Tempos livres, prática desportiva e atividade física de jovens estudantes no concelho de Monchique

June 30, 2017 | Autor: Carlos Almeida | Categoria: Desporto, Exercício Físico E Saúde, Atividade Física
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II Jornadas Jovens de Monchique (27-Dez-2011)

Tempos livres, prática desportiva e atividade física de jovens estudantes no concelho de Monchique Carlos Humberto Almeida1 Município de Monchique, Setor de Desporto e Juventude

Resumo: Os objetivos desta investigação foram (1) conhecer o modo como os jovens estudantes no concelho de

Monchique ocupam os seus tempos livres, (2) caracterizar a incidência de prática desportiva e de atividade física na amostra e (3) averiguar relações causais entre a prática de atividades físicas/desportivas e o índice de massa

corporal (IMC), fator associado à saúde e bem-estar dos seres humanos. Participaram no estudo 243 jovens, 123

do género masculino e 120 do género feminino, pertencentes a escolas do ensino básico (1º, 2º e 3º ciclos) do Agrupamento de Escolas de Monchique e com idades compreendidas entre os 7.84 e os 17.33 anos. Os dados

foram recolhidos mediante a aplicação do questionário “Ocupação dos Tempos Livres e Prática Desportiva”. Para o tratamento dos dados foram utilizados procedimentos de estatística descritiva (frequências absolutas e relativas,

médias e desvios padrão) e inferência estatística (testes do qui-quadrado, testes t e coeficientes de correlação

linear de Pearson), mantendo o nível de significância em 5%. Os resultados indicaram que, entre as atividades mais

realizadas nos tempos livres, se encontram práticas de atividade física ou desportiva. O envolvimento físico de Monchique parece constituir um fator propiciador da adoção de estilos de vida ativos e saudáveis. A incidência de

prática desportiva foi de 51%, registando-se valores significativamente superiores no género masculino. A incidência de atividade física rondou os 75%, no entanto, o tipo de atividades realizadas são distintas entre os dois

géneros. Analogamente ao que sucede no âmbito desportivo, os rapazes despendem mais tempo semanal em atividade física, relativamente às raparigas. Apurou-se ainda que 32.5% dos participantes apresenta excesso de

peso ou obesidade. Neste âmbito, o exercício físico e o desporto orientado por professores ou treinadores parece ser mais determinante para a prevenção do excesso de peso e da obesidade do que a atividade física espontânea. Palavras-chave: atividade física, desporto, tempos livres, índice de massa corporal, jovens, Monchique.

Introdução

As transformações ocorridas nos nossos hábitos quotidianos, desde o século passado até à atualidade, têm sido evidentes. No que diz respeito ao estilo de vida das crianças e dos adolescentes, também

ocorreram modificações profundas, uma vez que é um aspeto bastante sensível a questões como o

envolvimento físico e sociocultural. Numa sociedade atual, por muitos designada como moderna ou

pós-industrial, a crescente densidade populacional tem sido associada ao acréscimo do tráfego

automóvel, da violência e da insegurança, o que, em última instância, determina que a independência 1

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de mobilidade e de práticas livres de atividade física de jovens em meio urbano seja inferior, comparativamente a outros de meios rurais (Arez & Neto, 1999; citados por Almeida & Neto, 2007).

Apesar da evolução das tecnologias e das inúmeras estratégias para rentabilizar e promover o

bem-estar físico, social e psicológico, a qualidade de vida parece ter sofrido um retrocesso. A

emergência de uma sociedade de informação, revestida por uma padronização excessiva de valores,

atitudes e comportamentos, veio contribuir para a descaracterização daquilo que deve ser uma infância ou uma adolescência saudáveis. Segundo Neto (1994), não existe tempo nem espaço para o jogo, nem

para a família, vetores esses que são essenciais para que a criança possa brincar de forma livre, espontânea e, consequentemente, crescer de modo são e natural.

