Tarefas que se impõem aos demógrafos historiadores brasileiros.

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TAREFAS QUE SE IMPÕEM AOS DEMÓGRAFOS HISTORIADORES BRASILEIROS


Iraci del Nero da Costa


1. Localização de documentos de caráter censitário, como são os
levantamentos populacionais existentes, por exemplo, em São Paulo, Minas
Gerais e Bahia. Muitos desses documentos não "chegaram a chegar" aos
Arquivo Estaduais, encontram-se em arquivos municipais, inclusive nos das
Câmaras Municipais e em Arquivos Judiciais. Alguns podem estar, até mesmo,
em mãos de particulares.

2. Preservação e reprodução digitalizada dos documentos com o aludido
caráter que se encontram depositados em Arquivos Estaduais e Municipais.

3. Especial atenção deve ser dada às regiões Norte e, sobretudo, Nordeste.
Não só contamos com poucas informações sobre tal documentação, mas, como
sabido, as condições climáticas dessas regiões são adversas com respeito à
conservação documental, fato este que impõe sua rápida localização e
apurada preservação.

4. Um programa especial de localização, preservação, catalogação e eventual
reprodução digital deve ser desenvolvido com olhos nos livros paroquiais de
batismos, casamentos e óbitos. Muitas vezes tais documentos encontram-se
literalmente jogados em armários colocados em porões das Casas Paroquiais
sem merecer maiores cuidados. Tal programa deveria ter um caráter
permanente e poderia ser organizado no plano dos Arcebispados (envolvendo
as Arquidioceses e Dioceses) e com a anuência e estímulo da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil.

5. Há ainda um largo contingente de documentos que esperam por cuidados
maiores como são, entre outros, os testamentos e inventários post mortem,
os registros de alforria de cativos e os de compra e venda de escravos bem
como alguns poucos livros de matrículas de escravos que não foram queimados
assim como as listas de matrículas de escravos anexadas a inventários;
enfim um numeroso acervo da mais alta importância para estudos
populacionais o qual, por via de regra, não merece a atenção devida de seus
depositários.

6. Por fim, devemos desenvolver esforços no sentido de estimular as
pesquisas demográficas tanto no Nordeste como no Centro-Oeste;
evidentemente, dada sua relevância socioeconômica, o Nordeste deve ser
privilegiado neste esforço conjunto.

7. Para cumprir parcela substantiva de tal programa é crucial a união de
esforços de demógrafos historiadores com nossos colegas arquivistas e
arquivologistas. Assim, devemos nos apoiar, inicialmente, nos colegas com
experiência altamente positiva na direção de Arquivos Públicos Estaduais
(como Carlos Bacellar e Renato Pinto Venancio), bem como na ARQ-SP -
Associação de Arquivista de São Paulo (Ana Maria de Almeida Camargo e
Heloísa Liberalli Bellotto) e na AAB - Associação dos Arquivistas
Brasileiros. Tais contatos poderão ser feitos sob a égide da ABEP, da ANPUH
e da ABPHE. Colegas com conhecimento de arquivos de outros Estados ou
Judiciais, como Nelson Nozoe, Agnaldo Valentin, Renato Leite Marcondes e
Maria Sílvia C. Beozzo Bassanezi, certamente estarão dispostos a contribuir
para a consecução de alguns dos objetivos explicitados nesta sugestão.

8. Ainda com apoio da ANPUH, da ABEP e da ABPHE poder-se-ia promover um
encontro de demógrafos historiadores votados aos estudos do Nordeste. Tal
encontro poderia dar-se na Fundação Joaquim Nabuco a qual conta com
infraestrutura exemplar para receber dezenas de pesquisadores. Nessa
reunião discutir-se-ia não só as medidas necessárias ao amplo
desenvolvimento de pesquisas na região, mas também as que visariam à
localização dos documentos de caráter censitário.
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