TECNOLOGIA, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO PRESENCIAL E À DISTÂNCIA: CONEXÕES DE UMA TEIA COMPLEXA

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TECNOLOGIA, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO PRESENCIAL E À DISTÂNCIA: CONEXÕES DE UMA TEIA COMPLEXA Hélio Oliveira Ferrari1 - 10/01/2009 Resumo A difusão do uso das tecnologias digitais tem provocado grandes mudanças na sociedade mundial, alavancando a globalização. A escola, antes um espaço não afetado por essas mudanças, começa a sentir os efeitos delas no seu fazer pedagógico. Neste trabalho, faz-se um estudo da importância das tecnologias para a produção de conhecimentos. Resgatam-se conceitos de técnica e tecnologias, relacionando-os com as questões da educação, ensino e aprendizagem. Dada a importância destas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) em formato digital, revisita-se a modificação no conceito de educação a distância e seu papel nas políticas governamentais destinadas à educação. Para a compreensão da modificação do paradigma educacional motivada pelo uso das TIC´s, faz-se uma conceituação de hardware e software que são utilizados na educação e, se exploram as potencialidades dessa ligação entre tecnologia e pedagogia. Assim, pretende-se que este texto possa alcançar os educadores que estão se iniciando no uso das TIC´s e mesmo apontar caminhos de pesquisa aos que já estão nesta jornada. O uso das tecnologias tem-se mostrado um trabalho dinâmico, criativo, motivador e eficaz principalmente uma possibilidade de resgate do prazer em trabalhar com educação. 1 – INTRODUÇÃO O desafio de se refletir sobre o universo das tecnologias de informação e comunicação e a forma pela qual a educação se apropria ou deve se apropriar delas é realmente muito instigante. Instigante ao ponto de, por causa da complexidade do tema, transpô-lo para a linearidade da escrita, cujas normas pedem que o texto tenha começo, meio e fim bem delineados e definidos, induz a uma abordagem em que se considere o fluxo temporal como uma narrativa, mas não deixando de lado a crítica quando esta se faz necessária. Alguns pontos para reflexão: uma transição permanente na história da humanidade que evolui com o passar do tempo; a idéia de progresso fortemente aliada

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Engenheiro Eletricista/FEB, Mestre em Engenharia Elétrica/UFU. Especialista em Educação para Ciência/FACED-UFU e especializando em Informática na Educação/UFRGS e Design Instrucional para cursos WEB/UAB-EFEI. Professor dos cursos de Pedagogia e Engenharia Elétrica da UNIMINAS/Uberlândia/MG. email: [email protected]

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com a noção de tecnologia e uma provocação social ocasionada pela transição histórica e pela presença da tecnologia. Neste texto pretende-se a construção e a defesa da idéia de que as tecnologias sempre foram potenciais aliadas da educação e, sobretudo que, o desenvolvimento das tecnologias digitais empregadas para a informação e comunicação nos levam a vê-las não somente como aliadas, mas, como elementos propulsores e estratificadores de um novo paradigma educacional. A sociedade atual passou, num espaço muito curto de tempo, da Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação. Na chamada Sociedade da Informação são as chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) o principal agente de mudança. De modo a estabelecer estas conexões de pensamento, este texto está delineado primeiramente pela explicitação de como os seres humanos adquirem conhecimento, seguida pela definição fundamental do que é tecnologia e seus empregos. Revisitar-seão as concepções de educação, ensino e aprendizagem e seu relacionamento com a tecnologia a fim de clarear sua utilização tanto na educação presencial como na educação a distância. Destaque será dado, conforme já assinalado, para as chamadas tecnologias digitais e, à guisa de uma conclusão, debatem-se questões do âmbito de como a sociedade está se comportando perante este fenômeno do avanço da tecnologia sobre o seu dia a dia e, especialmente como isso que vem influenciando as componentes do sistema educativo: alunos, professores, pais, currículo e escola, enfim toda a comunidade escolar. Desta forma, pretende-se aqui traçar um painel geral da fundamentação das tecnologias de informação e comunicação e sua influência na educação. 2 – TÉCNICA, TECNOLOGIA, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO O homem é um animal que pensa. Para além dessa visão cartesiana, Petraglia2 (2006), imbuída do pensamento de Edgar Morin, propõe que não esqueçamos que o homem é também sapiens, ludens, faber e demens, pois apenas a racionalidade é insuficiente para explicar o fenômeno humano. Diante desta teia complexa, D´Ambrosio (1998) propõe um modelo, denominado Ciclo do Conhecimento, que busca demonstrar as interrelações da construção de conhecimento. A figura 1 apresenta uma ilustração do modelo: 2

PETRAGLIA, Izabel. Sete idéias norteadoras da relação educação/complexidade. In: ALMEIDA, Cleide, PETRAGLIA, Izabel (orgs). Estudos de Complexidade. São Paulo: Xamã, 2006

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Figura 1 – O Ciclo do Conhecimento

Para D`Ambrosio, a figura 1 representa o ciclo do conhecimento, isto é, sua geração, organização intelectual e social, e difusão. Neste esquema, a realidade (entorno natural e cultural) informa (estimula, impressiona) indivíduos e povos que em conseqüência geram conhecimento para explicar, entender, conviver com a realidade, pois O acúmulo de conhecimento (fazeres, saberes, o saber como fazer) mostra-se, ao longo de gerações, importante e útil para satisfazer as necessidades materiais e espirituais de uma sociedade. Num determinado período na história da sociedade esse conhecimento é expropriado e manipulado por uma comunidade associada ao grupo que detém o poder (sacerdotes, autoridades, acadêmicos), e, através de mecanismos institucionais impregnados de controle, de mistificação e de filtros, é devolvido ao povo, que em primeira instância é o responsável pela origem desse conhecimento. (D´AMBROSIO, 1998)

