TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA A FABRICAÇÃO DE TIJOLOS OU PAINÉIS COM O EMPREGO DA TERRA, AGLOMERANTES E ADITIVOS

July 6, 2017 | Autor: Val Bastos | Categoria: Arquitectura, Soil Cementation, Sustentabilidade, Alternative Building Technologies
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TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA A FABRICAÇÃO DE TIJOLOS OU PAINÉIS COM O EMPREGO DA TERRA, AGLOMERANTES E ADITIVOS

TECHONOLIGICAL ALTERNATIVES FOR THE MANUFACTURE OF BRICKS OR PANELS WITH THE USE OF LAND, BINDERS AND ADDITIVES


Valquíria Patricia Felix¹, Valquíria Pereira Bastos¹, Maria Eunice Carvalho Tosello², Rebeca Delatore Simões³

1. Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista
2. Docente do Curso de Arquitetura e urbanismo da Universidade do Oeste Paulista
3. Docente do Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

RESUMO

Neste artigo objetivamos realizar um levantamento de dados sobre as diversas pesquisas tecnológicas para a fabricação de tijolos de solo-cimento com o emprego de diversos aglomerantes e aditivos, como base atualizada para pesquisas científicas que envolvam o desenvolvimento de materiais alternativos e sustentáveis para a construção civil local e regional. Nesse contexto, este trabalho tem como foco contribuir com informações para a pesquisa sobre tijolo ecológico, visando sua aplicação na construção civil local, notadamente na construção de habitações sustentáveis. Dessa forma, este estudo poderá fornecer conhecimento sobre a utilização de resíduos como aditivos e aglomerantes na fabricação dos tijolos de solo-cimento e diminuir a quantidade de produtos descartados, contribuindo para o menor impacto ambiental da construção civil e o desenvolvimento da região do oeste paulista.

Palavras-chave: tecnologias alternativas, aditivos, aglomerantes, solo-cimento, habitações sustentáveis

ABSTRACT

In this article, we aim to carry out a data collection about the various technological research for the manufacture of soil-cement bricks with the use of various binders and additives, as updated base for scientific research involving the development of alternative and sustainable materials for building local and regional.In this context, this paper focuses feed information for research on ecological brick, for their application in the local construction industry, especially in building sustainable housing. This study may provide knowledge about the use of waste as additives and binders in the manufacture of soil-cement bricks and decrease the amount of disposable products, contributing to the lowest environmental impact of construction and the development of western São Paulo region.

Keywords: alternative technologies, additions, binders, soil-cement, sustainable housing

INTRODUÇÃO

Segundo o arquiteto Joaquim Guedes (2007), "temos uma arquitetura (...) que não pensa no homem – e praticar uma arquitetura sustentável é pensar no homem, a partir dos avanços da ciência". O profissional Arquiteto e Urbanista planeja, organiza e propõe soluções para os espaços urbanos, habitacionais, institucionais e especiais enfocando a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade. Aprendendo o modo de vida, as necessidades, os tipos e quantitativos de resíduos coletados, ele poderá traçar alternativas para a reutilização dos materiais recicláveis e suas aplicações na construção civil levando em conta a estética e as necessidades da comunidade.
Diante da busca de uma arquitetura sustentável, verifica-se a possibilidade de aplicação de tecnologias alternativas de construção como forma de especificar medidas de sustentabilidade. Essa procura fez com que várias instituições, universidades, fundações e empresas do ramo da construção investissem em pesquisas que trouxessem alternativas para a diminuição do impacto ambiental. Hoje algumas já estão sendo aplicados e normatizados como ações, produtos e materiais ecologicamente corretos.
No que se refere aos resíduos sólidos e recicláveis, eles podem funcionar como ótimos aditivos para a fabricação de tijolo solo-cimento, melhorando sua resistência à compressão e reaproveitando materiais descartados. Conforme Leal, Thomaz e Coelho (2005), o lixo é capaz de envolver variados setores da sociedade para sua resolução, pois não se trata apenas de um problema de Poder Público; e há entendimento geral sobre as urgências para se construir novas referências para o gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Dessa forma, buscar-se-á mostrar a capacidade de intervenção na realidade social, ambiental, cultural e econômica.
Na região, as Cooperativas de Trabalhadores de Produtos Recicláveis coletam resíduos recicláveis e reutilizáveis, podendo fornecer utilização dos materiais descartadas de indústrias e usinas, que já fizeram parte de estudos em diferentes regiões, como o bagaço da cana-de-açúcar.
Nesse contexto, este trabalho poderá fornecer conhecimento teórico e colaborar com o desenvolvimento de novas técnicas para o uso dos resíduos sólidos, diminuindo a quantidade de produtos descartados e contribuindo com informações para a pesquisa sobre tijolo ecológico, a partir dos resíduos sólidos gerados no município de Presidente Prudente e região, visando sua aplicação na construção civil local, notadamente na construção de habitações sustentáveis.

