência ocorre a capacitação nuclear, nas mesmas escolas e centros de treinamento citados anteriormente, com duração de dezessete meses para mecânicos e dezoito meses para eletricistas. Como requisito de carreira, deverão embarcar em submarino por um período mínimo de cinco anos para exercer as tarefas atinentes à operação dos circuitos primário, secundário e sistemas elétricos (BECHLER, entrevista em apêndice). Após esse tempo de embarque, a praça de mecânica poderá optar entre as funções de químico nuclear ou de supervisor do reator. A primeira função será alcançada ao se realizar em dezoito meses o curso de químico nuclear, dividido entre a ENSM, EAMEA e AREVA26, e operar a bordo nessa qualificação por um período mínimo três anos. Já a segunda exige cursos de engenharia atômica, segurança nuclear e radioproteção, com duração de um ano, dividido entre a EAMEA, ENSM e CEA Cadarache, e operação a bordo nessa qualificação _____________ 26

AREVA – conglomerado industrial francês. Disponível www.areva.com.

41 por um período mínimo de quatro anos (BECHLER, entrevista em apêndice). Da mesma forma, a praça eletricista poderá optar entre as funções de instrumentador nuclear ou de SR, idêntico ao descrito acima. No que se refere à primeira, são realizados os cursos de instrumentação nuclear e técnico de radioproteção, com duração de oito e quatro meses, respectivamente. O embarque em seguida é obrigatório, por um período mínimo de quatro anos (BECHLER, entrevista em apêndice). A análise da capacitação de praças permite destacar o tempo superior em relação ao de oficiais na formação básica como submarinista, o recrutamento de praças com o ingresso no posto de 3º SG e a divisão entre as especialidades de mecânico e eletricistas, orientando o desempenho das funções na IPN.

4.3

A capacitação de pessoal na Marinha dos EUA Diferentemente do que ocorre na MNF, na Marinha dos EUA não há distinção de

carreira entre oficiais submarinistas de operações ou de máquinas. Conforme já descrito anteriormente, o modelo norte-americano para o preparo de submarinistas nucleares foi idealizado e criado pelo Almirante Rickover, com forte ênfase na formação científica como requisito de operação deste meio naval. Assim, os voluntários para o curso de submarino, oriundos da Academia Naval em Anápolis ou da Officer Candidate School (OCS)27, realizarão cursos necessários à capacitação nuclear. Assim sendo, a formação começa justamente nessa capacitação e ocorre inicialmente em duas escolas, a Naval Nuclear Power School (NNPS) e a Nuclear Power Training Unit (NPTU). Na primeira é realizado o curso acadêmico de 24 semanas que fornece aos alunos a base de conhecimentos necessários para o entendimento teórico da propulsão _____________ 27

OCS - Officer Candidate School – escola de formação de oficiais, com duração de doze semanas. Disponível em www.navy.com.

42 nuclear. Na segunda é realizado o treinamento de 26 semanas em um protótipo de planta nuclear em escala real, onde são aplicados os conceitos aprendidos na NNPS. Após a conclusão desse programa de treinamento, o oficial é considerado “Nuclear Trained” (US NAVY, 2011a). Em sequência a essa formação nuclear inicial, tem início na Naval Submarine School (NSS)28 o “Submarine Officer Basic Curse” (SOBC), curso de operação básica de submarinos com duração de doze semanas, que habilita o oficial a exercer a função de encarregado de divisão a bordo. Este curso é semelhante ao que é ministrado na MB, onde são ensinadas disciplinas como manobra, sensores, armamento e operações (US NAVY, 2011a). Terminada a fase acadêmica em terra, o oficial embarca em um submarino para realizar o programa de qualificação, que tem a duração de três anos. Durante os dois anos iniciais é entendido o funcionamento de toda a IPN e demais sistemas de bordo; no último ano o oficial exerce efetivamente a função de Encarregado da Divisão de Máquinas. Ao final desse programa de qualificação, o oficial recebe o distintivo de submarinista e é considerado “Engineer Officer” (US NAVY, 2011a). Com relação à carreira em si, são previstos períodos intercalados servindo a bordo e em terra, porém sempre mantendo a qualificação na área nuclear, condição esta necessária para exercer os cargos de Imediato e Comandante (US NAVY, 2008). Da análise do método norte-americano para a capacitação de oficiais, destaca-se o tempo de duração de aproximadamente quatro anos e três meses e a realização em primeiro lugar dos cursos nucleares, antes do básico de submarinos. A capacitação de praças é semelhante à dos oficiais, pois também realizam os cursos nas NNPS, NPTU, NSS e a qualificação embarcado. Antes disso, porém, realizam um curso de nivelamento teórico (US NAVY, 2011b). _____________ 28

NSS - Naval Submarine School – Escola de submarinos. Disponível em www.navy.com.

43 4.4

A capacitação de pessoal na Marinha do Reino Unido Na Marinha do Reino Unido, assim como na MNF, há uma separação muito

significativa na carreira dos oficiais: ou se segue na área de operações ou na área de máquinas. Isto implica na realização de formação distinta e que somente os oficiais operativos atingirão os cargos de Comandante e Imediato, ao passo que aos oficiais maquinistas é permitido atingir o cargo máximo de CHEMAQ. Assim, de acordo com a abordagem desse trabalho, necessitase apenas analisar o processo de capacitação desses últimos, que estarão envolvidos mais diretamente com a condução nuclear. O ingresso dos oficiais de máquinas na Marinha britânica é realizado mediante concurso para aqueles que já possuem a graduação em engenharia. A capacitação tem início com a realização por oito meses do treinamento básico no BRNC29. Nessa escola o oficialaluno recebe o treinamento que o habilitará a embarcar posteriormente em um navio pequeno, quando então, durante dez semanas, serão praticados os conhecimentos adquiridos (UK ROYAL NAVY, 2009a). Após esse treinamento básico, o oficial ingressa na HMS Sultan30, onde será capacitado para operar e manter um reator nuclear, ganhando ao final de dez meses o diploma em Tecnologia de Reator Nuclear (UK ROYAL NAVY, 2009a). A capacitação efetiva como submarinista começa com o ingresso na HMS Raleigh31, quando são ensinados em quatro meses todos os aspectos relacionados à operação de submarinos, e termina com a qualificação também de quatro meses a bordo de um _____________ 29

BRNC -Britannia Royal Naval College – Equivalente britânico á Escola Naval da MB. Disponível em www.royalnavy.mod.uk. 30 HMS Sultan - Her Majestic Ship Sultan.Apesar de significar um navio, trata-se de uma escola. Disponível em www.royalnavy.mod.uk. 31 HMS Raleigh – Her Majestic Ship Raleigh. Apesar de significar um navio, trata-se de uma escola. Disponível em www.royalnavy.mod.uk.

44 submarino. Ao término dessas etapas, o oficial recebe o distintivo de submarinista e estará apto para executar as tarefas dentro da divisão de máquinas do submarino. Para ascender à função de Chefe de Máquinas é necessário realizar mais um curso de dois meses (UK ROYAL NAVY, 2009a). A capacitação das praças tem início com o treinamento básico de nove semanas na HMS Raleigh. Concluído esse treinamento, segue-se a realização nessa mesma escola do curso básico de operação de submarinos, com duração de quatro meses. Após concluir essas duas etapas, a praça inicia um curso de quatro meses na HMS Sultan para a formação de máquinas, inclusive a nuclear, seguido de um período de qualificação a bordo, com duração de seis meses (UK ROYAL NAVY, 2009b). Além da significativa separação da carreira de oficiais de operações e máquinas, a análise da formação na Marinha do Reino Unido permite fazer as seguintes considerações: - Há uma inversão na capacitação nuclear e a básica de submarinos entre oficiais e praças: os oficiais realizam primeiramente a nuclear para depois realizar a de submarinos, enquanto as praças realizam primeiramente a de submarinos para depois realizar a nuclear; e - O tempo de capacitação nuclear de praças é menor em sala de aula em relação aos oficiais. Releva mencionar também o tempo relativamente curto de capacitação do submarinista nuclear, em comparação com as demais Marinhas. No caso específico dos oficiais, parece haver uma compensação para essa defasagem, pois são admitidos na Marinha com a graduação em engenharia. O quadro abaixo apresenta uma análise comparativa de capacitação de submarinistas nucleares entre as três Marinhas abordadas:

Oficiais:

45

FRANÇA

EUA

REINO UNIDO

Escola Naval e Treinamento Escolas de Origem do oficial

Escola Naval

básico na Escola formação de Naval oficiais

Necessidade de curso de aperfeiçoamento antes do

Sim. Ingresso na Sim (mecânica)

Não

curso de submarinos

Marinha como engenheiro

Tempo de capacitação na área

Um ano e sete

Cinquenta

nuclear

meses

semanas

Dois anos e dez

Quatro anos e

Um ano e seis

meses

três meses

meses

Sim

Não

Sim

1º - básico de

1º - nuclear.

1º - nuclear.

submarinos.

2º - básico de

2º - básico de

2º - nuclear

submarinos

submarinos

Dez meses

Tempo total de capacitação como submarinista (incluindo a nuclear) Qualificação distinta entre operativos e maquinistas

Sequência da capacitação

Com relação às praças, os tempos de capacitação são semelhantes aos dos oficiais e a sequência também é a mesma, exceto na Marinha do Reino Unido, onde ocorre uma inversão, já citada anteriormente.

5

A CAPACITAÇÃO DE PESSOAL NA MB O preparo profissional da tripulação de um submarino com propulsão nuclear, bem como de todo o pessoal envolvido de alguma forma no projeto, é condição sine qua non para o sucesso do empreendimento. Dessa forma, capacidades humanas deverão ser expandidas e reformuladas (MACHADO, 2010, p.12).