De uma forma geral, todos os animais brincam e, ao fazê-lo, criam e aperfeiçoam habilidades e

estratégias de enorme utilidade para o futuro. De acordo com Neto (1997; citado por Almeida & Neto,

2007), as crianças/jovens estabelecem uma multiplicidade de interações contextuais que influenciam positivamente o seu desenvolvimento, designadamente aquelas que ocorrem na rua, no recreio escolar,

com os pais, em atividades institucionalizadas de tempos livres, privadas ou de iniciativa municipal. Por isso, a limitação do jogo e da atividade física espontânea acarreta repercussões negativas ao nível da saúde e da formação desportiva das crianças e dos adolescentes. Alguns autores (Neto, 2003; Côté,

Baker, & Abernethy, 2007) indicam que quanto maior for a prática do jogo na infância e nas fases prépubertária e pubertária, maior será (1) o desenvolvimento motor, (2) o refinamento das capacidades percetivas, (3) a estruturação cognitiva e (4) o desenvolvimento linguístico e social.

Felizmente, em algumas regiões ou zonas do país, ainda se pode observar crianças a brincar na

rua, a jogar autonomamente e a gerir as suas práticas sem a intervenção de qualquer adulto. O concelho

de Monchique, situado em pleno interior algarvio, é um exemplo paradigmático. Embora a atividade e o jogo espontâneo dos mais jovens esteja a decrescer, muito por via do desenvolvimento tecnológico e do

clima de desconfiança que, um pouco por toda a parte, se vem instalando, ainda é possível vislumbrar resquícios destas práticas em Monchique. Se, por um lado, é enfatizado que existem diferenças por

vezes significativas entre os que residem em contextos demográficos distintos, tais como o meio urbano e o rural, por outro lado, os estudos efetuados sobre as representações das práticas diárias de jovens

estudantes em regiões marcadas pela problemática da interioridade e da periferia, relativamente a focos populacionais, é escasso. Assim sendo, e também com o intuito de colmatar a lacuna supracitada, pretende-se com esta investigação conhecer o modo como os jovens estudantes no concelho de

Monchique ocupam os seus tempos livres e caracterizar a incidência de prática desportiva e de

atividade física nesta população específica. Para além disso, procurar-se-á ainda averiguar relações causais entre variáveis relacionadas com a prática de atividades físicas/desportivas e variáveis de índole

morfológica, como o índice de massa corporal (IMC), que se sabe estarem associadas a fatores inerentes à saúde e ao bem-estar do ser humano ao longo da sua vida.

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Métodos Aproximação experimental ao problema

Esta investigação utilizou um instrumento – Questionário “Ocupação dos Tempos Livres e Prática Desportiva” – no intuito de recolher um conjunto de dados de crianças e adolescentes do concelho de

Monchique para que, posteriormente, se pudesse não apenas caracterizar o modo como ocupam os

seus tempos livres, mas também conhecer as incidências de prática desportiva e de atividade física nesta população. O questionário é composto por quatro secções: a) Dados biográficos, b) Questão 1,

acerca das atividades usualmente realizadas nos tempos livres, c) Questão 2, relacionada com a prática

ou não de exercício físico ou desporto orientado por um professor, treinador ou monitor fora do contexto escolar (Educação Física, Desporto Escolar ou Atividades de Enriquecimento Curricular) e d) Questão 3, sobre o hábito de efetuar ou não atividade física sem ser estruturada por um professor,

treinador ou monitor. Em cada uma destas secções, os participantes encontraram dois tipos de alíneas:

as de resposta curta, para escrever, por exemplo, os respetivos dados biográficos e as atividades física/desportivas praticadas e as de escolha múltipla, em que tinham de indicar, por meio de cruz a(s)

opção/opções certa(s). Este instrumento é fundamentalmente quantitativo, na medida em que permite a recolha de dados para tratar e analisar mediante diversos procedimentos estatísticos. Participantes

Neste estudo participaram 243 alunos, com uma idade mínima de 7.84 e máxima de 17.33 anos. Na

Tabela 1 estão indicadas as distribuições da amostra, por ciclo de escolaridade e género, sendo também

apresentada a respetiva estatística descritiva (média ± desvio padrão) relativamente à idade decimal, peso, estatura e IMC.

Tabela 1. Distribuição (por ciclo de escolaridade e género) e caracterização da amostra de participantes (média ± desvio padrão).