2. CONCEITOS

2.1 Aditivos
O aditivo é, de acordo com o dicionário Michaelis é uma substância química que, quando adicionada a outra, altera suas propriedades iniciais, seja diminuindo, aumentando ou eliminando-as. Segundo Coutinho (1997), os romanos adicionavam clara de ovo, sangue, banha ou leite à concretos e argamassas rudimentares para melhorar a trabalhabilidade das misturas. Hoje, os aditivos químicos são muito utilizados nas misturas cimentícias de concreto Portland, devido às diversas vantagens que proporcionam para suas propriedades.
Grande progresso tem sido alcançado com o emprego de aditivos para estabilização dos solos, pois a presença de aditivos e a cura são fatores que influenciam na estabilização e qualidade dos tijolos prensado de terra crua. Para melhorar a mistura de solo-cimento, vários estudos estão sendo realizados com a adição de alguns componentes; os resultados são promissores, como na adição do montículo do cupim Cornitermes cumulans, que resultou na diminuição da absorção de água, que leva ao aumento da resistência à compressão, comprovando que os aditivos são tão bons para o solo-cimento quanto para as misturas cimentícias (ALBUQUERQUE et al, 2008).

2.2 Aglomerantes
Aglomerar significa juntar, reunir, acumular, ajuntar-se, amontoar-se. Portanto, aglomerante é o material ativo cuja principal função é formar uma pasta que promove a união entre os grãos do agregado. São utilizados na obtenção das argamassas e concretos, na forma da própria pasta e também na confecção de natas. De acordo com a NBR 7200/98, a mistura de aglomerantes e agregados com água resultam na argamassa, possuindo capacidade de endurecimento e aderência.
Hoje, o solo-cimento também é usado como um aglomerante – obtida pela mistura de solo natural (terra), cimento e água – sendo um bom material para base de pavimentos asfálticos, pistas de aeroportos ou até mesmo revestimento para pátios e quadras esportivas.

3. O EMPREGO DA TERRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Nos últimos anos, o interesse pelo uso do solo como um material ecológico para a construção civil aumentou, visando à proteção ambiental; entretanto a terra já era utilizada desde as primeiras construções, como nas primeiras mastabas, localizadas no Egito. Um dos arquitetos que se destacaram na busca pela utilização da terra na construção é Hassan Fathy, arquiteto egípcio que resgatou o tema por meio de pesquisas por volta de 1940, visando suprir a necessidade de habitação da população carente de seu país.
Os povos mesopotâmicos utilizavam a arquitetura da terra com muita frequência, e com isso, aprimoraram sua utilização. Na Babilônia, por exemplo, introduziram a técnica da terra armada, com cordas e caniços que se entrecruzavam, melhorando a estrutura e também melhoravam a durabilidade do material através do emprego de betume ou revestimento de ladrilhos cozidos.
Segundo Santiago (2011), pelo menos 1/3 da população do globo terrestre habita construções feitas usando a terra crua como material principal hoje. Nesse contexto, alguns arquitetos estão trabalhando para divulgação do material e ampliar essa quantidade, como Herzog & de Meuron, com o Centro de Ervas Ricola, na Suíça. A obra está situada numa paisagem com edifícios convencionais, destacando-se por sua estética e material construtivo. Os painéis de barro foram produzidos em uma fábrica próxima, com matéria-prima extraída de pedreiras e minas locais, com adição de cal e tufos vulcânicos. Além de resistência e estética homogênea devido a plasticidade do barro, a obra contribui para o equilíbrio ecológico do entorno. Já a fundação francesa CRAterre (Culturas Construtivas e Desenvolvimento Sustentável) foi criada em 1979 por um grupo de estudantes da Escola de Arquitetura de Grenoble e desde então tem contribuído para a melhoria de técnicas e difusão do conhecimentos a nível internacional da arquitetura da terra. Líder mundial na área, a iniciativa possui uma equipe multidisciplinar com cerca de trinta pessoas de várias nacionalidades, estabelecendo conceitos, métodos e objetivos que fortalecem e valorizam a cooperação cientifica e acadêmica na análise das culturas construtivas.
No Brasil, a utilização da terra para a construção está presente desde o período colonial, já que as técnicas construtivas em geral utilizavam-na como matéria prima, como a taipa de pilão, o adobe e o pau-a-pique. (LIMA et al., 2009) Segundo Silva (1994), o emprego do solo-cimento na construção de habitações teve início em 1948, com a construção de casas do Vale Florido, na Fazenda Inglesa, em Petrópolis (RJ), que apresentam um bom estado de conservação até hoje. Em 1950, foi construído em Manaus o Hospital Adriano Jorge com 10.800 m² com a técnica do solo-cimento.
A desvantagem no uso do solo-cimento está no vasto tipo de solo existentes, já que eles vão influenciar nas características físicas e mecânicas da mistura. O solo que contem 50% a 90% de areia produzem solo-cimento com maior durabilidade. Já os solos argilosos, gastam mais cimento e dificulta a pulverização e a estabilização da massa em função da falta de areia (GRANDE, 2003). Segundo Santiago (2001), os solos que propiciam melhores resultados mecânicos com o cimento são os arenosos e aqueles que possuem pedregulhos. Entretanto, com os aditivos corretos, quase todos os tipos de solos podem ser utilizados para a fabricação dos tijolos de solo-cimento voltados à construção civil.

