Técnicas de Sustentabilidade na Construção Civil Estudo de caso baseado no sistema Permacultural SustainabilityTechnical in Construction -A case study based on Permaculture system

July 4, 2017 | Autor: J. Meireles Bitte... | Categoria: Sustentabilidade, Permacultura
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TRABALHO FINAL DE CURSO I – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS GOIÂNIA, JUNHO DE 2014.


Técnicas de Sustentabilidade na Construção Civil
Estudo de caso baseado no sistema Permacultural

SustainabilityTechnical in Construction - A case study based on Permaculture system


BITTENCOURT, Jasper Meirelles (1); SILVA, Willian Guedes da (2); ALMEIDA, João Guilherme Rassi(3)

Discente, Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC-GO - [email protected] 
Discente, Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC-GO - [email protected]
Docente Msc., Departamento de Engenharia – [email protected]
Av. Universitária, nº 1440, Setor Universitário – CEP 74605-010 – Goiânia / GO - Brasil


Resumo
A construção civil é considerada uma das atividades menos sustentáveis do planeta, pois além de ser responsável por uma parcela significativa do consumo de bens, é também uma fonte potencial de geração de resíduos. Esta atividade mostra-se, desta forma, insustentável com os modelos de sustentabilidade propostos pelos diversos órgãos governamentais e não governamentais. Contudo por ser uma atividade essencial à vida humana, por nos fornecer principalmente conforto e segurança, o presente trabalho objetiva apresentar as formas alternativas e de baixo impactos ambientais à serem substituídas aos modelos insustentáveis de produção. Para tanto, foi estudado um caso específico no Município de Goiânia, no qual foram implantadas técnicas da Permacultura, com o objetivo de analisar os impactos da execução desta obra.
Palavra-Chave: Construção Civil; Sustentabilidade; Técnicas Alternativas de Construção; Permacultura

Abstract

The building is considered one of the least sustainable activities on the planet, as well as being responsible for a significant portion of consumer goods, is also a potential source of waste generation. This activity is shown thus unsustainable with the sustainability models proposed by various governmental and non-governmental bodies. However because it is a essential to human life activity, mainly for providing us comfort and security, this paper aims to present the alternatives and low environmental impacts to be replaced to unsustainable production models forms. Thus, a specific case was studied in the city of Goiania, in which the Permaculture techniques have been implemented, in order to analyze the impacts of the implementation of this work.

Keywords: Construction; sustainability; Alternatives Building Technical; Permaculture
1 Introdução
O homem pode ser qualificado diferencialmente dos demais seres vivos por inúmeras características, entre elas se inclui o dinamismo de produzir e transformar continuamente suas técnicas através de aperfeiçoamento e estudo contínuo dos resultados. A constituição das cidades exigiu qualificação e técnicas mais apropriadas e vantajosas para se construir edifícios cada vez mais sustentáveis. Surgem as edificações concebidas com responsabilidade social. É urgente a identificação das características técnicas que propiciem a execução de um edifício ecologicamente correto tais como: condicionamento de ar, posicionamento de fachada em relação ao nascente/poente do sol, destinação de resíduos sólidos, reuso de água dentre outros. Também, uma profunda reflexão das principais causas de um estudo preliminar inadequado ou apressado da fase inicial do projeto, tais como, análise incoerente quanto ao correto uso da edificação, preocupação somente com questões financeiras construtivas sem projeção de custos de manutenção desta edificação. O presente trabalho tem como objetivo apresentar técnicas sustentáveis para construção civil por meio da Permacultura, estudando um caso específico no Município de Goiânia.
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Impactos da Construção Civil e a Sustentabilidade
A construção civil pode ser considerada como umas das atividades menos sustentáveis do planeta Terra. Segundo Edwards (2008) a construção civil é responsável pelo consumo de aproximadamente cinquenta por cento dos recursos mundiais. O alto consumo de recursos apresenta ainda como consequência, a elevada geração de resíduos sólidos, predominando sobre a massa total dos resíduos sólidos urbanos produzidos nos grandes centros urbanos.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo – SindusCon-SP – relata na cartilha "Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil" que na cidade de São Paulo e Ribeirão Preto os resíduos da construção civil chegam a representar 55% e 70%, respectivamente, do montante dos resíduos sólidos urbanos.
Este excesso de resíduos, quando não apresenta uma correta destinação pode causar ainda diversos impactos ambientais, tais como: degradação de áreas de manancial e de proteção permanente; proliferação de agentes transmissores de doenças; assoreamento de rios e córregos; obstrução dos sistemas de drenagem, tais como galerias pluviais e sarjetas; ocupação de vias e logradouros públicos, com prejuízo à circulação de pessoas e veículos; além da própria degradação da paisagem urbana (SINDUSCON, 2005).
Medeiros (2012) aborda os princípios do desenvolvimento sustentável, afirmando que os mesmos devem ser aplicados a cadeia produtiva do empreendimento como um todo, isso significa construção sustentável. A extração e beneficiamento da matéria prima, o planejamento, o projeto e construção das edificações e obras de infraestrutura, sua demolição e o gerenciamento de entulhos, são todos aplicados a essa cadeia produtiva (Figura 1). Os materiais deverão ser escolhidos de forma a minimizar a mineração e o extrativismo e contribuir para sua recuperação. Pensando na cadeia de produção dos materiais, deve-se reduzir o consumo de solo, água e energia durante a manufatura dos materiais, durante a obra e depois dela, e trabalhar de modo lógico.

