Tecnologia BIM na Construção Civil

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Curso de Graduação em Engenharia Civil

Lucas Tavares Faria

Estudo de Caso: Tecnologia BIM na Indústria da Construção Civil

Ouro Preto 2015

Lucas Tavares Faria

Estudo de Caso: Tecnologia BIM na Indústria da Construção Civil

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Rispoli Alves

Ouro Preto 2015

! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Dedico essa obra à minha família, que sempre me fez ter certeza que, na vida, há motivos nobres pelos quais vale a pena lutar, e mesmo morrer se necessário – sou eternamente grato pela infinita paciência que sempre tiveram.

! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! “Mas a paixão cega nossos olhos, e a luz que a experiência nos dá é a de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás”. Samuel Taylor Coleridge (1772 – 1834)

“Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa”. Guimarães Rosa (1908 – 1967)

Resumo Ao longo dos últimos anos, a indústria da manufatura, logística e finanças têm sido automatizadas, resultando em enormes ganhos de produtividade ao redor do mundo. A exceção é a indústria da arquitetura, engenharia e construção civil – isto é, até recentemente. A modelagem virtual de projetos de edificações, processo conhecido como Building Information Modeling – ou BIM – ainda está longe de ser uma prática usual e disseminada no cenário da construção civil brasileira. Algumas construtoras, que decidiram apostar na capacitação de seus profissionais e em experimentações com o processo, começam a tomar contato com a dimensão e o benefício da tecnologia. O respaldo desse fenômeno significa que as informações que já vinham sendo produzidas em softwares de planejamento, começam a ser associadas, com muito sucesso, aos edifícios virtuais tridimensionais. O resultado é a visualização prévia de como a construção vai evoluir ao longo do tempo. O fluxo de informação interativo e intuitivo torna mesmo as pessoas pouco familiarizadas com as representações gráficas dos cronogramas capazes de entender o desenvolvimento da obra, identificar eventuais interferências e dar sua contribuição à equipe de planejamento. Neste trabalho encontra-se um estudo de caso sobre esse fenômeno que começa a se desenvolver no mercado e qual sua importância de seu impacto na indústria da construção civil brasileira.

Palavras-Chave: BIM, Building Cronograma, Construção Civil

Information

Modeling,

Informação,

Projeto,

Abstract Over the last years, industries such as manufacturing, logistics, and finance have been automated, driving enormous gains in productivity worldwide. The exception is the architecture, engineering, and construction industry – that is, until recently. The virtual modeling of construction projects, known as Building Information Modeling – also known as BIM – is far from being a usual and disseminated practice within the Brazilian civil construction scenario. Some construction companies, that decided to stake for the capacitation of its professionals and some experimentation with the process, started to have some contact with the dimension and the benefits of the new technology. The implications of this phenomenon signify that the information that was once produced by a single project planning and management software, begin to be associated, successfully, to tridimensional virtual building models. The result is the visualization of how construction will evolve along the planned schedule. The flow of interactive and intuitive information enables even the person less familiarized with schedules and graphical representations to understand the construction development, identify possible interferences, and give his or her contribution to the planning team. Alongside the current work lies a study case about this phenomenon that begins to develop in the Brazilian market, and how important its impact is within the Brazilian construction industry. Key words: BIM, Construction, Information, Project, Schedule, Civil Construction

Agradecimentos Várias pessoas colaboraram para tornar este trabalho possível. Em primeiro lugar, meu orientador e mentor, o Prof. Luiz Fernando Rispoli, cuja paciência ante meus equívocos como aluno e valiosos conselhos, me inspirou a sempre ir além do que eu imaginara ser capaz. Durante a elaboração desta monografia fui mais um rato de meu quarto que um filho aos meus pais, neto aos meus avós, ou um irmão aos meus irmãos. Isso exigiu de minha mãe, Rita, meus avós, Ronilda e Antônio, meu padrasto, José, e meu tio, Marco, tolerância resignada e um bocado de caridade sem recompensa. Por me motivar a continuar pela busca da excelência, e pelas longas conversas, agradeço meu irmão mais velho, Pedro Henrique. Se tive tempo para a pesquisa e meditação envolvidos nesse trabalho, devoo à colaboração da Prof. Guilherme Brigolini e Prof. Paulo, que me deram assistência no emprego de minha pesquisa. Esse trabalho tem um enfoque prático que adquiri ao longo dos anos, mas devo agradecer à Dinâmica Engenharia pelo embasamento técnico que adquiri em poucos meses. Sem a paciência e o espírito de equipe que permeia na empresa, esse trabalho não teria sido possível. Uma pessoa merece referência especial. Meu pai, Juarez, que sempre foi minha bussola no caos da vida, que sempre exerceu tanta influência em minhas decisões, cuja experiência e sabedoria me motivaram em momentos de cansaço e incerteza.

Ouro Preto, Julho de 2015.

Sumário 1.! Introdução ..................................................................................................... 3! 2.! Objetivos ....................................................................................................... 5! 3.! Revisão Bibliográfica ................................................................................... 6! 4.! O Processo de Projeto da Construção Civil .............................................. 9! 4.1! Informação: a Fundação de Qualquer Projeto ......................................... 12! 4.2! Planejamento & Controle ........................................................................... 13! 4.3! Gerenciando Informação ............................................................................ 14! 4.4! O Sistema de Entrega de Construções ..................................................... 16! 4.5! Etapas de Projeto & o Processo BIM ........................................................ 17! 4.5.1! Da Conceituação de um Projeto ............................................................ 17! 4.5.2! Do Projeto Preliminar ............................................................................. 17! 4.5.3! Do Projeto Final...................................................................................... 18! 4.5.4! Elaboração de Proposta ......................................................................... 18! 4.5.5! Da Construção do Projeto ...................................................................... 18! 4.6! Da Interdisciplinaridade da Construção ................................................... 18!

5.! O Planejamento Modelado ......................................................................... 20! 5.1! Uso Seletivo ................................................................................................. 20! 5.2! Sintonia – A Coordenação Multidisciplinar .............................................. 21! 5.3! Desenvolvendo um Plano de Modelagem Coordenado .......................... 24! 5.4! O Fluxo BIM-cêntrico .................................................................................. 24! 5.4.1! Criar um Modelo Básico ......................................................................... 24! 5.4.2! Utilizando o Modelo Básico .................................................................... 25!

5.4.3! Revisar e Coordenar o Projeto ............................................................... 26! 5.4.4! Aprimorar os Projetos............................................................................. 27!

6.! Estudo de Caso: Consigli Construction Co. ............................................ 28! 6.1! Resumo do Projeto ..................................................................................... 28! 6.2! O Desafio ..................................................................................................... 29! 6.3! A Solução ..................................................................................................... 30! 6.4! Tudo em Seu Devido Lugar ........................................................................ 31! 6.5! Minimizando Interferências ........................................................................ 32! 6.6! Novas Perspectivas .................................................................................... 33! 6.7! O Resultado ................................................................................................. 34!