4. USO DE AGLOMERANTES E ADITIVOS NA ATUALIDADE

Atualmente existem vários estudos e pesquisas com a finalidade de encontrar soluções e novos usos para resíduos poluentes, tanto de fábricas quanto os da construção civil, que podem se tornar ótimos aditivos para a mistura de solo-cimento. Segundo Cordeiro (2006), alguns dos aditivos já conhecidos para a fabricação de tijolos de solo-cimento são o gesso químico, calcário semi-calcinado, vinhaça, pó de serra, resíduos da indústria da borracha de calçados, o pó de granito, resíduos das indústrias alimentícias de óleos, manteigas e margarinas, entre outros.
PINHEIRO et al (2013) estudou blocos prensados de solo-cimento com a adição de grits, produto oriundo das indústrias de papel e celulose. Os resultados da pesquisas são promissores, onde o uso do grits na produção de blocos de encaixe de solo-cimento surge como uma alternativa viável, além de minimizar a degradação ambiental, causada pelos aterros e uso de recursos naturais.
Estudos também indicam que o solo pode ser tratado com cimento ou cal, associados ou não com silicato de sódio, promovendo ganhos consideráveis em resistência à compressão simples e mostrando-se promissores para atender à racionalização e otimização do uso da terra como material de construção, redução de custos e do uso de energia, como nos estudos de Ferreira e Freire (2005). Grande (2003) também comprova que a adição da sílica, substituindo 10% em massa do cimento, também é favorável nos blocos de solo-cimento, promovendo resistências mecânicas boas.
O tijolo de solo-cimento com acréscimo de cinzas de bagaço de cana-de-açúcar também possui estudos promissores, onde comprovaram sua melhora no desempenho mecânico do bloco atendendo aos requisitos mínimos exigidos pelas normas técnicas. Segundo Valenciano e Freire (2004), a substituição parcial do cimento por 20% de cinzas de bagaço de cana-de-açúcar aumentou a resistência à compressão simples para solos arenosos e argilosos.
Bouth (2005) estudou alguns materiais alternativos para o tijolo de solo-cimento, como a adição de fibras para aumentar a resistência mecânica. Também menciona a utilização do betume que, misturado com solvente, diminui a absorção de água na terra.
Visando a melhor utilização dos resíduos orgânicos, Ferreira, Gobo e Cunha (2008) estudaram a incorporação de casca de arroz e de braquiária nos tijolos de solo-cimento. Os resultados mostram que as adições de casca de arroz proporcionou valores de resistência à compressão simples comparados à braquiária, e que sua substituição parcial no teor de cimento poderá ser realizado com tratamentos de 10% casca de arroz e braquiária. Silva e Mendes (1999) buscaram conhecer os resultados da adição do pó da fibra de coco ao solo-cimento, os quais indicaram a viabilidade de uso para os blocos, melhorando seu desempenho térmico e de resistência.
Segundo Rodrigues (2008), os resíduos sólidos da construção e demolição (RCD) consistem em concreto, estuque, telhas, metais, madeira, gesso, aglomerados, pedras, etc. Em sua pesquisa, estudou e comprovou a viabilidade da utilização de resíduos de argamassa de cimento e areia como mistura para o bloco de solo-cimento. Os resíduos também podem ser reciclados, transformando-os em agregados por meio de moedores ou britadores; o material resultante pode ser utilizado como aditivo no bloco ecológico, com base nos estudos de Silveira (2005), que apresenta o agregado de RCD como uma solução alternativa para a destinação dos resíduos.
Ainda utilizando os materiais da construção civil, Dos Santos (2009) estudou a adição de resíduos de madeira no composto do solo-cimento. Apesar da madeira ser um material de fonte renovável, os resíduos da madeira na construção civil (RMCC) afetam o meio ambiente. Suas análises comprovam que o material possui indicativos que o qualificam para o uso na construção.
Atualmente, podemos contar com novas tecnologias para reaproveitar esses materiais desperdiçados na construção de um modo mais fácil e eficiente, como os equipamentos fornecidos pelas Indústrias Eco Máquinas. Há doze anos no mercado internacional e nacional, suas máquinas produzem blocos, tijolos e pisos ecológicos. A Usina Ecológica é o equipamento utilizado para a produção de tijolos ecológicos, e conta com dois pisos para auxiliar na produção com segurança e dentro das normas reguladores para equipamentos e máquinas.
Kolling, Trogello e Modolo (2012) avaliaram a resistência mecânica de corpos de prova cilíndricos de solo-cimento produzido com diferentes composições de solo argiloso, areia e cimento. Os resultados comprovam que os tratamentos obtiveram ganho de resistência acima de 60%, podendo aproveitar os solos de regiões argilosas.
Quanto ao uso do solo-cimento como aglomerante, Grande (2003) cita-os em obras de pavimentação, barragens e contenção; segundo ele, cerca de 90% das rodovias brasileiras possuem a mistura em sua composição. Lima (2006) também cita outros usos do solo-cimento, como na estabilização de taludes e encostas; revestimento e impermeabilizações de túneis; melhoria de suporte de fundações fracas de pavimentos; construção de silos aéreos e subterrâneos, terreiros para café.