Dimensão (n) Género (masc. | femin.) Idade Decimal (anos) Peso (kg) Estatura (m) IMC (kg/m2)

1º Ciclo

28

59

2º Ciclo

3º Ciclo

33 31 10.86 ± 0.64 40.88 ± 12.08 1.45 ± 0.09 19.35 ± 4.53

62 58 13.77 ± 1.27 54.94 ± 13.43 1.60 ± 0.09 21.41 ± 4.31

64

31

8.74 ± 0.6 30.86 ± 7.29 1.32 ± 0.07 17.52 ± 3.0

120

Procedimentos

A aplicação dos questionários foi realizada em contexto escolar, mais concretamente, nas aulas de

Atividade Física e Desportiva com os alunos do 1º ciclo (3º e 4º anos de escolaridade) e nas aulas de Formação Cívica com os alunos do 2º (5º e 6º anos) e 3º ciclos (7º, 8º e 9º anos). Foi solicitado aos professores que fizessem uma introdução oral ao questionário, contemplando uma breve explicação 3

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sobre o seu preenchimento. Os participantes deveriam responder aos questionários individualmente e

em silêncio. Por sua vez, a recolha dos dados antropométricos dos alunos (peso e estatura) foi concretizada pelos professores de Educação Física do Agrupamento de Escolas de Monchique, no

âmbito da aplicação da bateria de testes do Fitnessgram, que consta nos Programas Nacionais de Educação Física. Os dados dos questionários e das medições antropométricas foram, primariamente, introduzidos numa folha do Microsoft Office Excel 2007 e, posteriormente, exportados para o SPSS Statistics, versão 17.0. Para o tratamento dos dados recorreu-se a procedimentos simples de estatística descritiva (frequências absolutas, frequências relativas, médias e desvios padrão) e a procedimentos de

inferência estatística (testes do qui quadrado, testes t e coeficientes de correlação linear de Pearson). Para as provas estatísticas considerou-se uma probabilidade de erro tipo I (α) de 0.05. Limitações

Esta investigação apresenta algumas limitações do ponto de vista metodológico que importa referir.

Embora a dimensão da amostra seja muito interessante, o número de questionários anulados (47) foi considerável. Este facto dá-nos a entender que a uniformidade pretendida na apresentação e explicação

dos questionários aos alunos, por parte de alguns professores, não foi cumprida, daí o elevado número de questionários inválidos. Por outro lado, sendo o instrumento de investigação um questionário, corre-

se sempre o risco de os participantes não serem totalmente honestos no preenchimento dos mesmos.

Para além disso, apesar de os alunos serem pesados e medidos pelos professores de acordo com o mesmo protocolo, tal não sucedeu, rigorosamente, com os mesmos instrumentos de medida

(estadiómetro e balança), pelo que poderão existir ligeiras flutuações nos dados decorrentes desta nuance. Ainda assim, não acreditamos que as limitações metodológicas acima mencionadas descredibilizem a globalidade da informação obtida acerca desta população no estudo.

Resultados e Discussão Ocupação dos tempos livres

Por tempo livre entende-se o período em que a criança pode tomar decisões, só ou em comunhão com os pais, sobre o tipo de práticas a realizar, quer se trate de uma decisão que implique um momento ou

uma prática sistemática, mesmo quando esta é orientada (Pereira & Neto, 1994). Quando questionados acerca das três atividades que mais realizam nos tempos livres, os participantes, independentemente do

ciclo de ensino, mencionaram Andar de bicicleta (15.6%), seguindo-se Ver TV (14%), Praticar desporto

(13.2%), Usar PC (11%), Ouvir música (8.5%), Jogar videojogos (7.4%), Estar com os amigos (5.3%),

Estudar (4.9%), Fazer TPC’s (4.8%), Descansar (2.7%), Desenhar/pintar (2.6%), Ler (2.5%), Ir ao cinema

(1.8%), Tocar instrumentos (1.4%) e, finalmente, Estar com os pais (1.1%), Ajudar os pais (1.1%) e Outros

(1.1%).