Figura 1- Cadeia Produtiva da Construção Civil de Obras de Edificações (Fonte: SEBRAF/Multivisão).
Edwards (2008) complementa que as edificações são essenciais a existência e ao resguardo da civilização contemporânea, cabendo em especial aos arquitetos, engenheiros e empreendedores a adoção de sistemas construtivos mais sustentáveis.
Ainda segundo este autor, a sustentabilidade vem evoluindo ao longo do tempo e envolve não somente a construção civil, mas na verdade todos os recursos necessários para o desenvolvimento das atividades humanas. A redução do aquecimento global por meio da economia energética e uso de tecnologias apropriadas, com o objetivo de manter o equilíbrio entre o capital inicial investido e os ativos fixos a longo prazo (analise do ciclo de vida). A criação de espaços saudáveis, sensíveis às necessidades sociais e viáveis economicamente, envolvem projetar de forma sustentável.
Keeler e Burke (2010) relatam que as edificações costumam ser avaliadas, em função do capital investido inicialmente. Os custos durante a sua longa vida útil de cinquenta anos ou mais, assim como os custos que incidem sobre poluição, resíduos e danos ecológicos são desconsiderados. Já quando se adota a ACV como ferramenta de avaliação, três aspectos importantes são considerados: os ciclos de reciclagem ao longo da vida útil e a tempo na equação; o contexto dos benefícios sociais e econômicos, é possível analisar os impactos energéticos, ecológicos e ambientais; atuando como ponte entre a fabricação, a construção e a manutenção da edificação, constitui uma ferramenta holística.
Edwards (2008) afirma que a ACV não é isenta de problemas, pois o processo considera de forma individual os diferentes materiais e produtos da construção civil, como concreto, tintas, telhas cerâmicas e aço, cada elemento ao longo do tempo é analisado seu impacto ecológico. Infelizmente, devido a complexa gama de materiais envolvida na construção civil, as características positivas do ciclo de vida de um material podem ser anuladas pelas características negativas de outro, pois envolve a utilização de materiais de maneira combinada. No revestimento do aço é utilizada uma tinta que dificulta o reuso desse material e a argamassa utilizada para assentamento dos tijolos não pode ser reciclada. O Eco-Quantum (método similar ao ACV), procurou resolver esse tipo de problema, criando um sistema que analisa individualmente cada unidade das construção civil, como paredes estruturais (tijolos, argamassa e fundações), paredes divisórias internas (gesso acartonado, estrutura de alumínio e tinta) e esquadrias (vidro, esquadrias e isolantes). Divida em quatro partes, uma auditoria Eco-Quantum é representada por: resíduos, extração de matérias primas; aquecimento global, impactos sobre a saúde e toxicidade; ACV das instalações e dos equipamentos; impacto do transporte e do uso dos materiais.
Utilizando tanto o Eco-Quantum como a ACV, o objetivo é o mesmo: saber ao longo da vida útil de uma edificação o máximo de informações sobre os impactos ecológicos que as envolvem. Essas ferramentas orientam esse processo, além de determinar as decisões a serem tomadas.
Sendo assim, de acordo com Medeiros (2012), essa habitação tem que ser responsavel. A casa sustentável é considerada um organismo vivo, onde procura-se integrar os diversos aspectos, deve-se aproveitar a luz do dia, a chuva, o vento o ar, ligando aos princípios naturais, olhando o ambiente interno e externo visando à boa qualidade do respectivo ambiente. O interior de cada ambiente deve proporcionar controle sobre, temperatura, ventilação e iluminação garantindo o melhor conforto nos espaços planejados.
Todos membros presentes em uma obra serão responsáveis por suas decisões e estratégias com relação ao projeto final. A equipe em geral têm de definir o quanto será sustentável a sua futura casa ou empreendimento. O custo inicial será maior (entre 5 e 8%) que o convencional, mas os itens que vão ser utilizados garantiram um retorno futuro por conta da redução nos custos de manutenção operacional e garantindo também um ganho na qualidade de vida sem falar na redução pegada ecológica da obra, (MEDEIROS, 2012).
2.2- Técnicas e Materiais Menos Impactantes de Construção
Sendo assim, essa responsabilidade se reflete quando escolhemos técnica e materias para construir, de acordo com Lengen, algumas reflexões importantes devem ser feitas antes de construir, como será sua manutenção? Como responde a variação térmica? Analisar os materiais em abundancia na região e analisar sua aplicabilidade na obra; As matérias primas locais podem ser usadas para fazer alguns matérias? Se o material na região não suprir toda demanda, como traze lo? E como combinar materiais distintos, fazendo os viáveis econômico, ambiental e socialmente viáveis juntos.