A partir da análise das questões técnicas envolvidas na operação de um submarino nuclear, mais especificamente da IPN, e dos modelos adotados pelas marinhas dos EUA, França e Reino Unido e da ELETRONUCLEAR para a capacitação de pessoal, é possível estabelecer um modelo para a MB. Antes, porém, faz-se necessário abordar alguns aspectos que influenciam nesse trabalho. Inicialmente, percebe-se de forma bem clara uma distinção entre o modelo norteamericano e os modelos da França e do Reino Unido. Na Marinha dos EUA todos os oficiais têm a capacitação nuclear e as mesmas possibilidades de ascensão na carreira ao se manter atualizada essa qualificação. Assim, independente de exercer tarefas intercaladas nos setores de máquinas ou de operações, todos podem ser Imediatos e Comandantes. Já nas outras duas Marinhas, somente os oficiais que optarem pelo serviço de máquinas tem a formação nuclear completa, porém não podem ascender aos dois cargos máximos. Não há dúvida que ambos podem ser adotados na MB, visto que as forças de submarinos desses países, exclusivamente nucleares, reputam de grande e inquestionável prestígio. Entretanto, no entendimento do autor, é mais adequado seguir o modelo norteamericano, pelas seguintes razões: - este modelo, no que se refere exclusivamente à carreira, é muito semelhante ao que ocorre na nossa Marinha, visto que os submarinistas brasileiros têm as mesmas oportunidades, independente da experiência em máquinas ou operações. Assim, haveria menor impacto no Plano de Carreira dos Oficiais da Marinha (PCOM), além de ser desconsiderada

47 alguma forma de falta de estímulo e motivação por determinada opção; e - a operação segura do primeiro SN-BR é crucial para a credibilidade do nosso País perante a comunidade internacional e o prosseguimento do Programa Nuclear da Marinha (PNM)

32

, o que torna prioritário, no primeiro instante, saber conduzir eficazmente a planta

nuclear, em detrimento do desenvolvimento de doutrinas e procedimentos operacionais de alto nível. Pode-se pensar, diante dessa diferença destacada, que os franceses e britânicos são mais operativos que os norte-americanos, o que parece improvável e mesmo impossível de se afirmar. Independente de conjecturas, há que se considerar como relevante o pioneirismo da Força de Submarinos da Marinha dos EUA e, mais importante, que o embarque do maior número de oficiais peritos na questão nuclear propiciará maior segurança e maior espírito de equipe. Outro aspecto refere-se ao fato de que, a partir de 2022 (data prevista de entrega do primeiro SN-BR) e até 2050, a nossa Marinha estará operando com submarinos convencionais e nucleares (DIAS, 2011). Isto implica, evidentemente, que teremos submarinistas convencionais e nucleares, com formação distinta. No que concerne à primeira tripulação do SN-BR, esta deverá ser selecionada, por razões óbvias, entre os convencionais com larga experiência e ser capacitada nos seus diversos níveis. Entretanto, após a consolidação da experiência nuclear, devem-se considerar dois caminhos a serem seguidos como modelo definitivo pra a capacitação dos submarinistas nucleares: - uma formação inicial em submarino convencional para todos os candidatos e depois prosseguir com a formação nuclear para aqueles que tripularão os submarinos _____________ 32

PNM - Programa que está sendo desenvolvido pelo CTMSP com o propósito de estabelecer a competência técnica autóctone para projetar, construir, comissionar, operar e manter reatores do tipo PWR (BRASIL, 2007c).

48 nucleares; e - realização de formação distinta desde o começo, ou seja, os candidatos a convencionais estudam e qualificam este tipo de submarino, enquanto os candidatos a nucleares estudam e qualificam somente o SN-BR. A escolha de uma ou outra opção é difícil de ser apontada no presente, pois esta passa obrigatoriamente em saber operar submarinos nucleares, o que não dominamos ainda, mesmo que diversos oficiais já tenham embarcado nos mesmos, inclusive o próprio autor, e haja uma vasta bibliografia a respeito do assunto. Contudo, se forem considerados apenas os requisitos de custo e tempo, a primeira opção se apresenta desvantajosa, pois os nucleares despenderão um ano qualificando o submarino convencional antes de iniciar a formação nuclear. Assim, no desenvolvimento de propostas pelo autor para a capacitação de submarinistas nucleares, seguir-se-á como orientação o modelo adotado pela marinha norteamericana e a formação distinta entre submarinistas nucleares e convencionais, exceto no que concerne à capacitação da primeira tripulação. Por último, é importante destacar que a formação dos submarinistas nucleares deverá seguir as exigências estabelecidas pelas normas da CNEN.

5.1

Modelo de capacitação da primeira tripulação do SN-BR O treinamento da primeira tripulação do Nautilus, selecionada com militares

oriundos dos submarinos convencionais, começou em 1951 (POLMAR, ALLEN, 1982), o que demonstra que durou aproximadamente três anos. Embora este período sirva como uma importante referência, não atende totalmente aos requisitos impostos pelas normas da CNEN, neste caso específico, o tempo de 42 meses exigido para a qualificação de um SR no nível médio.

49 No que diz respeito à capacitação da primeira tripulação do SN-BR, o primeiro e crucial passo já foi dado pela MB, com o início da construção do Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE) no Centro Experimental de Aramar (CEA)33 e término previsto em 2014. Este laboratório será um protótipo em terra, similar à IPN do SN-BR e funcionará como local de treinamento. Conforme Guimarães (1997b): Todos os países que desenvolveram estas instalações (navios com propulsão nuclear) o fizeram a partir de protótipos em terra. O caráter indispensável destes protótipos impõe-se pela inerente complexidade tecnológica dos navios nucleares, cuja operação deverá ser SEGURA, de modo a tornar-se socialmente aceitável, e EFICIENTE, para ser militarmente justificável. (GUIMARÃES, 1997b, p. 176).

Outro passo importante também já foi dado, com o início da preparação de um grupo de oficiais e praças voluntários para operarem o LABGENE. Esta será dividida em vários lotes, abrangendo as matérias de nivelamento básico, como matemática, física e química, e todas aquelas necessárias para operação deste protótipo de planta nuclear. O último lote prevê o treinamento em simulador da ELETRONUCLEAR (MARQUES, entrevista em apêndice). Assim, esse treinamento vai propiciar: - determinar as necessidades de capacitação prévia para o pessoal que irá cursar a área nuclear; e - aperfeiçoar os currículos dos cursos, que serão apresentados a seguir, tanto em conteúdo como em duração. Como efeito prático dessa medida, já foi constatado a dificuldade no aprendizado das matérias básicas citadas acima por algumas praças, necessitando a repetição de aulas (informação verbal)34. _____________ 33

CEA – organização localizada no município de Iperó, SP, pertencente ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (BRASIL, 2008a). 34 Palestra proferida para o Curso de Política e Estratégia Marítimas em 14 de julho de 2011, pelo ViceAlmirante (EN) Carlos Passos Bezerril, Diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo

50 Além dessas medidas em andamento, a construção de um centro de instrução nuclear, com sede no próprio CEA, cujo nome oficial será Centro de Instrução e Adestramento Nuclear de Aramar (CIANA) (WIEMER, 2011), reveste-se da maior importância. Nesse centro de instrução deverão ser realizados os cursos e treinamentos para a capacitação nuclear. Antes, porém, faz-se necessário abordar um aspecto relevante com relação às características de especialização das praças da MB. De acordo com o previsto no Plano de Carreira de Praças da Marinha (PCPM), é natural associar as praças do Corpo de Praças da Armada (CPA), especializadas em Máquinas (MA), Motores (MO), Caldeiras (CA), Eletricidade (EL) e Comunicações Interiores (CI), como aquelas que possuem as qualificações mais apropriadas para se voluntariarem ao programa de capacitação nuclear. Além disso, torna-se também natural correlacionar o desempenho da função de operador dos circuitos primário e secundário com as praças MA, MO e CA, e o desempenho da função de operador dos sistemas elétricos com as praças EL e CI, vislumbrando-se uma formação distinta de mecânicos e eletricistas, à semelhança do modelo francês. Entretanto, a legislação brasileira assim não permite, pois a norma CNENNN-1.01 estabelece o licenciamento de OR de forma única, conforme visto anteriormente, abrangendo toda a instalação nuclear. Diante dessa peculiaridade, torna-se razoável criar um quadro especial de praças nucleares, englobando todas as cinco especialidades citadas acima. Estes ingressariam na MB diretamente na graduação de 3º SG, mediante a realização de concurso que selecione o pessoal com formação adequada para atender as demandas da área nuclear. De qualquer forma, a composição atual do CPA não impede o prosseguimento da capacitação dos futuros submarinistas nucleares, exigindo apenas que todos realizem a formação única como OR, qualificando-os na operação dos painéis dos circuitos primário, secundário e sistemas elétricos.

51 Assim sendo, os seguintes cursos deverão ser realizados pelo Comandante e pela primeira tripulação do SN-BR: - Curso de nivelamento básico de matemática, física e química - este curso deverá ser realizado pelo Comandante e pela tripulação para nivelar os conhecimentos dessas disciplinas, necessárias para o prosseguimento dos cursos específicos da capacitação nuclear; - Curso de Operação do Circuito Primário - ministrar os conhecimentos sobre a operação do reator nuclear e do circuito primário. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças nas especialidades MA, CA, MO, EL e CI, com duração a ser estabelecida; - Curso de Operação do Circuito Secundário - ministrar os conhecimentos sobre a operação do circuito secundário do reator nuclear. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças nas especialidades de MA, CA, MO, EL e CI com duração a ser estabelecida; - Curso de Operação dos Sistemas Elétricos - ministrar os conhecimentos sobre a operação dos motores elétricos e das auxiliares. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças nas especialidades de MA, CA, MO, EL e CI, com duração a ser estabelecida; - Curso de Radioproteção - ministrar os conhecimentos sobre o monitoramento de ambiente nuclear e medidas de emergência em caso de acidente nuclear. Deverá ser realizada pelo Comandante, oficialidade e as praças envolvidas com a qualificação na IPN, com duração a ser estabelecida; - Curso de Supervisão de Radioproteção – ministrar os conhecimentos necessários para exercer a supervisão do Serviço de Radioproteção. Deverá ser realizado pelo oficial designado para exercer a Supervisão de Radioproteção, nesse caso preferencialmente o CHEMAQ;

52 - Curso de Química Nuclear - ministrar os conhecimentos sobre o controle da qualidade e do tratamento da água dos circuitos primário e secundário. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças já cursadas no circuito primário, secundário e sistemas elétricos, designadas para exercerem a função do químico nuclear, com duração a ser estabelecida; - Curso de Instrumentação Nuclear - ministrar os conhecimentos sobre a instrumentação nuclear. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças já cursadas nos circuitos primário, secundário e sistemas elétricos designadas para exercerem a função de instrumentador, com duração a ser estabelecida; - Curso Básico de Radioproteção - ministrar os conhecimentos sobre o monitoramento de ambiente nuclear e medidas de emergência em caso de acidente nuclear. Deverá ser realizado por todas as praças das demais áreas não nucleares do SN-BR, com duração a ser estabelecida; e - Treinamento no LABGENE – realizar o treinamento prático de todos os conhecimentos adquiridos nos cursos teóricos. Deverá ser realizado pelo Comandante, oficialidade e praças cursadas na área nuclear, com duração de seis meses. Apesar de não estar inserido na capacitação da operação da IPN, um Curso Especial para Enfermeiro na área nuclear é requisito obrigatório para este profissional que tripulará o SN-BR. Ao término desses cursos, os militares deverão realizar obrigatoriamente os exames na CNEN para obter os certificados de licenciamento para OR e SR. O oficial designado para exercer a supervisão do serviço de radioproteção deverá obter o certificado correspondente. De certa forma, configura-se aqui uma contrariedade com a NORMA CNENNN-1.01, pois o licenciamento é específico para um determinado tipo de instalação nuclear, nesse caso o SN-BR, que ainda não estará disponível. Contudo, essa incompatibilidade deverá