7.! Conclusão ................................................................................................... 35! 8.! Referências ................................................................................................. 36!

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1. Introdução O ambiente fragmentado da indústria da construção civil tem uma influência tremenda em seu custo e produção. A natureza multidisciplinar de desenvolvimento de projetos impõe a necessidade de comunicações diretas e coordenação objetivada de equipes. A Tecnologia da Informação (IT) tem tido fortes influências em facilitando tais processos em diversos setores produtivos. Nesse contexto, a contribuição mais recente da IT foi a implementação da Modelagem de Informação da Construção (BIM) em projetos da construção civil, tanto de grande ou de pequeno porte. A estrutura organizacional de qualquer projeto de construção civil é altamente enxuta, uma vez que é caracterizada pela execução de suas atividades de forma extremamente coordenada; e, para tanto, o uso de ferramentas em software é fundamental para que seja possível fornecer informações pertinentes nas tomadas de decisão em tempo hábil. Em outra perspectiva, a gestão de empreendimentos da construção civil requer, cada vez mais, engenheiros responsáveis na obtenção de resultados. Tais resultados variam desde o cumprimento de metas de custos, prazos, e qualidades até a visão global do negócio – desafios, estes, enfrentados diariamente por esses profissionais. Sob tal ótica, o controle mais rigoroso sobre todas as etapas de produção dos empreendimentos é uma das consequências diretas de um mercado que se encontra desaquecido: margens de ganhos encolhidas, oportunidades remotas, concorrência acirrada, entre tantos outros motivos de tal desaquecimento. É de se esperar que em tal contexto, adverso e acirrado, a tolerância com desperdícios de materiais, retrabalhos, atrasos de cronograma e patologias pós-obra diminua, assim como aumente a preocupação com a racionalização de processos, com a inovação tecnológica e com o aumento de produtividade. É justamente neste aspecto de inovar e produzir melhor que se insere o escopo do BIM: o sucesso das obras agora se tornou ainda mais crítico.

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No presente trabalho, analisa-se que o processo do BIM ainda está longe de ser uma prática usual e disseminada na construção civil brasileira. Mas algumas construtoras que decidiram apostar na capacitação de seus profissionais e em experimentações com o processo, começam a tomar o contato com uma nova dimensão da tecnologia, tendo contato com uma nova visão de obra e produção: mais comunicativa, objetiva e avidamente participativa. Sob a orientação do Prof. Luiz Fernando Rispoli, o objetivo dessa monografia é analisar, ao utilizar tais ferramentas providas do BIM, se a produtividade e a coordenação desses projetos são otimizadas; e identificar os motivos pelo qual há lenta implementação dessa solução na indústria da construção civil no cenário nacional brasileiro.

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2. Objetivos Neste trabalho de conclusão de curso, é encontrado uma análise sobre esse fenômeno promissor no ambiente da construção civil que começa a se desenvolver no mercado, e quais suas vantagens e desvantagens, tal como o mercado está se comportando perante essa mudança de paradigma. Por fim, é apresentado um estudo de caso em que se emprega o uso do BIM, quais os problemas que precisam ser avaliados e quais os ganhos.

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3. Revisão Bibliográfica Em termos populares, é tido como certo que “tempo é dinheiro” (FARAH, 2005). No mundo industrial, no entanto, e em especial a indústria da construção civil, tempo, dinheiro e qualidade” são intimamente interligados (FARAH, 2005). A grosso modo, a gestão de projeto e de obra devem administrar os três, mas, na prática, dinheiro e qualidade sempre estão brigando entre si por tempo (FARAH, 2005). O ciclo de vida de um projeto se dá por início quando o proprietário enxerga uma grande oportunidade, e uma organização opera e mantêm a edificação (FARAH, 2005). Em edificações comerciais, a produtividade e a construção feita dentro do prazo dependem intimamente no membros da equipe: proprietário– arquiteto–engenheiro–fornecedor–construtor (FARAH, 2005). Tal equipe está ligada por suas inter-relações (FARAH, 2005). Já que todos os envolvidos no empreendimento possuem interesses distintos ao longo do projeto e obra, o conceito de sociedade no ramo da construção civil torna absolutamente crítico para que se possa aprimorar a produção de uma edificação – de um ponto de vista de custo e tempo (FARAH, 2005). Como consequência, a equipe possui um algo grau de dependência de software de computadores a troco de alavancar a eficiência de planejamentos, a construção de edifícios e gerenciar o projeto de forma otimizada (FARAH, 2005). Os profissionais da área de construção tem como entendimento que é nos estágios iniciais de um projeto, em especial na etapa de programação deste, juntamente com a esquematização e etapas preliminares, que as decisões cruciais que ditam o rumo econômico do projeto (FARAH, 2005). A valorização da gestão da produção e da qualidade requer do engenheiro civil um perfil diferente do clássico estilo tocador de obras ou burocrático/administrativo (NAKAMURA, 2015). O perfil desejado, e que deve ser almejado por todo profissional da área, a cultura que o gestor de obra deve ter é a de um empresário, cuidando de sua empresa como seu negócio, como responsável final por todo o ciclo produtivo (NAKAMURA, 2015). 6

A situação adversa da economia traz consigo o encolhimento do lucro, e consequentemente dos investimentos, das construtoras, o que faz com que, aos olhos da empresa, deve-se optar por maior rigor à gestão do projeto e do canteiro de obra – reduzindo desperdícios de materiais, de retrabalhos, de atrasos de cronograma e de patologias (NAKAMURA, 2015). É com esse intuito que nasce o conceito de BIM (REDDY, 2012) – é necessário estabelecer uma nova fronteira no planejamento de obras, e nesse contexto, o BIM associa projeto tridimensional ao cronograma executivo para visualizar a evolução da obra e identificar prós e contras de cada plano de ataque (NAKAMURA, 2014) Existem correntemente um esforço de pesquisa sobre como promover e avançar a tecnologia da informação para intensificar a eficiência do trabalho e da colaboração entre as áreas da Arquitetura, Construção Civil e Engenharia, de forma que forneça-se um mecanismo de infraestrutura a obter informações pertinentes necessárias para tomadas de decisão em tempo hábil (ESTMAN e TEICHOLZ, 2005). É de se esperar que tais tecnologias facilitem o intercâmbio de informações entre membros da equipe de projetos e pelos estágios do ciclo de vida do projeto: desde a construção, à inspeção, à manutenção (ESTMAN e TEICHOLZ, 2005). Além disso, demanda-se que o núcleo central de tal infraestrutura de comunicações deva ser explorada por um modelo de projeto de construção compartilhado na forma de modelos de integração de produtos e bancos de dados do projeto, fatores que culminaram na criação do BIM (KHOURY, FISCHER e HYMAKER, 2009). O BIM é uma tecnologia de modelagem, mas trata-se também de uma ferramenta associada a conjuntos de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construção (ESTMAN e TEICHOLZ, 2005); e visto como um potencial facilitador cujo objetivo é auxiliar a indústria da construção civil a aprimorar e otimizar sua produtividade (KHOURY, FISCHER e HYMAKER, 2009). Apesar de seus benefícios e gama de vantagens desse paradigma, a indústria local é relutante para empregar tal tecnologia em seus serviços (BABA, 2010).