De acordo com Ferraz (2004) os tijolos de solo-cimento constituem uma das alternativas para a construção da alvenaria em habitações e em outras edificações. Utilizando como matéria-prima o solo, cimento e água, o tijolo é produzido por prensagem, dispensando a queima em fornos. A viabilidade de sua produção depende basicamente da existência de solos adequados para a sua confecção. O processo de fabricação dos tijolos abrange as seguintes etapas; Preparação do solo; que consiste em destorroar e peneirar o solo seco; Preparo da mistura: adiciona-se o cimento ao solo preparado e realiza-se uma homogeneização dos materiais secos; depois, adiciona-se água e mistura-se o material até uniformizar-se a umidade do solo; - Moldagem dos tijolos: pode ser efetuada em prensas manuais ou hidráulicas; - Cura e armazenamento: durante os sete primeiros dias os tijolos devem ser mantidos úmidos por meio de sucessivas molhagens. As quantidades de material (solo, cimento e água) a serem misturadas podem ser medidas em massa. A relação entre as quantidades deve propiciar tijolos com qualidade satisfatória após os primeiros sete dias de cura. As vantagens dos tijolos solo-cimento vão desde sua fabricação até sua utilização no canteiro de obras. Os equipamentos utilizados em sua fabricação são simples. A mão-de-obra para operar os equipamentos não precisa ser especializada, e a fabricação pode ser feita no próprio canteiro de obras. A resistência à compressão, em geral, é superior à do tijolo convencional. A qualidade e o aspecto final das peças são visivelmente superiores, com maior regularidade dimensional e planicidade de suas faces. Existe ainda a possibilidade de o tijolo de solo-cimento ser empregado em alvenaria aparente, necessitando apenas uma pintura impermeável para o seu acabamento. O solo-cimento tem como vantagens adicionais a de oferecer conforto térmico e acústico superior ao das construções convencionais, além de propiciar melhores condições de trabalho, pois o canteiro fica melhor organizado, propiciando redução de desperdícios e geração de menor quantidade de entulho.
Carneiro et al. (2001), ressaltaram outra vantagem dos tijolos de solo estabilizado: a possibilidade de incorporar outros materiais na sua fabricação, como por exemplo, agregados produzidos com entulho reciclado e rejeitos industriais (sílica ativa, cinzas volantes, escórias de alto forno e outros).
A impossibilidade de solucionar os problemas do déficit habitacional, por meio das construções convencionais, propicia o surgimento de novas alternativas de construção capazes de atender a população mais carente. Segundo Ferraz (2004), o uso do solo-cimento com aproveitamento dos resíduos de construção pode ser uma destas alternativas, pois o solo é uma matéria-prima abundante, e pode contribuir no sentido de reduzir custos e induzir os projetistas ao hábito de construir harmonizando projeto arquitetônico, materiais locais e sistema construtivo.
Os blocos de vedação e estruturais feitos de concreto são fisicamente semelhantes, a forma de produção é a mesma. Os blocos de concreto podem ser destinados a fechamento de vãos, vedação ou fazem a sustentação das construções, tendo função estrutural, e são chamados de blocos estruturais. Portanto, os blocos estruturais possuem paredes mais espessas e maior resistência a compressão. Um fator importante que deve ser levantado é o potencial da utilização do bloco de concreto e a análise do benefício do uso desse material em substituição de outro elemento de alvenaria. Dentre as vantagens do bloco de concreto comparado a outros elementos de alvenaria pode se citar Vfazitto (2007), o qual cita: Medidas mais uniformes; Economia de material, já que a parede com blocos de concreto é mais plana que a do bloco cerâmico; Dispensa o chapisco e o revestimento de argamassa em alguns casos; Possibilidade de se pintar diretamente sobre o bloco ou deixa-lo aparente; Redução de tempo da obra; Economia de 15 a 20% do valor da obra; Utiliza se menos blocos por m², cerca de 12,5 blocos por m² ante 25 tijolos.
Técnicas alternativas de construção são capazes de atender a essas demandas, conforme relatos de Prompt (2008). A autora chama as denomina estas técnicas de "Bioconstrução", tais ambientes sustentáveis trazem autonomia as comunidades, que representa a não dependência de outros fora dessa comunidade para satisfazer suas necessidades. O domínio das técnicas construtivas e a valorização das técnicas tradicionais são mais um passo rumo a essa autonomia.
Dentre essas tecnicas está o Adobe, que segundo Keeler e Burke (2010) é utilizada em edificações em todo o planeta. O adobe é uma mistura de areia, água e aglomerantes como fibras vegetais, palhas e até esterco, conforme Figura 2 e 3. Também pode conter materiais reciclados como garrafas de vidro, entre outros.