53 ser superada de forma incondicional, pois cabem a esses mesmos militares realizarem todos os testes iniciais da propulsão, tanto em terra como no mar, em conjunto com a sua própria qualificação. Encerrada a capacitação nuclear, o Comandante e a tripulação deverão ser preparados para aprender e qualificar a operação do SN-BR como um todo. Este aprendizado será semelhante ao que é realizado atualmente no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átila Monteiro Aché (CIAMA) para a formação dos submarinistas, ou seja, será ministrado um curso que ensina o funcionamento de todos os sistemas e equipamentos de bordo. Para poder dimensionar o tempo de duração do mesmo, o Curso de Aperfeiçoamento de Submarinos para Oficias (CASO), com seis meses em sala de aula e seis meses de qualificação a bordo, e o Curso de subespecialização de submarinos para praças (C-Subespec), com três meses de sala de aula e três meses de qualificação a bordo, servem de referência. Além disso, deverão ser ministrados os conhecimentos sobre controle de avarias em um submarino nuclear. Nesse ponto, nota-se a difícil adequação entre a capacitação do pessoal frente à disponibilidade do meio para o seu conhecimento e qualificação. De qualquer forma, não é possível escapar da obrigatoriedade de se cumprir essa fase de formação em sobreposição ao último ano de construção do SN-BR e concomitantemente com a realização dos primeiros testes no mar. Ademais, deve-se considerar também que o SN-BR terá dois comandantes e duas tripulações (WIEMER, 2011), a exemplo do que ocorre nas marinhas aqui citadas. Assim, no que se refere a tudo que foi escrito acima, deve-se dobrar o número de militares envolvidos. Por fim, em que pese a baixa disponibilidade de oficiais e praças submarinistas para atender as atuais demandas da MB fora do âmbito do Comando da Força de Submarinos, é conveniente iniciar a capacitação de pessoal na área nuclear o mais breve possível (proposta

54 do autor: 2013), para um número reduzido de oficiais e praças submarinistas, com as seguintes justificativas: - criar massa crítica35 para o guarnecimento do SN-BR e de outras funções não afetas à operação direta do submarino, mas que requerem pessoal com formação nuclear (base, estaleiro, esquadrões e centros de instrução); - determinar as necessidades de capacitação prévia para o pessoal que irá cursar a área nuclear (já citada anteriormente, com relação ao pessoal do LABGENE); - aperfeiçoar os currículos dos cursos, tanto em conteúdo como em duração (já citada anteriormente, com relação ao pessoal do LABGENE); - obter elementos que auxiliem o futuro processo de seleção de pessoal; - possibilitar o início do recrutamento para o Quadro Técnico de Praças da Armada (QTPA)36 (WIEMER, 2011), permitindo verificar o funcionamento da solução; - facilitar na administração da carreira dos militares, tendo em vista que não há prazo para a conclusão da capacitação. Com relação ao Comandante e demais oficias e praças envolvidos com a capacitação nuclear para guarnecer o SN-BR, o autor considera adequado iniciá-la cinco anos antes da sua prontificação, o que determina o ano de 2017. Esta observação leva em conta o tempo de quatro anos para se atingir a máxima qualificação nuclear (SR, químicos nucleares e instrumentadores) e um ano para atender a qualificação da plataforma como um todo, conforme já citado anteriormente. Desse comentário, extrai-se um dado pertinente para o planejamento da carreira do Comandante e do Imediato: a experiência anterior em submarino convencional, nos postos de Capitão-de-Fragata (CF) e Capitão-de-Corveta (CC) respectivamente, provocará a ocupação desses cargos no SN-BR nos postos de Capitão-de_____________ 35

Massa crítica – em sociologia significa o número de indivíduos a partir do qual um fenômeno adquire uma dinâmica que o permite ser sustentável e crescer por si próprio. Disponível em www.dicio.com.br. 36 QTPA – quadro que será criado no futuro para permitir o ingresso na MB na graduação de 3ºSG.

55 Mar-e-Guerra (CMG) e CF.

5.2

Modelo de capacitação de submarinistas nucleares A proposta de modelo de capacitação de submarinistas nucleares tem como

premissa básica e condicional a disponibilidade do primeiro SN-BR em pleno emprego operativo, o que está previsto para ocorrer em 202437 (WIEMER, 2011). A abordagem será de forma sequencial, enfatizando os cursos e as qualificações necessárias para a ascensão na carreira, tanto para oficiais como para praças. - Oficiais: A capacitação dos oficiais começará no segundo ano de Segundo-Tenente para oficiais oriundos da Escola Naval e do Quadro Complementar do Corpo da Armada (QC-CA), voluntários para realizar o Curso de Aperfeiçoamento de Submarino Nuclear para Oficiais. Destaca-se aqui, em consonância com a observação feita no preâmbulo da proposição de modelos de capacitação, a nítida separação entre oficiais nucleares e convencionais, pois estes últimos realizarão o CASO. Os candidatos iniciarão a formação acadêmica no CIANA, onde serão ministrados, no período de seis meses, os seguintes cursos: Curso de Operação do Circuito Primário, Curso de Operação do Circuito Secundário, Curso de Operação de Circuitos Elétricos e Auxiliares e Curso de Radioproteção. Em seguida é realizado, em um período de seis meses, o treinamento prático no protótipo da IPN no LABGENE. Encerrada a formação nuclear inicial, os oficiais serão transferidos para o

_____________ 37

O cronograma do 1º SN-BR prevê o término da construção em 2022 e o início do período operativo em 2024. No intervalo entre essas duas datas serão realizados os teste no mar e a avaliação operativa.

56 CIAMA38 para realizar o Curso Básico de Submarino Nuclear, com duração estimada de seis meses, incluindo o Curso de Controle de Avarias. Torna-se relevante frisar que este centro de instrução deverá estar adaptado a desenvolver as atividades ligadas a área nuclear, pois o controle de avarias pressupõe também o combate a emergências nucleares. Após o período acadêmico, terá início a qualificação a bordo do SN-BR, composta de um ano e seis meses acompanhando as atividades na IPN e três meses nos demais setores. Ao término do embarque, o oficial deverá realizar obrigatoriamente o exame na CNEN para obter o licenciamento para OR, cuja aprovação garantirá o recebimento do distintivo de submarinista, além da própria conclusão do curso de aperfeiçoamento. Percebe-se que essa proposta estabelece o tempo de três anos e três meses (39 meses) para a formação de um submarinista nuclear. Ao descontar os noves meses de formação não nuclear, ficam garantidos os trinta meses de experiência nuclear exigidos pela NORMA CNEN-NN-1.01. Mesmo assim, é possível supor que ajustes de tempo deverão ser realizados, conforme seja desenvolvido o programa de capacitação, porém devendo sempre atender a norma supracitada. Na sequência, o oficial deverá permanecer embarcado por três anos exercendo atividades na IPN. Ao final desse período, prestará o exame na CNEN para obter o licenciamento de SR. Em prosseguimento ao período de embarque, continuará executando tarefas relacionadas ao Departamento de Máquinas por um ano, para depois começar a qualificação no Departamento de Operações, de modo a ganhar experiência operativa. Cabe ressaltar que o tempo máximo de afastamento da atividade nuclear é de dois anos, de modo a não perder o licenciamento nuclear. O próximo passo da carreira será dado com a realização do Curso para preparação _____________ 38

O CIAMA será transferido para a nova Base de Submarinos, que está sendo construída no município de Itaguaí, RJ.

57 de Chefe de Máquinas, com duração de um ano. Neste serão ministrados os Cursos de Química Nuclear, Instrumentação Nuclear e Supervisão de Radioproteção, a serem realizados no CIANA. Ao término desse curso, o oficial deverá realizar o exame para obter o certificado de Supervisor de Radioproteção, de acordo com o previsto na NORMA CNEN-NN-3.03. Além disso, estará habilitado para exercer a função de CHEMAQ. Evidentemente que, no prosseguimento da carreira, este oficial deverá embarcar e assim permanecer como CHEMAQ no mínimo por um ano, no posto de Capitão-Tenente (CT) ou CC. Este tempo de embarque será o requisito para em seguida exercer o cargo de Imediato. Este cargo será exercido por um período de dois anos, no posto de CC, o que habilitará o oficial para realizar o Estágio de Qualificação para Futuros Comandantes no CIAMA. Atualmente, este estágio tem a duração de três meses, porém, por se tratar de um submarino nuclear, é cabível estabelecer um período maior. Por fim, na última etapa como submarinista nuclear embarcado, o oficial assumirá o comando de um SN-BR no posto de CF, onde permanecerá ao longo de dois anos. - Praças: A capacitação de praças submarinistas possui um aspecto que a diferencia em relação aos oficiais, pois somente aqueles envolvidos na operação da IPN terão a capacitação nuclear. Desse modo, fica claro que o tempo dispendido pelos maquinistas nucleares para conclusão do curso de submarinos será bem superior ao dos demais, que realizarão uma qualificação semelhante a atual para submarinos convencionais. As praças na graduação de Cabo (CB), das especialidades CA, MA, MO, CI e EL, iniciarão o Curso Subespecialização de Submarinos Nucleares para Praças (C-SubespecN) no CIANA com aulas de nivelamento nas matérias de matemática, física e química, com o tempo não superior a três meses. Em seguida iniciarão a formação específica na área nuclear, com a

