Sustentabilidade na Construção Civil

July 12, 2017 | Autor: Y. Vasconcelos Ro... | Categoria: Sustainable Architecture, Green Building, Sustentabiidad
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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

YURI VASCONCELOS RODRIGUES

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: PERCEPÇÃO FINANCEIRA DO MERCADO CEARENSE

FORTALEZA 2014

YURI VASCONCELOS RODRIGUES

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: PERCEPÇÃO FINANCEIRA DO MERCADO CEARENSE

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceara, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração de Empresas. Orientador: Pereira

FORTALEZA 2014

Prof. Dr. Francisco Isidro

YURI VASCONCELOS RODRIGUES

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: PERCEPÇÃO FINANCEIRA DO MERCADO CEARENSE

Monografia apresentada ao Curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceara, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração de Empresas. Aprovada em: __/__/__ BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof. Dr. Francisco Isidro Pereira (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC) _______________________________________ Prof. João Sobrinho Roberto da Silva Universidade Federal do Ceará (UFC) _______________________________________ Prof. Idevaldo Barbosa da Silva Universidade Federal do Ceará (UFC)

Dedico este trabalho aos meus pais - .

AGRADECIMENTOS À minha mãe e meu pai, que sempre me apoiou e incentivou, dando-me a oportunidade de excelente formação pessoal e profissional, a quem devo toda minha gratidão. Aos meus amigos presentes e aos mais distantes que mesmo longe torcem pelo meu sucesso. A Fabiana que me cobrava todos os dias por essa Monografia que pensei em desistir se não fosse ela e meu Orientador. Ao meu orientador Prof. Isidro, por ter me apoiado até aqui não me deixando desistir nos momentos de cansaço, e de onde surgiu uma amizade além do ambiente acadêmico. Aos amigos que trago da vida e aos amigos que aqui conquistei. Aos demais professores, que de alguma forma contribuíram para a minha formação acadêmica. E a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nesta caminhada.

A visão do futuro é a visão de hoje que foi o futuro do passado Prof. Isidro, UFC/FEAC

 

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo mensurar a percepção financeira e mercadológica dos atores envolvidos no cenário da contrução civil tomando como realidade específica a região metropolitana da Grande Fortaleza Atualmente tornou-se mais evidente a importância de ter uma indústria da construção mais consciente quanto à mudança de seus modelos dispendioso e tradicionais de construção para um modelo mais eficiente e preocupado com o resultado danoso ao meio ambiente e as pessoas. Não obstante, isso em um custo. Qual o “olhar” financeiro dos personagens empresariais quanto a implementação de uma política orientada por princípios sustentáveis? A aplicação de um questionário, realizado através de entrevista às construtoras, foi a forma de abordagem pertinente. Mas foi imprescindível também a técnica da observação. O tratamento analítico se baseiou em contrastes teóricos e condensação de dados via graficos e esquemas. A investigação revelou um

forte desconhecimento de

construções sustentáveis diante da maioria das construtoras objeto de investigação. Respostas esparças, desconexadas, sem uma lógica de argumentação e principalmente uma dosagem predominante de ideias preconcebidas quanto ao aspecto financeiro de um prédio verde. Palavras Chaves: Sustentabilidade, Prédio Verde, Construção Civil

 

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ABSTRACT This study aims to measure the financial perception of the actors involved in the civil construction scenario taking as specific reality the greater metropolitan area of Fortaleza Currently became more evident the importance of having a more conscious construction industry and the change of their expensive models and traditional construction for a more efficient model and worried about the harmful result to the environment and people . However , this at a cost . What is the "look" of the financial business characters as the implementation of a policy guided by sustainable principles ? The application of a questionnaire , conducted through interviews with the developers , was how to approach relevant . But it was also essential to the technique of observation . The analytical treatment is inspired theoretical contrasts and condensation of data via graphs and diagrams . The investigation revealed a strong lack of sustainable buildings against most under investigation construction . Loose answers , non-fitted without an argument of logic and especially the predominant dosage preconceived ideas about the financial aspect of a green building.

Key Words: , Sustainability , Green Building , Construction

 

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – 3 Torre de Climatologia, um médico para a cidade..............................................................35 Figura 2 – Hiperfiltro de poluição urbana...............................................................................................,,35 Figura 3 – Um prédio faminto por CO2...................................................................................................36 Figura 4 – Torres de areia 3D.......................................................................................................................37 Figura 5 – Rainforest Guardian, o guardião da floresta.........................................................................39 Figura 6 – Fábrica de transformar poluição em energia.........................................................................39 Figura 7 – E que tal um grande ralo submarino?....................................................................................40 Figura 8 – A cidade que afunda (de propósito) ...............................................................41 Figura 9 – Los Angeles integrada nas alturas.........................................................................................42 Figura 10 – Blossom Tower………………………………….…………………………..42 Figura 11 – Edificios verdes em consonância aos critérios de sustentabilidade .......43 Figura 12 – Certificação BREEAM...........................................................................52 Figura 13 – Selo AQUA............................................................................................55 Figura 14 – Selo Casa Azul da Caixa....................................................................... 57 Figura 15 – Critérios de Avaliação Selo Casa Azul da Caixa................................... 58 Figura 16 – Certificação LEED ................................................................................59 Figura 17 – Referenciais Técnicos do LEED............................................................ 60 Figura 18 – Modelo de Pontuação para a Certificação ..............................................60 Figura 19 – Os 4 níveis de Certificações LEED .........................................................61 Figura 20 – . Os 4 níveis de Certificações LEED....................................................... 63 Figura 21 – Localização geográfica do Paço das Águas na Grande Fortaleza ...........77 Figura 22 – Características do Paço das Águas.......................................................... 78

 

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 –Programas Prioritários CBIC.......................................................................31

 

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SUSTENTABILIDADE.......................... 16 3. SUSTENTABILIDADE: UMA PALAVRA MÁGICA.............................. 21 4. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL............................... 28 4.1 Construções Sustentáveis............................................................................ 31 4.2 Projetos de construções sustentáveis do futuro...................................... 35 4.3 Certificações e sua importância para o meio ambiente........................... 43 5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO................................................... 68 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................. 69 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 78 REFERÊNCIAS.............................................................................................. .83

 

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INTRODUÇÃO A constatação que os recursos de nosso planeta não eram finitos foi catalisada na crise do petróleo da década de 70. Em meados desta década a discussão em torno da necessidade de repensar formas alternativas e mais eficientes de produzir energia e o uso da água de maneira mais consciente, começou a despontar a consciência social acerca da vulnerabilidade do planeta e o termo desenvolvimento sustentável e ecologia passaram a ser bastante utilizados. A indústria da construção não ficou alheia a esta discussão e a racionalização de recursos e insumos na fase de utilização dos edifícios começou a ser uma prioridade na sua concepção. Nas últimas décadas, os elevados índices de emissões de gases nocivos a saúde e a atmosfera, a escassez de certos recursos naturais e os desequilíbrios dos biomas resultantes da ação do homem mantiveram a discussão na ordem do dia. Com sustentável, busca-se orientar o atual rumo do desenvolvimento através da inserção de questões, como, por exemplo, a preservação do meio ambiente, a preocupação com as gerações e a mudança de padrões de consumo, principalmente no ambiente construído, tratativa desse trabalho. Além dessas preocupações, o desenvolvimento sustentável se preocupa com a qualidade de vida e o cuidado para que as gerações futuras tenham um ambiente no mínimo tão bom como aquele que usufruímos hoje. Implica, que somente deverá haver um maior desenvolvimento se este estiver dentro dos limites necessários ao equilíbrio com o meio ambiente. O desenvolvimento sustentável apresenta desta forma três dimensões: ambiental, social e econômico. O modelo de desenvolvimento sustentável deve estimular e resguardar a convivência harmoniosa e o equilíbrio entre estas três dimensões. A indústria da construção, mais precisamente o setor dos edifícios, é um dos principais alvos. Esta indústria, apesar de ser um dos setores econômicos mais importantes do Brasil, continua baseando-se em processos construtivos tradicionais e mão-de-obra não qualificada, sendo caracterizada pelo alto consumo de matériasprimas e de recursos energéticos não renováveis. Na construção é necessário o desenvolvimento de algumas tecnologias mais sustentáveis do que as convencionais. O principal obstáculo à sua utilização é a falta de interesse deste tema junto aos construtores e outros protagonistas do setor da construção civil , como os

 

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compradores, pois estes julgam errôneamente que este tipo de construção é muito complexo, questionando inclusive sua viabilidade e desempenho a longo prazo. Os principais motivos alegados pelos construtores para justificar a não utilização dessas tecnologias mais sustentáveis são: o desconhecimento dos objetivos da sustentabilidade e a falta de critérios para a seleção de soluções mais sustentáveis. No entanto, os que tentam empreender de forma sustentável buscam modelos aplicados em outros lugares que obtiveram sucesso, porém as variáveis são uma particularidade de cada região, com isso acabam não encontrando soluções e muitas vezes abandonam os projetos e voltam a construir de forma convencional. A definição de edifício sustentável ou, mais precisamente, a definição de uma metodologia que ao ser seguida que permita atingir os objetivos de eficiência energética e hidrica, redução da produção de resíduos e que ofereça uma qualidade de vida melhor aos usuários, ainda não é um consenso. Atualmente, encontram-se desenvolvidas ou em fase de desenvolvimento uma série de metodologias para a avaliação da sustentabilidade. Das ferramentas e sistemas de avaliação da sustentabilidade existentes, destacam-se: o Building Research Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), o Leadership in Energy & Environmental Design (LEED), o Environmental Assessment and Classification System for Residencial, Office and Retail Buildings in Finland (PromisE), o ESCALE, o EcoEffect, o ECOPROFILE, Sustainble Building Tool (SBTool), HQE, PROCEL EDIFICA e o AQUA. Entretanto, nenhuma destas ferramentas ou sistemas desenvolvidos até hoje é amplamente aceito. O maior problema está na subjetividade associada ao conceito “sustentável”, motivada principalmente pelas diferenças políticas, tecnológicas, culturais, sociais e econômicas existentes, não só entre os países, mas também, dentro de cada país, entre as diversas regiões. Esta situação impede que se utilize uma orientação metodológica de avaliação de eficiência construtiva fora do seu contexto de origem, isto é, sem que antes se realize um trabalho de adaptação à realidade ambiental, socio-cultural e econômica do local onde se pretente realizar a avaliação. O que se procura responder no presente texto é qual a percepção financeira dos empreeendedores da empresa de construção civil quanto a sustentabilidade no segmento na chamada edificação verde. Qual o “olhar” financeiro desses personagens

 

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empresariais quanto a implementação de

uma política orientada por princípios

sustentáveis? A teoria é pródiga em reforçar o conceito de “Construção Sustentável” como importante para o desenvolvimento da indústria da construção, principalmente o setor dos edifícios, tendo como cenário o mercado residencial. Trata-se de um conceito multidimensional que é baseado no desempenho de uma construção a nível de cada uma das dimensões: ambiental, econômica e social. Para os fins desta pesquisa o tema delimitado está relacionado com a redução do consumo de energia não renovável, materiais, água e da produção de emissões, resíduos e poluentes. Para que um edifício seja sustentável é necessário que durante o seu ciclo de vida se respeitem, entre outras, as seguintes prioridades: explorar ao máximo o potencial do terreno; preservar a identidade cultural e regional; buscar a eficiência energética; proteger e preservar os recursos hídricos; utilizar materiais e produtos de construção certificados como produtos ecoeficientes; manter um ambiente interno saudável e confortável; otimizar as práticas de utilização e de manutenção destas construções e buscar sempre uma melhor qualidade de vida aos seus usuários. Portanto o principal objetivo da investigação foi mensurar a percepção financeira dos atores envolvidos no cenário da contrução civil tomando como realidade específica a região metropolitana da Grande Fortaleza, situada na região nordeste brasileira. Por percepção há a necessidade de uma devida precisão em sua definição pois Saes (2010) instiga a diferença entre “perceber” e “imaginar”. Percebe coisas que existem concretamente ao seu redor e ao seu alcance. Quanto às coisas ausentes ou inexistentes, se diz imaginá-las, já que não seria capaz de imaginar o que nunca percebeu. A despeito das elucubrações intelectuais do autor, percepção no contexto da pesquisa refere-se ao campo perceptivo no qual a consciência vê um sentido brotar das coisas percebidas, e reconhecer que estas são dadas sempre num horizonte de sentido – e não isoladamente, por meio de dados sensíves separados, que se teria de ligar pelo pensamento ou operações do intelecto.