Figura 2 – Tijolo feito de Argila
Figura 3- Tijolo de Adobe (Fonte: tock Royaly Free) Ecocentro IPEC)

De acordo com Correa (2005), que seguindo critérios definimos feito em pesquisa como umidade adequada, estabilização com areia (caso seja necessário, depende do solo), utilização de misturador correto ("maromba"), cuidados na produção e cura, resulta em tijolos de qualidade superior tanto em resistência como no aspecto estético, comprovando sua viabilidade como alvenaria na construção.
Varum (2006) complementa que a utilização de tijolos de adobe na construção de edificações é vantajoso não só em termos ecológicos mais também nos ponto de vista estrutural,.
O cob é outra alternativa de construção com terra geralmente é usada no lugar da taipa de pilão, mas sem aglomerante de cimento; na sua composição é misturando palha, areia e argila, (Figura 4). Acredita-se que o cob surgiu na Inglaterra, na época foi utilizada para fazer edifícios coletivos de até três pavimentos. Ela interessa aos construtores alternativos devido a capacidade de ser esculpida, e a facilidade de aproveitamento dos resíduos. Cada fiada é socada, de modo a aumentar a resistência e facilidade na hora de fazer a cura. Originalmente, o material era socado com ajuda de animais (SOARES, 2007).
As vantagens do cob são as seguintes: empregam-se poucos materiais, pouca água, possui larga vida útil, é possível esculpir nas paredes, e fazer os moveis integrados com elas. O cob oferece algumas desvantagens, tais como, a técnica é bastante cansativa, e por ter que ser feita em etapas, as mesmas são bastante lentas e exige que seja executada por mais de uma pessoa.


Figura 4 – Construção de um bloco de COB (Fonte: Ecocentro IPEC)

A Taipa de pilão (figura 5) também e outra técnica que usa o barro como principal matéria-prima, na fabricação o barro é compactado pneumaticamente, envolvem o uso de areia, terra, argila e um aglomerante em geral o cimento. Em comparação com técnicas em que utiliza-se o barro em um estado mais úmido, a técnica da taipa tem uma retração mais baixa e uma maior resistência.
Albernaz e Lima (1998) citam a possibilidade de acrescentar outros componentes durante o amassamento, como a areia, a cal, o cascalho, a fibra vegetal e o estrume de animais. Após o preparo da argamassa de barro, esta é disposta dentro do taipal, em camadas de 10 a 15 centímetros, que depois de perfeitamente comprimidas ficam com espessuras menores. Os taipais possuem medidas que variam de 50 a 150 centímetros de altura por 200 a 400 centímetros de comprimento, compostos por tábuas, formando uma espécie de caixa sem fundo, conforme a (figura 6).
O tempo de secagem das paredes de taipa de pilão varia de 3 a 6 meses, dependendo da altura e espessura da parede, tipo de solo utilizado e condições climáticas. Os revestimentos só iniciam após a secagem das mesmas para que haja aderência, e variam de acordo com a região.



Figura 5– Blocos de Taipa (Fonte: Ecocentro IPEC)
Figura 6 – Taipal ou forma de madeira (Fonte: www.criaarquiteturasustentavel.com.br)



A construção com sacos de terra foi inspirada numa técnica militar na onde eram utilizados sacos de areia na fabricação de barricadas, e no controle de enchentes. Khalili inventou o super adobe, a técnica e utilizado um processo de encher grandes sacos de tecidos ou sacos de areia convencionais no formato tubular, depois são empilhados de acordo com o formato desejado até formarem estruturas em casca (figura 7). Para a amarração e utilizado arame farpado e a seguir rebocadas, resultam em moradias de sacos de terra (KEELER & BURKE, 2010).

Figura 7 - Casa feita com Super Adobe (Fonte: www.jacarandamimoso.com.br)

Como outra alternativa as construções existentes, o ferrocimento, segundo Legan, (2008), que é concreto estruturado com tela hexagonal (galinheiro), em vez da armação de vergalhão. Com este tipo de cimento pode-se fazer tetos (figura 8), painéis e tanques.
O ferrocimento é uma mistura feita de areia, cimento e água armada com telas de ferro de construções. O resultado e um conjunto de estruturas na forma de cascas que funcionam muito bem em lugares com fortes abalos sísmicos, sendo citados como um tipo de construção passiva para a sobrevivência (KEELER & BURKE, 2010).

Figura 8 – Construção de Ferrocimento (Fonte: naveraldo.blogspot.com.br)

De acordo com Keeler e Burke (2010), as earthships ou ("naves terrestres") são construídas com pneus velhos presos com terra (Figura 9), tenso origem nas casas alternativas construídas por Mike Reynolds, que foi o fundador da Earthship Biotecture na década de 1970. São moradias autossustentáveis capazes de reaproveitar e capturar a água da chuva, gerar eletricidade e oferece um custo menor na sua construção usando materiais descartáveis no mundo inteiro, sua paredes podem ser construídas com garrafas de plástico, pneus (os mesmos também podem ser utilizados para construção de fundações ou reservatórios), também são utilizados vidros ou latas assentadas com concreto.