Compare-se à concepção de conhecimento (fazeres, saberes, o saber como fazer) de D´Ambrosio com as definições abaixo: Técnica3: (sentido antigo) conjunto de procedimentos de um ofício ou uma arte, codificados e transmitidos, que permitem obter um efeito considerado útil; (sentido novo) conjunto de procedimentos deduzidos de um conhecimento científico que permite operar suas aplicações. (DUROZOI E ROUSSEL, apud PEREIRA E BAZZO, 1997) Técnica4: destreza; habilidade; conhecimentos; métodos; conhecimentos e habilidades relacionadas com a operação de uma experiência específica; conhecimentos e exeperiência não fundamentados na ciência, cultura empírica; conhecimentos que podem ser adquiridos empiricamente ou pelo estudo de literatura especializada; conjunto de procedimentos que viabilizam

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DUROZOI, G, ROUSSEL A. Dicionário de filosofia. São Paulo, Papirus, 1996 ROCHA NETO, I. Agentes de inovação tecnológica; conceitos básicos: simulação. Apostila. Edição Sebrae, Florianópolis, 1995

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a solução de problemas e a realização de coisas; validação por sua eficiência e utilidade; sistema simbólico construído como resultado da interação do homem com seus produtos. (ROCHA NETO, apud PEREIRA E BAZZO, 1997)

Acrescente-se ainda a definição de Michaelis (2007): Técnica5 téc.ni.ca sf (fem de técnico) 1 Conhecimento prático; prática. 2 Conjunto dos métodos e pormenores práticos essenciais à execução perfeita de uma arte ou profissão. T. legislativa: conjunto de princípios lógicos a que deve obedecer a feitura das leis. T. política: capacidade de liderança ou arte de bem conduzir os homens. T. social, Sociol: princípios, métodos e meios, para estudo e melhoramento prático da sociedade.

Destas definições e do ciclo do conhecimento percebe-se que a construção do conhecimento é dependente das técnicas. Desta maneira, a humanidade, ao utilizar-se das técnicas, produz conhecimento e a produção de conhecimento determina novas técnicas. Assim posto, pode-se deduzir que as técnicas são atividades humanas, as quais conduzem à definição de tecnologia que “é todo artefato ou técnica que o homem inventa para estender e aumentar seus poderes, facilitar seu trabalho ou sua vida, ou simplesmente lhe trazer maior satisfação e prazer” (CHAVES, 1998:21). A partir desse conceito pode-se inferir que tanto a fala como a escrita são tecnologias. A fala e a escrita, enquanto tecnologias, relacionam-se com o conceito de informação e comunicação. Segundo D`Ambrosio (1998), comunicação é o que faz com que os indivíduos interajam e, dessa forma, ampliem e aprimorem seus mecanismos individuais de captar e processar informação. Em última instância, observa-se que o fenômeno educativo é dependente do processo de comunicação, apoiando-se indubitavelmente nas tecnologias. Conclui-se assim que a construção do conhecimento por meio da educação sempre esteve permeado por tecnologias. Essa afirmativa encontra consonância em D`Ambrosio (1999), que, embora em seu texto mencione a construção do conhecimento matemático, na verdade está falando do conhecimento como um todo: A matemática e a tecnologia, entendida como a convergência do saber [ciência] e do fazer [técnica], são intrínsecas à busca solidária de sobreviver e de transcender. A geração do conhecimento matemático não pode, portanto, ser dissociada da tecnologia disponível. Os primeiros passos para a elaboração desse conhecimento remontam aos australopitecos e às primeiras manifestações de conhecimento socialmente organizado dos hominídeos. Há cerca de 3x106 (três milhões) anos já se identificam instrumentos de pedra lascada, na África oriental, e as mudanças fisiológicas e comportamentais resultantes do desenvolvimento dessa tecnologia. As mudanças comportamentais levam a abstrações sobre representações do real, um primeiro passo em direção ao design ao qual se subordina a tecnologia. A 5

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Ed. Melhoramentos, 2007. Disponível em < http://michaelis.uol.com.br/.>. Acessado em 29/12/2008.

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capacidade de avaliar e comparar dimensões, necessárias para a feitura de instrumentos que tem o desígnio de descarnar, talvez seja a primeira manifestação matemática dos hominídeos. A organização do conhecimento assim gerado só pode ser entendida se relacionada com práticas, mitos, artes e religiões. Sua organização como um fato social depende dos sistemas de propriedade e de produção, e da consolidação de estruturas de poder. Sua difusão se dá através de escolas e responde a demandas de preparação para o trabalho e para a cidadania. (D´AMBROSIO, 1999)

É, portanto, a escola o difusor de conhecimento na nossa sociedade. Pretto e Alves (2005) lembram que o termo escola vem do grego, cujo significado é ócio, e objetivava atender uma sociedade que tinha sua subsistência garantida pela força do trabalho escravo. O passar do tempo modificou esta visão de escola, tornando-a o lugar onde

se

busca

e

adquire

novos

conhecimentos,

muitas

vezes

de

forma

descontextualizada, o que a torna um lugar enfadonho e desprazeroso. Dizem ainda os autores: Tal afirmativa pode ser ratificada no discurso de crianças, adolescentes e, até mesmo, dos adultos que necessitam ir à escola, marcando diferenças entre o aprender com prazer fora da escola e o aprender dentro do espaço escolar. (PRETTO; ALVES, 2005: 169)

Analisando a escola enquanto difusor do conhecimento, resume-se de Chaves (1998): A Escola que temos Objetivo Transmissão de conhecimento Currículo Disciplinas e séries Método Ensino Professor Transmissor de Informações Aluno Platéia Passiva Gestão Hierárquica e autoritária Espaço e tempo Sala de aula e aula Estrutura Linear em séries Atitude Fechada em si mesma Tecnologia Apoio ao Ensino Quadro 1 – Descrição da Escola que Temos

Este quadro é o resumo da chamada escola tradicional. Uma escola que trabalha a transmissão de conhecimentos, que tem o professor como figura central do processo; um conteúdo distribuído em séries; onde o processo educativo ocorre durante a aula e na sala de aula; tendo o aluno como sujeito passivo e o método de transmissão de informação é o ensino. Masetto busca explicitar melhor os papéis da escola dizendo:

