Tecnologia lítica e comportamento humano no Pleistocénico Médio do Alto Ribatejo: exemplo da Ribeira da Ponte da Pedra
Sara Cura
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Análise morfotécnica de atributos;
Análise da variabilidade granolumétrica e morfo-volumétrica da matéria-prima;
Talhe experimental;
Utilização experimental dos suportes;
Análise funcional;
Reconhecimento de cadeias operatórias enquanto ferramentas e respostas adaptativas do grupo humano – objectivos técnicos.
"Il s'agit, alors, d'une région qui trouve son unité dans la diversité de
paysages et de ressources naturelles et, aussi, culturelles."
Luiz Oosterbeek
Obrigada!
Parte do complexo cársico da Serra D'Aire e Candeeiros
Complexo Metamórfico (xistos e granitos) do câmbrico e paleozóico
Bacia Sedimentar Tejo-Sado do Cenozóico (areias e argilas)
Depósitos quaternários representados por terraços e coluviões
Planicie aluvial e pequenas colinas
A Ribeira da Ponte da Pedra encontra-se numa área onde existe matéria-prima em abundância, onde se obteriam os suportes de artefactos que poderiam ser transportados para outros sítios, ao mesmo tempo que aqui ocorreriam actividades de subsistência.
T6 OIS 3
T5 OIS 5
T4 OIS 9 a 7
Galeria Pesada
Exploração da paisagem em complementaridade com as zonas cársicas mais altas
Se a tua única ferramenta é um martelo, todos os teus problemas parecem pregos.
Anónimo
Indústrias líticas: cultura, tecnologia e comportamento
Em cronologias recuadas, como o Pleistocénico Médio, as indústrias líticas não reflectem directamente variabilidade cultural, mas sobretudo variabilidade comportamental
A cultura é um fenómeno bastante mais amplo e complexo do qual fazem parte os artefactos, mas estes não a definem.
Ao contrário da tipologia analítica baseada na morfologia, a tecnologia permite aceder ao real patamar das escolhas e variabilidades comportamentais, sendo que estas estariam igualmente ligadas à variabilidade cultural.
É verdade que a arqueologia não resgata "a cultura", mas não é menos verdade que o comportamento é "cultura" e que a tecnologia é a dimensão estruturante da cultura (ou seja, do nosso modo de ser adaptativo).
É difícil saber qual a origem dos artefactos
É dífícil de determinar se efectivamente estamos perante um conjunto lítico que representa um único episódio comportamental com os artefactos redepositados durante um único episódio fluvial ou se representa vários episódios comportamentais.
É díficil saber como os artefactos foram incorporados nos depósitos, qual a duração da deposição e posterior modificação (dificuldade em determinar o grau de integridade destes sítios) por preservação selectiva e perturbações horizontais e verticais.
Interpretação de indústrias líticas em contextos fluviais
Podem os sítios de ar livre em posição secundária dar informação
sobre as actividades comportamentais humanas?
Vale do Forno
Longueur de la 1º piéce 25cm
© Luís Raposo : 1993
© Mozzi et al:2000
VF1, VF8 e VF 3
Fonte da Moita
2º Un.
Coluvião
1º Un.
Mioceno
Terraço médio T4
Gráfico do artigo
5 cm
5cm
A traceologia indica o trabalho de madeira e osso e processamento de carcaças e peles
Todos os problemas são insolúveis. A essência de haver um problema é não haver solução.
Fernando Pessoa
Interpretação de indústrias líticas em contextos fluviais
As datações absolutas dos terraços fluviais apresentam alguns limites para a interpretação das indústrias líticas a eles associadas:
Os artefactos não podem ser datados directamente e podem ser consideravelmente mais antigos que o depósito;
A integridade das indústrias não é sempre clara (e.g., os artefactos podem ter sido redepositados ao mesmo tempo, mas isso não garante que sejam provenientes do mesmo sítio);
É dificl avaliar o tempo de deposição de depósito de terraço, já que a mesma quantidade de sedimentos, dependo do fenómeno de transporte e acumulação pode representar dezenas de milhares de anos ou centenas de anos.