 

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1.1 Estrutura do texto Considerando esta introdução o presente relatório se constitui de seis capítulos. O aparato teórico está distribuido nos capítulos 2, 3 e 4. O Capítulo 2 delineia o aspecto histórico da sustentabilidade, para em seguida abordar quão mágica se tornou essa mesma palavra no âmbito dos teóricos e no senso comum. O capítulo 4 considera a sustentabilidade no cerne do segmento da construção civil onde se ocupa de apresentar as discussões no tocante ao prédio verde, o que os projetistas vislumbram em termo de futuro quanto às construções sustentáveis como aborda também um futuro próximo. Os procedimentos metodologicos são descritos no capítulo 5 e as analises decorrentes se confinam no capítulo 6. Finalmente as reflexões finais são objeto do capítulo 7. O esquema que segue esboça a lógica desenhada na investigação ora objeto deste documento. Figura 1 – Estrutura da pesquisa Questão  problemática Objetivos

Subsídios  teóricos

Teoria  da  Sustentabilidade

Aspectos     históricos

Aspectos    conceituais

Procedimentos  metodológicos Análise  dos  resultados Considerações  finais Fonte: Elaborada pelo autor com base metodológica

 

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Aplicabilidade  no  setor   da  construção  civil

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SUSTENTABILIDADE Desde os primeiros anos da humanidade. o meio ambiente vem impondo um grande desafio ao homem , sejam por condições climáticas severas ou por escassez de alimento, em certos momentos, como a Era Glacial (AFONSO, 2006). Para se proteger de todas essas condições impostas pelo ambiente, o homem procurou abrigo. Um lugar seguro de predadores e abrigados em relação ao clima, onde pudessem descansar, se reproduzir, cultivar e estocar o alimento, foi fundamental para o começo da humanidade. E quando o fogo foi dominado, a arte de fazer ferramentas, a agricultura e a pecuária, o homem começou a se estabelecer em vilas em certas regiões e aumentou sua população (AFONSO, 2006). O homem começou a usar o meio ambiente a seu favor, abrindo campos para agropecuária, extraindo vários recursos para a manutenção e evolução do modo de vida (AFONSO, 2006). As preocupações com os problemas ambientais provenientes do consumo excessivo dos recursos naturais numa escala maior que o tempo de reposição da natureza tem origem desde a era medieval. As primeiras ações que visavam um estilo de vida mais sustentável foram motivadas pela escassez de maneira para construção de moradia, fortifições, móveis, intrumentos e combustível. Medidas essas tomadas na Inglaterra no século XIV que proibiam o uso de serras hidráulicas e na França que buscavam proteger as florestas e as águas. Tudo por conta da escassez de madeira (ACOT, 1990). Durante muito tempo, o desenvolvimento econômico decorrente da Revolução Industrial não permitiu que os problemas ambientais fossem considerados. O meio ambiente tinha predominantemente uma função acessória ao desenvolvimento, e não como parte intrínseca dele. A poluição e os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento desordenado já eram sentidos, mas os benefícios trazidos pelo progresso os justificavam como um “mal necessário”, algo com que se deveria aprender a lidar (GOLDEMBERG, 2004). No entanto essas preocupações com o meio ambiente se tornaram mais intensas devido ao aumento exponencial da escala de produção fabril mundial, conseguentemente da extração de recursos do meio ambiente. A partir daí começaram a surgir pensamentos mais pessimistas a respeito do crescimento populacional e a

 

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produção de meios de subsistência baseados na extração de recursos do meio ambiente, o principal desses pensadores foi Thomas Mathus ( BARBIERE, 2012; DIAS,2012 ). Em 1798, o economista britânico Thomas Mathus publica a obra o Ensaio sobre a população. A premissas de Mathus discursavam sobre um possível colapso da humanidade devido ao crescimento em uma progressão geométrica da humanidade frente ao crescimento em uma escala aritmédica dos meios de subsistência, o que acabaria em uma escassez de alimento. E que o controle de oferta e demanda desses meios somente viriam a ser reestabelecidos pelas guerras, doenças, pestes e outros modos de controlar a população, mesmo que involutariamente já que não acreditava na capacidade do ser humano de aplicação de políticas públicas como controle de natalidade e restrições morais, principalmente nas camadas pobres ( BARBIERE, 2012; DIAS,2012 ). A Revolução Industrial foi o divisor de águas para humanidade, fábricas começaram a surgir em vários países, principalmente na Inglaterra na segunda metade do século XIX. Para se ter uma noção do tamanho da degradação, para se obter 50kg de ferro a ser utilizado para construção de ferrovias, navios, maquinário, trens e etc, eram preciso queimar a madeira de 5 árvores de 20 metros de altura e um pinheiro, árvore mais utilizada na época para a queima, tarda 18 anos para chegar a esse porte. Florestas inteiras na Europa foram destruídas (ACOT, 1990). A partir de 1950 as preocupações com meio ambiente comerçaram a aumentar. Motivada pela queda da qualidade de vida em algumas regiões do plantio, surgiram várias organizações não-governamentais sem fins lucrativos e organizações governamentais voltadas para preservação ambiental (DIAS,2012 ) Destaca-se neste cenário um grupo de artistas, acadêmicos, industriais e políticos, surgindo na Itália o Clube de Roma com o objetivo de alertar e promover iniciativas para preservação ambiental (CLUBE DE ROMA, 2012) Em meados da década de 70, um grupo de cientistas que assessorava o Clube de Roma alertou, utilizando modelos matemáticos, sobre os riscos do crescimento econômico contínuo baseado na exploração de recursos naturais não-renováveis. O relatório Limits to Growth (Limites ao Crescimento) foi uma publicação resultado deste estudo, publicado em 1972 (CLUBE DE ROMA, 2012). Esse relatório faz projeções sobre o aumento da demanda e o consumo de

 

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recursos naturais não-renováveis. O relatório do Clube de Roma concluiu que em poucas décadas haveria um esgotamento desses recursos e também alertava sobre a necessidade de equacionar o aumento da população em relação à produção de alimento. O ‘’crescimento zero’’ do planeta e a administração dos recursos finitos de modo a prolongar sua existência (MEADOWS, 1972 ). Essa publicação levantou várias discussões na comunidade internacional. Esse documento que na prática propunha um ‘’congelamento’’do crescimento econômico foi fortemente criticado pelos países ditos em desenvolvimento, pois essa proposta iria manter os países pobres e ricos na mesma situação de cada um, o que beneficiaria os países ricos (NASCIMENTO,2009; DIAS,2012). Esse documento foi tão importante que motivou a primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Escolmo, na Suécia. O resultado da Conferência foi uma maior preocupação das nações em relação a criação e estruturação de orgãos ambientais e o estabelecimento de legislações ambientais (NASCIMENTO,2009; DIAS,2012) . Poluir e degradar o ambiente passou a ser considerado crime em vários países. Na mesma época, a crise energética ou crise do petróleo, onde o preço do petróleo aumentou vestiginosamente devido ao embargo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo aos Estados Unidos e Europa, fortaleceu os argumentos para a preservação ambiental e um modelo de vida sustentável (NASCIMENTO,2009; DIAS,2012) . As nações que estavam passando por essa crise energética começaram a discutir ações relativas à racionalização do uso de energia e a busca de combustíveis mais limpos, provenientes de fontes renováveis. Estava-se começando a surgir o conceito do Desenvolvimento Sustentável (NASCIMENTO,2009; DIAS,2012). A Conferência de Estocolmo produziu uma Declaração final que contém 19 princípios que viraram um Manifesto Ambiental onde apontava-se para a necessidade de abordar políticas que buscassem a preservação e a melhoria do ambiente humano (ONU, 2013) Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. “Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações

 

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mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade, com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas…”. “Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a humanidade” (DECLARATION OF THE

UNITED

NATIONS

CONFERENCE

ON

THE

HUMAN

ENVIRONMENT, 2012).

Uma das maiores contribuições da Conferêncicia de Estocolmo foi ter colocado em pauta a relação entre o meio ambiente e as formas de desenvolvimento, de forma que a partir daquele encontro de líderes mundiais não seria possível mais falar de Desenvolvimento sem considerar o meio ambiente e os impactos causados por esse Desenvolvimento. Essa vinculação do desenvolvimento com o meio ambiente que surge o conceito do Desenvolvimento Sustentável ( BARBIERE, 2012). Um dos passos mais importante para o tema do Desenvolvimento Sustentável foi a publicação do Relatório Nosso Futuro Comum. Em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, chefiada pela primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, publicou esse relatório que traz o conceito de Desenvolvimento Sustentável para o público (BARBIERE,2012). Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas (COMISSÃO MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991).



Os principais objetivos desse relatório foram importantes para guiar as politícas

ambientais

e

desenvolvimentistas

em

âmbito

mundial(BARBIERE,2012): • retomar o crescimento como condição necessária para erradicar a pobreza; • mudar a qualidade do crescimento para torná-lo mais justo, equitativo e menos intenso em matéria-prima e energia; • atender as necessidades humanas essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento; • manter o nível populacional sustentável;

 

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• conservar e melhorar a base de recursos; • reorientar a tecnologia e administrar os riscos; e • incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório

O

Desenvolvimento Sustentável é o resultado de dois pactos, um pacto intergerencial, tendo este a preocupação com o gerenciamento e a preservação dos recursos para as gerações futuras, e um pacto intragerencial, que seria a preocupação com o atendimento das necessidades básicas das pessoas (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO

AMBIENTE

E

DESENVOLVIMENTO,

1987

BARBIERE,2012). Outras reuniões para debater políticas públicas e regulamentar sobre o tema se seguiram. Essas reuniões buscavam materializar o discurso do Desenvolvimento Sustentável ( DIAS;2012 ). A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, resultou em um importante documento chamado Agenda 21. Foi colocado no papel políticas e iniciativas que tinham como objetivo o compromisso com a responsabilidade ambiental. Focava em mudanças necessárias aos padrões de consumo, a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento de tecnologias capazes de reforçar a gestão ambiental dos países. Além disso, outros importantes tratados foram firmados, como as convenções da Biodiversidade, das Mudanças Climáticas e da Desertificação, a Carta da Terra ( DIAS;2012 ). A conscientização ambiental ao longo da segunda metade do século XX ocorreu paralelamente ao aumento das denúncias sobre os problemas de contaminação e degradação do meio ambiente. Esse processo de conscientização gerou normas e regulamentos internacionais que foram aplicados em vários países e também surgiram vários organismos responsáveis para acompanhar a aplicação dessas legislações, como Secretarias, Departamentos, Conselhos etc ( DIAS;2012 ). Junto com a criação destes, a sociedade se organizou formando uma infinidade de organizações não governamentais com preocupação ambiental e atuação em várias questões ambientais, esses orgão inclusive são importantes instrumentos de pressão para que as legislações e programas de preservação ambientais sejam aplicados ( DIAS;2012 ).

 

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Essa nova realidade implica em uma mudança de atitude por parte das organizações do setor e público da economia, que têm cada vez mais de levar em conta a opinião pública quando se trata de questões ambientais ( DIAS;2012 ). 3. SUSTENTABILIDADE: UMA PALAVRA MÁGICA Foi o relatório produzido pela Comissão de Brundtland (Nosso Futuro Comum) que apresentou pela primeira vez uma definição mais elaborada do conceito de ‘’Desenvolvimento Sustentável’ (CMMAD,1991). O relatório define as premissas do que seria o Desenvolvimento Sustentável, o qual contém dois conceitos-chave: primeiro, o conceito de ‘’ necessidade’’, particularmente aquelas que são essenciais à sobrevivência dos pobres e que teem prioridade na agenda de todos os países; segundo, o de que o estágio atingido pela tecnologia e pela organização social impõe limitações ao meio ambiente, que o impedem consequentemente de atender às necessidades para que sejam atingidos seus objetivos (DIAS, 2012). Ao longo dos anos alguns teóricos discorreram sobre a definição do Desenvolvimento Sustentável, por exemplo, para MARKANDYA e PEARCE (1988) a idéia básica de Desenvolvimento Sustentável é simples no que diz respeito aos recursos naturais, exceto quando se fala nos recursos que podem ser exauridos. O uso dos recursos naturais pelo processo produtivo deve ser sustentável ao longo do tempo. Conforme, Daley (1991), os caminhos são sustentáveis se for mantido intacto, de alguma forma, o nosso estoque de recursos naturais. Pearce (1992) delineia que o Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento submetido a um conjunto de restrições nas quais o conjunto das taxas de extração dos recursos naturais não é mais alto que a taxa de regeneração induzida ou natural desses recursos naturais e considera a utilização do meio ambiente como depósito de rejeitos. Heal e Kunreuther (2003), discorrem que sustentabilidade é o “Tratamento Simétrico” do presente e do futuro entre gerações e esse tratamento assume valores positivos para o estoque dos recursos naturais a longo prazo. A Sustentabilidade é o reconhecimento explícito dos “valores intrísecos” dos recursos ambientais. (grifo original).

 

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A UNEP eWWF (2014) apresentam o entendimento de Desenvolvimento Sustentável como a melhora da qualidade da vida humana considerando a capacidade do homem de suportar o ecossistema em que vive. Deve preservar os processos ecológicos essenciais e o sistema que suporta os seres vivos. Deve ser a preservação da diversidade genética e a utilização sustentável das espécies e dos ecossistemas. O Desenvolvimento Sustentável nas organizações apresenta três dimensões: econômica, social e ambiental (JOHN ELKINGTON,2001 ). Na dimensão econômica, a sustentabilidade propõe que as organizações sejam viáveis economicamente. Seu dever na sociedade deve ser cumprido levando em conta a rentabiliade, ou seja, dar retorno ao investimento pelo capital privado ou público (JOHN ELKINGTON,2001). Do ponto de vista social, a empresa deve atender aos requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus colaboradores, procurando contemplar a diversidade cultural existente na sociedade, além de propiciar oportunidades aos portadores de necessidades especiais de modo geral. Além disso, seus dirigentes devem participar das atividades socioculturais da comunidade que vive no entorno da unidade produtiva (JOHN ELKINGTON,2001). No aspecto ambiental, deve a empresa buscar a ecoeficiência dos seus processos produtivos, adotar uma produção mais limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental organizacional, adotar uma postura de responsabilidade ambiental, buscando a não contaminação de qualquer tipo do ambiente natural e procurar participar de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades governamentais locais e regionais no que diz respeito ao meio ambiente (DIAS, 2012; JOHN ELKINGTON,2001). Essas três dimensões da Sustentabilidade recebem aglutinadas no mundo dos negócios recebem o nome de Triple Bottom Line(Tripé da Sustentabilidade). Essa expressão foi cunhada na metade da década de 90, mas somente ganhou notoriedade em 1997, com a publicação do livro Cannivals With Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business, de Jonh Elkington. O conceito do Tripé da Sustentabilidade refere-se ao modo como a empresa mede seus resultados em termos econômicos, ambientais e sociais (ALMEIDA,2010; CBIC,2011). No Brasil essas dimensões da sustentabilidade são a principal orientação das políticas públicas ambientais. Essas políticas norteam todas as regulamentações e

 

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programas de iniciativa do Ministério do Meio Ambiente no país. Descrito como imenso território, abundante em terras férteis e outros recursos naturais pela carta de Caminha ao rei de Portugal, tornou-se quase uma falásia se preocupar com desmatamento ou qualquer outro tipo de impacto ambiental, nem ilustres políticos no período imperial como José Bonifácio, Joaquim Nabuco e André Rebouças tiveram suas vozes ouvidas quando seus discursos tocavam nesse tema (BARBIERE,2011). Somente a partir da década de 30, quando o Brasil começa a dar passos firmes na industrialização e começo dos primeiros grandes parques fabris foi que o esboço de uma política pública brasileira se iniciava. Uma data importante nesse contexto foi o ano de 1934, quando foram promulgados os seguintes documentos relativos a uma preocupação com o meio ambiente: Código de Caça e Pesca, Código Florestal, Código de Minas e Código das Águas (BARBIERE,2011). A política ambiental brasileira elaborada a partir da Conferência de Estocolmo tinha como princípios: o controle da poluição e a criação de unidades de conservação da natureza. O crescimento populacional e o saneamento básico – componentes de políticas setoriais de impacto sobre o meio ambiente – ficaram excluídos desse modelo, constituindo, cada um, objeto de política própria, não articuladas à questão ambiental,

o

que

evidenciou

o

desenvolvimento

isolado

deste

setor

(BARBIERE,2011). Alguns órgãos também surgiram afim de desenvolver uam gestão ambiental como o Departamento Nacional de Recursos Minerais, Departamento de Água e Energia, entre outros. Porém pouco se tem notícia de atuação importante desses orgãos. Somente na década de 80 é que as preocpações começaram a surgir, devido o aumento vestiginoso do consumo, migração para os grandes centros e pressões internacionais (BARBIERE,2011). Em Agosto de 1981 com a Lei federal 6.938 foi criado o Sistema Nacional de Meio Ambiente, integrado por um colegiado: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Este colegiado é composto por representantes de ministérios e entidades da Administração Pública, relacionados com a questão ambiental, bem como de órgãos ambientais estaduais e municipais, de entidades de classe e de organizações nãogovernamentais.