O conceito de ensinar está mais diretamente ligado a um sujeito (que é o professor) que, por suas ações, transmite conhecimentos e experiências a um aluno que têm por obrigação receber, absorver e reproduzir as informações recebidas. O conceito de aprender está ligado mais diretamente a um sujeito (que é o aprendiz) que por suas ações envolvendo ele próprio, os outros colegas e o professor, busca e adquire informações, dá significado ao conhecimento, produz reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, debate, desenvolve competência pessoais e profissionais, atitutes éticas, 5

políticas, muda comportamento, transfere aprendizagens integra conceitos teóricos com realidades práticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido às diferentes práticas da vida cotidiana, desenvolve sua criticidade, a capacidade de considerar e olhar para os fatos e fenômenos sob diversos ângulos, compara posições e teorias, resolve problemas. (MASETTO, 2000: 139-140)

Definidos os conceitos de ensinar e aprender, busca-se agora a compreensão sobre a definição de educação. Para Moran, “Ensino e Educação são conceitos diferentes. No ensino organiza-se uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemática). Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade.” (Moran, 2000: 12). Sobre Educação afirma Chaves (2008b) “A educação do ser humano começa quando ele nasce - e termina apenas quando ele morre. A educação é o processo mediante o qual o ser humano se capacita para viver - para viver seus sonhos, para viver seus projetos, para viver, enfim, a vida que escolheu para si próprio”. E sobre a aprendizagem, diz ainda: O ser humano não aprende sozinho, e, portanto, não se educa sozinho. Sua aprendizagem, e, portanto, a sua educação, acontece em um contexto social. Mas esse fato não quer dizer que a aprendizagem do ser humano é exclusiva e necessariamente produzida pela ação de terceiros, e que, portanto, outros o educam. É conhecida a tese de Paulo Freire de que ninguém educa ninguém, mas ninguém, tampouco, se educa sozinho: o ser humano se educa em comunhão, no contexto de viver sua vida neste mundo (Pedagogia do Oprimido). Ou seja, ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho: nós nos educamos uns aos outros à medida que interagimos uns com os outros, à medida que tentamos nos transformar, de criaturas incompetentes e dependentes, em adultos independentes e competentes, capazes de definir autonomamente um projeto de vida e de transformá-lo em realidade.[...]. Aprender, portanto, é construir competência: é conseguir fazer o que antes não se conseguia fazer, e, portanto, envolve ampliação da autonomia. (CHAVES, 2008a)

Diante destas definições e confrontando-as com estatísticas oficiais sobre educação divulgadas pela mídia jornalística6 - noticiou-se que apenas 64 dos 5,5 mil municípios brasileiros atingiram a nota 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)7 do Ministério da Educação e Cultura (MEC) -, percebe-se que nosso modelo de educação centrado no ensino apresenta uma série de problemas. É certo que mudar esse quadro torna-se meta de políticas públicas em todos os níveis, e o que se percebe é um atual encaminhamento para que a tecnologia digital possa chegar as escolas e ajudar na mudança do quadro. Emerge assim a seguinte questão: Como 6

PARAGUASSU, Lisandra. Apesar de avanço, só 64 cidades têm nota de país desenvolvido. Estadão.com.br.Vida& Educação. Disponível em . Acessado 28/12/2008 7 Consulta ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. Disponível em: < http://ideb.inep.gov.br/>

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utilizar as tecnologias para aprender? Para Pretto (1996) existem duas possibilidades de se utilizar as tecnologias na educação: como instrumentalidade e como fundamento. Se as usarmos como recursos didáticos para animar a aula, motivar o aluno ou prender a atenção do estudante, estamos usando-as como instrumentalidade, mantendo a educação como está e, por conseqüência, sem contribuições significativas para a melhoria do IDEB. Já na segunda possibilidade as tecnologias são usadas como elementos que possibilitem uma nova forma de ser, pensar e agir. A educação escolar vai ter de ser reconceituada: não faz mais sentido imaginar um professor repassando a seus alunos (passivos) uma quantidade enorme de informações (em geral desatualizadas), nas quais eles não têm o menor interesse. Informação, hoje, se busca no momento em que ela é necessária (just in time), na dosagem exata (just enough), enquanto estamos ativamente fazendo as coisas que nos são necessárias ou nos interessam (on the job, hands on). Em vez de ficar nos repassando informação inútil, a educação escolar deve nos ajudar a desenvolver as competências e as habilidades necessárias para viver a vida que escolhemos para nós mesmos. Tecnologia é meio, sim. Mas esse meio freqüentemente nos obriga a rever os nossos fins e os nossos métodos (CHAVES, 2005).

Ainda sobre a questão do uso da tecnologia para a Educação, grande destaque tem-se dado para uma modalidade educacional que ganhou novo fôlego graças às TIC´s. Muito se tem debatido sobre a questão da Educação à Distância (EAD) como forma de ajudar a melhorar os índices educacionais do Brasil. A EAD não é um fenômeno novo. Alves8 (1998) data o surgimento da EAD no momento em que Guttenberg inventou a imprensa, no século XV. Mas, embora a EAD seja muito antiga, suas concepções atuais estão permeadas pelo intensivo uso das tecnologias de informação e comunicação como forma de mediação do conhecimento entre os aprendizes. São muitas as definições sobre EAD encontradas na literatura. Para este texto, as seguintes definições são avaliadas: ...compreendemos a Educação á Distância como uma das modalidades de ensino-aprendizagem possibilitadas pela mediação dos suportes tecnológicos digitais e de rede, seja esta mediação inseridas em sistema de ensino presenciais, mistos ou completamente realizados através da distância física. (ALVES; NOVA; 2002: 43)

Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

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ALVES, João Roberto M. Educação a distância e as novas tecnologias de informação e aprendizagem. Artigo do Programa Novas Tecnologias na Educação, 1998. Disponível em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/artigos/educadist.PDF. Acessado em 28/12/2008

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(BRASIL, 2005)9 Educação a Distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do ensino, exigindo técnicas especiais de criação de curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativa especiais. (MOORE; KEARSLEY, 2007: 2)