58 realização, no período de seis meses, dos seguintes cursos: Curso de Operação do Circuito Primário, Curso de Operação do Circuito Secundário, Curso de Operação dos Sistemas Elétricos e Curso de Radioproteção. A próxima etapa consiste na realização, por um período de seis meses, do treinamento prático no protótipo da IPN no LABGENE. Encerrada a formação nuclear inicial, as praças serão transferidas para o CIAMA para realizar o Curso Básico de Submarino Nuclear, com duração de três meses, incluindo o Curso de Controle de Avarias. Após o período acadêmico, terá início a qualificação a bordo do SN-BR, composta de dois anos e três meses acompanhando as atividades na IPN. Ao término do embarque, a praça deverá realizar obrigatoriamente o exame na CNEN para obter o licenciamento para OR, cuja aprovação garantirá o recebimento do distintivo de submarinista, além da própria conclusão do curso de subespecialização. Essa proposta estabelece o tempo de três anos e nove meses (45 meses) para a formação de uma praça submarinista nuclear. Ao descontar os três meses de formação não nuclear, ficam garantidos os 42 meses de experiência nuclear exigidos pela NORMA CNENNN-1.01. Semelhante ao que ocorre com os oficiais, é possível supor que ajustes de tempo deverão ser realizados, conforme seja desenvolvido o programa de capacitação, porém devendo sempre atender a norma supracitada. No prosseguimento da carreira, os novos submarinistas nucleares embarcarão para executar os serviços na IPN, em um tempo mínimo de dois anos. Ao final desse período, prestarão o exame na CNEN para obter o licenciamento de SR e alguns poderão optar pela realização dos seguintes cursos no CIANA, em um número compatível com as necessidades do serviço: - Curso de química nuclear - com duração de um ano; e

59 - Curso de instrumentação nuclear - com duração de um ano. Para consolidar a capacitação adquirida, o militar deverá embarcar novamente por um período mínimo de três anos. A carreira das praças submarinistas nucleares envolvidas com a IPN deverá ser estruturada de modo a prever períodos intercalados entre o exercício de funções a bordo e em terra. Entretanto, o licenciamento terá validade de dois anos e sua renovação estará condicionada ao cumprimento de um programa de treinamento aprovado pela CNEN, conforme estabelecido na NORMA CNEN-NN-1.01. No que se tange às praças submarinistas não envolvidas com a IPN, essas realizarão apenas o Curso Básico de Submarinos Nucleares no CIAMA e o Curso Básico de Radioproteção no CIANA. Neste caso, é preciso que fique claro que essas praças, apesar de não possuírem a capacitação nuclear, embarcarão apenas em submarinos nucleares, ganhando o status de submarinistas nucleares. Dessa forma, é necessário que o curso de submarinos ministre também os conhecimentos básicos sobre o funcionamento da IPN, o que provoca um aumento no seu tempo de realização, comparado aos três meses do curso para os maquinistas nucleares.

6

CONCLUSÃO O SN-BR será projetado para utilizar o reator nuclear do tipo PWR, que é o mais

empregado em submarinos em virtude da sua flexibilidade, facilidade de operação e simplicidade de construção. Composto basicamente de um circuito primário e secundário, este reator faz parte da IPN, cuja função é fornecer a energia necessária à propulsão do navio e à produção de energia elétrica para consumo interno. O princípio de funcionamento de uma instalação nuclear em terra é o mesmo de uma IPN, porém, as características inerentes a um submarino, dentre elas, o espaço restrito, a manobrabilidade em três dimensões e a finalidade para o combate, impõe requisitos de projeto, construção e operação mais rigorosos para se evitar os acidentes nucleares. Por conseguinte, eleva-se o nível de capacitação exigido para os seus tripulantes. Diante desse quadro de complexa tecnologia, ficou evidenciado que os militares voluntários para ingressar no rigoroso programa de capacitação nuclear deverão possuir uma adequada formação acadêmica. Além disso, configurou-se a necessidade de se capacitar militares em perfeito estado de saúde e psicológico para tripular um meio naval que realiza prolongadas viagens e que possui no seu confinamento um reator nuclear, cujas consequências decorrentes de um acidente nuclear elevam sua periculosidade. As marinhas que possuem submarinos nucleares superaram esse desafio, porém a pujança e o pioneirismo norteamericano se destacaram. A sistemática introduzida pelo Almirante Rickover nos anos cinquenta, ainda em uso naquela Marinha, revelou em seus pormenores alguns motivos do sucesso alcançado. Assim, inseridas nesse contexto, as descrições das tarefas realizadas para a condução de uma IPN, balizadas pelos condicionantes da legislação brasileira, permitiram associar as exigências profissionais com as propostas de capacitação dos tripulantes do SNBR.

61 Em função dessa complexidade e do ineditismo, tornou-se indispensável verificar como ocorre a capacitação de pessoal para operação de reatores nucleares civis e navais. Nesse sentido, os procedimentos adotados pela ELETRONUCLEAR revelaram-se muito importantes, além de ensejar a possibilidade de utilização de sua própria estrutura para o treinamento dos futuros submarinistas nucleares. Por outro lado, a análise dos modelos adotados pelas Marinhas dos EUA, França e Reino Unido para a capacitação dos submarinistas nucleares serviu de orientação para a proposição de um modelo brasileiro. Desta feita, o procedimento norte-americano, cuja fundamentação reside na capacitação de todos os oficiais como operadores nucleares, foi o escolhido como referência por ser o mais apropriado e adaptável às necessidades da MB. Assim sendo, tendo-o como base teórica, o autor propôs dois modelos. O primeiro aborda a capacitação específica da primeira tripulação do SN-BR, que deverá ser selecionada entre os submarinistas convencionais com larga experiência. Os oficiais e as praças que exercerão as atividades na IPN deverão realizar no CIANA os cursos relacionados com o entendimento de seu funcionamento, licenciando-os todos como OR e técnicos de radioproteção, e alguns como SR, supervisores de radioproteção, químicos nucleares e instrumentadores nucleares. As demais praças não envolvidas com a capacitação nuclear deverão obter os conhecimentos básicos de operação da IPN e radioproteção. A qualificação final do Comandante e da tripulação para a operação do 1º SN-BR dependerá, evidentemente, de sua prontificação, prevista para ocorrer em 2022. O segundo apresenta a capacitação dos submarinistas nucleares a partir da disponibilidade do primeiro SN-BR em pleno emprego operativo, o que está previsto para ocorrer em 2024. Os cursos para a capacitação nuclear são destacados de acordo com a sequência da carreira, evidenciando também os períodos de tempo necessários para atender as exigências impostas pelas normas da CNEN.

62 Assim sendo, o autor acredita que a proposição desses dois modelos poderá contribuir para a superação das dificuldades que estão por vir, decorrentes da necessidade de se operar com segurança um meio naval que envolve complexa e restrita tecnologia. A capacitação de tripulações altamente especializadas compõe um fator decisivo para se alcançar e manter o sucesso que almejamos para o submarino nuclear brasileiro.

63 REFERÊNCIAS

BEZERRIL, Carlos Passos. Apresentação ao C-PEM 2011. Palestra proferida no Centro Experimental de Aramar, Iperó, SP, 14 jul. 2011.

BRASIL. CENTRO TECNOLÓGICO DA MARINHA EM SÃO PAULO – CTMSP. 2008a. Disponível em: . Acesso em 20 jun. 2011.

______. Comando da Marinha. Plano de Carreira de Oficiais da Marinha: PCOM. 8. rev. Brasília, 2007a.

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ZIMMERMAN, Stan. Submarine Tecnology for the 21st. Century. Pasha Publications Inc. Arlington, 1990.

67

APÊNDICE A ILUSTRAÇOES

Figura 1 – REATOR NUCLEAR TIPO PWR

Figura 2 – INSTALAÇÃO PROPULSORA NUCLEAR

68

Figura 3 – SALA DE CONTROLE DE ANGRA 1

69 APÊNDICE 1 ENTREVISTA - 1

IDENTIFICAÇÃO: POSTO E NOME:

CMG (EN) André Luis Ferreira Marques

FUNÇÃO:

Coordenador do Programa de Propulsão Nuclear

ORGANIZAÇÃO:

CTMSP

Entrevista realizada por correio eletrônico em 13 de junho de 2011.

QUESTIONÁRIO:

1) No que tange à operação de uma Instalação Propulsora Nuclear (IPN) típica de um submarino (PWR), quais as dificuldades e diferenças em relação a uma instalação em terra? (exemplo: quais as dificuldades impostas aos operadores da planta nuclear pelas inclinações de casco e pela variação de velocidade?). As instalações navais (sejam de SN ou navios de superfície) possuem tempos de respostas muito menores do que usinas de terra. Em síntese, podemos dizer que há alterações muito rápidas de potência, rotação, vazão de vapor, entre outros, o que não é comum em usinas nucleares de terra. Comparando-se, um SN está para um carro de fórmula um ou um avião de caça, enquanto uma usina de terra é mais próxima de um navio mercante viajando em longo curso. A consequência disso é uma maior exigência dos operadores para acompanhar, antecipar e atuar em uma série de sistemas, de forma muito dinâmica e ampla, para que seja cumprida a ordem de máquina do SN.

70 2) Em função das dificuldades e diferenças descritas acima, as exigências profissionais dos operadores de uma IPN de um submarino são maiores que as dos operadores de uma instalação em terra, como Angra 1 e 2, por exemplo? Quais são elas? No caráter técnico, por causa das características em epígrafe, afirmamos que os operadores de reatores navais precisam ter um treinamento diferenciado, ou mais exigente com relação ao conhecimento técnico e aptidão para os serviços, do que existe para a parte de terra, porque o tempo de reação exigido é menor; os envelopes de segurança são parecidos, mas a amplitude destes para um SN é menor do que em uma usina. Afinal, se as fainas não saírem corretas em uma usina de terra, basta desligar o reator e aguardar as devidas correções, o que nem sempre é possível ou viável em um SN mergulhado à milhas de distância de uma base amiga.

3) Considerando a IPN típica de um submarino (PWR) que será projetada para o 1º SN-BR, como deve ser elaborada uma tabela de serviço para conduzi-la, tanto em viagem como no porto? Quais são as tarefas dos operadores durante o serviço? Em linhas gerais, há de se ter: a) Um operador do circuito primário, que é o responsável pela condução do reator em si e seus sistemas mais próximos (bombas de circulação, pressurizador, movimento das barras de controle, níveis de fluxo neutrônico, entre os mais importantes); b) Um operador do circuito secundário, sendo a pessoa que lidará com os sistemas térmicos e conversores de energia, tais quais: turbogeradores, condensadores, bombas de circulação, ejetores para vácuo em condensadores, válvulas pneumáticas ou garganta, para mencionar alguns; c) Um operador para o circuito de propulsão, que se concentra no MEP e seus sistemas periféricos: retificadores, disjuntores, painéis de controle etc.; d) Rondante da máquina, que é importante para confirmar se os instrumentos e sensores,

71 além dos atuadores estão em funcionamento coerente com os comandos recebidos; e e) Supervisor de Propulsão, profissional mais experiente que possui uma visão geral da condução da instalação, podendo ser o retêm de algum dos primeiros três em caso de indisponibilidade eventual. 4) Como deve ser conhecimento do Sr, os Aspirantes da Escola Naval tem a formação diversificada em Mecânica, Eletrônica e Sistemas. Considerando que os submarinistas podem ser oriundos das três áreas, essa formação é adequada para se obter uma base científica necessária para a futura capacitação na área nuclear? Sim, na verdade, como não se tem uma formação ou graduação em engenharia nuclear no Brasil, e baseando-se no que já foi visto com diversos oficiais e civis no setor, o curso de graduação de Villegagnon é suficiente para o estágio inicial da propulsão nuclear, devendo-se complementar com cursos e estágios subsequentes, em instalações militares e civis, para se atingir o nível de preparo e conhecimento para serem avaliados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), de forma a obterem a licença de operação de reator nuclear do SNBR.