Essa Lei estabeleceu os objetivos, princípios, diretrizes,

instrumentos, atribuições e instituições da política ambiental nacional. Segundo a mesma, o objetivo principal da política nacional de meio ambiente é “a preservação

 

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ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições para o desenvolvimento sócio-econômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana” (FEEMA, 1992). Alguns anos depois da criação do Sisnama, o Presidente José Sarney (198589) redefiniu a política ambiental nacional, através da reestruturação dos órgãos públicos responsáveis pela questão ambiental. Através do programa Nossa Natureza, foram

unificados

o

Sudepe

(pesca),

o

Sudhevea

(borracha),

o

IBDF

(Desenvolvimento florestal) e a Sema (meio ambiente) em torno de um único órgão federal: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) (DIAS; 2011). Na esfera internacional, por sua vez, a partir da Convenção de Viena (1985), uma nova visão sobre a questão ambiental, agora preventiva e não somente reparadora, caracterizaria a década de 1980. Seus principíos eram o de zelar pela saúde humana e pelo meio ambiente contra os efeitos adversos resultantes das atividades que modificavam a camada de ozônio, tais como o aquecimento global, o derretimento das calotas polares e a proliferação de doenças como o câncer de pele. De acordo com este novo enfoque, o mecanismo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) – instrumento típico de prevenção – tornou-se uma exigência a ser cumprida para obtenção de concessões para projetos possivelmente nocivos ao meio ambiente (DIAS; 2011). No Brasil essas medidas tiveram efeito através da Constituição Federal de 1988 na qual explicitava que a construção, instalação, ampliação e operacionalidade dessas construções e atividades utilizadoras dos recursos ambientais, considerados potencialmente poluidores, dependeriam de prévio licenciamento por órgão estadual integrante do Sisnama sem prejuízo de outras licenças exigíveis(DIAS; 2011). De acordo com a Constituição Federal, “ todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Além de um capítulo específico para o meio ambiente, a atual Constituição Federal ampliou os mecanismos de defesa, conferindo a qualquer cidadão o direito de propor a ação popular para proteger o meio ambiente e o patromônio histórico e cultural( BRASIL. Constituição Federal, 1988, art. 5 ), e a autonomia do Ministério

 

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Público na defesa das questões socioambientais (BRASIL. Constituição Federal, 1988, art. 29). Constituição Federal de 1988 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

 

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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Fonte: BRASIL, Constituição Federal, 1988, art. 225, caput. Na década de 90, o modelo de política ambiental emplementado no Brasil entrou passou por uma crise. Por um panorama, por não atender à nova pauta da política internacional definida na Eco-92, Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro, que definia como prioridade o controle da poluição industrial e da gestão do ambiente urbano foi priorizado como uma questão de cidadania local, dos governos locais e do mercado de crédito e tecnologias ; por outro, por não atender às demandas de cidadania e de consciência ambiental que se generalizava. Isso resultou na

 

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necessidade de uma redefinição das opções de política ambiental e do papel do Estado brasileiro. O Ibama não consolidou um modelo institucional de acordo com novos desafios (BREDARIOL, 2001). O Ministério do Meio Ambiente, segundo Celso Bredariol, “sempre viveu uma grande defasagem entre prática e proposta de política ambiental” (BREDARIOL, 2001). A política ambiental brasileira se desenvolveu de forma tardia em relação às demais políticas setoriais do país e em função das pressões dos organismos internacionais dos países desenvolvidos(RIGOTTO, 2002). Essa política ambiental nunca foi abordada, na prática, sob uma ótica integrada às demais áreas com ela relacionadas, como as de saúde e de saneamento, por exemplo. Essas áreas, que foram alvo de políticas setoriais próprias, exercem e sofrem impactos extremamente visíveis sobre o meio ambiente (RIGOTTO, 2002). Há necessidade de enfatizar uma vez mais a urgência de estabelecer políticas públicas conscientes para promover a construção sustentável no Brasil, incluindo os edifícios e as obras de infraestrutura. Diferentemente de outros países, o poder público brasileiro apenas recentemente começou a usar seu poder de compra para promover a sustentabilidade no setor da construção, existindo um enorme repertório de medidas a serem utilizadas nessa direção pelo governo e também pelas empresas. Além disso, existem boas iniciativas no âmbito das políticas públicas para o meio ambiente relacionadas ao setor da construcão civil que devem ser valorizadas como o Programa Construção Sustentável, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o Programa de Uso Racional de Energia (PURE), o Programa Racional de Água ( PURA ) e o Selo Casa Azul (Caixa Econômica Federal). Enfim, a atenção das políticas públicas para o setor da construção deve necessariamente passar pela melhoria do conforto, da salibridade e da qualidade de vida; e pela economia de fastos. Para isso, é preciso otimizar o uso do espaço urbano e dos recursos naturais; assegurar o bom desempenho e ampliar a vida útil das construções. 4 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

 

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A sociedade brasileira vive um período de transformação socioeconomico. O sinal mais evidente dessa transformação é a expansão do consumo e do poder de compra do compra do Brasil, apesar de termos uma inflação considerada alta se formos comparar com nossos vizinhos do Mercosul. Até o final de 2014, serão mais de 30 milhões de brasileiros com renda familiar acima de R$ 4,8 mil. Se a indústria tentar suprir essa demanda econômica apenas com o estoque de tecnologia, de produtos e de serviços disponíveis hoje, ocorrerá um risco de se comprometer o desenvolvimento sustentável do Brasil em médio e longo prazos (CBIC,2014). É fundamental desenvolver uma cultura de inovação, de criatividade e atuar de forma mais intensa em busca de incorporar de forma sustentável esses novos padrões de consumo da sociedade. (CBIC,2014). Segundo a Fundação Getúlio Vargas o déficit habitacional no país aponta que até 2022 seria necessário a construção de 23,49 milhões de novas unidades habitacionais. Essa é a meta se o Brasil quiser acabar com o déficit habitacional. Atualmente, mais de 85% dos brasileiros se concentram em áreas urbanas, sendo que 23% se aglutinam nas cinco grandes regiões metropolitanas. No que diz respeito a infraestrutura, o país encara sérios problemas que têm impactos diretamente na qualidade de vida dos brasileiros e deixam nossa economia menos competitiva. Esse cenário é fruto da deficiência histórica de investimentos por parte do estado (FGV, 2010). Estudos do IBGE mostram que a cadeia produtiva da construção civil, em âmbito nacional, representava em 2013 aproximadamente de 5,4% do Produto Interno Bruto, somente levando em conta o setor industrial da construção civil índice era mais de 20% do PIB do setor e é responsável por 7,6% empregos formais no país (IBGE, 2014). A cadeia produtiva da construção tem um papel fundamental na promoção da sustentabilidade. Para demonstrar isso, apresentamos alguns dos impactos nos três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico e social (CBIC,2014). Os impactos do setor da construção civil no meio ambiente vão desde a extração de matérias-primas até o fim da vida útil dos produtos construídos, com a reutilização, reciclagem ou descarte de suas partes (CBIC,2014).

 

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A cadeia produtiva da construção tem impactos ambientais complexos e de longo prazo, com muitas particularidades regionais, isso as torna difíceis de serem mensurados, mas os números apresentados sempre se mostram significativos em escala global, como se observa nos exemplos abaixo:



A construção responde por cerca de 12% do consumo total de água.



A cadeia tem emissões de gases de efeito estufa significativos: a produção de cimento é responsável por cerca de 5% e o uso de energia em edifícios, 33%.



As atividades de construção geram 40% de todos os resíduos gerados pela sociedade.



Grandes empreendimentos de infraestrutura geram pressão sobre diferentes ecossistemas (PNUD, 2012).

Há uma pressão do Estado, de ONG’s e da própria sociedade sobre as empresas que fazem parte da cadeia produtiva da construção para atuarem em seus mercados seguindo as diretrizes da sustentabilidade. Nota-se também uma tendência do crescimento destas pressões, com mais protagonistas buscando influenciar a melhoria do desempenho socioambiental da Construção (PNUD, 2012). As questões socioambientais estão ganhando força como condicionantes para que empresas participantes do setor possam atuar em programas com linhas de financiamento especial, incentivos fiscais etc (CBIC,2014). Os governos locais vêm criando legislações específicas que afetam o setor da Construção, como por exemplo; cresce o número de municípios com leis que obrigam os empreendimentos a terem medição individualizada de água e gás, o aquecimento solar de água e a elaboração de um programa de gestão de resíduos para a obtenção de Alvará de Construção ou Habite-se (CBIC,2014). Outro instrumento fundamental para promoção de construções sustentáveis são os selos e as certificações ambientais. Dentre as mais populares desenvolvidas pela iniciativa privada estão o LEED, do Green Building Council Brasil; o selo AQUA, da Fundação Vanzolini e o BREEAM, da BRE. O setor público também possui suas próprias certificações, como a Etiqueta Procel Edifica, da Eletrobrás; o selo Casa Azul, da Caixa Econômica Federal, dentre outros. Com suas diferentes metodologias, esses selos são um reconhecimento nacional e internacional aos

 

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esforços das incorporadoras e consturtoras em realizar obras realmente sustentáveis. (ABRAMAT,2011). Destaca-se também as organizações que estão dedicadas à promoção da sustentabilidade no setor da Construção, como o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) que, desde 2007, reúne professores, pesquisadores e empresas para “induzir o setor da Construção a utilizar práticas mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de vida dos usuários, dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações”. De modo complementar, o Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade da Construção, da Fundação Dom Cabral (CDSC/FDC), se dedica a construir estudos de caso, pesquisas e ferramentas de apoio ao desenvolvimento da gestão da sustentabilidade na cadeia produtiva da Construção (CBCS,2014). Por fim, observa-se que as entidades de classe em todo o país vêm realizando iniciativas de promoção da sustentabilidade na cadeia produtiva. A Tabela 1 apresenta os programas prioritários da Câmara Brasileira da Industria da Construção, que abordam diferentes aspectos da sustentabilidade na construção (CBIC,2012). Para que as metas desses programas possam ser alcançadas é preciso uma maior mudança na forma da iniciativa privada pensar sobre seus processos internos e em suas funções principais. Esses programas são apenas modelos sugestivos de construir um ambiente construído mais consciente. Não há nenhum ônus tributário caso essas “recomendações” não sejam seguidas. Os governos, as empresas e sociedade civil precisam entender que a sustentabilidade não é apenas mais uma tendência ou uma jogada de marketing, mas sim um caminho a ser traçado para uma sociedade melhor. 4.1 Construções Sustentáveis A origem das edificações ou construções sustentáveis datam de meados dos anos 70 anos nos Estados Unidos. As origens desde movimento tem raízes econômicas e ambientais ( KEELER e BURKER, 2013). O embargo de fornecimento da OPEP em 1973 causou uma escassez do combustível fóssil, fonte da matriz energética mundial, com isso vários setores da economia passaram por uma reformulação dos processos de produção e passaram a

 

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buscar fontes de energia alternativa e também buscaram meios de

diminuir o

deperdício em várias cadeia de produção ( KEELER;BURKER, 2013). Tabela 1 – Programas Prioritários CBIC

Fonte: CBIC, 11.11.2014

Arquitetos e Engenheiros, com o auxílio governamental, buscaram promover um modelo de construção mais amigo da natureza, pois essa nova forma de construir gerava uma quantidade de resíduos muito inferior ao praticado antes e uma economia de recursos muito importante para a crise que o mundo estava passando ( KEELER e BURKER, 2013). A expressão “Green Building” ou “Edifícios Verdes” é denominada para construções que possuem preocupações ambientais e visam a eficiência energética. A difusão das idéias dos conceitos projetuais do Green Building surgiu como resposta à generalização da conscientização ambiental na década de 90 (SILVA, 2007). Nesses edifícios, desde a fase projetual, são pensadas soluções para haver um maior aproveitamento da iluminação natural e uma maior economia de energia, fazendo-se uso de energias limpas. Há também uma preocupação com a seleção de materiais cujo ciclo de vida interfira o mínimo possível no meio ambiente. Na fase de

 

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execução, são importantes, principalmente, a organização do canteiro de obras, a reciclagem dos resíduos da construção e a utlização de mateirais reciclados e certificados. Os Edifícios Verdes prezam sempre pelo conforto ambiental do usuário, aliado às preocupações ambientais (SILVA, 2007). Os preceitos das edificações sustentáveis tem algumas mudanças dependendo da política do país em que vigoram, mas todos são unânimes na maioria dos pontos: •

Buscar a eficiência na utilização dos recursos; o Minimizando o impacto da mineração e do extrativismo na produção de materiais e contribuir para a recuperação do recursos naturais. o Reduzindo o consumo de solo, água e energia durante a manufatura dos materiais e contribuir para a recuperação dos recursos naturais. o Planejando uma baixa energia incorporada durante o transporte dos materiais ao terreno. o Trabalhando de modo lógico à medida que a cadeia de produção de materiais é traçada; ( KEELER;BURKER, 2013).

No Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, a construção sustentável é um processo holístico que busca a restauração e manutenção da harmonia entre o ambiente natural e o ambiente construído. Para alcançar esse processo recomenda-se: •

Um novo modo de pensar sobre a arquitetura tradicional com projetos para edificações com possibilidade para futuras modificações para o atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições ou grandes alterações exigindo mais recursos;



A busca de soluções que otimizem o uso de energia ou de energias renováveis;



A gestão consciente da água;



A redução dos resíduos sólidos em todo a cadeia produtiva

da

construção, abrindo margem para a reutilização desses resíduos (MMA, 2014 ).

 

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A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) procura cumprir seu papel em tornar o setor da construção civil sustentável através de um programa de estrátegias e ações como foi visto no item anterior . O Programa Construção Sustentável promove o diálogo e a ação. As diretrizes das propostas precisam ter uma viabilidade na proporção e na velocidade certas ao longo dos períodos pretendidos. Para atingir as metas, é fundamental a integração e a mobilização de todos que participam do setor, além do Estado, organizações não governamentais e a sociedade(CBIC,2014). O programa recomenda caminhos para as diretrizes, práticas e prioridades que tornem a construção sustentável não uma tendência de momento, mas uma realidade no Brasil. São proposições formuladas a partir de diálogos estabelecidos entre a cadeia produtiva da construção e especialistas de diferentes áreas (CBIC,2014). O objetivo do programa é incentivar as empresas, governos e sociedade a repensar seus produtos, serviços e estratégias, considerando as dimensões ambiental, social e econômica; erradicar a ilegalidade e a informalidade em toda

cadeia

produtiva da construção; a agir de forma eficiente e responsável junto aos consumidores, steakholders e ao meio ambiente; a agirem de acordo com a legislação e a se comunicarem com seus colaboradores (CBIC,2014). O programa não apresenta modelo ou uma regulamentação. Mas, apresenta propostas para o país implementar ações para as empresas, sociedade e governos atuarem em sintonia para um país mais consciente de seus modelos de produção. A sua proposição é:



Legislar políticas que incentive o reaproveitamento das águas pluviais em edifícios residenciais, comerciais e públicos.



Elaborar um manual de boas práticas que apresente diretrizes para o uso racional da água.



Promover uma da gestão pública mais preocupada com a questão do manejo e da drenagem de águas pluviais e o aumento de áreas permeáveis nas áreas urbanas..



Promover programas de capacitação, educação e conscientização sobre o uso consciente da água para os profissionais da cadeia produtiva da construção .

 

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Mapear e disseminar as boas práticas na adoção de critérios de verificabilidade legal, de responsabilidade socioambiental, de conformidade e de qualidade na cadeia produtiva da construção. essa ação tem como um dos seus principais objetivos estimular a autorregulação das empresas para verificação permanente do atendimento às leis e adoção de critérios para qualificação dos profissio- nais, produtos e serviços.



Promover a revisão nacional da grade curricular de universidades, cursos técnicos profissionalizantes e de capacitação de professores dos cursos de formação de profissionais da construção. essa revisão deve inserir temas específicos e transversais à formalidade, qualidade, conformidade, inovação e sustentabilidade. Além disso, é necessário erradicar o analfabetismo entre os trabalhadores da construção(CBIC,2014). Porém, com todas essas diretirzes do Programa Construção Sustentável e entre outros documentos, manuais, relatórios e etc, não há um parâmetro universal para atestar se uma construção é sustentável. Para atenuar essa problemática alguns governos e ONG’s se organizaram e desenvolveram sistemas de certificações para mensurar quais iniciativas do setor da construção civil mereciam ser reconhecidas de alguma forma como sustentáveis.

4.2 Projetos de construções sustentáveis do futuro Projetos, que propõem soluções para problemas ambientais e urbanos do planeta, foram inscritos em concurso da renomada revista de arquitetura eVolo Magazine. Os dez melhores projetos comporão esta seção com intuito de que o imaginário do leitor possa culminar para o aspecto financeiro de torna-los factíveis no mundo real. Quando você se sente mal, você procura assistência médica. Mas e quando a cidade

está

doente,

o

que

se

deve

fazer?

O

projeto

“A

Torre

de

Climatologia”conforme Figura 2, é um arranha-céu projetado para ser um centro de pesquisa de clima urbano capaz de corrigir o meio ambiente por meio da engenharia mecânica. O projeto analisa microclimas dentro das cidades, a acumulação de edifícios e a escassez de espaços abertos e livres. Através de engenharia de controle  

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ambiental, programas de avaliação avaliam uma variedade de fatores, como insolação, radiação e cobertura térmica. Em seguida, os sistemas mecânicos respondem para reduzir ou aumentar os níveis dessas condições ambientais. O arranha-céu de origem de arquitetos russos, conforme Figura 3, reconhece a ameaça da poluição atmosférica nas cidades. Ele é projetado para “inalar” dióxido de carbono e outros gases nocivos liberados pelo transporte urbano e indústrias. Em contrapartida, exala ar limpo. Sua cobertura consiste de tubulações longas com microfiltros que fazem a filtração. Enquanto o ar limpo é liberado para a atmosfera, todas as substâncias nocivas são armazenadas para serem usadas pela indústria química. Figura 2 - Torre de Climatologia, um médico para a cidade.

Fonte: Exame.com, 30.03.14

Figura 3 - Hiperfiltro de poluição urbana

 

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Fonte: Exame.com, 30.03.14

Ao contrário de prédios convencionais, que contam com estrutura de aço e fundição de concreto, o arranha-céu de designer canadense objeto da Figura 4 sugere um método mais ecológico e alternativo de construção, que se baseia no conceito de captura de carbono. A captura de carbono é uma prática que retira o gás de efeito estufa da atmosfera a fim de atenuar sua concentração nociva. Um novo método recente que vem sendo estudado sugere a captura através de resinas de carbono especiais capazes de transformar o dióxido de carbono em material de construção sólido. Levando isso (muito) à frente, os designers Yuhao Liu e Rui Wu projetaram o “Propagate Skyscraper”, um arranha-céu que seria capaz de assimilar dióxido de carbono e usar esse gás para se auto propagar. Seu padrão de crescimento seria definido por fatores ambientais, como vento, chuvas, e quantidade de CO2 presente na atmosfera. Assim, cada estrutura resultante seria diferente da outra.

 

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Figura 4 - Um prédio faminto por CO2

Fonte: Exame.com, 30.03.14

O projeto chinês Babel de Areia, Figura 5, é um centro de pesquisa científica e de atrações turísticas no deserto. A parte principal de cada edifício é construída com areia, sintetizada por meio de uma impressora 3D alimentada por energia solar. Sua forma é inspirada em fenômenos naturais, como tornados, e em rochas cogumelo, uma formação comum em desertos. As torres possuem estrutura de esqueleto em espiral, que melhora a ventilação interna. Como seu nome sugere de acordo com a Figura 6, o Rain Forest Guardian tem a missão de proteger a floresta. Não qualquer uma. Ele foi projetado para ficar na Amazônia, onde capturaria a água da chuva na estação chuvosa e irrigaria a terra durante a estação seca. Ele consiste em uma torre de coleta de água, uma estação de incêndio florestal, uma estação meteorológica, e laboratórios de pesquisa e educação científica. Em caso de incêndio, os bombeiros voam para o local e apagam o fogo com a água coletada. Além disso, o Guardião Skyscraper oferece laboratórios de pesquisa científica especiais para os cientistas monitorarem a mudança climática e os efeitos no ecossistema.

 

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Figura 5 - Torres de areia 3D

Fonte: Exame.com, 30.03.14

A economia explosiva da China tem feito o país pagar um preço alto por se tornar a "fábrica do mundo". Está ficando poluída a uma velocidade alarmante. O objetivo do Projeto Azul, Figura 7, é transformar essas partículas suspensas, nocivas à saúde, em energia verde. Através de reações químicas, a torre combinaria o monóxido de carbono com outras substâncias para gerar metano. Globalmente, milhões de toneladas de lixo vão parar no mar todos os anos. Como o plástico não é biodegradável, ele representa uma ameaça para milhares de animais marinhos. Pensando nisso, o designer sul-coreano Sung Jin Cho projetou o Seawer, como se pode apreciar a Figura 8, um grande ralo de drenagem com 550 metros de diâmetro e 300 metros de profundidade para ser colocado bem abaixo de áreas afetadas, como a Grande Porção de Lixo do Pacífico. O projeto engole todos os tipos de lixo flutuante no mar através de suas camadas de filtros que separam as partículas dos fluidos. Todo o plástico recolhido é então levado para uma usina de reciclagem em cima da estrutura, enquanto a água do mar é filtrada e armazenada em um grande tanque de sedimentação no fundo, e depois é liberada de volta no oceano.

 

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Figura 6 - Rainforest Guardian, o guardião da floresta

Fonte: Exame.com, 30.03.14

Figura 7 - Fábrica de transformar poluição em energia

Fonte: Exame.com, 30.03.14  

 

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Figura 8 - E que tal um grande ralo submarino?

Fonte: Exame.com, 30.03.14  

Com catástrofes naturais cada vez piores e que não dão sinais de abrandamento, é preciso repensar a forma como as cidades devem ser reconstruídas após uma tragédia. Se tombou, acredita o designer Eric Nakajima, é sinal de que a infraestrutura não era adequada para as condições ambientais do local. Com isso em mente, ele projetou a Liquefactower, a cidade que afunda, conforme Figura 9. É um sistema que se adapta às condições ambientais, sem a necessidade de ajustes, alteração ou correção. Para a nova cidade, o solo instável torna-se uma necessidade e não um fardo que a enterra em tempos adversos. Nas grandes cidades, é comum as rodovias segregarem as áreas comerciais dos locais residenciais. Da mesma forma, os arranha-céus exacerbam essa condição em vez de incentivar a integração urbana. A ideia do designer americano Ziwei Song , consoante o conteúdo da Figura 10, é fazer uma ponte entre esses dois mundos, criando um único organismo arquitetônico que impulsione o intercâmbio cultural, atividades urbanas e interação social. Seu foco foi a cidade de Los Angeles, na Califórnia, EUA. O Skyvillage se ergue sobre as rodovias do lugar e de quebra traz cobertura verde capaz de filtrar a poluição dos carros nas estradas.

 

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Figura 9 - A cidade que afunda (de propósito)

Fonte: Exame.com, 30.03.14

Uma flor símbolo nacional da Malásia, o hibiscos, é a inspiração para esta torre, que anuncia, graciosamente, sua presença no céu, como visualiza a Figura 11. Como a coroa de uma flor, o último andar da torre tem 29% mais espaço do que a sua base. Não é à toa. Lá em cima, há painéis solares que podem capturar ao máximo a energia para uso em sistemas da torre. Partindo de um cotidiano no atual contexto o “edifício verde é o tsunami do futuro que irá inundar todo o setor imobiliário”. Dentre as principais tendências consideradas no mercado no presente ano foram destacadas, por EXAME, 2014: 1 - Mercado em alta No Brasil, o mercado da construção sustentável tem passado ileso pelo desempenho errático da economia nos últimos anos. De acordo com um estudo realizado pela EY (antiga Ernst & Young), em 2012, os prédios verdes movimentaram R$ 13,6 bilhões no país. O valor dos imóveis que reivindicam a certificação alcançou 8,3% do total do PIB de edificações naquele ano, que foi de R$ 163 bilhões.

 

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Figura 10 - Los Angeles integrada nas alturas

Fonte: Exame.com, 30.03.14

Figura 11 - Blossom Tower

Fonte: Exame.com, 30.03.14

 

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2 – Eficiência energética é palavra de ordem A segunda megatendência na lista de especialistas é o crescente foco em eficiência energética em todos os tipos de edifícios, comerciais e residenciais, incluindo o papel crescente da automação predial utilizando sistemas baseados em nuvem. Tamanho e dimensão das janelas e os tipos de vidro escolhidos, iluminação, que avalia, por exemplo, a intensidade de luz natural no prédio e o desligamento automático do sistema estão entre soluções que ajudam a evitar o desperdício de energia. 3 - Prédios de Energia Zero Outra megatendência são os Edifícios de Energia Zero (zero energy buildings ou ZEBs, na sigla em inglês), que produzem mais energia do que consomem ao longo de um ano. Longe de um exercício de futurologia, os ZEBs já estão sendo incorporados na estratégia energética de diversos países no mundo, como Alemanha e Noruega e também nos Estados Unidos. Os métodos de produção podem ser os mais diversos. Nos Estados Unidos, o mais comum é o fotovoltaico, que usa a energia do sol para gerar energia. Tudo depende das características de cada região. 4 – Retrofit ecológico em prédios antigos O foco da indústria de construção verde continuará a mudar dos novos projetos para a adaptação de edifícios existentes aos padrões sustentáveis. Esta tendência, chamada de retrofit verde, cresce desde 2010 e é um caminho mais rápido para que edifícios antigos e clássicos atinjam um padrão sustentável em comparação à construção de um novo projeto. Nos Estados Unidos, o mercado da construção sustentável saiu dos míseros U$ 10 bilhões em 2005 para atingir U$ 236 bilhões atualmente. O exemplo de maior destaque é o Empire State Building. 5 – Novas certificações na disputa A principal certificação de construção sustentável, o LEED (sigla em inglês de “Leadership in Energy and Environmental Design”) vai atrair competidores como nunca. Yudelson prevê que o custo e a complexidade da certificação abrirá o mercado para outros concorrentes.

 

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Nos EUA, por exemplo, um dos recém-chegados é o sistema de classificação Green Globes, que conta com ajuda de ações recentes do governo Obama para ficar em pé de igualdade com o LEED nos projetos federais. No Brasil, um dos selos mais procurados, além do Leed, é o selo Aqua. 6 – Energia solar, um bom negócio O uso de energia solar em edifícios vai continuar a crescer. As oportunidades de financiamento para projetos dessa natureza ajudarão a fornecer capital para instalação de sistemas de cobertura de edifícios comerciais, estacionamentos, armazéns e lojas de varejo, além de residências. Atualmente, gerar energia solar em casa, no Brasil, por exemplo, já permite que não se tenha que pagar nada na conta de luz no fim do mês e até ficar com crédito com a distribuidora de energia. 7 – Abaixo o desperdício de água A consciência de que a água é um recurso escasso vai aumentar globalmente, alimentada pelo risco de uma crise de abastecimento de água potável. Os edifícios verdes pode ser um aliado no combate ao problema, por meio da incorporações de sistemas que otimizam o uso de água. Exemplos que vão da instalação de descargas que usam menos água nos banheiros à incorporação de telhados verdes, que coletam água da chuva para reuso no prédio. Finalmente a Figura 12, evidencia as características que hoje estão presentes em muitos dos edifícios seguindo critérios de sustentabilidade. 4.3 Certificações e sua importância para o meio ambiente. No atual processo de globalização dos mercados, as exigências ou critérios ambientais têm se convertido em fatores fundamentais na competitividade empresarial, devido ao crescimento tanto da consciênica ambiental dos consumidores, como pela aplicação de medidas cada vez mais rigorosas que os governos são obrigados a adotar devido aos acordos internacionais que buscam diminuir o impacto da atividade humana que afeta negativamente a qualidade de vida no planeta (SODRÉ, 1997).