Um outro aspecto importante é que, devido ao grande alcance dos programas de EAD, pois normalmente um programa de EAD concentra um número muito grande de aprendizes, ela torna-se extremamente útil para as políticas e ações governamentais no setor de educação. A EAD, como política governamental, tem enfrentado algumas críticas10 quanto a representar uma possibilidade para o aumento de vagas no ensino superior. Este aumento da oferta de cursos e matrículas na modalidade EAD pode ser observado na tabela 1, abaixo: Ano Cursos Matrículas 2000 10 1.682 2001 16 5.359 2002 46 40.714 2003 52 49.911 2004 107 59.611 2005 189 114.642 2006 349 207.206 Tabela 1 – Crescimento do número de cursos e alunos matriculados em EAD. Fonte: Inep Critério EAD Presencial Percentual de alunos casados 52 19 Alunos com 2 ou mais filhos 44 11 Cor da pele branca 49 68 Renda familiar até 3 Salários Mínimos 43 26 Renda familiar acima de 10 Salários Mínimos 13 25 Trabalha e ajuda a sustentar a família 39 19 É a principal fonte de renda da família 23 7 Pai com Ensino Médio ou Superior 18 51 Mãe com Ensino Médio ou Superior 24 54 Tabela 2 – Perfil Sócio Econômico: Alunos EAD X Alunos Presenciais. Fonte: Inep

Mas se compararmos o perfil sócio econômico do aluno de EAD (tabela 2) com o aluno presencial, constata-se, segundo as observações de Vianney (2008) que o aluno de EAD é estatisticamente mais com mais frequência casado, tem mais filhos, é menos branco, é mais pobre e contribui mais economicamente em casa do que o aluno presencial. A grande surpresa, e portanto uma resposta às atuais críticas dos opositores

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BRASIL. DECRETO Nº 5.622, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em :< http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/dec_5622.pdf>. Acesso em 08/01/2008. 10 A UNIVERSIDADE ABERTA E SEUS AMIGOS. Editorial. Informativo Adufu. Disponível em Acessado em 01/08/2006

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da EAD, se encontra na tabela 3, onde estão compiladas e comparadas as notas do ENADE 2005-2006 dos alunos de cursos presenciais e cursos EAD. Curso Presencial A Distância Administração 37,7 38,0 Biologia 32,7 32,8 Ciências Contábeis 35,0 32,6 Ciências Sociais 41,2 52,9 Filosofia 32,5 30,4 Física 32,5 39,6 Formação de Professores 42,8 41,5 Geografia 39,0 32,6 História 38,5 31,6 Letras 35,7 33,1 Matemática 31,7 34,2 Pedagogia 43,4 46,1 Turismo 46,3 85,3 Tabela 3 - Notas dos alunos ingressantes e concluintes do ENADE 2005-2006 nas modalidades Presencial e a Distância. Fonte Inep

Fica demonstrado, por esses dados, que o desempenho do aluno de EAD é próximo e às vezes superior ao do aluno presencial. Estes dados consubstanciam nossa concordância com Vianney (2008), que diz “A tese de que a EAD seria uma modalidade inferior de educação está refutada. Independente de opiniões pessoais a EAD não é melhor e nem pior que o ensino presencial. Ela é diferente”. Os motivos que levaram a este resultado estão sendo alvo de novas investigações por parte dos pesquisadores nacionais11. Do exposto, caracteriza-se que a produção de conhecimento sempre foi aliada aos benefícios e vantagens trazidos pela tecnologia. E mais, como a tecnologia de alguma maneira sempre esteve presente na educação (p. ex., a tecnologia do “cuspe e giz”) não é apenas a entrada de novos equipamentos que provocará a mudança necessária. A mudança da educação através da tecnologia passa antes por uma profunda mudança no paradigma educacional, principalmente na sua questão metodológica. Nessa perspectiva, o próximo tópico destina-se a discutir um conjunto de tecnologias atuais que podem contribuir para a melhoria dos sistemas educativos, se utilizadas com metodologias adequadas. 3 – TECNOLOGIAS DIGITAIS, INTERNET, WEB E WEB 2.0 No Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil, Takahashi diz: “Assistir à televisão, falar ao telefone, movimentar a conta no terminal bancário e, pela Internet, verificar multas de trânsito, comprar discos, trocar 11

RISTOFF, Dilvo. Artigo Dilvo Ristoff - Inep sobre a consolidação da Educação a Distância no Brasil disponível em http://www.ise.unimontes.br/noticias/noticiascead.php?id=30 Acesado em 08/01/2009

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mensagens com o outro lado do planeta, pesquisar e estudar são hoje atividades cotidianas, no mundo inteiro e no Brasil. Rapidamente nos adaptamos a essas novidades e passamos – em geral, sem uma percepção clara nem maiores questionamentos – a viver na Sociedade da Informação, uma nova era em que a informação flui a velocidades e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo valores sociais e econômicos fundamentais. (TAKAHASHI, 2000: 3)

O poder do chip de silício está na sua capacidade de processar uma enorme quantidade de informações e, assim, aumentar a capacidade do trabalho com informações. Diz Takahashi que a ..convergência da base tecnológica, decorre do fato de se poder representar e processar qualquer tipo de informação de uma única forma, a digital. Pela digitalização, a computação (a informática e suas aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de dados, voz, imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pinturas, fotografias, música etc.) aproximam-se vertiginosamente – o computador vira um aparelho de TV, a foto favorita sai do álbum para um disquete, e pelo telefone entra-se na Internet. Um extenso leque de aplicações abre-se com isso, função apenas da criatividade, curiosidade e capacidade de absorção do novo pelas pessoas. (TAKAHASHI, 2000: 3)