5) O Sr saberia apontar quais os cursos necessários para a formação de oficiais e praças para a operação da IPN? Quais as matérias dos cursos? Este assunto está sendo executado pela primeira vez no CTMSP, com um grupo de Oficiais e Sargentos voluntários para operarem o LABGENE, que é o protótipo em terra da instalação propulsora do SNBR. Podemos resumir: a) Lote de Preparo Inicial: revisão de conceitos de matemática, química, física; b) Lote Inicial: proteção radiológica, termodinâmica, física de reatores; c) Lote Intermediário: instrumentação industrial e nuclear, transmissão de calor, blindagem radiológica, sistemas de controle, materiais nucleares;

72 d) Lote Avançado: neutrônica de reatores, cinética de reatores nucleares, sistemas de propulsão à vapor, sistemas de propulsão elétrica; e) Estágio Supervisionado 1: operação do laboratório de testes de equipamentos da propulsão (LATEP); operação da unidade crítica (reator de potência zero); operação de planta à vapor (navio de superfície); f) Estágio Supervisionado 2: treinamento em simulador de reator nuclear (i.e. Eletronuclear - Usina de Angra 1 ou empresa que opere com PWR); g) Estágio Supervisionado 3: treinamento no simulador do LABGENE; h) Estágio Supervisionado 4: preparação para a prova da CNEN. OBS: Lote = aulas expositivas e provas discursivas; Estágio = aulas expositivas, aulas práticas, demonstrações práticas e provas discursivas.

ENTREVISTA - 2

IDENTIFICAÇÃO: POSTO E NOME:

CF (Marinha Nacional Francesa) Laurent Bechler

FUNÇÃO:

Assessor especial do Diretor de Ensino da Marinha

ORGANIZAÇÃO:

Diretoria de Ensino da Marinha

Entrevista realizada por correio eletrônico em 25 de maio de 2011.

QESTIONÁRIO:

73

1) Como é o processo de formação de oficiais que operam em submarinos? O processo de formação e de capacitação na França tem dois aspectos: 

Existe um processo de formação que chamamos “de carreira”, que tem objeto de dar competências para assumir responsabilidades maiores e que permite as promoções nos postos superiores.



Tem um processo de formação que chamamos “de meio e de especialidade”. Os oficiais submarinistas seguem então um processo de capacitação especifico para eles. Esse processo inclui períodos nas escolas e comissões a bordo. Decorrente do sistema de gestão por competências, a carreira faz parte do processo de capacitação. Além disso, na França, a carreira dos oficiais da área de operações e a carreira dos

oficiais da área de máquinas são bem separadas. Por exemplo, um oficial armamentista nunca poderá assumir as funções de chefe de máquinas. E um chefe de máquinas quase nunca poderá assumir as funções de chefe de operações, nem imediato e nem comandante (acontece às vezes, mas é muito pouco comum).

Processo de formação para oficiais da área de maquinas (depois da saída da Escola Naval) -

Curso geral de especialidade em mecânica e eletricidade, no centro de instrução de Saint-Mandrier. Este curso é comum para todos os oficias maquinistas, de superfície como submarinistas. Duração: 4 meses.

-

Comissão em um navio de superfície durante um ano, para aprender a base da profissão de oficial de máquinas. Duração: 1 ano.

-

O oficial confirma ser voluntário para submarinos.

74 -

Curso específico em conhecimentos gerais de submarinos com propulsão nuclear, na Escola de Navegação SubMarina (ENSM), junto com os oficiais da área de operações.Duração: 3 semanas

-

Curso específico de oficial de águas, na ENSM. Duração: 45 dias úteis ( 9 semanas).

-

Comissão como adjunto do oficial encarregado da divisão “plataforma” ou da divisão “propulsão/eletricidade”. Duração: 1 ano

-

Curso específico em engenharia atômica, em segurança nuclear e em radioproteção, na “Ecoledes Applications Militaires de l’Energie Atomique” (EAMEA). O oficial recebe um diploma de engenheiro em engenharia atômica depois ter conseguido as provas do curso.Duração: 1 ano.

-

Curso específico para assumir as funções de supervisor de reator nuclear (parte teórica em Cadarache, parte prática com aulas e adestramento nos simuladores na ENSM). Este curso é feito junto com as praças que seguem o curso para assumir as funções de operador de reator, a fim de constituir equipes de operação do reator nos simuladores. Duração: 7 meses.

-

Curso de carreira: modulo “Chefe de Máquinas e Logística Operativa” em Saint Mandrier. Duração: 3 semanas.

-

Curso específico de conhecimentos avançados em submarinos, junto com os oficiais da área de operações. Duração: 17 dias úteis (3 semanas).

-

Comissão

como

encarregado

da

divisão

“plataforma”

ou

da

divisão

“propulsão/eletricidade”. Duração: 18 a 24 meses. -

Comissão como encarregado da divisão “reator”. Duração: 18 a 24 meses.

-

Geralmente, comissão em um órgão de manutenção ou como instrutor na ENSM ou no Centro de Instrução de Saint-Mandrier. Duração: 2 a 3 anos.

75 -

Comissão como chefe de departamento “máquinas” (Chefe de Máquinas). Duração: 2 anos.

-

Comissão em um órgão de manutenção, de instrução ou de segurança nuclear.Duração: 2 a 3 anos.

-

Curso de carreira: escola de guerra. Duração: 1 ano.

-

Depois ter sido diplomado da Escola de Guerra, os oficiais acedem às funções superiores em estado-maior. Eles assumem normalmente funções em órgãos de segurança nuclear, de instrução, de manutenção, no estado-maior das forças submarinas ou no estado-maior da marinha. Geralmente ficam na área nuclear, mas é possível escolher um outro domínio de responsabilidade (recursos humanos, recursos financeiros, relações internacionais). Durante o posto de CMG, alguns são escolhidos para seguir o curso dos estudos militares superiores (CHEM), curso de estratégia avançada com objeto formar os futuros almirantes. Excepcionalmente, depois das funções de chefe de máquinas, alguns oficiais

podem se tornar imediato e depois comandante. Como é muito pouco comum, não vou detalhar esta via de carreira especial. Mencionei isso só para avisar que não tem proibição para maquinistas se tornar comandante, mas geralmente não acontece por causa da necessidade de guarnecer prioritariamente com maquinistas todos os empregos nas áreas de manutenção e de segurança nuclear (têm muitos empregos em terra, decorrentes das leis e dos regulamentos franceses).

Processo de formação para oficiais da área de operações (depois da saída da Escola Naval)

76 -

Curso geral de especialidade, seja em eletrônica, seja em armamentos, seja em comunicações, no centro de instrução de Saint-Mandrier. Estes cursos são comuns para oficiais submarinistas como para oficiais de superfície. Duração: 4 meses.

-

Comissão em um navio de superfície durante um ou dois anos, para aprender a base da profissão de chefe de quarto, a navegação e a manobra. Duração: 1 ou 2 anos.

-

O oficial confirma ser voluntário para submarinos.

-

Curso específico em conhecimentos gerais de submarinos com propulsão nuclear, na Escola de Navegação SubMarina (ENSM), junto com os oficiais da área de máquinas.Duração: 15 dias úteis (3 semanas).

-

Comissão como encarregado da divisão “navegação” ou da divisão “comunicações”. Durante este comissão, eles aprendem a bordo a assumir as funções de chefe de quarto no passadiço e aprendem usar o periscópio. Duração: 1 a 2 anos.

-

Para os mais brilhantes (já pressentidos para assumir ulteriormente as funções de comandante de submarinos), comissão como comandante de um pequeno navio de superfície (geralmente navio de patrulha), para avaliar e desenvolver a competência desses oficiais em liderança. Duração: 1 ano.

-

Curso de carreira (ESCAN) no centro de Saint-Mandrier. Este curso aprimora os conhecimentos técnicos e ensina os procedimentos e doutrinas táticas. Duração: 8 meses.

-

Curso específico de conhecimentos avançados em submarinos, junto com os oficiais da área de máquinas. Duração: 17 dias úteis (3,5 semanas).

-

Curso específico em segurança nuclear e em radioproteção, na EAMEA, para poder assumir as funções de oficial de serviço no porto. Duração: 2,5 meses.

-

Comissão como encarregado da divisão “luta anti-submarina/armamentos”. Duração: 2 anos.

77 -

Comissão como chefe de departamento “operações” (Chefe de Operações). Duração: 2 anos.

-

Curso específico de segurança nuclear e radioproteção avançadas, na EAMEA, obrigatório para ser comissionado como imediato e comandante de submarinos com propulsão nuclear. Duração: 6 meses.

-

Comissão como imediato de submarino de ataque. Duração: 1 a 2 anos.

-

Curso específico de comando. Tem uma parte em terra e uma parte de provas no mar. Este curso permite avaliar os oficiais e escolher os que comandarão submarinos. Quem não consegue volta para o serviço geral nos navios de superfície. Duração: 5 semanas em terra e 2 semanas no mar.

-

Comissão como comandante de submarino de ataque. Duração: 18 meses.

-

Curso de carreira: escola de guerra. Este curso pode ser feito antes da comissão como imediato ou depois da comissão como comandante. A comissão de comandante segue sempre a comissão de imediato (a fim de não perder a competência submarina e nuclear). Duração: 1 ano.

-

Comissão no estado-maior das forças submarinas ou no estado-maior da marinha. Duração: 2 anos.

-

Comissão como imediato de submarino balístico. Duração: 18 a 24 meses.

-

Comissão como comandante de submarino balístico. Duração: 24 meses.

-

Depois, os oficiais acedem a funções de responsabilidade superiores em estado-maior, em qualquer área, mas geralmente mais voltadas à organização, às operações, à gestão dos recursos humanos, à gestão dos recursos financeiros ou às relações internacionais. Durante o posto de CMG, alguns são escolhidos para seguir o curso dos estudos militares superiores (CHEM), curso de estratégia avançada com objeto formar os futuros almirantes.