 

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Figura 12 – Edificios verdes em consonância aos critérios de sustentabilidade

 

Fonte: Exame, 17.04.13

 

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A comunicação ambiental empresarial tem procurado implantar estratégias que deem garantias ao consumidor de que a informação declarada seja verdadeira, e entre as mais efetivas está a busca pela certificação tanto dos processos produtivos quanto dos produtos. A idoneidade da certificação é obtida por ser um procedimento voluntário, pelo qual uma organização assegura atráves de documento ou rotulagem que um produto, processo ou serviço cumpre com as exigências ambientais (SODRÉ, 1997). Os consumidores são massacrados todo dia por todo o tipo de apelo publicitário para que comprem os mais diversos tipos de produtos e, o que é o mais complicado, eles, muitas vezes, não sabem distinguir um produto do outro. Desse apelo resultou-se um dos direitos básicos do consumidor: o direito à informação (SODRÉ, 1997). Desse direito corresponde um dever dos fornecedores que é passar informações sobre seus produtos para que, com isso, seja restabelecida a igualdade nas relações de consumo e assim diminuir a vulnerabilidade dos consumidores. A rotulagem ambiental é um dos instrumentos para tal fim, pois informa os consumidores a respeito dos produtos que causam menos impacto para o meio ambiente. Porém, é preciso que ela seja encarada como uma ferramenta de marketing que realmente oriente o consumidor na hora dele efetivar sua compra, e não apenas como um rótulo publicitário (SODRÉ, 1997). A Rotulagem Ambiental é um assunto recente, cada vez mais em evolução e que vem sendo implementada tanto nos países desenvolvidos, quanto nos em desenvolvimento. Ela é uma das ferramentas utilizadas que pode contribuir para a implementação de políticas públicas em prol do desenvolvimento de novos padrões de consumo que envolvem condições ambientalmente mais saudáveis e, ainda contribuem para a evolução da produção industrial (ROTULAGEM AMBIENTAL, 2002). Conforme o mercado verde torna-se cada vez mais solidificado devido a crescente busca por produtos que não agridam o meio ambiente. Porém, surgem também, paralelo a esse crescimento, muitas atribuições ecológicas que são duvidosas e enganosas, acabando por mascarar a verdade sobre o produto e a confundir o consumidor. Tanto os consumidores, como as empresas, estão buscando não somente qualidade e preço, mas também aspectos ambientais associados ao próprio produto.

 

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Porém, alegações como “Biodegradável”, “Ecologicamente Correto” entre outras, são feitas sem prévio estabelecimento de critérios que agreguem valor, informação e veracidade ao consumidor (KOHLRAUSCH,2003). Com a aceitação da rotulagem ambiental junto ao mercado consumidor e a propagação do movimento ambientalista, os fabricantes aproveitaram essa situação e passaram também a informar aspectos ambientais positivos atendidos pelos seus produtos. Porém, estas informações nem sempre geravam confiança ao consumidor, pois ele não tinha conhecimento suficiente para julgar o critério de escolha, e mesmo quando as informações eram verdadeiras, elas abrangiam apenas um aspecto do produto (KOHLRAUSCH,2003). Para os programas de rotulagem ambiental podem ser caracterizados como positivos, negativos ou neutros. Os positivos são aqueles que tipicamente certificam produtos que possuem um ou mais atributos ambientais, os programas de rotulagem negativos alertam os consumidores quanto aos perigos dos ingredientes contidos nos produtos que usam o selo, já os programas neutros apenas resumem as informações ambientais sobre os produtos com a finalidade de serem interpretadas pelos consumidores ao decidirem comprá-los. Os programas de certificação ambiental podem, ainda, ser classificados como mandatários ou voluntários. Os mandatários são estabelecidos pela legislação e abrangem os selos de advertência e de informação. São geralmente os avisos de alerta (inflamável, tóxico). Os voluntários, por sua vez, são comumente positivos ou neutros e classificam-se também como cartões-relatórios, selos de aprovação ou programas de certificação de atributo único. Eles passam informações que atestem a efetiva ou quase ausência de impactos ambientais dos produtos (BAENA,2000),. A proliferação dos rótulos ambientais em diversos países, por um lado, resultou na aceitação por parte dos consumidores e, por outro, acabou gerando uma certa confusão que demandou a definição de normas e diretrizes para a rotulagem ambiental. Assim, o mercado sentiu a necessidade de que entidades independentes averiguassem as características dos produtos e os rótulos e declarações ambientais que neles estavam contidos com o intuito de assegurar e reforçar a transparência, imparcialidade e a credibilidade da rotulagem ambiental (ROTULAGEM AMBIENTAL, 2002).

 

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Atualmente se encontram no mercado vários tipos de rotulagem. Eles variam de acordo com quem é o responsável pelo aviso veiculado e sobre o que está sendo avisado. A rotulagem ambiental basicamente tem por princípio atribuir um selo ou rótulo a um produto que pode ser um bem, serviço, tecnologia ou quaisquer outras aplicações industriais para as quais se atribua um rótulo ambiental (ROTULAGEM AMBIENTAL, 2002). A rotulagem é um dos meios capazes de informar a sociedade a respeito dos impactos causados pela deterioração ininterrupta do meio ambiente pelo modo insustentável de produção e consumo. Em conseqüência da proliferação dos rótulos e selos ambientais e da extrema necessidade de serem estabelecidos padrões e regras para que eles fossem utilizados adequadamente é que a ISO (Organização Internacional de Normalização) desenvolveu normas para a rotulagem ambiental (SODRÉ,2002). O termo rotulagem ambiental apresenta vários conceitos, de acordo com cada autor: •

“É a certificação de produtos adequados ao uso que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a produtos comparáveis disponíveis no mercado” (ABNT, 2002).



“A rotulagem ambiental consiste na atribuição de um selo ou rótulo a um produto para comunicar ao seu consumidor que este atende aos padrões ambientais requeridos para sua

concessão” (ROTULAGEM, 2002). •

“Rotulagem ambiental são declarações que dão ao consumidor informação acurada a respeito do impacto ambiental de um produto” (CEMPRE, 1999).



“Os rótulos ecológicos atestam que um produto causa menor impacto ambiental em relação a outros” comparáveis “disponíveis no mercado” (NASCIMENTO, 2002).

Pode-se notar que os produtos que apresentam selos ou rótulos ambientais apenas amenizam os impactos ao meio ambiente, eles não garantem a total ausência de danos à natureza. Por isso, produtos com o termo “ecologicamente correto” contido em muitos produtos, está passando uma informação incorreta, não condizente com a realidade, pois dificilmente um produto será isento de impactos ambientais em todo o seu ciclo de vida produtivo.

 

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Os rótulos ambientais devem ser objetivos, com informações relevantes, devem ser também compreensíveis, facilitando assim a comunicação e a linguagem ambiental para que o consumidor entenda e se familiarize com as questões ambientais. O consumidor não pode fazer uma escolha consciente sem compreender o sentido das declarações, símbolos ou dos termos estampados nos produtos. É inegável a importância dos programas de rotulagem ambiental como um grande alavancador para as mudanças nos padrões de consumo, pois além de orientarem os consumidores a compra de produtos que agridam menos o meio ambiente, induz os fabricantes, devido à concorrência dos produtos no mercado, a mudarem suas formas de produção (CORRÊA 2000). Os rótulos e declarações ambientais são uma das ferramentas da gestão ambiental, que são assunto da série 14000, eles fornecem informações sobre um produto ou serviço em termos de suas características ambientais gerais, ou de um ou mais aspectos ambientais específicos. Compradores e potenciais compradores podem usar essas informações para escolher os produtos e serviços que desejam com base em considerações ambientais, entre outras. O fornecedor do produto ou serviço espera que a rotulagem ou as declarações ambientais influenciem a decisão de compra a favor de seu produto ou serviço. Se o rótulo ou declaração ambiental tiver esse efeito, a participação de mercado do produto ou serviço pode aumentar e outros fornecedores podem reagir, melhorando os aspectos ambientais de seus produtos ou serviços para poderem usar rótulos ambientais ou fazer declarações ambientais, resultando assim em menor impacto ambiental exercido por aquela categoria de produto ou serviço (NBR ISO 14020, 2002). Há inúmeras certificações e rotulagens ambientais no mercado internacional que se destinam, na sua maioria, a áreas específicas, no caso da construção civil existem os selos como : LEED, AQUA, AZUL, PROCEL, BREEAM e entre outros. A norma técnica ISO 14020 define os critérios a serem adotados nos selos ambientais (NBR ISO 14020). A NBR ISO 14020 da ABNT estabelece nove princípios gerais, aplicáveis a todo o tipo de rotulagem ou declaração ambiental cujo objetivo final é assegurar correção técnica, transparência, credibilidade e relevância ambiental. Os princípios são:

 

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1) Rótulos e declarações ambientais devem ser precisos, verificáveis, relevantes e não enganosos; 2) Procedimentos e requisitos para rótulos e declarações ambientais não devem ser elaborados, adotados ou aplicados com intenção de, ou efeito de, criar obstáculos desnecessários ao comércio internacional; 3) Rótulos e declarações ambientais devem basear-se em metodologia científica que seja suficientemente cabal e abrangente para dar suporte às afirmações, e que produza resultados precisos e reproduzíveis; 4) As informações referentes aos procedimentos, metodologias e quaisquer critérios usados para dar suporte a rótulos e declarações ambientais devem estar disponíveis e ser fornecidas a todas as partes interessadas sempre que solicitadas; 5) O desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais deverá considerar todos os aspectos relevantes do ciclo de vida do produto; 6) Os rótulos e declarações ambientais não devem inibir inovações que mantenham ou tenham o potencial de melhorar o desempenho ambiental; 7) Quaisquer requisitos administrativos ou demandas de informações relacionadas a rótulos e declarações ambientais devem ser limitados àqueles necessários para estabelecer a conformidade com os critérios e normas aplicáveis dos rótulos e declarações ambientais; 8) Convém que o processo de desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais inclua uma consulta participatória e aberta às partes interessadas. Convém que sejam feitos esforços razoáveis para chegar a um consenso no decorrer do processo; 9) As informações sobre aspectos ambientais dos produtos e serviços relevantes a um rótulo ou declaração ambiental devem ser disponibilizadas aos compradores e potenciais compradores junto à parte que faz o rótulo ou declaração ambiental. A certificação como estratégia de marketing é adotada pelas empresas como uma oportunidade de mercado para diferenciar-se dos concorrentes mais convencionais e posicionar-se no como marca ambientalmente correta e socialmente responsável. Além disso, a certificação também contribui para a inserção da marca em novos nichos de mercado e para atender às demandas de mercados que adotam altos critérios de exigências em matéria ambiental.

 

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Os sistemas de certificação não são iguais às ferramentas de avaliação do ciclo de vida ou de avaliação de desempenho e impacto ambiental, ainda qua a certificação conferida e o desempenho final de determinada edificação possam fornecer avaliações de imapacto e outros dados importantissímos para todos os envolvidos ( KEELER;BURKER, 2013). Os selos de categorização, certificação ou selo ecológico proporcionam uma escala para se avaliar a incorporação de estratégias sustentáveis a uam edificação em comparação com prédios mais convencionais (KEELER;BURKER, 2013). Para comparar edificações e produzir resultados que permitam uma avaliação precisa, os sistemas de vem usar métodos de medição consistentes. Os sistemas precisam ser verificáveis, mensuráveis, quantificáveis e tecnicamente consistentes. Eles devem também ser suficientemente desenvolvidos, apresentando um portfólio de prédios certificados com relevância para o amplo aspecto de tipos de edificações( KEELER;BURKER, 2013). Quando obtém uma pontuação alta em um sistema de certificação, a edificação costuma ser beneficiada por fatores como o aumento da capacidade de atrair investimentos, relações públicas de alto valor, incentivos para compradores ou investidores e licenças preferenciais ou até prioridades em determinados municípios, além de outros benefícios menos tangíveis (KEELER;BURKER, 2013). A seguir uma breve descrição dos principais selos verdes no segmento da construção civil. 1 - BREEAM Sistema de certificação britânico desenvolvido pelo BRE – Building Reserch Establishment. País de origem: Inglaterra. Ano de lançamento: 1992. Empreendimentos no mundo: 1.200.000 certificados /em fase de certificação. Empreendimentos no Brasil: 1 em fase de certificação.

 

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Figura 13 – Certificação BREEAM

Fonte: BREEAM. 05/10/2014

Entre os sistemas de certificação mais antigos e amplamante adotados, destaca-se o Building Reserch Establishment Environmental Assessment Method, desenvolvido no Reino Unido em 1990 pelo Building Establishment Ltd (BREEAM,2014). O BREEAM trata de questões como administração de edificações, consumo de energia, saúde e bem-estar, poluição, transporte, uso do solo, ecologia, materiais e água. A diversidade de sistemas desenvolvidos pelo BREEAM inclui sistemas para foros, edificações preexistentes, edifícios de comércio varejista e escolas, bem como um “Código para Habitações Sustentáveis” adotado oficialmente , que se materializou no sistema de casas ecológicas BREEAM. O BRE também tem condições de desenvolver sitemas específicos para o uso internacional, publicando um guia sustentável para especificações e oferecendo um software para avaliação do : custo de vida útil e imacto ambiental” (BREEAM,2014). O BREEAM utiliza medidas de avaliação de desempenho reconhecidas internacionalmente, aplicadas a partir de uma ampla gama de categorias e critérios relacionados a energia, água, ambiente interno (saúde e bem-estar), poluição, transporte,

materiais,

resíduos,

ecologia

e

processos

de

gestão.