Figura 9 – Earthships (Fonte: www.educationscotland.gov.uk)
Segundo Torgal & Jalali (2010), a utilização de materiais de construção de origem renovável da indústria da construção é considerada em termos gerais como uma opção indispensável para que esta indústria se possa tornar mais sustentável. Mas esta premissa não pode ser tomada como verdade absoluta, nem todas situações envolvendo o uso de madeiras ou espécies vegetais são isentas de impacto ambiental. Estão neste caso madeiras que tenham elevados impactos ambientais devido ao seu transporte a longas distâncias ou aquelas que usem elevadas quantidades de fertilizantes, pesticidas ou fungicidas ou ainda que ou ainda que impliquem a destruição de ecossistemas durante a fase de crescimento (SWANSON & FRANKLIN, 1992; POWERS, 1999; SAMPLE,2006; BURGUER, 2009).
Fibras vegetais utilizadas na fabricação de compostos cimentícios em substituição a fibras minerais como amianto ou fibras sintéticas, pode contribuir para maior sustentabilidade da indústria da construção civil. O mesmo acontece quando Substituímos as armaduras de aço por bambu. No entanto há muito relacionado ao seu uso que precisa ser investigado (TORGAL & JALALI, 2010).
De acordo com Alvez (2012), o Bambu é uma grande alternativa para a construção civil, em telhados, forros, estruturas e outras utilizações ainda experimentais, pois o bambu é uma gramínea que tem boa resistência e rápida recuperação, já que me cerca de seis anos está na idade de colheita. Ainda sugere uma forma simples de aumentar sua resistência à compressão e tração além de aumentar sua durabilidade, mineralizando com calda de cimento.
2.3 - Formas Alternativas de Fundação
Conforme diz Alves (2012), fundação ou infraestrutura, é responsável por transmitir toda a carga da estrutura da obra para o solo, além de permitir que os usuários se sintam confortáveis quanto à sua estabilidade. A vocação do solo, para resistir com segurança todo o peso da obra, os sobrepesos de emprego e as acidentais são definidas pelos ensaios de sondagens e de caracterização do solo onde será construída a obra.
De acordo com Legen (2013), pode-se fazer fundações com materiais não convencionais, como a fundação com lodo e bambu, que consiste em cavar a vala, molhar a terra escava, colocar no fundo da vala os "vergalhões" de bambu, com um separação de 10 cm entre uma e outra, e encher a vala com a terra molhada. Ou com solo cimento, com casas de um ou dois pavimentos, nas zonas secas ou semi-secas, as fundações são feitas com uma mistura de terra e cimento na proporção de 10:1. Para compactar a terra usam-se pilões de 5 Quilogramas (levantando-o a uma altura média de 40 centímetros para compactar). Deve-se usar imediatamente, devido a rapidez das reações do cimento. Depois de colocada, deve-se molhá-la durante e um dia e deixa lá ligeiramente molhada durante uma semana. Em solos muito úmidos é indicado que seja adicionado cal na mistura.
Segundo Alves (2013), um método de fundação descomplicado composta de carcaça de pneu e concreto (Figuras 10,11,12), com agregado de entulho de obras e demolições, é uma alternativa de baixo custo e segura, pois a carcaça do pneu demora centenas de anos para deteriorar, de acordo com as figuras abaixo.

Figura 10- Outro tipo de fundação com carcaça de pneu.

Figura 11- Disposição das carcaças de pneus na execução de uma fundação.


