Teatro e Economia Criativa: dificuldades e potencialidades em Natal/RN

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TEATRO E ECONOMIA CRIATIVA: DIFICULDADES E POTENCIALIDADES EM NATAL/RN Alana Caroline Ferreira de Araújo Graduanda em Gestão de Políticas Públicas DPP/UFRN E-mail: [email protected]) Professor Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz (orientador) Doutor em Ciências Sociais; Professor Adjunto DPP/UFRN E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO A cultura, segundo Miguez (2007, p.95), tem despertado interesse de campos do conhecimento que antes não se relacionavam com ela, como a comunicação, a gestão, a geografia, o direito, a economia. Na Economia em especial, a cultura tem ocupado um importante espaço, diante da emergência de uma sociedade do conhecimento e das indústrias culturais, assim como no relacionamento da cultura com outros setores. É nesse novo contexto que surge a Economia Criativa, representando a valorização do capital intelectual, da criatividade empregada na produção de produtos e na ligação de Cultura e Economia. “A capacidade de criar, coloca a criatividade como fator relevante para as relações comerciais e inserção econômica” (COSTA; SOUZA-SANTOS, 2001 apud CARVALHO; CARVALHO, 2013, p. 4). A partir do primeiro mandato de Lula, o Ministério da Cultura passou a participar mais dos debates a respeito de políticas públicas de diversidade e cultura. No governo Dilma foi criada a Secretaria de Economia Criativa no ano de 2011, o que demostra maior interesse do Brasil a respeito dessa nova Economia (CARVALHO; CARVALHO, 2013, p. 5). Com a criação da Secretaria, os setores criativos ganharam mais atenção do estado no que se refere à criação de políticas públicas. Como setores criativos, o Plano da Secretaria de Economia Criativa define “ [...] aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social.” (BRASIL, 2011, p. 22). O segmento teatral – com valor econômico agregado na criatividade empregada para produzir seus espetáculos e apresentações – é um dos segmentos da Economia criativa, reconhecido pelo próprio Plano da Secretaria da Economia Criativa (Ministério da Cultura). O objetivo desse trabalho é refletir as especificidades do segmento teatral na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte, analisando as principais dificuldades e potencialidades encontradas para o exercício da atividade teatral na cidade e de que forma isso impacta no processo criativo.

DISCUSSÃO A dependência dos recursos advindos dos editais acarreta a paralização dos grupos teatrais, quando estes não são contemplados. É necessário ampliar as possibilidades e aproveitar esse contato com a comunidade para divulgar o trabalho que está sendo realizado pelos grupos e buscar novas alternativas de apresentar e vender os espetáculos ao consumidor cultural. Os grupos teatrais têm dificuldades para manter a continuidade da atividade e ganhar visibilidade e consequentemente mais público. Essa maior visibilidade poderia ser alcançada com ajuda dos Governos do Estado e Município, cabendo aos mesmos garantir que a cultura chegue a todos e a existência de espaços convencionais para a atividade teatral. Há que buscar a capitalização da atividade teatral, investindo em ações que possam levar o artista local ao público local. Sem contar que ao poder público cabe também, buscar políticas que promovam o reconhecimento do setor e dos grupos teatrais valorizando seus profissionais e quebrando a idéia de que trabalhar com teatro é apenas um hobbie.

METODOLOGIA Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Estudo de caso e mapeamento das indústrias criativas no Rio Grande do Norte”, aprovado pela UFRN e renovado pelo Edital PIBIC_PIBIC_AF_PIBITI_2014-2015. Para a realização da pesquisa optamos pela metodologia qualitativa por forma a aprofundarmos o conhecimento sobre o nosso objeto, tendo recorrido a entrevistas semiestruturadas aplicadas a representantes de cinco grupos de teatro natalenses: Grupo Estandarte, Cia Cênica Ventura, Grupo Estação, Grupo Arkhétipos e Grupo Carmim.

RESULTADOS Os grupos de teatro abordados exercem um trabalho relevante na cidade de Natal e no estado do Rio Grande do Norte. Em sua realidade enfrentam alguns obstáculos que poderiam comprometer a atividade, ao mesmo tempo que aproveitam as potencialidades que a cidade oferece para enriquecer os seus trabalhos. Com um número pequeno de integrantes, os grupos contam com um ambiente onde as funções são distribuídas por meio de acordos e as decisões são tomadas de forma participativa, contribuindo para que o processo de criação dos espetáculos, unam as vontades pessoais e ideias dos integrantes do grupo. Outra característica que enriquece o trabalho teatral é o contato com a comunidade, que sempre resulta em troca de conhecimentos e em alguns casos fonte de inspiração para novos trabalhos. Se constitui igualmente como forma de divulgação das atividades que os grupos realizam. Os grupos não conseguem viver apenas com os recursos advindos das bilheterias, sendo necessário recorrer a auxílios financeiros externos, havendo uma dependência dos editais de apoio à cultura para manutenção das atividades dos grupos. Outros obstáculos encontrados são a falta de espaços disponíveis tanto para produção como para apresentação dos espetáculos, a falta de profissionalização de alguns grupos, a ausência de CNPJ e as dificuldades em elaborar projetos a serem inscritos nos editais de promoção cultural.

Grupo Estação de Teatro – Imagem cedida pelo grupo

CONSIDERAÇÕES FINAIS Encarando a cultura através do seu forte potencial de desenvolvimento local, conclui-se que muito pode ser feito por parte do poder público, paralelamente à crescente criatividade e capacidade empreendedora dos grupos teatrais. Desse modo, poder público e grupos de teatro podem tornar o ambiente potiguar favorável à atividade. Politicas direcionadas à cultura podem se constituir como instrumento de desenvolvimento local e regional, mas para isso é necessário um maior envolvimento do poder público com os grupos para valorizar seu trabalho e a cultura local, através da divulgação de seu trabalho e pela minimização das dificuldades que os mesmos enfrentam.

Espetáculo Andarilhos do Coração – Imagem cedida pela Cia Cênica Ventura Espetáculo Jacy – Imagens cedidas pelo grupo Carmim

LITERATURA CITADA BRASIL. Plano da Secretaria da Economia Criativa: política, diretrizes e ações 2011-2014. Brasília, 2011. CARVALHO, Angela M. Grossi; CARVALHO, Juliano M. Diversidade Cultural na pauta das Indústrias Criativas no Brasil. In: Anais do XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom-2013. São Paulo/SP: Intercom, 2013. MIGUEZ, P. Repertório de fontes sobre Economia Criativa. Salvador: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura), 2007. SARAIVA, Enrique. Política pública, política cultural, indústrias culturais e indústrias criativas. In: BRASIL. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações, 2011-2014. 2. Ed. Brasília: Ministério da Cultura, 2011. p. 93-96.

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