Sua

metodologia robusta foi desenvolvida com base em pesquisas científicas relacionadas à construção civil. O nível de exigência é altíssimo e sua introdução no cenário brasileiro ainda é recente e pouco desenvolvida (BREEAM,2014). O referencial desenvolvido para aplicação em países fora da Europa, o BREEAM International Bespoke, é dividido em 9 categorias:

 



gerenciamento



energia



água

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transporte



materiais



poluição



saúde e bem-estar



uso da terra e ecologia



resíduos Cada categoria possui diversos critérios, denominados créditos.

Pelo fato de o Bespoke poder ser aplicado em qualquer tipologia de edificação em qualquer lugar do mundo, nem todos os créditos existentes no Bespoke serão requeridos para a certificação de dado empreendimento. A avaliação dos créditos aplicáveis é feita pelo BRE a partir da análise do projeto do empreendimento (BREEAM,2014). O BREEAM utiliza medidas de desempenho determinadas em face das marcas de referência estabelecidas para a avaliação do projeto, construção e uso de uma edificação. Tais medidas são aplicadas a partir de categorias e de critérios de caráter prescritivo, com um alto nível de especificação e detalhamento (BREEAM,2014). A avaliação certificada BREEAM é feita por um organismo licenciado, por meio de assessores treinados de acordo com o esquema de credenciamento UKAS, em diversas fases do ciclo de vida de uma edificação. Isso fornece aos clientes, incorporadores, projetistas e ao mercado os seguintes benefícios: •

Reconhecimento do mercado para edifícios de baixo impacto ambiental.



Confiança de que práticas ambientais devidamente testadas foram incorporadas ao edifício.



Marca de referência superior às regulamentares.



Sistema que auxilia a reduzir custos operacionais e melhorar os ambientes domésticos e de trabalho,



Padrão que demonstra o progresso em relação aos objetivos ambientais, organizacionais e corporativos(BREEAM,2014). Os principais diferenciais do BREEAM em relação às demais metodologias são:

 

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Rigor e profundidade de seus critérios, constantemente atualizados através da sua estreita relação com pesquisas acadêmicas e análise laboratorial do ciclo de vida de materiais.



Reconhecimento internacional, atuação em diversos países.



Adaptabilidade, para ser aplicada em diferentes culturas, devido ao seu sistema que considera as diferenças regionais.



Dá preferência à legislação local.



Caráter prescritivo, estruturado a partir da prevenção de riscos e da preservação dos recursos naturais.



Utiliza um sistema direto de pontuação que é transparente, flexível, fácil de entender, com base em comprovação científica e pesquisas (BREEAM,2014).

O processo de certificação BREEAM no Brasil, por ainda não ser familiar ao mercado e aos profissionais da área, pode tornar-se mais extenso e dificultoso do que o habitual. As evidências para atendimento de determinados critérios, como a análise do ciclo de vida, por exemplo, ainda são pouco disponíveis no Brasil, o que pode inviabilizar a aplicação desses créditos (BREEAM,2014). 2 - Selo AQUA Sistema de certificação adaptado exclusivamente à realidade brasileira pela Fundação Vanzolini, a partir da certificação francesa HQE – Haute Qualité Environnementale País de origem: França. Ano de lançamento: 1974. Empreendimentos no mundo: 2.800.000 certificados /em fase de certificação. Ano de lançamento no Brasil: 2008. Empreendimentos no Brasil: 85 certificados. Figura 14 – Selo AQUA

Fonte: Fundação Venzolini

 

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O processo de certificação AQUA, Alta Qualidade Ambiental foi lançado em 2008 e elaborado pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, instituição privada sem fins lucrativos, criada, mantida e gerida pelos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O AQUA foi adaptado exclusivamente para a realidade brasileira a partir do sistema de certificação francês HQE, Haute Qualité Environnementale. O Qualitel, associação francesa responsável pelo HQE desde 1974, já certificou mais de 2 milhões de unidades habitacionais, sendo a ferramenta de certificação mais utilizada no mundo. O AQUA é uma certificação reconhecida internacionalmente por diversas entidades certificadoras no mundo - França, Alemanha, Inglaterra, Finlândia, Itália e Estados Unidos - que fazem parte da SB Alliance, da qual a Fundação Vanzolini é membro fundador e ocupa a vice-presidência (VANZOLINI, 2014). A certificação AQUA conta com uma metodologia já consagrada mundialmente, que garante o controle total do projeto, a fim de obter a Alta Qualidade Ambiental do empreendimento. Além disso, a normatização prevê a criação da estratégia ambiental global do empreendimento, a partir da preservação dos recursos, redução da poluição e da geração de resíduos, gestão dos recursos naturais durante a operação (água e energia), gestão patrimonial (durabilidade, adaptabilidade, conservação, manutenção, custos de uso e operação), conforto (dos usuários, da vizinhança, dos operários de obra), saúde (dos usuários, da vizinhança, dos funcionários de obra) (VANZOLINI, 2014). A metodologia do sistema estrutura-se em dois pilares principais: o Sistema de Gestão do Empreendimento - SGE, que avalia o sistema de gestão ambiental implementado pelo empreendedor, e a Qualidade Ambiental do Edifício - QAE, que valia o desempenho arquitetônico e técnico da edificação (VANZOLINI, 2014). A certificação AQUA baseia-se em 14 critérios de sustentabilidade: Esses critérios abrangem as fases de desenvolvimento: Programa, Concepção, Realização e Operação para toda e qualquer tipologia de empreendimento; residencial, comercial, institucional, esportivo, entre outros. A análise da QAE, realizada pelo próprioempreendedor,

deve

ser

conduzida

visando

à

implementação

da

sustentabilidade em todas as etapas do processo (VANZOLINI, 2014). Como diferencial sobressaem os aspectos: •

 

Adaptado à realidade brasileira e suas heterogeneidades regionais

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Possui alto grau de exigência;



Possibilita flexibilidade de projeto e adoção de soluções compatíveis com o empreendimento;



Estimula o empreendedor a participar diretamente do processo de certificação



Valoriza as soluções para resultados efetivos, respeitando as especificidades de cada projeto



Possui auditorias presenciais, reforçando a rigorosidade e credibilidade da certificação



A Fundação Vanzolini, responsável pelo AQUA, tem reconhecimento nacional e internacional e está sediada no Brasil (São Paulo), o que facilita e agiliza o processo de certificação e desenvolvimento de novos sistemas.



Os referenciais de certificação estão em constante processo de aprimoramento, com a participação dos melhores profissionais que atuam ativamente na área de sustentabilidade no Brasil (VANZOLINI, 2014).

3 - Selo Casa Azul da Caixa Sistema de certificação brasileiro desenvolvido pela Caixa Econômica Federal País de origem: Brasil Ano de lançamento: 2010 Empreendimentos no Brasil: 5 certificados O Selo Casa Azul, cuja estilização representa a Figura 14, tem como objetivo reconhecer e incentivar projetos que demonstrem suas contribuições à redução de impactos ambientais. Esse instrumento de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais (somente) busca reconhecer os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, utilização, ocupação e manutenção das edificações, promovendo o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno (CAIXA,2014). O selo é de adesão voluntária, e seus critérios de avaliação da sustentabilidade de projetos foram desenvolvidos exclusivamente para a realidade da construção habitacional brasileira. O Manual “Selo Casa Azul: Boas Práticas para Habitação Mais Sustentável” foi produzido com uma equipe de especialistas da USP, UNICAMP e UFSC como apoio ao Selo Casa Azul da CAIXA. O objetivo do manual é dar suporte aos projetistas e empreendedores com estratégias adaptadas para a

 

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realidade

habitacional

do

país

e

na

incorporação

da

“agenda

do

empreendimento”, como forma de escolha para a adoção de ações que sejam mais relevantes do ponto de vista socioambiental. (CAIXA,2014). Figura 15 - Selo Casa Azul da Caixa

Fonte: Caixa Econômica Federal. 09.10.2014

Os critérios de avaliação possuem itens obrigatórios e itens livres divididos em 6 categorias principais: Qualidade   urbana,   Projeto   e   conforto,   Eficiência   energética,   Conservação   de   recursos   e   materiais,   Gestão   da   água   e   Práticas   sociais  como  expõe  a  Figura  16.   O empreendedor deve elaborar uma agenda de desempenho socioambiental do empreendimento, com o objetivo de identificar os aspectos socioambientais que sejam relevantes. A agenda ambiental irá servir de guia para selecionar as ações a serem adotadas (critérios livres) (CAIXA,2014). O método utilizado pela CAIXA para a concessão do Selo consiste em verificar, durante a análise de viabilidade técnica do empreendimento, o atendimento aos critérios estabelecidos pelo instrumento, que estimula a adoção de práticas voltadas à sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais (CAIXA,2014). Como diferencial sobressaem os aspectos: • Selo se aplica a todos os tipos de projetos de empreendimentos habitacionais apresentados à CAIXA para financiamento ou nos programas de repasse. • Adaptado à realidade brasileira e seus diversos aspectos regionais • Proporciona autonomia e estimula as responsabilidades do empreendedor. • Valoriza as soluções para resultados efetivos, respeitando as especificidades de cada projeto.

 

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• Possui auditorias presenciais, reforçando a rigorosidade e a credibilidade da certificação(CAIXA,2014). Figura 16 – Critérios de avaliação selo casa Azul da Caixa

Fonte: Caixa Econômica Federal. 09.10.2014

4 - Certificação LEED Sistema de certificação americano desenvolvido pelo USGBC, United States Green Building Council País de origem: Estados Unidos. Ano de lançamento: 2000. Empreendimentos no mundo: 50.000certificados /100.000 em fase de certificação. Empreendimentos no Brasil: 67 certificados / 534 em fase de certificação. LEED - Leadership in Energy and Environmental Design - é o sistema de certificação de edificações desenvolvido em 2000 pelo USGBC, United States Green Building Council. O USGBC é composto por mais de 14.000 membros, que contribuem financeiramente para desenvolvimento, pesquisa e disseminação das práticas relacionadas à construção sustentável. O Green Building Council Brasil, GBC Brasil, é uma organização não governamental responsável por disseminar o LEED no país, mas não é responsável pela certificação dos empreendimentos, que  

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fica a cargo do USGBC nos Estados Unidos. O LEED pode ser aplicado em empreendimentos em qualquer lugar do mundo e com diferentes tipologias, segundo os esquemas de certificação reproduzido na Figura 17. Figura 17 – Certificação LEED

Fonte: GBC Brasil. 09.10.2014

Os referenciais técnicos utilizados no Brasil, assim como todo o processo e documentação referente a essa certificação são em inglês. O referencial mais utilizado nacionalmente é o LEED NC (New Construction), que pode ser aplicado para edifícios comerciais, institucionais e residenciais até 4 pavimentos. O referencial residencial – LEED for Homes, está sendo adaptado ao Brasil e tem previsão de lançamento para 2013 (GBC,2014). Os critérios de avaliação do LEED, chamados de créditos, contemplam as categorias expostas na Figura 18. O LEED conta com determinados pré-requisitos, que são itens préestabelecidos que devem ser alcançados para assegurar a viabilidade da certificação e não valem pontos. Os créditos são opcionais e podem ser escolhidos de acordo com a facilidade de sua aplicação, que varia de acordo com as especificidades de cada projeto (GBC,2014). Cada crédito vale pelo menos 1 ponto, sendo que alguns créditos possuem uma pontuação maior de acordo com o seu impacto ambiental, segundo os valores estabelecidos pelo LEED. A pontuação mínima para garantir o primeiro nível de certificação, que concede apenas o título de empreendimento certificado, é de 40 pontos. A partir daí, pode-se obter as classificações, consoantes ao conteúdo da Figura 20

 

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Figura 18 – Referênciais Técnicos do LEED

Fonte: GBC Brasil. 02.10.2014

Figura 19 – Modelo de Pontuação para a Certificação

Fonte: GBC Brasil. 02.10.2014

 

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Figura 20 – Os 4 nivéis de Certificações LEED

Fonte: GBC Brasil, 2014

O LEED possui uma metodologia baseada em pontuação, sendo primeiramente necessário verificar se o empreendimento obedece aos requisitos mínimos, pré-requisitos, e se um número mínimo de créditos (somando 45 pontos) serão atendidos (GBC,2014). Para isso, a equipe (empreendedor, projetistas, etc.) deve, através de um de checklist (scorecard), determinar os créditos que serão atendidos, a fim de nortear o projeto, estabelecer metas e definir o nível de certificação que se pretende conquistar (GBC,2014). Caso a certificação seja viável, a equipe deve elaborar e enviar toda a documentação referente ao empreendimento e aguardar o USGBC informar os créditos que foram contemplados. Isso não garante a certificação, que só será emitida após fase de construção (GBC,2014). Depois de finalizada a obra, é necessário enviar outros documentos referentes a comprovação da aplicação dos créditos na construção (notas fiscais, fotografia etc.) Uma vez aprovados, será emitido o certificado do empreendimento. Observação: Todo o processo de certificação é feito online através do site do USGBC (GBC,2014). Como diferencial sobressaem os aspectos:



Facilidade de aplicação / organização de documentação devido à boa estruturação de seu sistema (fornecimento de modelos, checklists, etc.).

 



Disseminação / divulgação eficiente.



Reconhecimento internacional.

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Critérios prescritivos e soluções pré-estabelecidas.



Popularização das práticas sustentáveis através da elevação do valor comercial dos empreendimentos (GBC,2014)..

O maior desafio à aplicação desse sistema de certificação no contexto brasileiro é que ele foi desenvolvido para os países norte- americanos e não considera questões regionais específicas, como geografia, economia e cultura locais, fato que pode comprometer o desempenho das soluções técnicas adotadas(GBC,2014). A certificação tem como principal objetivo promover edificações que, durante sua construção, vida útil e desconstrução, gerem baixos impactos ambientais, garantindo sempre o bem-estar e a saúde de seus usuários e a viabilidade econômica dos empreendimentos. Outra premissa da certificação é promover a conscientização e o aprendizado de todas as partes envolvidas, direta ou indiretamente, no projeto, no processo construtivo e na ocupação do empreendimento. Baseia-se em quatro pilares de atuação: •

Medição: avaliação quantitativa e qualitativa do nível de sustentabilidade alcançado pelos empreendimentos.



Comprovação: garantir a sustentabilidade a partir da aplicação de uma metodologia desenvolvida exclusivamente para esse fim.