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Curiosamente, a primeira e a terceira atividades mais selecionadas estão relacionadas com a

prática de atividade física e de desporto, ainda que se destaquem algumas atividades associadas à

problemática do sedentarismo e do desenvolvimento tecnológico (ver TV, usar o PC ou jogar videojogos). Ao invés do que sucede nas grandes cidades, em que se assiste a um aumento da

densidade populacional e de tráfego, o envolvimento físico em Monchique ainda facilita a adesão das crianças e adolescentes a atividades físicas como o simples andar de bicicleta. Neste concelho, as

condições dos espaços exteriores (ruas, largos, cerros, etc.) em zonas adjacentes à habitação permitem, de maneira geral, que os jovens possam desenvolver a sua motricidade através de práticas informais, independentemente de possuírem ou não companhia. Como refere Neto (2003), a qualidade do

envolvimento físico é um fator que influencia enormemente o tempo e a frequência de atividades físicas com cariz informal e lúdico, e que poderá ser potenciado caso exista companhia (i.e., amigos). Por outro lado, à globalização está inerente a adoção de práticas que privilegiam o uso de meios tecnológicos e o

acesso à informação. Neste particular, a utilização de computadores, o acesso à internet e o tempo

despendido a ver televisão ou a jogar videojogos tem aumentando imenso nos últimos anos. No concelho de Monchique tal não é exceção, como se pode constatar pelo número de jovens estudantes que referiram este tipo de atividades como uma das suas preferidas para ocupar os tempos livres.

Na Figura 1 é possível verificar a distribuição das atividades que os alunos normalmente

realizam para ocupar os seus tempos livres, em função do ciclo de escolaridade.

Figura 1. Distribuição das atividades preferidas dos alunos, por ciclo de ensino. 5

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O resultado da inferência estatística mostrou que a distribuição das atividades efetuadas pelos

participantes nos seus tempos livres não é homogénea nos três ciclos de escolaridade (χ2(32) = 49.85; p

= 0.023). Isto significa que existe diferenças significativas, entre os ciclos de ensino, na distribuição das atividades mais realizadas pelos estudantes no concelho de Monchique.

Andar de bicicleta foi a atividade mais referida pelos estudantes dos 1º e 2º ciclos de

escolaridade (15.8% e 19.8%, respetivamente). No caso dos estudantes o 3º ciclo, ver TV foi a prática

mais indicada na ocupação dos tempos livres (14.4%), o que demonstra uma inversão na preponderância da atividade mais mencionada nos alunos mais velhos. É precisamente neste ciclo de

escolaridade que as percentagens de práticas mais ativas (i.e., andar de bicicleta e praticar desporto)

atingem os menores valores relativos (i.e., percentagens), embora continuem a figurar nas posições cimeiras das atividades mais indicadas pelos participantes. É nos alunos do 2º ciclo que parece haver

uma maior tendência para a prática de atividades físicas e desportivas. Por seu turno, as frequências relativas (%) de ver TV, usar o PC e ouvir música aumentam do 1º para o 3º ciclo, o que nos deixa

entender que, à medida que os estudantes se tornam mais velhos, aumenta também a preferência e prática por atividades mais sedentárias e relacionadas com o desenvolvimento tecnológico que caracteriza, de sobremaneira, a tão aclamada “sociedade da informação”.

Porém, e o que importa destacar é que 28.8% dos participantes refere preferir efetuar

atividades físicas e/ou desportivas nos seus tempos livres. Nos tempos que hoje correm, em que é tão

usual encontrar estilos de vida sedentários, com todas problemáticas daí decorrentes, este valor não

deixa de ser razoável, ainda que muito aquém do que seria desejável para uma adoção generalizada de estilos de vida saudáveis e ativos. Incidência de prática desportiva

No intuito de conhecer a incidência de prática desportiva na amostra, os participantes tiveram de responder à seguinte questão “Fora do contexto escolar (Educação Física, Desporto Escolar ou

Atividades de Enriquecimento Curricular), praticas regularmente exercício físico ou desporto orientado por um professor, treinador ou monitor?” e alíneas subsequentes.

Os resultados mostraram que 124 participantes (51%) praticam exercício físico ou desporto

orientado por um técnico responsável fora do contexto escolar, enquanto que 119 (49%) não o fazem.