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Durante décadas, a comunidade da Arquitetura, Engenharia e Construção depende de um fluxo de informações com seus projetistas de forma encapsulada – onde o foco em uma única disciplina ou função e sequencialmente passando seus outputs de tomadas de decisão de projeto para as disciplinas seguintes (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Esse processo sequencial, isolado, criou e ainda cria incontáveis barreiras à colaboração efetiva e têm sido o motivo de equívocos e más interpretações onerando o empreendimento em retrabalhos (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Eis a grande mudança de paradigma resultante no emprego do BIM: a maior integração de equipes (FARAH, 2005). A vantagem de se implementar essa nova tecnologia é ter os problemas de intercomunicação automaticamente reduzidos, se não, completamente sanados (FARAH, 2005).

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4. O Processo de Projeto da Construção Civil A definição da palavra arquitetura é, segundo o Dicionário Merriam-Webster: a arte ou ciência de construir, especialmente a arte de construir casas, igrejas, e outras estruturas para o propósito da vida civil.

É também: a disciplina que lida com os princípios de projeto e construção e a ornamentação de edificações; arquitetura e eloquência são artes misturadas cuja finalidade, às vezes, beleza e, às vezes, utilidade.

No que tange à construção, esta é definida como, diz o Dicionário Michaelis: A arte de construir. Compleição, organismo.

É também definida como, segundo o Dicionário Merriam-Webster: O ato de definir e formar, fabricar. A forma ou maneira de se construir, ou unir partes, para estrutura, ou arranjo.

É possível analisar que o processo de construção, desde o projeto até sua execução, como uma arte; e, como tal, possui complexas interações em seu desenvolver. Ao longo do tempo, a complexidade de projetos arquitetônicos e o tamanho de projetos de construção vêm aumentando dramaticamente (FARAH, 2005). Tais fatores agregam consigo um aumento na complexidade das interdependências e das variações nas relações dentro de organizações e instituições (BABA, 2010). Os maiores esforços da indústria da construção civil para a melhoria de seu desempenho dizem respeito ao melhoramento e aperfeiçoamento da fase de projeto (OLIVEIRA, 2006). Esta etapa no processo construtivo é apontada como aquela que apresenta as maiores oportunidades de intervenção e agregação de valor no 9

empreendimento (OLIVEIRA, 2006). Com isso em mente, os processos de concepção devem ser considerados pelas construtoras e escritórios de arquitetura como sendo estratégico e de forte enfoque. É de se esperar que o reflexo da concepção de projetos seja o desempenho do empreendimento a atender as expectativas do cliente (OLIVEIRA, 2006). O autor OLIVEIRA (2006) se refere ao tema da seguinte forma: (…) Os processos de concepção e projeto devem ser vistos como estratégicos para a qualidade do edifício ao longo do seu ciclo de vida. A busca

de

novos

métodos

e

processos

que

possam

considerar

precocemente a totalidade das questões envolvidas no projeto cada vez mais se torna de extrema relevância para o sucesso dos empreendimentos e para o progresso do setor da construção civil.

É largamente reconhecido que o processo de projeto possui influência determinante sobre o desempenho de uma edificação durante seu uso (OLIVEIRA, 2006). Mais que isso, ele determina grande parte da possibilidade de ganhos financeiros reais durante a sua construção, por meio da redução do desperdício e das patologias construtivas e por meio da melhoria da imagem das empresas participantes do empreendimento imobiliário, proporcionando aumento no número de vendas, fidelização de clientes entre tantos outros ganhos (OLIVEIRA, 2006). É o projeto que viabiliza a introdução de inovações tecnológicas no processo produtivo e possui papel fundamental na produção de edificações de qualidade, possibilitando, com isso, um significativo aumento na satisfação do usuário com o produto adquirido – o que é condição fundamental para sobrevivência organizacional no atual cenário (OLIVEIRA, 2006). É inegável que alinhar o desenvolvimento do projeto com os objetivos estratégicos de grande parte dos agentes envolvidos nas etapas de processo em um empreendimento imobiliário seja um dos maiores desafios do setor. Não há como redefinir os processos internos de uma empresa de projeto e impor uma adequação a esta nova realidade, se não forem conhecidas as reais necessidades 10

e

expectativas

desses

agentes

no

decorrer

do

processo,

principalmente as do contratante direto dos serviços de projeto (BABA, 2010). Com isso em mente, OLIVEIRA (2006) menciona o seguinte: As deficiências do projeto podem trazer sérias consequências para o processo construtivo, podendo até mesmo causar a inviabilidade do empreendimento. A baixa qualidade do projeto pode gerar redução da eficiência do processo construtivo, aumento do risco do contrato do empreendimento, elevação dos custos, tanto para o construtor como para o cliente final, e da ocorrência da não-qualidade no empreendimento.

Verifica-se uma constante dissociação entre a atividade de projeto e a de construção: o projeto geralmente é entendido como simples instrumento isolado, comprimindo-se seu prazo e seu custo, recebendo mínimo aprofundamento e assumindo um conteúdo quase meramente legal (OLIVEIRA, 2006). Tal enfoque caracteriza o projeto a ponto de torná-lo simplesmente indicativo, de tal forma que grande parte das decisões é postergada para a fase de execução das obras (OLIVEIRA, 2006). Esta situação, uma de gargalo, tem que ser devidamente considerada pelos idealizadores dos empreendimentos imobiliários e profundamente repensada, de modo a se reestruturarem, inclusive, as formas usuais de contratação deste tipo de serviço (OLIVEIRA, 2006). As diferentes formações dos profissionais que atuam na atividade de projeto também têm sido um dos principais entraves à sua otimização (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Em função dessas diferenças, cada profissional ou grupo de profissionais desenvolvem diferentes percepções com relação à nomenclatura e aos conteúdos das atividades de projeto, variando desde projetos elétricos à estruturais (OLIVEIRA, 2006). Com esse tipo de obstáculo, dificulta-se consideravelmente o desenvolvimento e a utilização de ferramentas multidisciplinares (OLIVEIRA, 2006). Tal que encarecem o processo de concepção, além de embargar bons resultados (OLIVEIRA, 2006). Trata-se de uma questão de tornar o processo desde seu início uma tarefa holística e objetiva (OLIVEIRA, 2006).