O computador é uma tecnologia advinda da necessidade humana de melhorar seus processos de execução de cálculos matemáticos sofisticados. Essa necessidade, embora legítima, era motivada por motivos não tão nobres, ou seja, a guerra. E é justamente o pensamento bélico que dá origem a uma das mais fantásticas realizações humanas. Motivados pela idéia de que em caso de guerra, o dano causado pela perda de um centro de controle seria irreparável, os militares deram inicio a um processo de descentralização de comandos de informação, tendo como base a comunicação entre computadores. Nesse momento, o computador, que nasceu como uma máquina isolada, passou a desempenhar um papel que lhe permite trocar informações entre dois ou mais computadores distantes fisicamente um do outro. Essa é a definição de Rede: a interligação de computadores de modo a trocarem informações entre si. Se as redes são compostas de computadores comunicando-se entre si, é claro imaginar que as redes também podem se comunicar. Essa comunicação entre (Inter) redes (Net) forma o que conhecemos hoje por Internet. Um aspecto importante é que o termo Internet designa apenas a parte estrutural e física da conexão entre as redes. A parte gráfica, a qual permite uma melhor interface entre o usuário e o computador, é denominada de World Wide Web ou WEB, e foi

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desenvolvida em 1990 por Timothy John Berners-Lee, nos laboratório do CERN12. Chaves sintetiza o acima exposto: A tecnologia digital revolucionou as tecnologias da escrita e da impressão, da fala e do som, e da imagem. Com ela tornou-se possível transformar em números (dígitos, donde tecnologia digital) palavras escritas e impressas, palavras faladas, outros sons, gráficos, desenhos, imagens estáticas e em movimento. Tudo passou a ser número e passou a poder ser transmitido, na velocidade da luz, para qualquer canto do mundo. Com o computador, surgiu multimídia: um megameio de comunicação que incorpora, em um mesmo ambiente, todos os meios de comunicação anteriores”. (CHAVES, 2000)

Além de a tecnologia digital fazer uso da multimídia, a WEB, tal qual concebida por Berners-Lee, faz uso do HyperText Markup Language (HTML), que tem a propriedade de criar uma aspecto navegacional para o uso destas tecnologias pela Internet. Este aspecto navegacional que faz a conexão de textos com outros textos, além de imagens, sons e vídeos é definido como hipertexto que é “...um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos (...) Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira”. Lévy (1993:33).

Portanto o hipertexto funciona com uma espécie de Sistema Nervoso Central por onde fluem todas as conexões e todas as possibilidades multimidiáticas da Internet. Assim, a tecnologia digital tem como propriedade criar um espécie de simulacro do mundo real (mundo virtual), permitindo que as informações que constituem agora esse mundo virtual, possam ser utilizadas localmente ou distribuídas para uma infinidade de pessoas que têm acesso à Rede, quer em casa, no local de trabalho ou em uma lan house. O mundo virtual é constituído basicamente de informações gráficas visuais (textos, hipertextos, imagens, animações simples) e sonoras (rádio, gravações, música digital) e também pela combinação de ambas, o vídeo. Informações como força, por exemplo, são mais raras, constituindo-se campo da robótica, da telemedicina e dos simuladores. Informações como odores e sabores são ainda extremamente complexas de serem modeladas, embora já existam instrumentos capazes da interpretação digital de odores. Quando se deseja trabalhar com o uso das TIC´s na Educação, para um bom encaminhamento das atividades, um mínimo de conhecimento instrumental se faz necessário. Tal qual um artista da pintura deve ter conhecimento sobre a natureza dos 12

CERN - do francês "Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire" (Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear), é o maior centro de estudos sobre física de partículas do mundo. Localiza-se em Meyrin, perto de Genebra, na Suíça

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pincéis, tintas, superfícies onde será executada a obra, o educador deve estar ciente dos elementos que se encontram a sua disposição como ferramentas de trabalho. Assim, a seguir, fundamenta-se um pouco mais alguns elementos, sem o aprofundamento demasiado técnico. Entende-se aqui que o computador é o dispositivo digital que simboliza a integração das diversas mídias através da tecnologia digital, embora rapidamente esteja perdendo espaço para os celulares. Todavia, neste texto, a discussão concentra-se sobre no computador, que é essencialmente uma máquina capaz de fazer processamentos, dotado de uma parte física – o hardware e uma parte lógica – o software. O hardware da máquina é o equipamento que compramos em lojas especializadas e hoje até mesmo em supermercados. É constituído basicamente de um processador (define a quantidade de informação que o computador é capaz de processar); memória RAM (quantidade de informação com que o computador pode trabalhar de modo simultâneo) e o disco rígido ou HD (determina a quantidade de informação que poderá ser armazenada no computador), montados sobre uma superfície chamada placa mãe, que contém ainda os elementos responsáveis pelo vídeo, pelo som e pela conexão em rede. Já os softwares são instruções lógicas (ou programas ou aplicativos) que transformam o hardware do computador de uma máquina de escrever capítulos de livros em estúdio digital capaz de fazer qualquer cantor de banheiro cantar tão afinado quanto um rouxinol. Para que o computador possa executar sua funções, os softwares ficam instalados no HD da máquina, donde é possível visualizá-los sob a forma de arquivos. Estes arquivos, dependendo da sua especificação (os arquivos para melhor serem identificados possuem nome, um ponto, e três letras ao final denominado extensão – p.ex., o arquivo capitulo.doc, denomina um arquivo que tem o nome de capitulo, enquanto a extensão .doc informa que é um texto) podem executar diversas tarefas, entre as quais: iniciar o aplicativo que desejamos trabalhar; permitir a visualização de um documento; ver o resultado de uma tarefa que foi executada por um programa. Tipo de arquivo extensões Texto .doc, odt, .pdf Slides de apresentações .pps, .ppt, .odf Imagens .bmp, .jpg,.gif, .png Áudio .mid, wav, .mp3, .ogg Vídeo .wmv, .mpg, .avi, .flv Animações .swf Tabela 4 – Relação da alguns tipos de arquivos e suas respectivas extensões