Se é verdade que nem todas as crianças e adolescentes têm de ser desportistas, 49% parece ser um número bastante avultado de indivíduos a não adotar um tipo de prática formal fora do contexto

escolar. Um dos motivos que podemos adiantar para os resultados obtidos é a pouca diversidade de “oferta desportiva” existente em Monchique, que rondará à volta da dezena de modalidades desportivas proporcionadas à população infanto-juvenil do concelho. Na perspetiva de Elias, Neto, &

Sobral (2007) e Kittä (2004; citado por Almeida & Neto, 2007), os indicadores demográficos parecem condicionar significativamente os jovens na participação desportiva. Se, por um lado, há uma redução 6

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de mobilidade da criança nas grandes cidades, por outro, a “oferta desportiva” é bastante superior aos

meios rurais, pelo que as possibilidades de participação em atividades desportivas organizadas são, naturalmente, acrescidas.

A Tabela 2 especifica a distribuição das frequências absolutas e relativas da incidência de prática

desportiva nos jovens estudantes no concelho de Monchique, por ciclo de escolaridade e género.

Tabela 2. Distribuição (por ciclo de escolaridade e género) das frequências absolutas (e relativas: %) da incidência de prática desportiva nos jovens estudantes no concelho de Monchique.

Pratica desporto? Sim Não Género Masculino (Sim | Não) Género Feminino (Sim | Não)

1º Ciclo 32 (13.2%) 27 (11.1%) 17 11 (13.8%) (8.9%) 15 16 (12.5%) (13.3%)

2º Ciclo 34 (14%) 30 (12.3%) 21 12 (17.1%) (9.8%) 13 18 (10.8%) (15%)

3º Ciclo 58 (23.9%) 62 (25.5%) 38 24 (30.9%) (19.5%) 20 38 (16.7%) (31.7%)

Total 124 (51%) 119 (49%) 76 47 (61.8%) (38.2%) 48 72 (40%) (60%)

O teste do qui quadrado revelou que a distribuição das frequências absolutas é homogénea

entre os ciclos de ensino (χ2(2) = 0.704; p = 0.714), ou seja, não se verificaram diferenças significativas

entre os três ciclos na distribuição das respostas à questão acerca da incidência de prática desportiva.

Podemos também constatar que, nos 1º e 2º ciclos, o número de participantes que referem praticar

exercício físico e/ou desporto orientado é superior ao número de alunos que não realizam, evidência que se inverte ao nível do 3º ciclo. O mesmo significa asseverar que os valores relativos de jovens que praticam desporto no concelho de Monchique decrescem à medida que se progride no percurso escolar. Este facto é congruente com a observação elaborada no ponto respeitante à ocupação dos tempos

livres, cuja tendência para preferir outras atividades dissociadas da atividade física e/ou desportiva foi superior no 3º ciclo. De acordo com Sallis & Owen (1999; citados por Vasconcelos & Maia, 2001), parece

que os adolescentes estão a adotar os hábitos sedentários dos adultos, bem como a forma de encarar o exercício físico/desporto, nomeadamente os habituais motivos para não o realizarem.

No que concerne com o género dos participantes, a distribuição das frequências absolutas não

foi homogénea (χ2(1) = 11.539; p = 0.001). É possível verificar que a incidência de prática desportiva é

superior entre os elementos do género masculino (61.8%), decrescendo consideravelmente entre

elementos do género oposto (40%). Neste particular, podemos acrescentar que o número de raparigas

estudantes que não praticam desporto é sempre superior ao número de raparigas que praticam nos três ciclos de escolaridade, precisamente ao invés do que sucede com os rapazes. A este facto não será

alheia a menor “oferta desportiva” existente no concelho de Monchique para crianças e adolescentes

do género feminino, designadamente em termos de jogos desportivos coletivos. Além disso, estes resultados estão em consonância com a vasta literatura consultada por Vasconcelos & Maia (2001), na qual se averiguou que os rapazes são efetivamente mais ativos do que as raparigas em todas as idades.

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A distribuição das modalidades desportivas praticadas pelos participantes no estudo, por

género, encontra-se expressa na Figura 2.

Figura 2. Distribuição das modalidades desportivas praticadas pelos participantes, por género.