Figura 12 - Cintas inferiores com fundação usando carcaça de pneus.
2.4 - Cobertura
As telhas cerâmicas e as pré-moldadas de concreto são muito usadas, devido à sua estética. As telhas de cerâmica oferecem um bom conforto térmico, mas é resultado da extração seguida do cozimento da argila com grande consumo de madeira. As telhas pré-moldadas de concreto podem suar resíduos de pedreiras e entulho de obra e demolição, tornando-se um produto eco sustentável. Outras opções além dessas citadas são, chapas de papel reciclado com asfalto; chapas onduladas recicladas; chapas metálicas; placas de ardósia; metade do colmo de bambu e cobertura verde (ALVES, 2009).
2.5 - Recursos Hidricos e Energias Renováveis na Construção Civil
A indústria da construção civil já enfrenta problemas referentes ao aquecimento global, mas ainda não assumiu sua responsabilidade perante os recursos hídricos, conforme cita Edwards (2005). Algumas medidas de projetos para a preservação da água podem ser tomadas, essas medidas são divididas em quatro grandes grupos, que são, tecnologia, sistemas de águas cinzas, engenharia e gestão. Algumas tecnologias alternativas: torneiras com regulagem de vazão, torneiras automáticas, válvulas de descarga com regulagem de vazão, sanitários comportáveis, mictórios sem água, mictórios com descargas ativadas por sensores, chuveiros em vez de banheiras, eletrodomésticos de baixo consumo de água. Já os sistemas de águas cinzas baseiam-se: recuperação de águas residuais (água reciclada); coleta de águas pluviais no próprio local. Engenharia: pavimentação permeável que permita a alimentação das fontes de água subterrâneas, projeto paisagístico que permita a absorção das águas pluviais, sistema de captação de águas pluviais próprio para absorver as chuvas torrenciais. Gestão: controle do consumo(medição), detecção de vazamentos e educação. Esses são apenas algumas das muitas ações que podem ser tomadas.
De acordo com Vahan (2011) sem uma ação articulada, a demanda por água deverá aumentar nos próximos anos, tanto como resultado do aumento da população quanto do desenvolvimento, gerando problemas nas grandes cidades, como São Paulo. Assim, os problemas do uso sustentável da água no Brasil são resultado de concentração do consumo, perdas do sistema e contaminação das fontes, o que demanda aumento no tratamento de esgoto e políticas adequadas e relativas as fontes contaminantes . A construção poderá contribuir com a solução, colaborando na eliminação das perdas na distribuição, implementando sistemas mais eficientes em edifícios e educando seus clientes.
Seguindo a linha da sustentabilidade e autonomia, a energia é fator fundamental em uma habitação Edwards (2005), energias renováveis são utilizadas para, aquecer, ventilar e refrigerar as edificações, substituindo por combustíveis fosseis. Os principais tipos de energias renováveis são a solar, a eólica e a geotérmica. Em uma grande escala, podemos dispor de energias provenientes de ondas e marés, ainda subutilizadas. Atualmente temos facilidades no acesso a combustíveis fosseis isso determinou a demora no desenvolvimento das energias renováveis. Nos últimos anos e perceptível o crescimento e aplicações de energias renováveis em escalas menores.
As reservas energéticas estão garantidas em longo prazo (de 40 a 200 anos de acordo com o tipo de energia fóssil), estão associadas a impostos baixos e preços menores, criaram até pouco tempo atrás uma aceitação entre clientes, empreendedores e arquitetos.
No intuito de minimizar o consumo de energia e preservar o conforto do usuario, analisar o comforto termico da edificação é de fundamental importantcia. A sensação de bem-estar está diretamente relacionada com o conforto. Da combinação dos parâmetros objetivos e de fatores inerentes ao usuário vem esse conforto dos espaços internos. Aa caracteristicas do determinado espaço são chamados de parâmetros objetivos. Específicos e gerais podem ser esses parâmetos, se tratando, os primeiros, de conforto acústico, visual e térmico (figura 13), dimensões de espaço são dimensões gerais, como fluxo interno, requisitos de organização (MEDEIROS, 2012).

Figura 13- Diagrama de conforto humano (Fonte: INT-MED).

2.5 - PLANEJAMENTO
Segundo Edwards (2008), planejar o aproveitamento do edifício após o fim da sua vida útil, é uma fator primordial a ser planejado, dentre esses planejamentos respeitar alguns princípios potencializam a desconstrução e reaproveitamento: usar matérias reciclados e recicláveis; Minimizar o número de tipos de materiais; Evitar materiais tóxicos e perigosos; Evitar materiais compostos e produtos que não podem ser separados; evitar acabamentos secundários; Fornecer uma identificação permanente dos diversos materiais; minimizar o número de diferentes componentes; privilegiar ligações mecânicas sobre as ligações químicas; usar edifícios de sistemas abertos com partes que podem mudar de função; usar a construção modular; usar tecnologias de desconstrução compatíveis com as práticas construtivas; separar a estrutura dos revestimentos; permitir o acesso a todos os componentes do edifício; projetar componentes para serem usados manualmente; fornece tolerâncias que permitam a desconstrução; permitir a desconstrução paralela; fornece uma identificação permanente de cada componente; usar soluções estruturais normalizadas; usar materiais leves; identificar de forma permanente a zona de desconstrução; Fornecer peças para a substituição e o local para o seu armazenamento; guardar a informação do edifício e do processo de construção.