Comparação: a partir de uma métrica comum é possível comparar o nível de desempenho sustentável de diferentes edifícios.



Propagação: estimular o mercado no desenvolvimento de novas técnicas e soluções sustentáveis (GBC,2014). Somado a isso, a certificação é, muitas vezes, um incentivo necessário à

implementação de práticas sustentáveis pelo mercado. Isso porque quantifica e confere reconhecimento formal através da avaliação realizada por instituições independentes, dotadas de reconhecimento e credibilidade perante o mercado. Uma construção sustentável certificada gera muito mais credibilidade do que uma autodeclaração de sustentabilidade, pois se trata de uma confirmação emitida por uma instituição independente (GBC,2014). O Brasil já ocupa a quarta posição no ranking mundial de construções sustentáveis, de acordo com o órgão internacional Green Building Council (US GBC). “Começa a despontar como um dos países líderes desse mercado, que vem crescendo muito nos últimos anos”, disse à Agência Brasil o gerente técnico do GBC Brasil,

 

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Marcos Casado (GBC,2014). A Figura 21 e o Gráfico 1 reforça o esforço do segmento em certificação na modalidade Leed Figura 21 - Distribuição das edificações com Certificações LEED no Brasil.

Fonte: Sustainable Reports GBC 20.10.2012

O primeiro prédio sustentável brasileiro foi registrado em 2004. O conceito começou a ganhar força, porém, a partir de 2007, informou Casado. De 2007 até abril de 2012, o Brasil registra um total de 526 empreendimentos sustentáveis, sendo 52 certificados e 474 em processo de certificação no US GBC. Até 2007, eram apenas oito projetos brasileiros certificados(GBC,2014). O ranking mundial é liderado pelos Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis, seguido pela China, com 869, e os Emirados Árabes Unidos, com 767. Marcos Casado lembrou que, nos Estados Unidos, esse processo começou 15 anos antes do que no Brasil. “Eles já têm uma cultura toda transformada para isso e nós ainda estamos nessa etapa inicial de mudar a cultura e provar que é viável trabalhar em cima desse conceito na construção civil, que é um dos setores que mais causam impacto ao meio ambiente” (GBC,2014).

 

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Gráfico 1 – Distribuição por tipos de edificações

Fonte: Sustainable Reports GBC. 20.10.2012.

Já existe, segundo o gerente técnico do GBC Brasil, o engajamento do setor da construção nesse tipo de mercado, que se mostra bastante aquecido no país e no mundo. Além disso, Casado destacou que há um conhecimento maior por parte das pessoas, devido aos benefícios que esse conceito acaba introduzindo na construção. “Eles vão desde a economia dos recursos naturais e a redução dos resíduos, até a redução dos custos operacionais da edificação, depois do seu uso. Isso vem levando as construtoras e grandes empresas a adotar esse conceito” (GBC,2014). Os chamados prédios verdes não têm, entretanto, nível de emissão zero de gás carbônico. “Mas a gente reduz muito esses impactos”, explicou o gerente. Em vários países do mundo, já existem prédios autossustentáveis, que geram a própria energia que consomem e neutralizam o carbono emitido. Essa tecnologia, entretanto, ainda não foi implantada no Brasil. “A gente está caminhando para isso. Acredito que, em breve, em cinco ou dez anos no máximo, a gente vai estar com esses edifícios também no Brasil” (GBC,2014). Para os moradores de prédios sustentáveis, também há benefícios, declarou. “Para o usuário comercial ou residencial, a grande vantagem está no custo operacional,

 

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porque eu reduzo, em média, em 30% o consumo de energia, entre 30% e 50% o consumo de água, além de diminuir a geração de resíduos”. O custo operacional fica, em média, entre 8% e 9% mais barato do que em um prédio convencional. Por isso, relatou Casado, os prédios sustentáveis são mais valorizados pelos construtores e apresentam preço mais alto. “A contrapartida vem no custo operacional. Acaba sendo mais barata a operação e ele equilibra esse custo financeiro” (GBC,2014). O GBC Brasil está iniciando um trabalho com a Companhia de Desenvolvimento Urbano de São Paulo para incorporar o conceito de sustentabilidade também em construções populares. Cobertura verde, aproveitamento da água pluvial, aquecimento solar e aumento do pé direito para melhoria do conforto são alguns dos itens em estudo. “Isso acaba barateando o custo operacional” (GBC,2014). O resultado esperado com a implementação de edificações sustentáveis é, essencialmente, a criação de comunidades ajustadas às necessidades de seus usuários, tanto hoje quanto no futuro. São comunidades que requerem, por exemplo, locais seguros e saudáveis; com espaços públicos e áreas verdes bem projetadas; uso eficiente de recursos naturais e no ambiente construído; mobilidade; provisão de serviços; eficiência energética; uso do solo planejado de forma consciente; preservação dos recursos hídricos; defesas contra inundações; minimização de resíduos; entre outros dados do IBGe demonstram que mais de 80% da população brasileira vivem atualmente em cidades. À medida que esta urbanização avança (e deve avançar em, pelo menos, 30%, em todo mundo até 2050, segundo o Conselho Mundial empresarial para o desenvolvimento Sustentável), mudanças substanciais em relação ao enorme conjunto de ações sobre os espaços urbanos e que permitam melhorar as condições de infraestrutura de comunidades, como abastecimento de água, sistemas de esgoto, mobilidade, entre outros itens, serão necessários para a elevação da qualidade de vida (CBIC,2014). No Brasil, o crescimento desordenado, principalmente nos grandes centros, resultou na formação de assentamentos precários e na ocupação de áreas de maior vulnerabilidade, como encostas e regiões suscetíveis a inundações e deslizamentos. O Programa das Nações unidas para Assentamentos Humanos (uN-Habitat ou ONuHabitat), por exemplo, aponta que, mesmo com a saída de 10,4 milhões de pessoas de assentamentos precários no país, nos últimos dez anos, as cidades brasileiras ainda estão entre as mais desiguais do mundo. Os 10,4 milhões de pessoas equivaleriam,

 

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segundo a ONu, a uma redução de 16% na proporção de mo- radores de assentamentos precários na população brasileira, que teria caído de 31,5% para 26,4%, entre 2001 e 2010. No entanto, a desigualdade ainda permanece em boa parte da população do país, no que diz respeito ao alocamento de terrenos, dos espaços públicos e dos serviços urbanos (CBIC,2014). O atual modelo de urbanização também está em rota de colisão com os conceitos de redução dos efeitos das mudanças climáticas. Se os cálculos das emissões de gases do efeito estufa das cidades em

todo o mundo englobarem

processos, como o con- sumo e a geração de energia, os transportes e a produção industrial, as áreas urbanas aparecerão como as grandes vilãs mundiais, ficando responsá- veis por 70% das emissões sendo que ocupam apenas 2% do território do planeta. É justamente como protagonistas das mudanças climáticas que o relatório Cities and Climate Change: Global report on Human Settlements 2011 apresenta as cidades, segundo o ONu-Habitat. O planejamento, no caso brasileiro, demanda a implementação de políticas permanentes que estimulem não só o investimento em infraestrutura e uma maior execução dos recur- sos disponíveis, por parte do setor público, como a ampliação da oferta de transporte coletivo, terrenos urbanizados, moradia digna e outros serviços fundamentais (CBIC,2014). O problema se torna ainda mais complexo no país, considerando a escassez de terrenos disponíveis dentro da área urbanizada das cidades, o que leva as populações mais pobres a morar em locais cada vez mais afastados e sem acesso a equipamentos públicos. Na outra ponta do problema, está a busca de soluções que tornem possível a urbanização de terrenos em áreas fora dos grandes centros, sem elevar em excesso o preço da terra, inviabilizando a realização de projetos de moradias populares. Atualmente, esses temas têm se mostrado grandes limitadores da expansão sustentável das cidades. tem gerado, ainda, um conjunto de consequências negativas à economia, ao meio ambiente e à vida da população que vão desde a perda de tempo e produtividade no trabalho, ao aumento da poluição, de doenças e acidentes (CBIC,2014). Atuar para a implementação de recursos e investimentos públicos e privados que resultem em um planejamento sustentável e mais integrado das cidades, com aumento da eficiência na alocação de capital e de mão de obra, assim como na prestação dos serviços básicos a um maior número de pessoas e ao acesso a modelos de mobilidade com baixa emissão de carbono são metas centrais do Programa

 

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Construção Sustentável para o tema meio ambiente, desenvolvimento urbano e infraestrutura (CBIC,2014).

 

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5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO A pesquisa é classificada como qualitativa, dada a abordagem do problema de estudo. Como esclarece Richardson (1999), o aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos, não obstante perderem seu carater qualitativo quando são transformadas em dados quantificáveis, na tentativa de se assegurar a exatidão no plano dos resultados. Numa primeira etapa, foram discutidos os instrumentos mais adequados para a coleta dos dados da pesquisa. A aplicação de um questionário, realizado através de entrevista às construtoras, foi a forma de abordagem pertinente. A utilização desse método proporcionaria um maior contato com as empresas, favorecendo o recolhimento de informações adicionais na hipótese de dúvidas. O questionário foi constituído de doze perguntas, sendo três subjetivas e nove objetivas e segui-se a orientação de Goode e Hatt (1976). Tal instrumento de pesquisa abordou questões sobre a Certificação de Edifícios Verdes e buscava diagnosticar o grau de consciência e interesse dessas construtoras sobre o assunto; bem como a existência ou não de práticas ambientalmente corretas realizadas tanto nos seus processos projetuais e construtivos, quanto na própria da empresa. Em uma fase posterior foi realizada a aplicação do questionário. Ao todo, foram selecionadas 15 construtoras, aleatoriamente baseada em uma amostra intencional. O critério adotado foi escolher as que permitissem o contato e ceder-se os dados via questionário. No percurso da aplicabilidade do questionário a entrevista do tipo semi estruturada foi inevitável. Por meio da conversação guiada, pretendeu-se obter infomrações detalhadas que pudessem ser utilizadas na resposta da pergunta que guia o estudo. Aqui algumas vezes recorreu-se a gravação por meio do celular e outras vezes para não impedir a naturalidade das pessoas arriscou entender a convsersação e logo em seguida entabular-la via registro em bloco de anotação. Tal bloco por algumas vezes serviu como meio de retornar às fontes para proceder esclarecimentos e contrastar respostas com outras pessoas. Optou-se pelo tratamento dos dados através do auxílio de gráficos para facilitar a condensação dos dados, bem como de esquemas, para fins de entendimento analítico.

 

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6 ANÁLISE DOS RESULTADOS Com uma maior disseminação da conscientização ambiental na década de 90, mecanismos foram desenvolvidos a fim de avaliar os impactos causados pela construção civil como foi visto anteriormente. Parte deste mercado que visa a sustentabilidade avança a cada dia no Brasil e no mundo. Hoje, já existem edifícios que para atingir o status de Green Building, buscam serem certificados por organismos credenciados internacionalmente. Em Fortaleza, quinta maior capital do país, é o primeiro no ranking no Nordeste em edificações registradas segundo GBC Brasil com 19 edifícios entre certificados e registrados, como mostra o Gráfico 2. Gráfico 2 – Participação percentual do Ceará entre os estados brasileiros com certificação verde.

Fonte: GBC Brasil. 10/10/2014

 

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Nota-se que ainda há um longo caminho a se trilhar. Principalmente em tornar esse modelo de construção mais popular no país como um todo. No gráfico acima é possível observar que 76,8% dos prédios “verdes” se concentram nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo ( GBC Brasil ). Esses dois estados são resposáveis por mais de 40% do PIB do país, são também os maiores mercados da construção civil no país. O setor da construção civil nesses estados foram os pioneiros no país em buscar formas mais eficientes de construir e mais consciente em relação ao meio ambiente, já que os mesmos também são os que apresentam maior nível de poluição do país (IBGE,2014) . Os levantamentos empíricos permitem inferir que o mercado da construção civil cearense parece extremamente timida quanto à cultura de ter prédios certificados. O Ceará possui 19 edificações entre pré-certificados e certificados (destes 8 edificações fazem parte de um mesmo empreendimento) com Selo LEED e uma destas também acumula o selo PROCEL. Porém, apenas 4 construtoras são membros da ONG (GBC BRASIL), certificadora do selo mais utilizado.



Magis



C. Rolim Engenharia



Novaes Engenharia



BSPAR

A maioria das Construtoras analisadas 73,3%, não mostraram um conhecimento pertinente a respeito do conceito de prédios “verdes”. A maioria das resposta foram genéricas ou sem nenhuma fundamentação técnica. Somente uma delas se interessou realmente em responder a pesquisa. Se preocupou até em designar engenheiros responsáveis, para agregar valor à pesquisa. Esse interesse dessa construtora se reflete realmente nas suas construções, pois a mesma se constitui nas que são únicas em deter obras pré-certificas ou certificadas no Ceará. Não houve nenhuma das que responderam a pesquisa que desconheciam completamente o tema.

 

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Gráfico 3 – Nível de conhecimento da Construtoras acerca de Certificações Ambientais. 12%  das  construtoras  não   responderam  a  pesquisa  

14%  possuem  um   conhecimento    

74%  das  construtoras   possuem  conhecimento   genérico  sobre  o  tema.   Fonte: Pesquisa de campo

Gráfico 4 - Interesse das construturas em certicar suas obras.

12%  não  responderam  

34%  admitiram   que  não  está   nos  planos  da   construtora  

54%  das  construtoras   mostraram  interesse  

Fonte: Pesquisa de campo

Foi observado que o interesse em certificar passa mais por uma estratégia de marketing, na tentativa de criar valor para na construção. Porém, nenhuma delas soube responder quanto isso diminuia o deperdício e aumentava seus lucros. Na verdade, pareciam que estavam apostando em algo que achavam que poderiam que poderiam dar certo. Na verdade ainda não realizaram nenhum estudo detalhado, nem dentro da empresa e nem de mercado.