Os métodos de datação dos sedimentos fluviais – entre outros a Luminiscência Opticamente Estimulada e Ressonância Electrónica do Spin – podem apresentar erros de vários milénios e discrepâncias entre si quando utilizados no mesmo depósito sedimentar (como é o caso da Ribeira da Ponte da Pedra)
Uma das lições mais importantes que se podem tirar do meu estudo etno-arqueológico dos esquimós Nunamiut é o facto de todos os sítios terem de ser concebidos como parte de um sistema mais vasto.
Lewis Binford
rápida produção de lascas com cortex de dimensões médias e sem uma morfologia pré-determinada?
A produção média de lascas por seixo talhado é de 3 e por núcleo 5
Actividades genéricas??
Lascas multifuncionais??
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
F
E
D
C
B
231 + 12 (ESR)
Very fine sand and silt.
O ratio comprimento/largura é equilibrado e a uniformidade da dimensão está entre os 5 e os 6 cm
Objectivo técnico atingido?
Constrangimento da matéria prima?
Desgaste
Unidades Litológicas
Total
1
20
30
45
46
47
48
49
50
53
60
99
Ausente
2%
7%
5%
2%
4%
2%
Baixo
27%
11%
29%
13%
44%
14%
10%
19%
11%
18%
Médio-baixo
25%
23%
32%
57%
38%
21%
45%
37%
34%
36%
Médio
75%
41%
38%
14%
13%
44%
43%
35%
29%
50%
31%
30%
Médio-alto
5%
13%
38%
11%
14%
5%
9%
50%
100%
11%
9%
Alto
5%
5%
3%
7%
3%
Indeterminável
2%
Textura
Unidades Litológicas
Total
1
20
30
45
46
47
48
49
50
53
60
99
Fina
33%
21%
32%
17%
25%
22%
14%
15%
23%
15%
22%
Fina a Média
67%
53%
40%
50%
25%
56%
36%
40%
43%
100%
47%
43%
Média
21%
23%
38%
22%
36%
45%
25%
50%
28%
25%
Média a Grosseira
5%
6%
17%
13%
14%
5%
50%
5%
6%
Grosseira
17%
2%
2%
2%
Macro-cristalina
2%
4%
2%
Suporte
Não retocados
Retocados
Retocados «informais»
total
Nº
%
Nº
%
Nº
%
Nº
%
Seixo Talhado
96
12%
9
4%
12
5%
117
9%
Seixo Retocado
67
29%
26
11%
93
7%
Lasca
459
58%
131
57%
177
76%
769
61%
Núcleo
37
5%
2
3%
39
3%
Bifaciais
2
0,30%
2
1%
4
0%
Outros
203
25%
21
9%
13
6%
237
19%
Total
797
63%
228
18%
232
18%
1259
100%
Hipótese 1: a alta percentagem de lascas corticais deve ser considerada como um dos objectivos técnicos atingidos com a cadeia aplicada
Hipótese 2: Núcleos e/ou produtos técnicos finais da cadeia operatória foram transportados para fora do sítio.
Hipótese 3: combinação das hipóteses 1 e 2
Categoria Tecnológica
Unidades Litológicas
Total
1
20
30
45
46
47
48
49
50
53
60
99
Lasca cortical
(suferficíe dorsal inteiramente cortical)
13%
23%
20%
14%
44%
21%
20%
18,6%
20%
18,8%
Lasca parcialmente cortical
(> 75 % de córtex )
13%
9%
14%
11%
5%
7,1%
50%
11%
7,8%
Lasca parcialmente cortical
(> 50% de córtex)
5%
2%
11%
5%
1,5%
2%
1,7%
Lasca parcialmente cortical
(25%>