2.6- CANTEIRO DE OBRAS SUSTENTÁVEL
Com um bom planejamento, as consequências podem ser minimizadas, de acordo com a Cartilha engenharia e arquitetura sustentável (CREA-SP, 2012). A questão do gerenciamento de resíduos está intimamente associada ao problema do desperdício de materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos. A preocupação expressa, inclusive na Resolução CONAMA nº 307, com a não-geração dos resíduos deve estar presente na implantação e consolidação do programa de gestão de resíduos.
Em relação à não-geração dos resíduos, há importantes contribuições propiciadas por projetos e sistemas construtivos racionalizados e também por práticas de gestão da qualidade já consolidadas (MEDEIROS, 2011).
Um canteiro sustentável é aquele em que os desperdícios, improvisações, acidentes, impactos ambientais e incômodos à vizinhança e ao entorno são reduzidos ao máximo. Por isso, com um bom planejamento, é possível minimizar os problemas e reduzir geração de resíduos, poeiras, ruídos, problemas no trânsito, acidentes de trabalho, poluição em geral e desperdício de recursos naturais. Os impactos são sentidos pelos próprios trabalhadores da obra, vizinhos, pedestres e visitantes.
As soluções para diminuir a geração de resíduos estão no desenvolvimento de processos de triagem, coleta seletiva, armazenamento adequado para reutilização, reciclagem ou beneficiamento. Além disso, o projeto deve ter como meta a especificação de sistemas e processos construtivos que gerem menor quantidade de entulho, fazer a quantificação dos resíduos e prever a organização de zonas de armazenamento e de circulação, cuidar da logística de canteiro, planejamento das coletas, entre outras diversas providências. Economia de energia e de água também caracteriza um canteiro sustentável, além do respeito à vizinhança com providências para reduzir ruídos dos maquinários e equipamentos e da circulação de veículos.
2.7 – Sustentabilidade nas Habitações de Interesse Social (Orçamento)
De acordo com (Csillag,2012), a viabilidade econômica, a minimização dos impactos ambientais e maximizar os resultados sociais são fatores que compõem o conceito de desenvolvimento social. A partir dessa análise é sempre possível inserir sustentabilidade dentro do orçamento existente. A procura pela sustentabilidade deve acompanhar o ciclo de vida do empreendimento como explicado anteriormente. Em habitações de interesse social deve-se considerar aspectos da matriz energética, o ambiente local onde serão inseridas essas habitações e a existência de infraestrutura na região (transporte, escolas, saúde), as características de renda do morador, as necessidade e cultura dos clientes e as práticas estabelecidas, considerando as várias interfaces do projeto integrado. Deve-se definir prioridades, no Brasil um dos pontos centrais está na fase de ocupação das moradias quanto à fixação da população-alvo. Para que isso ocorra de maneira em sucedida, procura-se a redução das despesas da moradia. Essa atitude busca soluções de projeto que favoreçam as famílias consigam arcar com suas contas (água, energia, condomínio, gás e o financiamento do imóvel), evitando que tenham que se privar de algum dos serviços em função da falta de pagamento, e até à saída dos moradores dos seus imóveis. Este último cenário é o pior, pois comprova a não planejamento adequado da moradia e o retorno dos moradores para áreas de habitação vulneráveis. É importante observar também ações ligadas à durabilidade do imóvel, facilidade de manutenção e qualidade do projeto urbanístico. Sendo assim, a sustentabilidade em empreendimentos de interesse social não só é possível com tem grande potencial de trazer benefícios. Mas para que isso aconteça é necessário ser planejadas desde a concepção e acompanhar todo o ciclo de vida do empreendimento.
3 – METODOLOGIA
Após o embasamento teórico sobre o assunto de construções sustentáveis, foram realizados levantamentos in situ de uma obra localizada no Residencial Jardim Petrópolis, no Município de Goiânia.
A obra em questão abordou em sua essência técnicas utilizadas na Permacultura, a qual procura minimizar ao máximo possível os impactos ao meio ambiente, tanto na fase construtiva, quanto na fase pós-construção, além de procurar dar uma qualidade de vida maior aos moradores da residência.
4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
Por meio de um design permacultural, em um lote de 360 m², objetivou-se maximizar o aproveitamento do espaço, de maneira sustentável. Além das edificações, existem também jardins funcionais e comestíveis, que foram pensadas de maneira agroecológica.
O primeiro passo da obra foi a construção do muro que delimita o lote, sendo este executado com pneus, semelhantemente ao realizado na fundação (descrito a seguir), contudo o mesmo não foi escavado e nem amarrado com arames, apresentando uma deformação bastante acentuada e que aparentemente está comprometendo a estrutura do muro. Em seguida foi realizada a locação da obra, a qual foi realizada de maneira tradicional. Por ser de formato circular, utilizou-se um ponto de centro e uma linha para demarcação da área a ser construída.
Em seguida realizou-se a fundação, a qual foi realizada basicamente com pneus, restos de entulhos e britas. A fundação especifica é similar a uma fundação rasa do tipo sapata corrida. Após realizar a escavação foram colocando pneus lado a lado em uma fileira, os mesmos podem ser amarradas com arame ou ficarem soltos, caso a fundação seja predominantemente enterrada, pois assim o solo fará a função de firmar os pneus.
Ressalta-se que para o presente estudo de caso, foi adotada a segunda forma, ou seja, sem amarração dos pneus. Após a colocação dos pneus, os mesmos foram preenchidos gradativamente com pedaços de entulhos de diferentes granulometrias, reduzindo-se assim os índices de vazios, e consequentemente dando-lhe uma maior resistência. Feita a primeira a camada, colocou-se as demais no mesmo processo, intercalando os pneus para não ficarem justapostos, garantindo uma estabilidade maior a essa fundação. Assim como pode-se fazer a amarração horizontal para as fileiras, sugere-se também a realização de amarrações verticais, que dependendo da edificação e da solicitação da fundação podem ser necessárias, assim como a adição de algum tipo de estabilizante e o uso do aço e da borracha junto ao entulho para dar maior estabilidade. O apiloamento também é de suma importância para vencer os vazios.
No "case Dayan" foram usadas 5 camadas de pneus, sendo que algumas das dificuldades encontradas foram, de conseguir pneus de mesma largura e em condições de uso similares, de preencher ao máximo possível os vazios das partes internas e externas dos pneus, pois assim evita-se a ocorrência de deformações desiguais da estrutura, lembrando que pelo tipo da estrutura da habitação não existem problemas significativos caso ocorra recalque da fundação ou do solo pois a estrutura não é rigida como o concreto e se molda as novas solicitações que a ela sejam solicitadas, sem alterar significativamente sua resistência.
As Figuras 14; 15 e 16 apresentam o processo de execução da fundação.