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Na tabela 4 abaixo registram-se algumas extensões mais conhecidas de arquivos digitais:Um fato interessante é que, graças a Internet, acessa-se não somente os arquivos que estão contidos na própria máquina do usuário, mas também os conteúdos que se encontram armazenados em outros computadores (servidores) em qualquer lugar do mundo. Outro ponto importante sobre os softwares é que, como são produções intelectuais, eles são resguardados pela lei de direitos autorais. Assim, dada a natureza computacional, destes elementos pode-se dividí-los em duas categorias: softwares proprietários e softwares não proprietários. Os softwares proprietários são aqueles que por cuja utilização se deve pagar: Windows Vista; Office 2007; Photoshop; Macromedia Flash, entre outros. Já os softwares não proprietários dividem-se em freewares, que são softwares com permissão apenas de uso (Internet Explorer, Windows Movie Maker) e os opensource13 para uso e modificação do código fonte (Linux, Firefox), pois todas as instruções que os compõem encontram-se nele. Devido ao rápido avanço das TIC´s, evita-se aqui de fazer recomendações quanto ao modelo de hardware a ser adquirido, mas incentiva-se que seja complementado com Scanner, Impressora, Webcam, Fone de Ouvido e Microfone com entrada P2, Leitora/Gravadora de DVD, Máquina Fotográfica e/ou Filmadora Digital com cabo USB de modo aumentar o número de possibilidades e funções de uso da tecnologia. Reconhece-se aqui que esta seria uma situação otimizada, distante de boa parte da população, mas com perspectivas de se efetivar devido ao avanço das tecnologias digitais para as classes C e D da sociedade brasileira14. O que foi exposto até o momento tem algumas característica a serem observadas: o uso dessas mídias digitais (imagem e sons) em ambiente WEB demandava uma forte especialização do usuário em termos do domínio dos softwares necessários para a produção. Por exemplo, se fosse necessário criar um site, o usuário tinha que ter noções de programação e domínio de um Editor de páginas HTML. Outro fator importante era que o usuário passava a ter um papel apenas passivo de assimilador de informações que vinham do ciberespaço. Essas atitudes que marcaram a primeira geração de uso da internet ficou conhecida como WEB 1.0. A web 1.0 era bastante onerosa para os seus utilizadores; a grande maioria dos serviços eram pagos e controlados através de licenças, os sistemas eram

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Software Livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_Livre. Acesado em 10/01/2009 REUTERS. Em 2 anos, acesso à web cresce 78% nas casas. Quarta-feira, 01 de outubro de 2008. Disponível em: < http://info.abril.com.br/aberto/infonews/102008/01102008-41.shl >. Acessado em 11/01/2009 14

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restritos a quem detinha poder de compra para custear as transacções online e adquirir o software para criação e manutenção de sites. A web 1.0 trouxe grandes avanços no que diz respeito ao acesso à informação e ao conhecimento, porém a filosofia que estava por detrás do conceito de rede global foi sempre a de um espaço aberto a todos, ou seja, sem um “dono” ou indivíduo que controlasse o acesso ou o conteúdo publicado. (COUTINHO; BOTTENTUIT JUNIOR; 2007:199)

Mas o avanço da tecnologia fez com que esse panorama mudasse, conforme o relato de Mantovani, que diz: No entanto, com o surgimento de ferramentas, tecnologias e sistemas que possibilitam novas modalidades de produção hipertextual, como os blogs e sistemas Wikis, a estrutura da Web vem passando por inúmeras alterações. Estas alterações se concentram na necessidade de abertura, flexibilidade e facilidade na criação, edição e publicação de páginas inserindo os internautas como construtores da Web. Inicia-se a passagem da Web 1.0 para a Web 2.0, onde podemos visualizar inúmeras possibilidades de uma construção coletiva, trazendo um borramento entre as fronteiras do autor/leitor, atendendo assim às origens da escrita hipertextual presentes desde os manuscritos, marginálias e nas idéias cunhadas por Bush e Nelson15. (MANTOVANI, 2006: 329)

Para O'Reilly (2005) o termo WEB 2.0 denota uma passagem ou mudança da Internet como plataforma, ou seja, para os desenvolvedores a regra mais importante é o desenvolvimento de aplicativos que utilizem os efeitos da rede para se tornarem melhores, quanto mais as pessoas os utilizem, aproveitando a inteligência coletiva. O que se percebe neste novo modelo de utilização da WEB é uma independência do usuário perante os softwares necessários para seu trabalho. Um exemplo disso é o Google Docs que possui editor de texto, editor de apresentações e planilhas, tudo on line, ou seja, o usuário não precisa ter este softwares instalados na sua máquina, pois ele os utiliza pela própria internet. Na mesma linha, os precursores do novo modelo foram os Blogs, pois nada mais são do que Websites onde o usuário pode publicar conteúdo, mas com a vantagem que não precisa se especializar no uso de um Editor de HTML, tal qual é necessário para o modelo WEB 1.0. No quadro 2 lista-se um conjunto de softwares e de sites WEB 2.0, com os quais tem-se trabalhado no desenvolvimento de aplicações pedagógicas. A natureza fluida da tecnologia digital, torna o que está aqui exposto sujeito a uma permanente transição. Mal se teve tempo para se vivenciar um modelo de utilização da tecnologia que preconiza uma certa necessidade técnica, já floresce uma nova perspectiva em que se tem um uso mais intensivo do recursos da rede, independentemente de grandes conhecimentos técnicos para a execução das tarefas.

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MEMEX. Disponível em http://www.unicamp.br/~hans/mh/memex.html. Acessado em 12/01/2009 14

A nova sociedade digital não se caracteriza pela exclusão ou oposição aos modelos anteriores de aquisição e utilização dos conhecimentos armazenados na memória, humana ou cibernética. Sua característica é o envolvimento; sua prática a mixagem. Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação de produção-aquisição de conhecimentos – autores e leitores em tempo real. (Kenski, 2003: 44) Software Proprietário

Suíte Escritório

Office

Software não Proprietário Linux Internet Explorer Firefox BrOffice

Editor de Áudio

Soundforge

Audacity

Editor de Imagens

Photoshop

Gimp

Editor de Videos

Adobe Premiere

Windows Movie Maker NVU

Sistema Operacional Navegadores

Editor de WebSites

Windows XP

Adobe Dreamweaver

Site WEB 2.0

Google Docs http://docs.google.com/) SnapVine http://www.snapvine.com Snipshot http://snipshot.com/ Jumpcut http://www.jumpcut.com Blogger – editor de blog

http://www.blogger.com ) Pbwiki – editor de Wiki http://pbwiki.com/) Sites de Imagens – Picasa Compartilhamento de (http://picasa.google.com.br/) Conteúdo Digital Áudio – MP3tube (http://www.mp3tube.net/br/) Vídeo – Youtube (http://br.youtube.com/) Textos – Scribd (http://www.scribd.com/) Apresentações – Slideshare (http://www.slideshare.net/) Multimídia – Divshare (http://www.divshare.com/) Quadro 2 – Relação de softwares e Sites para uso educativo