Os procedimentos estatísticos demonstram que as distribuições das modalidades desportivas

não são homogéneas entre os dois géneros (χ2(12) = 55.079; p = 0.001). De entre os indivíduos do

género masculino, o Futebol é o desporto mais praticado (72.4%), seguindo-se as categorias Duas ou

mais (7.9%), Natação (6.6%), Badminton (5.3%), Outras (2.6%), Atletismo (1.3%), Capoeira (1.3%), Karaté (1.3%) e Ténis de mesa (1.3%). No que diz respeito ao género feminino, a distribuição da prática

desportiva acaba por ser mais uniforme; a Natação é a modalidade mais realizada (25%), surgindo, subsequentemente, Duas ou mais (18.8%), Ginástica (14.6%), Badminton (10.4%), Futebol (10.4%),

Atletismo (6.3%), Capoeira (4.2%), Ténis (4.2%), Outras (4.2%) e Dança (2.1%).

Os rapazes realizam 263.68 ± 142.6 (média ± desvio padrão) minutos de prática desportiva por

semana, enquanto as raparigas despendem 203.75 ± 129.07 minutos. A inferência estatística demonstrou que existem diferenças significativas entre os dois géneros no tempo de prática desportiva

semanal (t(227.023) = 4.206; p = 0.001). Por sua vez, a correlação existente entre o tempo de prática desportiva semanal e o IMC, embora seja negativa (i.e., quanto maior o tempo de prática desportiva,

menor o IMC), apresenta um valor extremamente baixo (r = - 0.083) e, por isso, sem significado

estatístico (p = 0.198).

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Em relação aos participantes que declararam não praticar desporto, foi-lhes solicitado que

referissem o motivo pelo qual não efetuam. A distribuição das respostas foi homogénea entre os

indivíduos dos dois géneros (χ2(6) = 7.83; p = 0.251). Nos rapazes, a categoria Outro (27.7%) foi a mais

selecionada, seguindo-se Falta transporte (19.1%), Pais não deixam (19.1%), Amigos não andam

(10.6%), Não gosto de competir (10.6%), Não gosto de compromissos (10.6%) e É caro (2.1%). Para as

raparigas, também a categoria Outro (29.2%) foi a mais indicada, surgindo de seguida Não gosto de

competir (23.6%), Não gosto de compromissos (18.1%), Falta transporte (11.1%), Pais não deixam

(9.7%), Amigos não andam (5.6%) e É caro (2.8%). Enquanto para os elementos masculinos são aspetos exteriores aos próprios que mais condicionam a adesão à prática desportiva, para o género feminino são

razões de ordem pessoal que adquirem maior preponderância, nomeadamente o desprazer pela competição e por compromissos de cariz desportivo. Atividade física no quotidiano dos participantes

As respostas à questão “Tens como hábito fazer atividade física, sem ser estruturada por um professor,

treinador ou monitor?” mostraram que 75.3% dos participantes referem efetuar atividade física

regularmente; ao invés, apenas 24.7% da amostra não manifesta esse hábito. Estes valores reforçam a relevância que o envolvimento físico parece deter nas possibilidades que oferece aos jovens para exteriorizar as necessidades de movimento do organismo humano.

Para nos apercebermos de como as respostas dos participantes no estudo foram distribuídas,

por ciclo de escolaridade e género, é fundamental consultar a Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição (por ciclo de escolaridade e género) das frequências absolutas (e relativas: %) acerca da realização de atividade física nos jovens estudantes no concelho de Monchique.

Atividade física? Sim Não Género Masculino (Sim | Não) Género Feminino (Sim | Não)

1º Ciclo 52 (21.4%) 7 (2.9%) 23 5 (18.7%) (4.1%) 29 2 (24.2%) (1.7%)

2º Ciclo 50 (20.6%) 14 (5.8%) 26 7 (21.1%) (5.7%) 24 7 (20%) (5.8%)

3º Ciclo 82 (33.7%) 38 (15.6%) 45 17 (36.6%) (13.8%) 37 21 (30.8%) (17.5%)

Total 183 (75.3%) 60 (24.7%) 94 29 (76.4%) (23.6%) 90 30 (75%) (25%)