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A verdade é que as edificações vêm se tornando cada vez mais complexas em relação à necessidade dos clientes, aos novos materiais e tecnologias (OLIVEIRA, 2006). Uma parte da complexidade dos projetos modernos é relacionada ao produto, e outra ao seu processo de produção, assim o é em todo setor produtivo da indústria (OLIVEIRA, 2006). As decisões quanto à forma, funcionalidade e métodos de construção são tomadas nas fases de concepção e projeto do empreendimento e, nelas, promotores e projetistas trabalham usualmente com um pequeno número de informações (OLIVEIRA, 2006). 4.1 Informação: a Fundação de Qualquer Projeto A base de qualquer projeto é a informação (GUERRA, 2010). O projeto deve ser encarado como informação e o fluxo dela, que pode ser de natureza tecnológica ou de cunho puramente gerencial (OLIVEIRA, 2006). As peculiaridades de cada projeto tornam ainda mais difícil o estabelecimento de rotinas de trabalho para sua execução (GUERRA, 2010). É necessária, portanto, a eficaz coordenação das informações trocadas entre empreendedores, projetistas e construtores – i.e. todos envolvidos no processo – para que esse processo transcorra de maneira mais integrada, e, naturalmente, eficiente (OLIVEIRA, 2006). As falhas nas comunicações constituem uma das maiores causas de insatisfação com relação aos projetos, gerando retrabalhos e consequente desperdício de tempo e material (REDDY, 2012). Na Figura 4.1, é possível observar as principais fases de execução do processo de projeto e seu inter-relacionamento com o fluxo de informações durante seu desenvolvimento (MATTOS, 2010).

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Figura 4.1: Processo de Projeto e seu fluxo de informação (MATTOS, 2010).

4.2 Planejamento & Controle Organizações bem-sucedidas criam projetos que produzem resultados desejados nos moldes em que se enquadram seus recursos (PORTNY, 2013). Como resultado imediato desse contexto, a gestão de negócios requer maior e melhor integração de seus projetos (PORTNY, 2013). Segundo Portny (2013) um projeto é um empreendimento temporário desempenhado para produzir um produto, serviço ou resultado único. De grande ou pequeno porte, um projeto sempre terá os seguintes aspectos (PORTNY, 2013): 1. Escopo Específico: resultados ou produtos desejados; 2. Prazo: há uma tempo de vida útil de um projeto em que deve ocorrer o início e o término deste. 3. Recursos: Existe um número de pessoas, fundos e outros recursos necessários para a implementação do projeto. 13

Uma triste realidade de incontáveis projetos é que eles são acompanhados de altas expectativas e esperanças – fatores que podem promulgar frustração e desapontamento (PORTNY, 2013). O planejamento de um projeto representa a visão que se tem de sucesso; no entanto, esses planos não se implementam sozinhos ou automaticamente, e eles não podem prever o futuro com total certeza (PORTNY, 2013). Projetos bem sucedidos requerem cuidados contínuos e gerenciamento para garantirem que eles seguem o planejamento como previsto e, em troca, produzirem os resultados desejados (PORTNY, 2013). Quando situações inesperadas ocorrem, o gestor de projeto deve reagir prontamente para ajustar ou corrigir o processo e manter o empreendimento nos moldes previstos (PORTNY, 2013). O controle de resultados, então, é de grande importância no decorrer da execução de projeto (PORTNY, 2013). O controle de projetos deve conter alguns preceitos em seu núcleo (PORTNY, 2013). Um deles é a constante confirmação com o planejado: no início de cada tarefa é necessário que

sempre exista a confirmação do enfoque das

responsabilidades e comprometimentos que foram previamente definidos (PORTNY, 2013). O segundo elemento é a avaliação do desempenho, em que durante seu decorrer, membros de equipes relatam a informação de cada tarefa realizada, datas em que se deu início e término da atividade, etc. (PORTNY, 2013). Em terceiro lugar, deve-se tomar ações corretivas, se necessárias, ao passo que se leve o desempenho do projeto de volta às conformidades do planejamento, ou, ainda, mudar os planos para refletirem novas expectativas (PORTNY, 2013). Por fim, manter as equipes informadas é crucial; isso inclui compartilhar conquistas, problemas e planos futuros com a audiência do projeto (PORTNY, 2013). 4.3 Gerenciando Informação O Sistema de informação (SI) é um conjunto de componentes interrelacionados que coletam, processam, armazenam e distribuem informações, com a 14

finalidade de dar suporte à tomada de decisões e ao controle de atividades em uma organização (OLIVEIRA, 2006). É a partir de um SI de qualidade que se obtêm bons resultados de desempenho, de planejamento, e de controle (PORTNY, 2013) – funciona como o sistema nervoso de um empreendimento (PORTNY, 2013). Ele pode também auxiliar os gerentes e colaboradores a analisarem problemas, a visualizar formas complexas e a criar novos produtos ou serviços (OLIVEIRA, 2006). Sob um enfoque empresarial, os sistemas de informação são uma solução organizacional e gerencial, baseada em tecnologia da informação, em resposta a um desafio apresentado pelo ambiente organizacional (OLIVEIRA, 2006) – desafio, este, que permeia todo o processo produtivo da construção civil (FARAH, 2005). Segundo Oliveira (2006), as informações devem ser avaliadas segundo quatro fatores: 1. Qualidade: quanto mais precisa a informação, maior sua qualidade e com mais segurança os gestores podem contar com ela na tomada de decisão; 2. Oportunidade: para um controle eficaz, a ação corretiva deve ser aplicada antes de ocorrer um desvio muito grande do plano ou cio padrão; portanto, as informações devem estar disponíveis à pessoa certa no momento certo; 3. Quantidade: dificilmente os gestores podem tomar decisões precisas e oportunas sem informações suficientes; contudo, é importante que não haja uma "inundação" de informações, de modo a esconder os elementos mais importantes; 4. Relevância: a informação que os gestores recebem deve ter relevância para suas responsabilidades e tarefas, devendo-se evitar trabalhar ou mesmo armazenar informações que não sejam relevantes. Finalmente, Oliveira (2006) faz um resumo do quê se trata o ato de projetar, e que não se resume à construção civil: 15

(…) projetar é gerar alternativas de solução exequíveis e economicamente viáveis para um problema proposto, para depois decidir, de forma racional, entre essas alternativas. Neste processo de tomada de decisão, a disponibilidade de informação de qualidade, no momento e quantidade corretos, é fator decisivo para a produção de projetos que atendam às necessidades e expectativas dos clientes e usuários e também aos objetivos estratégicos da própria empresa de projeto e do empreendimento imobiliário como um todo.