5. O TIJOLO CERÂMICO E O TIJOLO DE SOLO-CIMENTO

O uso do tijolo cerâmico no Brasil é muito comum, pois muitas famílias consideram a alvenaria o material básico para se construir. Em Presidente Prudente e região, a situação não é diferente. O tijolo de solo-cimento sofre preconceitos por não ser considerado um material para a construção de uma casa durável, segura e agradável (DE MAGALHÃES, 2010).
Há mais de trinta anos o solo-cimento vem sendo apresentado como uma proposta alternativa para a construção habitacional. Todavia, é reconhecida por um pequeno grupo de técnicos e população (NEVES, 2005). A falta de atenção nessa tecnologia tem desmotivado a criação e continuidade dos trabalhos. Entretanto, muitos ainda buscam difundir essas tecnologias alternativas sustentáveis na área da construção civil, estimulando a consolidação do bloco de solo-cimento como um caminho para a sustentabilidade, com as mesmas qualidades do tijolo cerâmico.
As contribuições para o avanço de tecnologia de construção com terra são inúmeras e vêm de todas as regiões do mundo, de profissionais de diversas áreas, estimulados, criativos e extremamente dedicados (NEVES, 2005). Sendo assim, a construção de terra, muito utilizada no passado, pode ser usada atualmente, aliada à simplicidade, ao baixo custo, e sua eficácia comprovada nos estudos atuais.
Nesse contexto, muitas pesquisas comprovam que a resistência dos compósitos de solo atendem às exigências determinadas pela norma, condições que estão incluídas na NBR 08491/92, onde se adianta que o mínimo para resistência à compressão é de 2,0 MPa com 7 dias de cura, não devendo ser inferior a 1,7 MPa, e a absorção média de água não deve ser maior que 22% do volume do tijolo. (REZENDE; GUILHERME e ALMEIDA, 2013)
Para os tijolos cerâmicos, a exigência mínima para resistência à compressão é de 1,5 Mpa (vedação) e 4,5 Mpa (estrutural), onde a absorção de água não deve ultrapassar 25% do volume do tijolo, segundo a NBR 15270-3/2005.
Segue a tabela realizada com a comparação do tijolo cerâmico e os tijolos de solo-cimento com aditivos.