Os procedimentos estatísticos demonstraram que a distribuição das frequências absolutas da

realização ou não de atividade física não foi homogénea entre os três ciclos de escolaridade (χ2(2) = 8.710; p = 0.013). Verificamos que a tendência de respostas negativas tende a aumentar progressivamente do 1º para o 3º ciclo de escolaridade, o que corrobora o que foi atrás mencionado: entre os alunos mais velhos observa-se um decréscimo significativo no hábito de efetuar atividade física,

em prol de outras práticas mais sedentárias e nefastas para a saúde e para o desenvolvimento dos

jovens. A constatação é corroborada por Vasconcelos & Maia (2001) ao referirem que um dos fatores que mais contribui para sedentarização dos jovens é a redução de esforços físicos nos tempos livres, 9

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onde se privilegia o visionamento de televisão, os jogos eletrónicos e de computador, o socializar sentados, etc. Os autores aludem a um “ciclo vicioso”, em que a redução do nível de atividade física

conduz a uma diminuição ou deterioração da condição física que, por sua vez, se transforma numa menor atração pela atividade física e, em última instância, se reflete numa maior morbilidade.

Atendendo aos dois géneros, a distribuição das respostas dos jovens foi homogénea na sua

globalidade (χ2(1) = 0.067; p = 0.796). Os valores obtidos (absolutos e relativos) são similares nos três ciclos de escolaridade, mantendo-se a tendência de um acréscimo significativo no número de indivíduos que declaram não realizar habitualmente atividade física do 1º para o 3º ciclo. O declínio da prática de atividade física foi significativo, ao invés do que foi apurado na investigação de Vasconcelos & Maia

(2001), em crianças e jovens de ambos os géneros, antes dos 19 anos. A Figura 3 expõe a distribuição das atividades físicas indicadas pelos participantes, por género.

Figura 3. Distribuição das atividades físicas habitualmente realizadas pelos participantes, por género.

O teste do qui quadrado revelou que as distribuições não são homogéneas entre os indivíduos

dos géneros masculino e feminino (χ2(7) = 23.359; p = 0.001). A atividade mais mencionada pelos

rapazes foi Andar de bicicleta (33%), seguindo-se as categorias Duas ou mais (29.8%), Jogar à

bola/futebol (22.3%), Outras (8.5%), Andar/correr/saltar (4.3%) e Andar de patins/skate (2.1%). No caso das raparigas, a prevalência das atividades referidas enaltece uma maior diversidade de práticas. A categoria mais indicada foi Duas ou mais (42.2%), depois sugiram Andar de bicicleta (25.6%), 10

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Andar/correr/saltar (15.6%), Jogar à bola/futebol (5.6%), Outras (4.4%), Andar de patins/skate (2.2%), Jogar à apanhada/escondidas (2.2%) e Nadar (2.2%).

Importa também ressalvar que, entre os dois géneros, se obtiveram diferenças significativas no

tempo de atividade física semanal (t(189.031) = 2.612; p = 0.01). Os rapazes efetuam 230.57 ± 324.086 (média ± desvio padrão) minutos de atividade física, porquanto as raparigas despendem 143.5 ± 175.756

minutos neste tipo de prática. A correlação entre o tempo de atividade física semanal e o IMC é

negativa, de valor muito reduzido e sem significado estatístico (r = - 0.011; p = 0.862). Mais de metade

dos participantes que afirmaram realizar atividade física fazem-no com Amigos (51.1%); as respostas

Sozinhos (22.8%), com Familiares (22.3%) e com Colegas de turma (3.8%) surgem posteriormente, por

ordem decrescente de ocorrência. Em termos de contexto, os jovens estudantes efetuam mais atividade física na Rua (73.9%), surgindo a Casa (16.8%), a Escola (7.6%) e Outro (1.6%) como os locais menos

selecionados. O facto de a grande maioria dos participantes mencionar a rua como local onde executa predominantemente atividade física é uma prova cabal das possibilidades que o concelho de Monchique

ainda oferece para a adoção, de modo seguro e regular, de estilos de vida saudáveis e ativos, desde o período da infância.