4.4 O Sistema de Entrega de Construções A abordagem e a natureza de projetos tem um forte efeito no processo de projetação e sua forma de entrega durante o ciclo de vida do projeto (FARAH, 2005). A forma em que a abordagem da construção é feita é variável, mas a tradicional segue na figura a seguir (FARAH, 2005):

Figura 4.2: Abordagem tradicional de entrega de projetos de construção civil segundo Farah (2005).

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4.5 Etapas de Projeto & o Processo BIM Em geral, o processo de projeto possui cinco etapas: conceituação, projeto preliminar, projeto final, elaboração de proposta e, por fim, a administração da construção (FARAH, 2005). 4.5.1 Da Conceituação de um Projeto A etapa conceito define o escopo do projeto – é a bússola para qual o projeto seguirá para cumprir com seu propósito (FARAH, 2005). Esta etapa consiste de todo o trabalho inicial do projeto, desde a identificação dos requisitos para satisfazer as necessidades, à seleção da solução cabível que se enquadra em tais requisitos, e à decisão para empregar recursos técnicos e de engenharia ao projeto (FARAH, 2005). A tecnologia BIM oferece uma rápida e eficiente visualização dessas alternativas; a ferramenta possui recursos simples que enquadram materiais de construção e diferentes escolhas estruturais e construtivas que variam desde o emprego de madeira à estruturas em aço (FARAH, 2005). 4.5.2 Do Projeto Preliminar Na etapa de Projeto Preliminar, são envolvidos as preparações dos projetos, escolhendo os materiais construtivos desejados, e outras operações preliminares que almejam “amarrar” o projeto (FARAH, 2005). A tecnologia BIM faz com que essa etapa seja rápida pelo processo de correlação automática; qualquer alteração no projeto em uma vista, é automaticamente atualizada em todas as seções, elevações, perspectivas, e, até mesmo, em animações do projeto de construção (FARAH, 2005). Além disso, os recursos do BIM também englobam as decisões financeiras baseando-se nas informações conceituais.

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4.5.3 Do Projeto Final Na etapa de Projeto Final, as pranchas finais, as especificações técnicas e desenhos finais são completados, e o projeto está preparado para ser proposto (FARAH, 2005). Essa etapa é crucial para o andar do projeto, e é aqui que a tecnologia BIM aprimora a produtividade do projeto final e documentações por ter incontáveis parâmetros gravados no banco de dados do projeto (FARAH, 2005). Na verdade, o projeto gerado pelo BIM se torna a própria documentação no qual se depende de tanta quantidade de detalhamento e descrições específicas associadas com os elementos que formam o modelo paramétrico gerado pelas ferramentas BIM (FARAH, 2005). 4.5.4 Elaboração de Proposta Na etapa de Elaboração de Proposta, o projeto está nas mãos dos contratantes, e o custo detalhado do projeto está em seu curso (FARAH, 2005). A tecnologia BIM dá apoio ao que se chama de Estimativa de Sistema, no qual se desenvolve estimativas precisas e meios para se verificar estimativas de custos unitários (FARAH, 2005). 4.5.5 Da Construção do Projeto Durante a etapa de Construção, as estimativas do construtor são usadas como parâmetro para medir o progresso de custo do empreendimento; é também instrumental em possíveis mudanças de trabalho (FARAH, 2005). O projetista ainda está presente para garantir que o construtor está construindo exatamente o que lhe foi proposto construir (FARAH, 2005). 4.6 Da Interdisciplinaridade da Construção A indústria da construção civil engloba uma gama de profissionais (AUTODESK CURRICULUM, 2010). É de se esperar, então, que a colaboração efetivamente construída, baseada em confiança, encorajam as partes interessadas e participantes de se comprometerem a uma conduta que visa muito mais evitar riscos 18

no processo (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Mesmo que as responsabilidades de todos os envolvidos em um projeto possam ser bastante distintas, é fundamental que cada um entenda o projeto de forma global, como um todo (FARAH, 2005).

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5. O Planejamento Modelado O maior avanço do planejamento de obras que utilizam o recurso que o BIM tem a oferecer é a associação do projeto tridimensional à análise de custeio e ao cronograma executivo para visualizar a evolução da obra (NAKAMURA, 2014). A ideia principal aqui é a de vincular as informações dos componentes que representam o escopo do projeto às informações de planejamento e custo (NAKAMURA, 2014). Isto dá mais precisão sobre a quantidade de cada serviço a ser executada, permite a simulação de cenários e nos auxilia na definição do planejamento (NAKAMURA, 2014). Com a integração da informação, se existir qualquer alteração de projeto, é possível rastrear o impacto no prazo e no custo da obra, fatores que auxiliam na domada de decisão (NAKAMURA, 2014). A verdade é que, ao permitir visualizar virtualmente e mais facilmente a progressão da obra, espera-se que o BIM integrado ao planejamento gere controles mais assertivos sobre os prazos de execução (NAKAMURA, 2014). Tal precisão decorre principalmente da maior confiabilidade das informações do modelo e da possibilidade oferecida às equipes de planejamento de explorar diversas formas de executar a obra, escolhendo entre as opções existentes a melhor estratégia de ação (NAKAMURA, 2014). 5.1 Uso Seletivo Integrar o BIM ao planejamento pode induzir ganhos consideráveis para quem utiliza sistemas construtivo pré-fabricados e trabalha com prazos de execução ontime (NAKAMURA, 2014). Em obras com alto grau de industrialização, como as que utilizam

de

pré-fabricados,

a

modelagem

tem

um

importante

papel

no

dimensionamento e na operação dos equipamentos de movimentação e também ajuda a programar com mais precisão a entrega das peças pré-fabricadas (NAKAMURA, 2014). Com o aumento da complexidade do projeto, maior é o grau de riscos para com o projeto, o que justifica o emprego do BIM (NAKAMURA, 2014). Um simples galpão pode não justificar o investimento em uma modelagem complexa 20