Assim, tal qual cozinheiros que elaboram deliciosos pratos, que aguçam os sentidos através do paladar e olfato o que se fez aqui foi retratar os ingredientes para fazermos uma saborosa iguaria. O que vem a seguir são os diferentes modos para se preparar esta iguaria, ou como a pedagogia se insere na tecnologia para colaborar na construção de conhecimento dos indivíduos. 4 – O POTENCIAL PEDAGÓGICO DAS TIC´S Até o momento, foram abordadas a natureza técnica e a estrutura das TIC´s. Conforme já citado por Chaves (2005) e Pretto (1996), estas tecnologias são estruturantes de um novo modo de pensar e fazer educação. Levy (1993) lembra que “os computadores e a Internet potencializaram a influência da fala, da escrita e da imprensa

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no conhecimento, ligando-se de forma irreversível ao saber humano, auxiliando-o em sua capacidade de aprender, apreender e compreender”. Mas é preciso que se faça um alerta. Seymour Papert, um autor de pensamento inovador, lembra que em relação a qualquer mudança, existem os que são céticos a elas. Recorda que os inovadores em educação já propuseram várias idéias, as quais se acusam de não darem certo. “São exemplos a idéia de John Dewey de que as crianças aprenderiam melhor se a aprendizagem realmente fizesse parte da experiência de vida; ou a idéia de Paulo Freire de que elas aprenderiam melhor se fossem verdadeiramente responsáveis pelo seus próprios processos de aprendizagem; ou a idéia de Jean Piaget de que a inteligência surge de um processo evolutivo no qual muitos fatores devem dispor de tempo para encontrar seu próprio equilíbrio; ou a idéia de Lev Vygostsky de que a conversação desempenha um papel crucial na aprendizagem.” (PAPERT; 2008:29)

A continuação desse pensamento cético pode então levar a indagação de por que então, usar as tecnologias na educação? Não seria um modismo? Para se responder a esta questão, lembra-se aqui que as atuais metodologias de ensino subutilizam o potencial das tecnologias digitais usadas em rede. Imagine a cena em que um/a professor/a esteja com seus alunos no laboratório de informática. Como garantir que 30 ou 40 alunos façam um conjunto de atividades tal qual na sala de aula? Na realidade o que ocorre é que poucos profissionais da educação estão preparados para o uso dessas tecnologias. Em essência, pouca ou nenhuma mudança ocorrerá a menos que possamos encarar o uso das TIC´s como uma oportunidade para fazer uma educação de modo diferente. Eduardo Chaves, citando George Scharffenberger16, relata que o uso da tecnologia na educação poder ter três funções: “a) Para sustentar (apoiar) o que já se faz (uso conservador); b) Para suplementar (enriquecer) o que já se faz (uso reformador) e, c) Para subverter o que se faz - e introduzir uma nova forma de fazer as coisas (uso transformador ou, se preferirem, revolucionário)”. Sendo assim, cabe então à pedagogia e não à tecnologia ser a força revolucionária para as mudanças. Muito tem-se debatido sobre a crise na educação, mas poucos lembram que situações de crise são as melhores oportunidades para inovações. Se o dito popular “em time que está ganhando não se mexe” tem uma veracidade, sua negação também deve ser verídica “em time que está perdendo deve se mexer”. As experiências relatadas nos

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CHAVES, Eduardo O. C.Educação: conceito, modelos, paradigmas – II. In Liberal Spaces: Blog de Eduardo Chaves. 27/11/2008. Disponível em < http://ec.spaces.live.com/blog/cns!511A711AD3EE09AA!2499.entry>. Acesso em 06/01/2009

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últimos 5 anos17 (Ferrari; Vasconcelos e Parreira Junior, 2008), (Ferrari, Lima, 2005) permitem verificar resultados recompensadores para o uso das TIC´s na Educação advindos da realização de projetos. Estes projetos nascem como forma de resolver indagações (problematizações) pessoais e grupais dos alunos. Estas problematizações funcionam como ponto de partida para a pesquisa do aprendiz. Entende-se por pesquisa aqui o sentido amplo, indo o aprendiz a campo buscando informações através de livros, Internet, entrevistas, simulações, revistas, vídeos, entre outras fontes. Todo o conteúdo pesquisado passa então por um processo de digitalização para a produção/edição desse conteúdo digital. Esse conteúdo produzido (textos, hipertextos, slides de apresentações, vídeos, gravações em áudio, imagens) passa agora a ser armazenado em um site para compartilhamento. Trabalha-se com um site de compartilhamento para melhor distribuição deste conteúdo digital sendo ele fracionado para que seja fonte para outras pesquisas e para o melhor trânsito deste conteúdo na WEB através de tecnologia script em Flash, pois arquivos multimídia (sons e vídeos) têm um tamanho elevado, o que dificulta seu tráfego na rede. O uso de técnicas de incorporação de códigos script permite que o conteúdo seja facilmente exportado para qualquer website. O resultado final é apresentado sob formas dinâmicas (expressões artísticas, seminários) em que temos a discussão do conteúdo gerado, oportunizando novas problematizações. Portanto, resumidamente, temos o seguinte fluxo de produção de projetos: problematizações →pesquisa →produção/edição de conteúdo digital → armazenamento em site de compartilhamento (Web 2.0) → distribuição para Websites →apresentação do trabalho →discussões coletivas→ novas problematizações.... Entende-se aqui que o papel da educação é ajudar os aprendizes a buscarem por si ou em conjunto soluções para questões que os afligem. Destaca-se também que, para que o projeto seja bem sucedido, a orientação/mediação e a intervenção do professor devem se fazer presentes. Tem-se como certo, que não existe receita pronta para o uso das tecnologias na educação, assim como não existe software ou pacote de aplicativos que apresente solução para todos os problemas que se apresentam. Mais que fundamentos tecnológicos, o que se destaca é que os educadores revejam os princípios filosóficos que embasam a prática educativa. O uso das TIC´s na Educação é apenas um 17