78

2) Como é o processo de formação de praças que operam em submarinos? Como para oficiais, o processo de capacitação e de formação separa: 

a capacitação de carreira, que tem quatro níveis (brevê elementar - BE, brevê de aptidão técnica - BAT, brevê superior - BS, brevê de perito – BM).



a capacitação no meio. O princípio é que, antes de assumir qualquer função a bordo, tem previamente um curso de capacitação para aquela função. Na França, existem duas vias de recrutamento das praças:



recrutamento como marinheiro, com exigência ter terminado estudos do primeiro grau.



recrutamento direito como terceiro sargento, com nível teórico mínimo o vestibular (na prática se recrutam pessoas com nível vestibular+2, saindo de escolas técnicas). Na força submarina, tem uma maioria de praças vendo da segunda via porque eles

têm um potencial maior para aprender especialidades técnicas complicadas. Particularmente, os operadores de reator nuclear foram quase sempre recrutados direitamente como terceiros sargentos.

A bordo de submarinos, se encontram as especialidades seguintes: 

Na área de maquinas: especialidades de mecânicos e de eletricistas.



Na área de operações: especialidades de detecção submarina, de detecção e de armamentistas.



Na área de comunicações: especialidade de comunicações e informática



Outras áreas: navegador, enfermeiro, cozinheiro, arrumador.

2.1. ÁREA DE MÁQUINAS

79 2.1.1. Mecânicos Recrutados como marinheiros

Recrutados como terceiros sargentos

Formação militar inicial de marinheiro, no Formação militar inicial de sargento, na centro de instrução de Brest. Duração: 5 Ecole de Maistrance em Brest. Duração: 18 semanas.

semanas.

Formação elementar de mecânico – brevê Formação avançada de mêcanico – brevê de elementar, no centro de Saint-Mandrier. aptidão técnica, em Saint-Mandrier. Duração: Durante a formação a praça se declara 4 meses. voluntário para submarinos. Duração: 3 Durante a formação a praça se declara semanas.

voluntário para submarinos.

Curso de conhecimentos gerais de submarinos para praças, na ENSM, incluindo capacitação para as funções de operador do painel de controle da plataforma. Duração: 55 dia úteis (11 semanas), sendo 45 para a capacitação como operador do painel de controle da plataforms Comissão como operador do painel de Comissão rápida como operador do painel de controle da plataforma. Duração: 18 a 24 controle da plataforma. Duração: 12 meses. meses. Curso de capacitação para as funções de operador da praça de bombas, na ENSM. Duração: 2 semanas. Comissão como operador da praça de Comissão rápida como operador da praça de bombas. Duração: 18 a 24 meses.. Curso

avançado

mecânico



brevê

de

bombas. Duração: 12 a 18 meses.

especialidade de

aptidão

de

técnica

Duração: 4 meses.. Curso de capacitação para as funções de vigilante no compartimento de máquinas, na ENSM.

80 Duração: 43 dias úteis (8,5 semanas). Comissão como vigilante no compartimento de máquinas. Duração: 1 a 2 anos.

A carreira dos praças segue depois duas vias, independentemente do modo de recrutamento: os praças que escolhem se especializar na área nuclear seguem uma carreira de “atomista”, os outros seguem uma carreira clássica de mecânico. Os praças que não conseguem as provas dos cursos de “atomista” voltam para a carreira clássica.

Carreira de “atomista”

Carreira “clássica”

Curso superior de especialidade de mecânico – brevê Curso superior de especialidade superior, adaptado para a carreira de atomista, em Saint- de mecânico – brevê superior, Mandrier. Duração: 4 meses.

em Saint-Mandrier. Duração: 6 meses.

Curso teórico de funcionamento de reatores nucleares, na EAMEA. Duração: 6 meses. Curso de operador de reator nuclear, com parte teórica em Cadarache e parte prática, incluindo adestramento nos simuladores, na ENSM, algumas aulas junto com os oficiais cursando para serem supervisores de reator. Duração: 7 meses. Comissão como operador do painel de controle do reator Comissão

como

chefe

dos

ou do painel de controle do circuito secundário. Duração: 5 vigilantes do compartimento a 6 anos.

das máquinas. Duração: 2 a 3

Depois, a praça pode escolher entre as funções de químico anos.

81 nuclear ou de supervisor. Químico

Supervisor

Curso de químico nuclear, Curso de supervisor de reator. Curso de qualificação superior parte na ENSM, parte na Parte teórica na EAMEA em EAMEA,

parte

industrial

no (engenharia

AREVA. segurança

mecânica,

sistemas

atômica, hidráulicos e assessoria de um nuclear

Duração: 18 meses (sendo radioproteção

e oficial encarregado de divisão –

avançada), brevê de perito, em Saint-

6 meses em aprendizado a parte teórica em Cadarache e Mandrier. Duração: 6 meses. bordo).

parte prática na ENSM (essas duas partes junto com os oficiais cursando para serem supervisores

de

reator).

Duração: 12 meses. Comissão como químico Comissão como supervisor de Curso de oficial de águas, na nuclear. Duração: 3 a 6 reator Duração: 4 a 6 anos.

ENSM. Duração: 45 dias úteis

anos a bordo, até fim de

(8,5 semanas).

carreira em terra. Comissão

como

oficial

de

águas.

Depois ter sido supervisor de reator, os praças podem se candidatar para se tornarem oficiais. Cada ano, 4 ou 5 praças (em total, mecânicos e eletricistas) seguem um curso de formação para ser oficial, na Escola Naval, e voltam para submarinos para assumir as funções de encarregado de uma divisão. Alguns poderão assumir as funções de chefe de máquinas, mas a maioria assumira funções de apoio e de perícia técnica em órgãos de

82 manutenção ou de segurança nuclear. Nas tabelas acima não aparecem às funções eventuais de instrutor na ENSM. Acontecem geralmente entre duas comissões como operador de reator. Depois a função de supervisor ou de oficial de águas, alguns praças juntam a divisão de adestramento do pessoal da força de submarinos.

2.1.2. Eletricistas Recrutados como marinheiros

Recrutados como terceiros sargentos

Formação militar inicial de marinheiro, no Formação militar inicial de sargento, na centro de instrução de Brest. Duração: 5 Ecole de Maistrance em Brest. Duração: 18 semanas.

semanas.

Formação elementar de eletricista – brevê Formação avançada de eletricista – brevê de elementar, no centro de Saint-Mandrier. aptidão técnica, em Saint-Mandrier. Duração: Durante a formação a praça se declara 6 meses. voluntário para submarinos. Duração: 3 Durante a formação a praça se declara semanas.

voluntário para submarinos.

Curso de conhecimentos gerais de submarinos para praças, na ENSM, incluindo capacitação para as funções de vigilante zona avante e operador das plantas de regeneração do ar. Duração: 42 dias úteis (sendo 32 para capacitação como vigilante e operador das plantas de regeneração). Comissão como vigilante avante e operador Comissão rápida como vigilante avante e das plantas de regeneração do ar. Duração: 2 operador das plantas de regeneração do ar. anos. Curso avançado de especialidade eletricista –

Duração: 1 a 2 anos.

83 brevê de aptidão técnica, em Saint Mandrier. Duração: 4 meses. Nova comissão como vigilante avante e operador das plantas de regeneração do ar. Duração: 1 a 2 anos. Curso de capacitação para as funções de vigilante no compartimento dos motores elétricos, na ENSM. Duração: 43 dias úteis (8,5 semanas). Comissão como vigilante no compartimento dos motores elétricos. Duração: 1 a 2 anos.

A carreira dos praças segue depois duas vias, independentemente do modo de recrutamento: os praças que querem se especializar na área nuclear seguem uma carreira de “atomista”, os outros uma carreira clássica de eletricista. Os praças que não conseguem a primeira voltam para a carreira clássica.

Carreira de “atomista”

Carreira “clássica”

Curso superior de especialidade de eletricista – brevê Curso superior de especialidade superior, adaptado para a carreira de atomista, em Saint- de eletricista – brevê superior, Mandrier. Duração: 5 meses.

em Saint-Mandrier. Duração: 6 meses.

Curso teórico de funcionamento de reatores nucleares, na EAMEA Duração: 6 meses.. Curso de operador de reator nuclear, com parte teórica em Cadarache e parte prática, incluindo adestramento nos

84 simuladores, na ENSM, algumas aulas junto com os oficiais cursando para serem supervisores de reator. Duração: 7 meses. Comissão como operador do painel de controle dos Comissão sistemas elétricos. Duração: 5 a 6 anos.

como

chefe

dos

vigilantes do compartimento

Depois, o praça pode escolher entre as funções de dos motores elétricos. Duração: instrumentista nuclear ou de supervisor. Instrumentista

3 anos.

Supervisor

Curso de instrumentação Curso de supervisor de reator. Curso de qualificação superior nuclear, AREVA

no

industrial Parte teórica na EAMEA em

Duração:

8 (engenharia

meses..

segurança

eletricidade,

logística

atômica, operativa e assessoria de um nuclear

radioproteção

e oficial encarregado de divisão –

avançada), brevê de perito. Duração: 6

parte teórica em Cadarache e meses. parte prática na ENSM (essas duas partes junto com os oficiais cursando para serem supervisores

de

reator).

Duração: 12 meses. Curso

especifico

de Comissão como supervisor de Curso de oficial de águas, na

técnico de radioproteção, reator. Duração: 4 a 6 anos. parte em Cadarache, parte no

industrial

AREVA

Duração: 4 meses.

ENSM Duração: 45 dias úteis.

85 Comissão

como

instrumentista

nuclear

Comissão

como

oficial

de

águas. Duração: 3 a 6 anos.

Duração: 4 a 6 anos a bordo e até fim de carreira em terra.

Depois ter sido supervisor de reator, as praças podem se candidatar para se tornarem oficiais. Cada ano, 4 ou 5 praças (em total, mecânicos e eletricistas) seguem um curso de formação para ser oficial, na Escola Naval, e voltam para submarinos para assumir as funções de encarregado de uma divisão. Alguns poderão assumir as funções de chefe de máquinas, mas a maioria assumira funções de apoio e de perícia técnica em órgãos de manutenção ou de segurança nuclear.

Nas tabelas acima não aparecem às funções eventuais de instrutor na ENSM. Ocorre geralmente entre duas comissões como operador do reator. Depois a função de supervisor ou de oficial de águas, alguns praças juntam a divisão de adestramento do pessoal da força de submarinos.

Nota: porque a função de operador das plantas de regeneração do ar é complicada, tem na força de submarinos poucos eletricistas com recrutamento inicial como marinheiro.

2.2. ÁREA DE OPERAÇÕES 2.2.1. Detecção submarina Recrutados como marinheiros

Recrutados como terceiros sargentos

86 Formação militar inicial de marinheiro, no Formação militar inicial de sargento, na centro de instrução de Brest.

Ecole de Maistrance em Brest.