como a feita no BIM, ou, ainda, corre-se o risco de ter a obra concluída antes do modelo (NAKAMURA, 2014). Em compensação, em outros projeto, aqueles cujos graus de complexidade são infinitamente maiores, os ganhos podem ser enormes com a modelagem dos trechos de maior criticidade e com maior grau de interferências (NAKAMURA, 2014). A verdade é que o emprego do BIM ainda é restrito, e há aqueles que reforçam que a utilização da ferramenta pode ser bastante flexível (NAKAMURA, 2014); sendo possível utilizar a metodologia para fazer modelos bem simples e simular o plano de ataque da obra de modo geral, ou para elaborar modelos mais detalhados para simular o ataque a uma etapa específica, como, por exemplo, a vedação (NAKAMURA, 2014). 5.2 Sintonia – A Coordenação Multidisciplinar Os objetivos do emprego do BIM na construção civil são ambiciosos, mas para que tudo isso funcione, não basta construir uma sofisticada base tecnológica com uma gama de software e licenças onerosas (NAKAMURA, 2014). Por muitas décadas, a comunidade da construção civil, desde Arquitetos a Engenheiros, tem dependido de processos bastante isolados que focam em uma única disciplina ou função e sequencialmente passando a diante o output para os cargos subsequentes tomarem decisões (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Essa conduta isolada de processo sequencial cria consigo barreiras para com a colaboração efetiva e tem há tempos levado a equívocos de interpretação do que se pede de um projeto e, consequentemente, tendo consigo o retrabalho oneroso (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Nos recentes anos, a comunidade da construção civil nos Estados Unidos e Europa tem adotado uma nova metodologia usando o software e ferramentas BIM e empregado modelos de construção como a base dos projetos colaborativos, a troco de sanar os desafios provenientes do aumento de complexidade de projetos (AUTODESK CURRICULUM, 2010). A consequência que se tem onde se emprega o BIM é evidente: equipes conseguem apresentar projetos no prazo estabelecido, com maior qualidade e com maior eficiência. 21

No emprego da ferramenta, a necessidade de integração leva algumas empresas a rever todos os processos internos das equipes envolvidas – desde o planejamento à engenharia (NAKAMURA, 2014). O que se observa é que o que equipes fazem hoje é distinto que se fazia anos atrás: não basta mais fazer só para a área do operador, é preciso pensar no conjunto, uma visão global do empreendimento (NAKAMURA, 2014). Enquanto o projeto e a construção de edifícios bem-sucedidos se torna altamente complexa, projetistas e especialistas de distintas disciplinas devem convergir para compartilhar sua experiência e colaborar na projetação das características principais do empreendimento (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Tipicamente, não se tem todas as disciplinas envolvidas no projeto em apenas um escritório; na verdade, tem-se um emaranhado de equipes que envolvem projetistas e especialistas de uma gama de firmas e escritórios que se especializam em seus aspectos individuais no processo de projetação (AUTODESK CURRICULUM, 2010). A estrutura típica de uma equipe de projeto do setor pode ter em seu quadro arquitetos, engenheiros civis, engenheiros estruturais, engenheiros mecânicos, planejadores, topógrafos, e uma gama de especialistas técnicos – cada um com suas perspectivas e seus objetivos em quais características o projeto deve possuir (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Coordenar os inputs de todas essas perspectivas, que muitas vezes divergem, em um processo colaborativo é uma tarefa monumental (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Para atenderem os objetivos dos projetos, essas equipes devem produzir e gerenciar quantidades colossais de informação sobre o projeto – e.g. condições asbuilt, opções de projeto, resultados de análises de desempenho, planejamento de construção e estratégias de fabricação (FOGG, 2010). Uma vasta quantidade de detalhamento deve ser coordenado, revisado, e estar de acordo entre as partes interessadas de cada equipe (FOGG, 2010). Cada membro de equipe deve desenvolver informações características de sua tarefa, concomitantes com os

22

requisitos do projeto; e, por fim, essa informação deve ser compartilhada com outros membros da equipe de projeto (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Sendo assim, o grande desafio é, para haver a integração efetiva, os modelos não podem ser produzidos de modo aleatório. Eles precisam conter uma série de informações qualificadas demandadas pelo software de planejamento para a produção de gráficos e cronogramas que retratem a realidade (NAKAMURA, 2014) – são necessários meses de reuniões, conversas, antes que se possa dar início as modelagens (NAKAMURA, 2014). É necessário que o projeto, então, seja modelado de forma a atender às necessidades das etapas posteriores – i.e. as equipes de projetos devem estar totalmente aderidas ao processo executivo adotado pela construtora (NAKAMURA, 2014). Outra possível barreira que pode ser facilmente superada é a da novidade tecnológica (KHOURY, FISCHER e HYMAKER, 2009). Desenvolver projetos em BIM exige a interoperabilidade de um conjunto de software e aplicativos (NAKAMURA, 2014) – há casos de empresas trabalharem com nove software em conjunto (NAKAMURA, 2014). A boa notícia é que boa parte das informações são facilmente compartilhadas entre os sistemas, porém, ainda há perdas de informação – então, é regra de algumas empresas, para sanarem esse gargalo, definem diretrizes de modelagem para garantir o uso apenas de componentes auditados pela empresa; i.e., todo modelo BIM, desenvolvido internamente ou pelos projetistas, passa por um controle de qualidade interno para garantir a confiabilidade dos dados (NAKAMURA, 2014).

23

5.3 Desenvolvendo um Plano de Modelagem Coordenado Antes que os membros das equipes iniciem seus modelos criativos para cumprir com suas partes do projeto como um todo, é essencial que alguns membros de cada equipe criem padrões e procedimentos documentáveis que serão usados para compartilhar os modelos (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Esse início é conhecido como protocolo BIM, documento que especifica os seguintes aspectos: 1. A estratégia global para dividir o projeto em pacotes que serão completados

por

diferentes

membros

de

cada

equipe

multidisciplinar. 2. Quem é responsável pelo desenvolvimento e análise de cada pacote que será completado por cada membro de cada equipe 3. O nível aceitável de detalhamento e análise de cada pacote em cada etapa do processo de projeto 4. Os mecanismos de troca de informação; e.g. servidor, nuvem, etc. 5. Quem tem os privilégios de edição e gerenciamento para cada pacote de trabalho. 5.4 O Fluxo BIM-cêntrico O fluxo de trabalho de cada equipe varia baseado nas necessidades específicas, requisitos básicos, e o relacionamento entre as equipes envolvidas (AUTODESK

CURRICULUM,

2010).