 

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A construtora já realizou algum estudo de mercado para saber a percepção de seus clientes sobre edificações certificadas e o interesse de as tê-las. Gráfico 5 – Pesquisas realizadas pelas construtoras sobre o mercado de prédios certificados. 7%  já  realizaram  uma   pesquisa  

93%  nunca  realizaram   uma  pesquisa   Fonte: Pesquisa de campo

Isso atesta que as empresas não estão preocupadas com um estudo mercadológico. Porém destas 93% que nunca realizaram uma pesquisa de mercado todas responderam que o interesse em construções cerificadas se justificam pelo apelo no marketing. A pergunta subjetiva sobre qual o impacto econômico financeiro na construção em ter prédios certificados obtiveram respostas genéricas ou intuitiva, refletindo um desconhecimento. Segundo um estudo realizado pela Ernest Young o impacto econômico financeiro em construções é de 8% à 16% a mais nos custos, porém os prédios certificados são de 10% à 40% mais valorizados que edificações comum. Nenhuma das construtoras se aproximaram da resposta, mesmo aquelas que constroem prédios certificados ou pré-certificados. A pergunta subjetiva sobre quais as principais dificuldades em se construir prédios certificados, teve respostas bem direcionadas, conforme exposição no Gráfico 6.

 

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Gráfico 6 – Principal obstáculo em realizar projetos ecologicamente corretos. 20%  das  Construtoras   afirmam  que  a  principal   dificuldade  é  encontrar   fornecedores  regionais   certificados.  

80%  das  Construtoras   afirmam  que  o  aumentam  dos   custos  é  um  obstáculo.  

Fonte: Pesquisa de campo

A grande maioria das respostas se prenderam nesses aspectos. Outro fato interessante é que as mesmas construtoras que afirmaram que há um aumento nos custos, são as mesmas que não possuem edificações certificadas ou pré-certificadas, algumas membro de ONG’s que promovem as edificações sustentáveis. As 20% que afirmam que o prinicipal obstáculo é a dificuldade de se encontrar forncedores locais certificados, são as mesmas que efitivamente construem têm a política de se construir prédios relamente.

Porém as mesmas que afirmam que os custos são o maior

obstáculo não souberam precisar nenhum variação de custos a mais caso construissem edificações certificadas. Iniciativa que pode ser tomada pelo mercado para que possa se tornar mais popular esse modelo de construção. Conforme o Gráfico 7, das quatros opções possíveis, uma foi marcada por todas que responderam a pesquisa: maiores incentivos fiscais, então isto já pode servir de alerta para o Estado incentivar a iniciativa privada à construir de forma sustentável. As outras respostas se centralizaram entre oferecer linhas especiais de financiamento e maior desenvolvimento da indústria local em fornecer materiais certificados.

 

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Gráfico 7 – Iniciativas possíveis para desenvolver esse mercado.

20%  das  Construtoras  Linhas  de   Financiamento  especiais  e  maior   desenvolvimento  da  indústria  local   em  fornecer  insumos  certificados.  

80%  das   Construtoras   afirmam  Maiores   Incentivos  Fiscais.   Fonte: Pesquisa de campo

O Ceará ainda está engatinhando nessa tendência de construir de forma sustentável e obter reconhecimento internacional atráves das diversas ferramentas de certificação. Se tendo alguns avanços interessantes e a Magis já acordou para um modelo de construção mais consciente. O Wai Wai Ecoresidence, localizado nas areias do Cumbuco a 29km de Fortaleza, é candidato a receber o selo de CERTIFIED pelo Green Building Council Brasil. Trata-se de um ecoempreendimento sustentável projetado contra o desperdício e a favor da economia dos recursos que abastecem o condomínio. É candidato ao maior reconhecimento de projeto que

valoriza o meio

ambiente, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Todo

o

esforço

do

projeto

Wai

Wai

em

se

enquadrar

na categoria de empreendimento sustentável, teve por objetivo atender à exigência de seus clientes em adquirir uma segunda residência cujo respeito ao meio ambiente fosse uma preocupação constante. Empregou-se diversas tecnologias como o cuidado de termos uma projeto arquitetônico que favoreça a circulação dos ventos dentro das unidades habitacionais

 

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diminuindo o uso de aparelhos de ar-condicionado, reduzindo os custos de energia. Temos o reuso de águas dos condensadores dos ar-condicionados para a irrigação de nossos jardins, todos nosso materiais são certificados como produtos de baixo impacto ambiental. Enfim, buscamos essa conciência desde o canteiro de obra como o sistema de lavagem de rodas, redução e reciclagem de resíduos para utilização na própria obra e eficiência no uso dos materiais. O maior obstáculo para a obtenção de selos de certificação está na concepção do projeto. Muitas vezes, movido pelo apelo comercial os incorporadores adquerem terrenos, fazem estudos de viabilidade e concebem um projeto arquitetônico sem ter a consciência de ter um edifício ecologicamente correto, e depois buscam se candidatar a terem essa mesma obra Certificada por algum orgão de reconhecimento internacional. Porém, como o projeto não teve essa consciência em seu período de concepção a aplicação de exigências dos organismos certificadores se tornam uma “dor de cabeça” para engenheiros e steakholders envolvidos, ainda tornam a obra mais cara devido modificações no projeto original. A Magis Incorporações entende que o medelo de contruir sustentável é um caminho sem volta e quem não despertar para essa nova política de mercado irá sucumbir para a concorrência. O Paço das Águas localizado na Grande Fortaleza, como expõe a Figura 22,é o primeiro residencial do país a obter a Etiqueta PBE Edifica (referente à eficiência energética do empreendimento) Nível “A” para as Áreas Comuns, acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Esta conquista pioneira é fruto de três anos de pesquisas e desenvolvimentos internos da equipe P&D da construtora. Para alcançar esse feito, a C. Rolim Engenharia investiu em diversos equipamentos para as áreas comuns que refletiriam positivamente no cotidiano de todos os moradores, como: exaustão mecânica automatizada das garagens com detecção de monóxido de carbono; elevadores sem engrenagem (economia de energia de até 30% em comparação com modelos convencionais); lâmpadas com Selo Procel, sensores de presença e fotocélulas; equipamentos e eletrodomésticos com Selo Procel Nível A; e motores e bombas de alta eficiência energética. A Figura 23 destaca tais características. Um projeto do Governo Federal pretende estabelecera obrigatoriedade da etiquetagem de edificações de maneira escalonada. Com isso, o processo iniciaria em

 

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2015 para algumas tipologias de construções e culminaria em 2030, com os prédios residenciais. Ao conhecer o regulamento técnico e conquistar a etiquetagem de forma voluntária, a C. Rolim Engenharia larga na frente das demais construtoras em mais de 15 anos. Figura 22 – Localização geográfica do Paço das Águas na Grande Fortaleza  

  Fonte: Pesquisa de campo.

                                         

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Figura 23 – Características do Paço das Águas  

 

     Fonte: Gente Diário do Nordeste, set/2014

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

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A pergunta de pesquisa elaborada foi qual a percepção financeira dos empreeendedores da empresa de construção civil quanto a sustentabilidade no segmento na chamada edificação verde. Qual o “olhar” financeiro desses personagens empresariais quanto a implmentação de

uma política orientada por princípios

sustentáveis? Primeiramente buscou recorrer ao suporte teórico resgatando aspectos históricos quanto ao termo sustentabilidade já que hoje apresenta uma conotação de magia. Nesses termos descriminou o ponto de vista conceitual dos principais teóricos. A partir daqui remeteu-se para o bojo teórico da sustentabilidade no âmbito do segmento da construção civil. Reforçando inclusive com projetos futurísticos do que será uma edificação sustentável em um futuro próximo, para então resgatar o momento atual com as suas tendências. Com esse instrumental teórico partiu-se para o campo empírico de pesquisa. A investigação revelou um forte desconhecimento de construções sustentáveis diante da maioria das construtoras objeto de investigação. Respostas esparças, desconexadas, sem uma lógica de argumentação e principalmente uma dosagem predominante de ideias preconcebidas quanto ao aspecto financeiro de um prédio verde. Estudos ao responder a questão, quanto custa uma construção sustentável obteve-se: Para o bolso: •

Empresários da construção civil especularam um custo de 17% maior em relação aos prédios convencionais, quando, na realidade, a diferença é de apenas 5% a mais para os prédios verdes.



No Brasil, a crença corrente é de que os prédios alternativos são 22% mais caros. Os chineses, por sua vez, arriscam ser de 28%



Em Fortaleza, conforme percepção levantada, o percentual atinge 35%

Para o meio ambiente: •

19% foi a média pelos executivos sobre a contribuição do setor da construção civil no gasto de energia global, que equivale a 40%



Para os americanos essa expectativa é de 12% , a mais baixa registrada pela pesquisa.

 

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Os espanhõies foram os que mais se aproximaram do valor real, indicando um índice de 30%.



Para os cearenses o percentual obtido foi de 5%.

Tais resultados levam a inferir que o mercado caminha a passos lentos rumo a um modelo de construção mais consciente. Notou-se que o apelo comercial (marketing) é o principal motivo para as construtoras buscarem, mesmo que de forma muito tímida, esse modelo de construção. Outro dado apontado é que as construtoras entrevistadas nunca fizeram um estudo para entender a percepção do consumidor e sua aceitação desse modelo de construção que poderão também redefinir seus hábitos no dia-a-dia vivendo nessas construções. As construtoras não têm uma boa noção financeira e mercadológica de se construir de forma sustentável. Tal pesquisa mostra um quadro pouco animador diante dessa nova realidade de mercado que se apresenta forte, principalmente nos grandes centros. Os grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro tiveram que se alertaram para importância de se construir sutentávem mais cedo devido ao crescimento populacional causados pelo exôdo urbano profissional, pessoas de todo o Brasil correm para esses grandes centros atrás de oportunidades profissioais melhores e a cidade “ incha e precisa” e precisa se reestruturar para dar condições de vida e trabalho para seus moradores. Essa reestruturação começa pelo uso racional dos recursos, principalmente água e energia, desde as construções mais eficientes à geração de resíduos. Fortaleza, no mercado da construção civil, ainda não se atentou para isso. Na era da Globalização, assiste-se ao crescimento do número de empresas que se consciencializaram de que, para além do necessário retorno econômico dos seus produtos e serviços, devem apresentar um compromisso com as dimensões do Desenvolvimento Sustentável: Ambiente e Sociedade. No entanto, a maioria da amostra do estudo mantém a convicção de que não é possível assegurar o seu desenvolvimento econômico e simultaneamente contribuir para o desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade no cenário da Construção é ainda uma temática bastante recente no Brasil. Grande parte das empresas deste setor não estão bem informadas acerca das vantagens individuais e coletivas trazidas pelo modelo de “Construção

 

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Sustentável”. Em outros países mais desenvolvidos, por exemplo, na Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Noruega, Canadá, E.U.A., Austrália e Japão, esta temática deixou de ser há muito tempo uma bandeira exclusiva dos ecologistas, sendo atualmente um dos aspectos com grande peso na avaliação da qualidade global de um imóvel. A sustentabilidade na construção tem afirmado nesses países como uma vantagem competitiva que tem potencializado as vendas de soluções com o rótulo sustentável. No Brasil, ainda há muito a fazer dentro desde contexto. Em primeiro lugar será necessário sensibilizar a população para as consequências que o rumo atual em ritmo vagaroso tem e terá para a sua qualidade de vida e para a qualidade de vida das gerações futuras. A partir desse momento as empresas serão obrigadas a adaptarem-se às novas necessidades de seus consumidores, sob a pena de não sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo. Os sistemas de avaliação e certificação da sustentabilidade de edifícios têm um papel importante na concepção do projeto, construção, utilização, manutenção e reconhecimento de um edifício que se pretenda ser sustentável, pois promovem e tornam possível uma melhor integração entre os aspectos ambientais, sociais e econômicos com outros critérios tradicionais da viabilidade do edifício. Assim uma simulação em empresas construtoras poderia permitir um panorama econômicofinanceiro não no segmento de luxo como prédios populares verdes.

 

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Anexo A 1. Qual seria a concepção de Edifícios Verdes na visão da construtora? 2. A construtora tem conhecimento sobre a existência das Certificações de Edifícios Verdes como LEED, BREEAM, AQUA, Selo Casa Azul Caixa dentre outros? ( ) Sim ( ) Não 3. Há um interesse, por parte da construtora, em certificar seus empreendimentos conforme os parâmetros de sustentabilidade exigidos nessas certificações? ( ) Sim ( ) Não 4. Existem práticas sendo realizadas na incorporadora que visem à redução dos impactos sobre o meio ambiente? * Se sim, passar para a questão 5. * Se não, passar para questão 6. 5. Quais são essas práticas: 5.1. Dentro da empresa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Redução do consumo de água; ( ) Redução do consumo de energia (utilização de técnicas que aumentam a eficiência energética); ( ) Preocupação com a utilização de materiais certificados, renováveis e nãopoluentes; ( ) Tratamento adequado dos resíduos durante a construção da sede da empresa; ( ) Reciclagem de materiais; ( ) Conforto ambiental interno; ( ) Treinamento de mão-de-obra; ( ) Não existem; Outros:_______________________________________________________________ _____________ 5.2. Na construção de obras? ( ) Redução do consumo de água; ( ) Redução do consumo de energia (utilização de técnicas que aumentam a eficiência energética); ( ) Preocupação com a utilização de materiais certificados, renováveis e nãopoluentes; ( ) Tratamento adequado de resíduos provenientes dos canteiros de obras; ( ) Reciclagem de materiais; ( ) Conforto ambiental interno para futuros habitantes; ( ) Treinamento de mão-de-obra; ( ) Não existem; Outros:_______________________________________________________________ _____________

 

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6. Existe um interesse para aplicação das práticas sugeridas por essas certificações no Ceará? ( ) Sim ( ) Não 7. Quais seriam os motivos para o interesse ou para a falta de interesse? 7.1. Há o interesse porque: ( ) ajuda no marketing da incorporadora; ( ) há preocupações ambientais; ( ) há uma redução no custo de operação do imóvel, possibilitando o aumento dos lucros com as vendas; ( ) a incorporadora deseja adequar-se ao mercado promissor da construção sustentável; Outros:_______________________________________________________________ ________________ 7.2. Não há o interesse porque: ( ) não está dentro dos planos da incorporadora; ( ) não há mercado para a construção sustentável no Ceará; ( ) há um aumento do custo da obra; Outros:_______________________________________________________________ ________________ 8. Quais os principais obstáculos para se construir de forma sustentavél e obter certificações nacionais e internacionais? Professor Orientador: Francisco Isidro Aluno: Yuri Vasconcelos Rodrigues 0287415 Contato: [email protected] (85) 92105006

 

82  

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