FERRARI, Helio. O., LIMA, Luciano. V. A pedagogia da autonomia e os ambientes de EAD. In: Global Congress in Engeneering and Technology Education, 2005, Santos-SP. Engineering and Technology Education Trends, 2005. p. 388-391. FERRARI, Hélio O., VASCONCELOS, Juliene S, PARREIRA JUNIOR, Walteno M.. Projetos Integradores como exercício de Interdisciplinaridade e Avaliação . In: Anais do 6º Seminário Nacional de Educação a Distância da Associação Brasileira de Educação a Distância. (CD-ROM). 2008

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ponto de intersecção dos vários fios da teia da vida. Adequar soluções, apoiar o desenvolvimento de aprendizagens significativas é papel do professor, que, mesmo com toda a complexidade de situações que o cercam é quem garante a continuidade da produção de conhecimento para os povos. 5 – CONCLUSÕES O exercício da pesquisa cartesiana impõe que o pesquisador tente se afastar do objeto que está estudando para ter uma visão mais clara dos fenômenos. A ciência complexa mostra que, ao fazer isso, reduz-se o campo de visão e dificilmente compreende-se o todo a ser investigado. Dessa forma, neste trabalho os diferentes modos de se ver a tecnologia foram mostrados, mas, sobretudo reafirmando-se sua natureza humana e social. Sem a interrelação com a tecnologia, dificilmente poderíamos construir conhecimento. Sem a construção de conhecimento, não conseguiríamos aperfeiçoar as tecnologias digitais ao ponto de poderem ser utilizadas de modo cada vez mais simples. Utilizar as tecnologias digitais para a Educação, seja ela presencial ou a distância, é fazer o que se espera de toda tecnologia social, ou seja, que ela se reverta em benefício da própria humanidade. A prática de trabalhar com projetos é uma maneira de abordar a complexidade da teia, permitindo que a produção de conhecimento possa ser profunda e contextualizada. Essencialmente, a complexidade nos remete ao fim das receitas prontas, acabadas e definitivas e aponta que novos problemas precisam de novas soluções que sejam atuais e permitam a construção de um caminho com justiça. O caminho do ser humano é a transcendência. Transcendência social, pessoal, espiritual. E é a construção de conhecimento mediada pela educação que possibilita galgar este caminho. O que se buscou neste capítulo foi demonstrar que, com a utilização das tecnologias digitais, os educadores podem buscar novas educações, no sentido de resgatar o encantamento pela formação das novas gerações e pela contínua formação da geração atual, de modo a apoiar os sonhos individuais de cada um. Nós, educadores, precisamos resgatar o prazer do envolvimento pela orientação, pela supervisão, pela pesquisa, pelos projetos, pelo acompanhamento de uma nova geração que tem através dos dispositivos digitais a sua expressão e a sua forma de estar no mundo. É preciso que a educação seja novamente um encontro de olhos nos olhos, mãos com mãos presencialmente ou, webcam com webcam, teclado com teclado

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mediados pela tecnologia. Para fechamento, deixa-se os versos daquele que considero o poeta maior da minha geração: E nossa história não estará pelo avesso assim sem final feliz. Teremos coisas bonitas para contar. E até lá vamos viver. Teremos muito ainda por fazer. Não olhe para trás. Apenas começamos O mundo começa agora. Apenas começamos. (Metal contra as nuvens,V, Renato Russo, 1992)

7 – REFERÊNCIAS ALVES; Lynn, NOVA; Cristiane. Tempo, espaço e sujeitos da educação a distância. In: JAMBEIRO, Othon, RAMOS, Fernando. Internet e Educação a Distância. Salvador: EDUFBA, 2002, p. 41-54 CHAVES, Eduardo O. C. O Desafio da tecnologia na Educação. 2005.Disponível em http://www.microsoft.com/brasil/educacao/biblioteca/artigos/set_05.mspx . Acessado 27/12/2008 CHAVES, Eduardo O. C. Acompanha a Filosofia da Educação a Evolução da Tecnologia?. In: Anais do I Congresso Latino de Filosofia da Educação. P. 93-136. Julho, 2000. Disponível em: http://4pilares.net/text-cont/chaves-abefull.htm Acessado: 27/12/2008. CHAVES, Eduardo O. C. Concepção de Aprendizagem e Projetos de Aprendizagem na Visão do Programa Sua Escola a 2000 por Hora Disponível em http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=74 Acessado 28/12/2008a CHAVES, Eduardo O. C. Por que Educar? Disponível em http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=38 . Acessado 28/12/2008b CHAVES, Eduardo O. C. Tecnologia e Educação: O futuro da escola na Sociedade da Informação. Campinas/SP: PBR Informática Ltda. 1998 COUTINHO, Clara P, BOTTENTUIT JUNIOR, João B. Blog e Wiki: Os Futuros Professores e as Ferramentas da Web 2.0. In MARCELINO, Maria José ; SILVA, Maria João, org. – “SIIE’2007 : actas do Simpósio Internacional de Informática Educativa, 9, Porto, Portugal, 2007” [CD-ROM]. [Porto : ESE-IPP, 2007]. p. 199-204. Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/7358. Acessado em 28/12/2008 D’AMBRÓSIO, Ubiratan. A influência da tecnologia no fazer matemático ao longo da história. In. Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. São Paulo. p. 159-161. Agosto, 1999. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Conhecimento e consciência: o despertar de uma nova era. In: GUEVARA, Arnoldo J.H, HÖEFFEL, João L, VIANA, Rosa M, D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Conhecimento, Cidadania e Meio Ambiente. Serie Temas Transversais, V.2. São Paulo: Editora Peirópolis. 1998.

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