Formação elementar à operações – brevê Formação a detecção submarina – brevê de elementar, no centro de Saint-Mandrier. aptidão técnica, em Saint-Mandrier Durante a formação o praça se declara Durante a formação o praça se declara voluntário para submarinos.

voluntário para submarinos.

Curso de conhecimentos gerais de submarinos para praças, na ENSM, incluindo capacitação para as funções de operador de sonar. Curso de operador sonar e analise acústica, na ENSM Comissão como operador de sonar.

Comissões como operador de sonar

Curso avançado de detecção submarina – brevê de aptidão técnica, em Saint-Mandrier Nova comissão como operador de sonar Curso de adaptação para os painéis de avaliação tática e direção de tiro, na ENSM. Comissão como operador do painel de avaliação tática / direção de tiro. Curso superior de operações – brevê superior Curso de supervisor tático, na ENSM Comissão como supervisor da situação tática do posto de comando Curso de tática e de qualificação superior em sonares – brevê de perito Comissão como assessor do Chefe de Operações.

Nota: depois das funções de operador de sonar, os praças remarcados para sua habilidade de classificação áudio saem da carreira acima descrita para seguir um curso de praça perito em classificação áudio, função que se chama “oreille d’or” (ouvido de ouro) na França. Esses

87 praças são embarcados segundo a natureza da missão e pertencem ao centro de analise acústica da Força. Depois da função de assessor do Chefe de operações, os suboficiais podem se candidatar para se tornarem oficias na área de operações. A maioria ira servir nos navios de superfície, mas alguns podem voltar para submarinos e assumir funções até Chefe de Operações. Na tabela acima, não aparecem as funções de instrutor. Geralmente, ocorre depois das funções de supervisor da situação tática. Depois as funções de assessor do Chefe de Operações, alguns suboficiais juntam a divisão de adestramento da força de submarinos.

2.2.1. Armamentistas Recrutados como marinheiros

Recrutados como terceiros sargentos

Formação militar inicial de marinheiro, no Formação militar inicial de sargento, na centro de instrução de Brest.

Ecole de Maistrance em Brest.

Formação elementar de mecânico – brevê Formação de armamentista – brevê de elementar, no centro de Saint-Mandrier. aptidão técnica. Durante a formação a praça se declara Durante a formação o praça se declara voluntário para submarinos.

voluntário para submarinos.

Curso de conhecimentos gerais de submarinos para praças, na ENSM, incluindo capacitação para as funções de timoneiro e de operador no compartimento de armas. Curso elementar de especialização na vigilância e operação de torpedos Comissão como timoneiro. Curso

avançado

de

especialidade

Comissão como timoneiro de

armamentista – brevê de aptidão técnica, em

88 Saint-Mandrier Nova comissão como timoneiro Comissão como operador da mesa de avaliação tática e de navegação (as vezes) Curso superior de armamentista – brevê superior Curso superior de especialização na vigilância e operação de torpedos Curso de oficial de águas, na ENSM. Comissão como oficial de águas Curso de perito em sistemas hidráulicos – brevê de perito, em Saint-Mandrier Nova comissão como oficial de águas

Na tabela acima, não aparecem as funções de instrutor. Geralmente, ocorre depois das funções de oficial de águas. Alguns suboficiais juntam também a divisão de adestramento da força de submarinos.

2.3. OUTRAS ÁREAS Tem a bordo duas praças navegadores, dois da área de comunicações, dois cozinheiros e dois arrumadores. Como todos os submarinistas, eles vão receber, antes seu embarque, a formação em conhecimentos gerais de submarinos. Sua formação profissional não é especifica. A formação de navegador se segue em Brest (sítio de Lanveoc-Poulmic). O primeiro praça a bordo tem o nível do brevê de aptidão técnica, o segundo é chefe de quarto, como um oficial, e recebeu uma formação superior de navegação e de manobra em Brest (brevê superior e brevê de perito), mais uma formação completa de oficial de quarto em submarino, na ENSM. A bordo, ele assessora o imediato na área de gestão do pessoal. A formação de cozinheiro e de arrumador se segue em Cherbourg. Os praças têm

89 um nível máximo de brevê de aptidão técnica (às vezes um cozinheiro tem o nível do brevê superior). A formação do enfermeiro é complicada porque é uma formação inter-armadas e com modules de especialização no tratamento de radioacidentados. Enfermeiros têm um nível superior ao brevê superior. A formação em comunicações é uma formação inter-armadas, completadas com estágios para se acostumar aos equipamentos ao bordo, na ENSM.

3) As praças necessitam de diploma universitário para realizar o curso de submarino na área nuclear?

Não se precisa de diploma universitário para as praças realizarem os cursos na área nuclear. Eles devem possuir o vestibular, conforme os regulamentos franceses. Na prática, eles têm o nível do brevê superior da marinha, que corresponde a um nível um pouco maior de vestibular+2. Pode-se também notar que muito poucos praças recrutados como marinheiros conseguem sair dos cursos na área nuclear. É muito mais fácil para as praças recrutados diretamente como terceiro sargento e originados de uma escola técnica (nível vestibular + 2).

Mesmo se isso não responde à pergunta, eu quero informar que a autoridade de segurança nuclear francesa impõe que os oficiais já tenham um nível cientifico equivalente ao de engenheiro para seguir a formação em engenharia atômica. Esse nível é avaliado por provas escritas antes da formação. Se os oficiais já não possuem o diploma de engenheiro, eles podem seguir a formação (e assumir as funções de supervisor), mas não serão diplomados em engenharia atômica e deverão fazer de novo um curso de segurança nuclear antes de assumir

90 a carga de chefe de divisão reator e, logo depois, a carga de chefe de máquinas.

4) A certificação dos operadores nucleares é feita pela própria marinha francesa ou por outro órgão do governo francês? Qual o período de validade dessa certificação? A certificação dos operadores, como dos supervisores de reator, não é feita só pela marinha francesa. A parte teórica ensinada na EAMEA é validada e certificada pelo Instituto Nacional das Ciências e Técnicas Nucleares (dependente do Ministério do Ensino Superior e da Pesquisa, bem como do Ministério da Indústria). Depois da parte teórica ensinada em Cadarache, voltada ao reator naval dos submarinos, as praças e oficiais são certificados por uma comissão, cuja composição é validada pela autoridade de segurança nuclear (delegado aos assuntos da defesa) e que inclui representantes da marinha, do CEA (Centro de Estudos para Energia Atômica, órgão estatal referente na França) e do industrial construtor dos reatores navais. A parte prática na ENSM é validada juntamente pela ENSM e pela divisão de adestramento da força de submarinos, conforme um procedimento aprovado pela autoridade de segurança nacional (delegado aos assuntos de defesa).A certificação pela comissão não tem data de expiração mais pode ser cancelada pela divisão de adestramento da força de submarinos. A validação prática no simulador tem um período de validade de um ano. Cada ano, os praças e os oficiais assumindo respectivamente as funções de supervisor e de operador do reator têm que conseguir provas escritas e provas no simulador, avaliadas pela divisão de adestramento da força de submarinos, conforme um procedimento aprovado pela autoridade de segurança nuclear (delegado aos assuntos de defesa). Também pode se notar que os oficiais da área de operações, assumindo no porto as funções de oficial de serviço, têm que provar anualmente seu nível de conhecimento em segurança nuclear e radioproteção.

91 5) Tendo como referência um submarino da classe “Rubis”, qual é a distribuição de oficiais e praças por departamento/divisão? Oficiais Departamento/Divisão

Lotação

Área nuclear

Comandante

1

1*

Imediato

1

1*

Operações

4

2*

Máquinas

3 ou 4

2 ou 3

Apoio

0

0

Total

9 ou 10

6 ou 7

A * significa uma formação em segurança nuclear e radioproteção. Os oficiais da área de máquinas recebem uma formação completa em operação e manutenção do reator, segurança nuclear e radioproteção.

Praças Departamento/Divisão

Lotação

Área nuclear

Operações

24

0

Máquinas

31

15

Apoio

5

1*

Total

60

16

Todas as praças, bem como todos os oficiais, recebem uma formação elementar em radioproteção, na ocasião do curso de conhecimentos gerais de submarinos.

92 A * corresponde ao enfermeiro que recebe uma formação para o atendimento de radioacidentados.

6) Tendo como referência um submarino da classe “Rubis”, qual é a distribuição de oficiais e praças na área nuclear? Quais são as atribuições durante o serviço em viagem e no porto?

Oficiais



Comandante: tem a responsabilidade de chefe de órgão com reator nuclear.



Imediato: encarregado da radioproteção e da segurança nuclear.



CheMaq: perito em segurança nuclear e radioproteção, adjunto do imediato nesses domínios. Tem responsabilidade da segurança de funcionamento do reator. Planeja as operações de manutenção corretiva e preventiva, junto com os órgãos de manutenção em terra.



Encarregado da divisão reator: Adjunto do CheMaq para a segurança de funcionamento do reator e o planejamento da manutenção. Pode assumir a função de supervisor do reator. Oficial de serviço no porto.



Encarregado da divisão plataforma/propulsão-eletricidade: Pode assumir a função de supervisor do reator. Oficial de serviço no porto.



CheOp e encarregado da divisão luta submarina/armamentista: oficiais de serviço no porto.

 Praças Tem: 

3 operadores do painel de controle do reator (especialidade de mecânico).

93 

3 operadores do painel de controle do circuito secundário (especialidade de mecânico)



3 operadores do painel de controle dos sistemas elétricos (especialidade de eletricista)



3 supervisores do reator (2 mecânicos e 1 eletricista)



2 instrumentistas



1 químico nuclear



1 enfermeiro capacitado para o atendimento de radioacidentados

Uma equipe de quarto em viagem se compõe de um supervisor, um operador do painel de controle do reator, um operador do painel de controle do circuito secundário e um operador do painel de controle dos sistemas elétricos. Os instrumentistas e o químico não dão serviço, mas ficam a disposição da equipe de operação do reator em caso de anomalia na química ou na instrumentação.Instrumentistas efetuam vigilância em radioproteção. Eles recebem uma formação de técnico de radioproteção. O químico controla duas vezes por dia aqualidade da água secundaria e, às vezes, a qualidade da água do circuito primário. No porto base, quando o reator estiver desligado, a equipe de serviço inclui 3 operadores (1 por painel). Os supervisores, instrumentistas e o químico ficam a disposição, mas não dão serviço. Quando o reator está funcionando, tem duas equipes de operação completas a bordo. Em um porto no exterior, quando o reator estiver desligado, fica de serviço uma equipe completa de operação do reator, como em viagem, um instrumentista e o químico podendo voltar a bordo em menos de algumas horas (prazo determinado pelo comandante). O supervisor assessora o oficial de serviço no domínio de segurança nuclear. Quando o reator estiver funcionando, tem também uma segunda equipe de operação do reator a bordo. As praças operadoras e supervisores do reator assumem funções orgânicas de manutenção e de vigilância em sua divisão. Eles participam no planejamento e zelam as

94 operações de manutenção feitas pelas empresas exteriores ao navio, quando eles não realizaram essas operações. Eles têm um papel de coordenação das diferentes operações de manutenção, o que é muito importante no que diz respeito à segurança nuclear.