Figura 14 – Escavação para execução da fundação com pneus.
Figura 15 – Fundação sendo realizada com pneus, restos de entulho e brita.

Figura 16 – Muro que delimita o lote com intercalação das camadas de pneus.
A etapa de estrutura e vedação foi baseada em um tipo da alvenaria estrutural, denominada terra ensacada, desenvolvida pelo iraniano Nader Kalili, e a aprimorada no Brasil, substituindo o saco de polipropileno por saco de "rachel", que são mais flexíveis e tem uma aderência melhor ao revestimento e entre camadas, mas em contrapartida pode sair terra por suas malhas antes de ser compactada, sendo esta uma das importâncias da compactação lateral. No "case Dayan" foi feito um suporte com um tubo de pvc de 250 mm e um metro de comprimento o qual servia para colocar a terra nos sacos e manter a abertura dos mesmos.
Na primeira fiada foi colocado concreto para minimizar que a umidade chegasse até as outras camadas, sendo que o traço foi de (3:2:1; A:B:C), e na segunda camada foi colocado o solo devidamente umedecido na umidade ótima presumível. Ressalta-se que a última fiada foi de concreto para que o telhado fosse apoiado. A título de especificação, cada fiada apresentou cerca de 27 metros de comprimento e que o pé direito varia de 3 a 4 metros de altura, visto que a obra apresenta uma área com mezanino.


Figura 17 – Compactação das fiadas.
Figura 18 – Design da obra.
O telhado foi sustentado na alvenaria estrutural, e em toras de eucalipto. Em sua maioria, as telhas são do tipo onduline de compensado de tetrapak, e em outra parte existe um telhado verde, que foi feito colocando compensados navais sobre a estrutura de madeira. Após ser devidamente nivelado, foi colocada uma camada de papelão sobre o compensado para proteger a próxima camada, que é uma lona impermeabilizante, com pneus nas bordas que vão funcionar como retenção do solo e como fixadores da lona. No lado mais baixo do telhado, realizou-se um furo por onde será feita a drenagem dá água excedente e futuramente a captação da água da chuva, já previamente filtrada pelo próprio solo. Uma associação de materiais de diferente granulometrias e densidades formam esse filtro drenante, que fica sob o solo que recebera as plantas.
Para o revestimento foi feito um reboco à base de palha, esterco e terra. Em geral esse revestimento apresenta boa aderência e resistência, desde que seja realizada uma boa impermeabilização do mesmo. No caso específico, a impermeabilização foi realizada com tinta a base de terra e cola pvc.
As instalações hidráulicas e elétricas foram feitas de maneira convencional. Sendo que, como a casa adotou um padrão arquitetônico bioclimático, a iluminação durante todo o dia é feita pelo sol e a casa tem uma temperatura agradável durante todo o dia. A parte hidráulica feita com canos de PVC, estão ligadas a um sistema de tratamento de águas cinzas, o qual utiliza plantas e pequenas lagoas para tratar essa água que irá ser reutilizada pelo sistema e a um sistema para tratamento das águas negras conhecido como bacia de evapotranspiração e popularmente conhecida com "Fossa de bananeira".
Em relação ao piso interno da casa, foi feito em "cimento queimado", os caminhos e pisos externos, em geral, foram feitos de paver reciclados, os quais possibilitam a drenagem ao solo.
Os gastos gerados durante a obra estão estimados em dezesseis mil reais, até o momento, sendo que destes, aproximadamente setenta por cento foram gastos em mão de obra. Ressalva-se que praticamente toda mão de obra foi local, ou seja, de moradores de regiões próximas, conferindo a esse "case" uma função social e econômica da região, além de poder difundir socialmente essas tecnologias aos moradores da região.


Figura 19 – Fachada da casa.
Figura 20 – Fundo da residência, com os detalhes de pés direito e telhado.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, a edificação buscou proporcionar aos usuários e ao meio mais qualidade e equilíbrio. Os materiais utilizados foram preferencialmente não tóxicos, e com decomposição assimilável pelo meio, naturalmente. Grandes vantagens ambientais, sociais e econômicas são conferidas a este tipo habitação urbana de maneira simples, replicável e segura.
Sugere-se uma divulgação maior sobre a amplitude da permacultura, a qual aborta aspectos que variam desde o design, passando pelos processos e materiais construtivos, sistemas de tratamento de resíduos e qualidade de vida, até o envolvimento da população da região.






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pontifícia universidade católica de goiás
departamento de ENGENHARIA
curso de engenharia civil







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