Os

seguintes

passos

proposto

pela

AUTODESK (2010) ilustra como esse processo deve ser feito: 5.4.1 Criar um Modelo Básico Um passo inicial para se desenvolver um modelo coordenado é fazer com que o arquiteto responsável gere um projeto preliminar em virtude das necessidades levantadas pelo cliente (AUTODESK CURRICULUM, 2010). As ferramentas BIM

24

auxiliam o arquiteto a explorar alternativas de construção e documentar seus intuitos. 5.4.2 Utilizando o Modelo Básico Uma vez que o modelo preliminar tenha sido criado, o modelo BIM pode ser compartilhado com os membros multidisciplinar de outras equipes para ser usado como pontapé inicial para suas tarefas de projeto (AUTODESK CURRICULUM, 2010). O modelo BIM preliminar codifica as intenções de projeto do arquiteto e permite outros membros de equipes a participar e colaborar de forma antecipada comparada com a forma tradicional já mencionada neste estudo. Cada disciplina pode se conectar ao modelo preliminar feito pelo arquiteto com seu próprio modelo e usar o modelo preliminar como a base de seu próprio projeto (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Tendo criado modelos conectados, cada membro de cada equipe pode completar suas tarefas de projeto em paralelo com os demais, confiantes que seus projetos continuarão coordenados com o trabalho das outras equipes (AUTODESK CURRICULUM, 2010): •

Engenheiros

estruturais

podem

projetar

e

modelar

elementos

estruturais e o escopo requisitado para dar apoio ao projeto proposto, além de estar apto a recomendar possíveis alterações que podem aumentar o desempenho estrutural da edificação. •

Engenheiros Elétricos e Engenheiros Lumnotécnicos podem projetar e modelar o fornecimento de energia, iluminação, e interruptores necessários para dar suporte às necessidades do projeto. Os profissionais podem usar seus modelos elétricos para analisarem de forma detalhada os sistemas elétricos e as mudanças recomendadas que poderia aumentar o desempenho elétrico do edifício. Como

25

mencionado, suas alterações podem estar conectadas com o modelo global, o que garante coordenação paralela. •

Engenheiros hidráulicos podem projetar e modelar o fornecimento de água, a logística sanitária e a proteção contra incêndio. Usando os layouts, elementos especificados, e regiões molhadas propostos pelo arquiteto, o Engenheiro Hidráulico pode modelar o caminho da tubulação e realizar análise de desempenho do fluxo dos recursos hídricos, além de pressões, e projetar seus componentes do sistema de forma detalhada e coordenada

5.4.3 Revisar e Coordenar o Projeto Cada disciplina compreende uma iteração no processo de projeto, desde projeto hidráulico ao estrutural; esses modelos podem ser interligados em um projeto de integração que incorpora os modelos produzidos por todas as disciplinas (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Essa etapa essencial facilita em grande proporção a revisão, coordenação, e interfere no processo de checagem entre todas as etapas do processo de projeto – etapas que o BIM permite serem levadas em paralelo (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Cada disciplina individual pode interferir nas decisões em outras disciplinas, especialmente

onde

elementos

de

inúmeras

devem

ser

coordenados

e

compartilhados em pequenos espaços – e.g. em um teto onde elementos estruturais, mecânicos, hidráulicos e elétricos devem competir por espaço limitado (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Nessa etapa, a revisão de projeto é crucial para coordenar e fornecer suporte a todas as equipes que participam do empreendimento (AUTODESK CURRICULUM, 2010). A maneira tradicional de se abordar coordenação de fluxos de trabalho criados por muitas disciplinas em um empreendimento pode ser uma tarefa longa, onerosa e sujeita ao erro humano (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Em um fluxo

26

BIM, a coordenação é mais simples e a programação inerente ao BIM pode enxergar conflitos – de forma quase instantânea (AUTODESK CURRICULUM, 2010). 5.4.4 Aprimorar os Projetos Enquanto o projeto evolui e continua a se adaptar e responder aos requisitos e oportunidades entendidas por todas as disciplinas internas do empreendimento, a equipe do projeto geral pode manter atualizado a versão integrada do projeto (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Usando essas atualizações, as equipes podem continuar a avançar e refinar seus projetos individuais em seus próprios modelos, sempre em coordenação com o projeto integrado (AUTODESK CURRICULUM, 2010). Esse processo eficiente permite a equipe de projeto a participar em analisar possíveis opções e contribuir com suas experiências a título de que os tomadores de decisão

encontrem

alternativas

ótimas

baseadas

multidisciplinares (AUTODESK CURRICULUM, 2010)

27

em

considerações

6. Estudo de Caso: Consigli Construction Co. A seguinte análise foi feita sobre o trabalho da construtora Consigli na cidade de Framingham, no estado de Massachusetts, nos EUA. A solução BIM veio de encontro com os interesses da empresa por dar agilidade no cronograma e terminar o projeto abaixo do orçamento previsto.

Figura 6.1: Imagem do empreendimento a ser construído pela Consigli na cidade de Framingham. Cortesia da Consigli Construction Co.

6.1 Resumo do Projeto A Universidade Estadual de Framingham oferece cursos de graduação e pós graduação em um campus cerca de 40 quilômetros da cidade de Boston, Massachusetts. Bem conceituada em seus programas acadêmicos, a universidade é popular entre os jovens que buscam um ensino de qualidade. Para acomodar o crescente ritmo de ingressantes, a universidade decidiu construir um novo prédio para abrigar 410 dormitórios. Com cerca de 12 mil metros quadrados de área 28

construída, a universidade tinha três metas na construção do novo prédio: abrir a tempo, cumprir com o orçamento, e minimizar qualquer perturbação nas atividades dentro do campus. A universidade se voltou para a construtora Consigli Construction Co., para entregar o projeto usando um gerenciador de riscos de construção. A firma deu atenção nas soluções BIM para lhes auxiliar a cumprir com os objetivos da universidade. Segundo o gestor de obras da Consigli, o sr. Howard Hobbs, “BIM nos permitiu a planejar tudo usando modelos inteligentes”; e continuou, “eu não posso enfatizar o suficiente os benefícios de se trabalhar com esses modelos (...). BIM nos permitiu antecipar, planejar, e coordenar todo aspecto do projeto muito antes de qualquer imprevisto ocorrer”. 6.2 O Desafio Com o gerenciamento de riscos intenso, a Consigli se comprometeu a completar o projeto dentro do orçamento e no prazo previsto. A firma necessitou, de forma proativa, mapear como o projeto impactava com o orçamento, e ajudar as equipes de projeto a optarem por materiais que não gerariam custos excessivos ou que introduziriam preocupações construtivas. Outro aspecto que se tornaria um desafio à construtora foi: dado que a universidade presumiu que a construção estaria feita a tempo de atender os novos ingressantes, o prazo de entrega era ainda mais importante para o sucesso geral do empreendimento. Os riscos eram grandes, segundo o gestor do empreendimento. Com o aumento de ingressantes, o relógio estava contra a construtora que deveria ter 410 dormitórios a tempo do segundo semestre do ano de 2011. O projeto, segundo o sr. Hobbs, necessitou coordenação extensa dos sistemas hidráulicos, elétricos e de arcondicionado, juntamente com os estruturais. As ferramentas provenientes do BIM ajudaram os projetistas a manterem o projeto andando corretamente com o tempo e prevenindo quaisquer contratempos.

29

O North Hall, o edifício em questão, é convenientemente localizado perto de todas as outras edificações do campus de Framingham. Enquanto sua localização é um bem durante a vida-útil da edificação, o canteiro de obra apresentava incontáveis desafios: a construtora tinha que ter certeza de que o processo de construção não iria se tornar uma inconveniência aos estudantes, professores, ou residentes próximos. As ferramentas que o BIM fornece, modelos em três dimensões, foram cruciais para conseguir atender esses desafios.