Tabela 1 – Tabela com alguns estudos dos blocos ecológicos de solo-cimento
Tijolo
Sigla
Aditivos
Tipo
Resistência à compressão (média)
Absorção de água (média)
Solo-Cimento
A
Grits
Furado
2,5 MPa
14%

B
Cal e silicato de sódio
Maciço
3,58 Mpa
16%

C
Sílica ativa
Furado
6,25 MPa
9%

D
Cinzas de bagaço de cana-de-açúcar
Maciço
1,94 Mpa
15%

E
Cascas de arroz e semente de braquiária
Maciço
3 MPa
11%

F
Fibra de coco
Maciço
3 Mpa
16%

G
Resíduo de argamassa de cimento e areia e aditivo plastificante
Furado
1,87 Mpa
20,80%

H
Areia
Maciço
2,22 Mpa
13,60%

I
Resíduo de madeira da construção civil
Furado
2,15 Mpa
18%


Fonte: Autores
Nota:
A = Resultados da pesquisa de Pinheiro et al (2013)
B = Resultados da pesquisa de Ferreira e Freire (2005)
C = Resultados da pesquisa de Grande (2003)
D = Resultados da pesquisa de Valenciano e Freire (2004)
E = Resultados da pesquisa de Ferreira, Gobo e Cunha (2008)
F = Resultados da pesquisa de Silva e Mendes (1999)
G = Resultados da pesquisa de Rodrigues (2008)
H = Resultados da pesquisa de Kolling, Trogello e Modolo (2012)
I = Resultados da pesquisa de Dos Santos (2009)

6. EXPERIÊNCIAS EM EDIFICAÇÕES UTILIZANDO O BLOCO DE SOLO-CIMENTO

Além dos estudos em laboratórios sobre os blocos de tijolo de solo-cimento, há projetos construindo edificações reais e comprovando seu desempenho. É o caso da experiência do CEPED - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Brasil) – que a partir de 1976 começou a pesquisar a utilização do solo-cimento na construção de paredes, fundações e pisos. Após buscarem os parâmetros de qualidade necessários no laboratório, construíram a parede de painéis moldados no local com madeira laminada, com pé direito de 2,80m e espessura de 12 cm. Depois de construir um expressivo número de edificações pelo país (62.290 m² de área construída), foi possível avaliar o desempenho às condições de uso real. Após o levantamento de dados de mais de 100 unidades edificadas, os níveis de qualidade observados permitiram concluir que o solo-cimento oferece propriedades apropriadas para seu emprego em edificações (NEVES, 2005).
Silveira e Menezes (2010) também buscaram a divulgação do uso de solo-cimento na construção de uma capela no município de Mesquita, Minas Gerais. Além da afirmação da cultura local, pois a região possui muitas construções vernáculas de terra, os moradores se abriram à essa tecnologia alternativa, que muitos julgavam não viáveis. Essa experiência testou em uma construção contemporânea as possibilidades da técnica do pau-a-pique e taipa de pilão com solo-cimento, comprovando sua viabilidade e aplicabilidade nos dias de hoje.
Pires (2004) também realizou pesquisas sobre o custo real das edificações de solo-cimento em relação a sua aplicação para a construção de habitação social. Com base em suas considerações, o custo da obra com tijolos modulares de solo-cimento reduz-se em cerca de 20% do que uma obra de tijolo cerâmico, porém conforme De Magalhães (2010), quando bem executado, o solo-cimento na construção de habitações populares permite uma redução de custos que podem atingir até 40% do valor da alvenaria.

CONCLUSÃO

Através dos estudos de tecnologias alternativas na fabricação de blocos ecológicos, podemos compreender melhor como funcionam os aditivos, e como podem melhorar algumas características dos tijolos. Além disso, o reaproveitamento de materiais desperdiçados remetem à busca pela arquitetura sustentável, tópico comentado internacionalmente. No Brasil, essas tecnologias também podem ser utilizadas para diminuir os problemas da habitação social, já que não necessitam de mão de obra especializada e podem reduzir o custo total de uma obra de 20 a 40%.

REFERÊNCIAS

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