7) Quais são os cursos específicos realizados na “Écoledes Applications Militaires à l’Energie Atomique (EAMEA) e no Centro de Treinamento Nuclear de Cadarache para a formação de oficiais e praças submarinistas? Não sou autorizado a divulgar essa informação.

8) O Sr pode descrever como foi o acidente ocorrido em um submarino francês, quando vazou vapor e vitimou vários militares? - O entrevistado solicitou sigilo na divulgação nos fatos ocorridos. O autor citou no texto apenas o que está amplamente divulgado na internet, ou seja, que houve um vazamento de vapor que vitimou dez militares; e - O autor fez esta pergunta porque sabia da ocorrência desse acidente e desejava ampliar os dados e formalizá-lo como referência. Essa informação foi obtida quando, então Comandante do Submarino Tikuna, recebeu a bordo para realizar uma curta viagem, no ano de 2009, um tenente submarinista francês, que descreveu o fato.

ENTREVISTA - 3

IDENTIFICAÇÃO: POSTO E NOME:

Barbara Oliveira dos Santos

FUNÇÃO:

Física Nuclear

95 ORGANIZAÇÃO:

ELETRONUCLEAR

Entrevista realizada correio eletrônico em 17 de junho de 2011.

QESTIONÁRIO:

1) Qual o tempo de duração para a formação de um Operador de Reator (OR) e de um Operador Sênior de Reator (OSR)? Quais são as fases dessa formação (acadêmica, simulador e on job trainning) e os respectivos períodos de duração? Segue abaixo uma rápida explanação dos Cursos, Programa de Treinamento, Tempo de Formação e Programa de efetivação nas funções de Supervisor de Turno e demais Operadores Licenciados da Sala de Controle.

CURSOS As informações a serem prestadas com vistas à autorização para operação devem conter dados, que permitam a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, o órgão nacional regulador, analisar a conformidade das características existentes com os requisitos normativos, tendo em vista particularmente, os aspectos radiológicos da operação que possam colocar em risco a saúde dos trabalhadores e do público, bem como a integridade do meio ambiente. Tais informações devem ser consubstanciadas em um relatório de segurança que inclua, no mínimo (CNEN-NE-6.02,1998), os seguintes aspectos, no que for aplicável: a)

Projeto final da instalação;

b)

Organização do pessoal e responsabilidades;

c)

Plano de treinamento do pessoal;

d)

Plano para conduta das operações;

e)

Garantia da qualidade dos produtos do requerente e de seus contratados;

96 f)

Controles administrativos a serem aplicados durante a operação;

g)

Plano de emergência;

h)

Especificações técnicas a serem adotadas para operação;

i)

Plano de proteção física, de acordo com as normas específicas;

j)

Plano de radioproteção, de acordo com as normas específicas.

O programa de treinamento para o pessoal da NPP conforme consta no Relatório Final de Análise de Segurança (FSAR) em seu capítulo 13 rev. 7 (RFAS, 2003) tem o objetivo de especificar o programa de treinamento, dividido nos seguintes cursos: - Treinamento dos Empregados em Geral (TEG) Provê a todos os empregados conceitos básicos e relevantes, referentes a NPP, como proteção física, plano de emergência, segurança industrial, proteção contra incêndio, primeiros socorros e cultura de segurança nuclear. - Curso Básico para Operadores de Usina Nuclear (CBOUN) O objetivo deste curso é familiarizar os treinandos com a compreensão básica dos diferentes equipamentos da central.

- Curso de Sistemas Básicos de Usina Nuclear (SBUN) O objetivo deste curso é de familiarizar os treinandos, a compreender os componentes, sistemas e procedimentos de operação da Planta de Potência Nuclear do tipo PWR. - Programa de treinamento para o licenciamento do pessoal da Operação Tem o objetivo de formar um grupo de pessoas licenciadas para dar suporte a operação da NPP. - Curso Preparatório de Energia Nuclear(CPEN) O objetivo deste curso é dar a completa compreensão dos conceitos da NPP, como física

97 nuclear básica, operação do reator, desempenho do núcleo, proteção radiológica, química da planta, instrumentação e controle. - Curso de Treinamento para Operadores no Reator de Pesquisa (CTORP) O propósito deste curso é de intensificar todos os conceitos adquiridos no treinamento do CPEN, como em teoria do reator e técnicas de proteção radiológica. O tempo é dedicado a exercícios no laboratório e prática no reator de pesquisa. - Curso de Formação de Operadores Licenciados (CFOL) a) CFOL l – Sistemas da Planta b) CFOL ll – Sistemas de proteção, controle e limitação. c) CFOL lll – Operação da Planta Treinamento no Simulador Consiste numa parte teórica e prática, no qual será reforçado o uso dos manuais de operação em condições normais, anormais e de emergência.

PERFIL DO OPERADOR O trabalho será aplicado aos Operadores Licenciados da Sala de Controle,sendo a operação executada de forma ininterrupta, através do revezamento de turnos, sendo cada turno na sala de controle composto de dois Operadores Seniores de Reator (Supervisor e Encarregado), dois Operadores de Reator (Primário e Secundário) e um Operador não licenciado operando o painel auxiliar.

REQUISITOS PARA OPERADOR DE REATOR O Operador de Reator (RO) deve ter competência para operar os controles de uma Planta de Potência Nuclear, baseado no controle da reatividade, bem como na administração segura do núcleo do reator. Deverá ter conhecimentos sobre os procedimentos administrativos e das

98 exigências estabelecidas pelo órgão regulador nacional - CNEN. Deve ter habilidade suficiente para manipular os controles da planta, para que possa colocar os conhecimentos teóricos em prática. Sabendo identificar a situação da planta, esta identificação dos sistemas e componentes de segurança é de fundamental importância para a eliminação da probabilidade de um acidente (INPO 87-021, 1987). No caso de descontrole do sistema ou em situação de emergência, deverá ter habilidade suficiente para usar os procedimentos da planta e as especificações técnicas, com a finalidade de reconduzir a NPP para condição segura. Agir com bastante perícia na coordenação e no controle das tarefas solicitadas aos subordinados.

REQUISITOS PARA OPERADOR SÊNIOR DE REATOR 6.1

O Operador Sênior de Reator (SRO) deverá possuir todos os atributos

acima citados para o RO, porém as suas habilidades são relacionadas a dirigir as tarefas do RO e coordenar as atividades associadas entre operação e manutenção. Devido a maior responsabilidade do SRO, se faz necessário um estudo mais aprofundado na área técnica e na habilidade de supervisão da NPP (ACAD 00003,2000) CONHECIMENTOS REQUERIDOS Os candidatos a Operador deverão ter conhecimentos nas áreas de matemática, física clássica, diagramas esquemáticos, eletricidade, instrumentação e controle, princípios de detectores, física nuclear, teoria do reator, química da planta, transferência de calor, termodinâmica, equipamentos, ciência dos materiais, proteção radiológica, treinamento contra incêndio, segurança industrial e o treinamento estruturado e detalhado de cada sistema. Durante o treinamento do RO, e do SRO serão revisados todos os sistemas (Apêndice 7.03)

99 que são controlados ou monitorados pela sala de controle. São treinados no uso de procedimentos administrativos, treinamentos de trabalhos em grupo e experiências operacionais internas e externas.

LICENCIAMENTO 6.2

Durante o tempo de preparação para o Licenciamento, deverão ser

realizados o treinamento de práticas operacionais, treinamento em sala de aula, auto estudo, práticas no simulador e uma revisão completa de todos os conhecimentos adquiridos durante o programa de qualificação. O setor de treinamento faz avaliações periódicas (input / output) para identificar tópicos deficientes, antes do treinando se submeter a um exame final junto a CNEN, de forma a conseguir a licença de SRO ou a de RO. 6.3

A licença do RO e do SRO terá validade de dois (2) anos, contados a

partir da data de emissão, podendo haver sucessivas renovações por igual período. Os programas de requalificação para licenciados de reatores de potência devem incluir aulas planejadas com antecedência e ministradas aos licenciados regularmente ao longo do período das respectivas licenças, versando especialmente sobre as situações que não ocorrem frequentemente, tais como: partidas, desligamentos, condições especiais de transientes e acidentes (CNENNE-1.01,1979).

Existe um Procedimento que trata do Programa para Efetivação de Supervisor de Turno e Operadores Licenciados da Sala de Controle aplicado a todos os Físicos, Engenheiros e Operadores Licenciados que assumirão funções na Sala de Controle. Antes de assumir a função proposta, o treinamento do Físico, Engenheiro ou Operador

100 Licenciado deverá ser avaliado pelo Chefe da Operação ou pelo responsável pelo Setor de Turnos, que poderá a seu critério, fazer uma avaliação técnico/administrativa no treinando. Para ser efetivado na função, o Engenheiro ou Operador Licenciado deverá, durante o seu treinamento, demonstrar conhecimentos e aptidões, durante um período mínimo de 3 (três) meses,conforme o programa específico de conhecimento de todos os Sistemas da Usina

TIPOS DE PROVAS APLICADAS PELA CNEN Prova Escrita Prova Oral Prova de Simulador

TIPOS DE TREINAMENTOS APLICADOS Treinamento Teórico Treinamento Prático em Reator de Pesquisa Treinamento em Serviço Treinamento no Simulador Auto estudo (Antes da Prova de Licenciamento).

101

Qualificação de um Físico ou Engenheiro OSR TREINAMENTO DE

T ot

CURSO PREPARATÓRIO PARA ENERGIA CURSO DE OPERADOR EM REATOR DE INTRODUÇÃO AOS EQUIPAMENTOS DE USINAS SISTEMAS BÁSICOS DE USINAS TREIN CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADOR

TREINAMENTO CURSO DE ASSESSORIA TÉCNICA TREINAMENTO EM

P

CULTURA DE SEGURANÇA E

o

Eng (OSR)Exp.

Operacional (mínimo 30 meses)

-

TREINAMENTO EM CURSO DE REVISÃO DE PRÉPREPARAÇÃO PREPARAÇÃO PREPARAÇÃO

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