Figura 6.2: Localização da nova edificação no campus da Framingham, North Hall. Cortesia da Consigli.

6.3 A Solução A Consigli entrou no projeto após o projeto já ter sido aprovado. A equipe analisou os modelos da edificação desenvolvidos usando diferentes software, podendo assim entender melhor os materiais e as técnicas construtivas necessárias para implementar o projeto: o foco era observar oportunidades de reduzir custos e otimizar o processo construtivo sem alterações significativas no projeto. 30

Originalmente concebido como um bloco estrutural convencional, a Consigli viu uma oportunidade de reduzir custos ao modificar o projeto de forma sutil. A empresa analisou tanto opções em estruturas metálicas quando em concreto préfabricado – vantagem de se ter um sistema otimizado BIM é que, segundo o gestor da Consigli, o sr. Howard Hobbs, é que é possível analisar visualmente as diferenças dos diversos tipos de materiais de construção e seus benefícios – e, claro, seu impacto nas estimativas de custo. A ferramenta visual do BIM fornece a todos uma prévia de quais alternativas são as mais próximas do que se almeja. 6.4 Tudo em Seu Devido Lugar A Consigli fez mais que modelar o North Hall. A firma criou um modelo de todo canteiro de obra, incluindo onde armazenar material e seus fluxos dentro do canteiro. Ao poder compartilhar esse modelo com os analistas da Framingham e das pessoas vivendo nas regiões residenciais próximas do canteiro, a firma pode reassegurar à comunidade que o processo de construção não seria um fardo aos envolvidos. Segundo o sr. Hobbs, a comunidade poderia enxergar melhor a segurança de se ter caminhos no entorno da construção enquanto o projeto durasse. Ninguém quer ter uma construção ao lado de sua residência, mas com o auxilio do BIM, a comunidade pode ter acesso a visualizações em três dimensões de como a firma iria acomodar as preocupações da comunidade. Todos, inclusive os responsáveis pela universidade tiveram acesso a detalhes minuciosos da obra, incluindo mas não se restringindo à localização de descarte de materiais etc. O modelo de canteiro foi muito útil à Consigli. Usando a ferramenta BIM, a firma pode sequenciar todo o processo construtivo: sincronia do sequenciamento construtivo com o prazo estipulado pela universidade. O beneficio imediato foi a combinação das atividades reais com as modeladas.

31

6.5 Minimizando Interferências Os recursos BIM também foram cruciais na coordenação do projeto. A firma necessitava que suas subempreiteiras usassem processos baseados no modelo para gerenciar as tarefas da construção. Isso permitiu a firma a usar o BIM para coordenar e analisar interferências antes mesmo que a construção tivesse iniciado. O projeto do North Hall ajudou a detectar interferências no processo construtivo – o fato dos andares do edifício possuir componentes similares desonerou o processo, mas os recursos BIM os tornaram mais visuais.

Figura 6.3: Interferências nos sistemas hidráulicos previstos no modelo do North Hall. Imagem cortesia da Consigli Construction Co.

Com o auxilio dos software, a Consigli identificou cerca de 100 interferências apenas nos primeiros dois andares. Trabalhando de forma colaborativa com os subempreiteiros, os arquitetos, os engenheiros de projeto, foi possível avaliar cada conflito de projeto, e aplicar as correções quando aplicáveis. Identificar as interferências entre os projetos fez com que o processo de análise ficasse mais dinâmico e objetivado com o auxílio dos recursos BIM. Segundo 32

Hobbs, depois de identificarem esses conflitos, apenas um conflito surgiu durante a execução da obra, e este foi facilmente reparado. A verdade é que usando modelos em três dimensões fez a coordenação muito mais simples: mostrando empreiteiros onde podem realocar sistemas – mais fácil fazer isso em três dimensões que em um processo tradicional em duas. 6.6 Novas Perspectivas A utilização de BIM não apenas tornou o trabalho de execucao da Consigli mais simples – mas como também fez a firma expandir seus horizontes. Quando a Consigli se reúne com clientes em potencial, ela demonstra as capacidades do BIM usando propostas baseados em modelos. A firma leva seus clientes em tours virtuais de como suas equipes usam essas ferramentas em três dimensões para revisar, coordenar, planejar e entregar seus projetos. Segundo o sr. Howard Hobbs, há um aumento de clientes interessados em ter as construtoras usando ferramentas em três dimensões. As experiências com BIM mostram que a empresa fundiu com os conceitos BIM – bem antes de assinar um contrato, os clientes têm a possibilidade de enxergar claramente o quê estão pensando e como a firma pode construir seus projetos.

33

6.7 O Resultado A Consigli completou o North hall e entregou a edificação bem antes do prazo de abertura do segundo semestre de 2011. Hoje, estudantes estão aproveitando sua nova residência na Framingham. O processo BIM contribuiu imensamente ao valor do projeto: tanto em prevenir atrasos quanto ao reduzir problemas onerosos.

Figura 6.4: Imagem em três dimensões da estrutura do North Hall. Cortesia da Consigli Construction Co.

34

7. Conclusão Analisando o estudo de caso e os novos paradigmas alcançados pelo emprego de ferramentas BIM, observa-se um cenário revolucionário no horizonte da construção civil. A verdade é que, enquanto a transição de um processo manual para um em que se tem algo CAD-cêntrico aprimora a eficiência do processo de projetar, a transição do CAD-cêntrico para BIM-cêntrico fundamentalmente revoluciona a fluxo de trabalho e a forma em que se tem a informação de projeto: um paradigma que se é colaborativo, coordenado, e revisto. A tecnologia BIM tem provado ser um avanço no fluxo de trabalho, na participação de equipes multidisciplinadas, métodos de entrega, e alterações de projeto. Outro aspecto de um processo BIM-cêntrico é a coordenação de grandes volumes de informação. Essa nova forma de abordagem permite a criação de efetivas equipes colaborativas e participativas em todo o processo criativo e executivo do projeto de construção; além disso, mantem-se a integridade da informação relevante à equipe ao longo da evolução do projeto. A abordagem tradicional consome muito mais tempo, possui gargalos que podem gerar graves erros, e é limitada para atender as necessidades de equipes complexas e altamente dinâmicas.

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REPORT:

DESIGN

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Building Information Modeling: Transforming Design and Construction to Achieve Greater Industry Productivity. Nova Iorque. 2008. SMARTMARKET REPORT: DESIGN & CONSTRUCTION INTELLIGENCE. The Business Value of BIM for Construction in Major Global Markets: How Contractors Around the World Are Driving Innovation With Building Information Modeling. Nova Iorque. 2014.

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