Os participantes que não fazem atividade física, quando confrontados com o principal motivo

para tal, responderam em 55.9% das vezes que Preferem outras coisas. Não tenho tempo (22%), Outro

(11.9%), Não tenho espaço (6.8%), Amigos não fazem (1.7%) e Pais não deixam (1.7%) foram os outros

motivos referidos, por ordem decrescente de frequência relativa. Contrariamente ao que sucede nas

grandes cidades, onde a falta de espaço e de tempo é uma constante para as crianças/jovens que nelas habitam, em Monchique esses não parecem ser os principais motivos para a inatividade física. Prática desportiva, atividade física e saúde

Atualmente, sabe-se que a inatividade física é um fator de risco de doenças cardiovasculares que estão na origem das principais causas de morte, de incapacidade e da ausência de qualidade de vida dos indivíduos nas sociedades contemporâneas. Segundo Vasconcelos & Maia (2001), não é somente a inatividade física, mas também o excesso de peso que constituem fatores comportamentais de risco

para este tipo de doenças. Neto (2003) refere que a tendência para se manter uma criança intelectualmente ativa e corporalmente passiva implica uma atenção especial e urgente por parte dos

especialistas ligados à educação e à saúde. A necessidade de atividade física e de jogo espontâneo na

infância e na adolescência é crucial, se não mesma decisiva, para promover hábitos saudáveis inerentes a uma vida ativa.

Na tabela 4 é possível verificar a distribuição (por ciclo de escolaridade) do número de

indivíduos pelas classes de IMC, segundo os valores de corte definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2007, para crianças e adolescentes: Magreza (< Percentil 3), Normal (≥ Percentil 3 e < Percentil 85), Pré-obesidade (≥ Percentil 85 e < Percentil 97) e Obesidade (≥ Percentil 97). 11

Organização: Junta de Freguesia de Monchique

Tabela 4. Distribuição (por ciclo de escolaridade) das frequências absolutas (e relativas: %) de participantes pelas classes de IMC definidas segundo os valores de corte da OMS (2007).

Magreza Normal Pré-obesidade Obesidade Total

1º Ciclo 2 (0.8%) 35 (14.4%) 18 (7.4%) 4 (1.6%) 59 (24.3%)

2º Ciclo 2 (0.8%) 40 (16.5%) 12 (4.9%) 10 (4.1%) 64 (26.3%)

3º Ciclo 0 (0%) 85 (35%) 26 (10.7%) 9 (3.7%) 120 (49.4%)

Total 4 (1.6%) 160 (65.8%) 56 (23%) 23 (9.5%) 243 (100%)

Visualizando a tabela, podemos aferir que 32.5% do total da amostra (79 participantes)

apresenta excesso de peso (pré-obesidade) ou obesidade. De acordo com a OMS (2010), a prevalência de pré-obesidade e obesidade (IMC ≥ 25 kg/m2) em Portugal é de 60.9% para género masculino e de 51.2% para o género feminino, em indivíduos com idade superior a 15 anos. Antunes & Moreira (2011),

na sua extensa meta-análise sobre prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes portugueses, constataram que este indicador variou entre os 25.5 e os 45% para o género

masculino e entre os 23.5 e os 39.5% para o género feminino, segundo os critérios da OMS. A

prevalência nos jovens estudantes no concelho de Monchique está longe dos valores médios registados para os adultos portugueses, contudo está dentro do intervalo de resultados obtidos noutros estudos similares, pelo que não deixa de ser um caso preocupante.

Por sua vez, o teste de qui quadrado demonstrou que a distribuição do número de participantes

pelas classes de IMC foi homogénea entre os três ciclos de escolaridade (χ2(6) = 10.401; p = 0.109). Em

todos, observaram-se valores relativos superiores de participantes com IMC normal, seguindo-se as classes pré-obesidade, obesidade e magreza. Estatisticamente, não existe evidência de que, nos anos de

escolaridade mais adiantados, se constate uma percentagem significativamente superior de alunos com

excesso de peso (pré-obesidade) ou obesidade, ainda que tenda a aumentar a preferência, nos tempos livres, por atividades que não primem tanto pelo exercício físico e pelo desporto.

Anteriormente, apurámos que os tempos de prática semanal de desporto e de atividade física

não apresentaram uma correlação significativa com a variável IMC. A junção destes dois tempos semanais de prática (desporto + atividade física) também revelou a existência de uma correlação

negativa fraca com o IMC (r = - 0.05; p = 0.434), o que comprova que o tempo semanal, per se, pouco

nos diz a propósito da ponderação que a prática de desporto e/ou de atividade física possuiu na

prevenção do excesso de peso, da obesidade e de doenças cardiovasculares em determinadas populações. Por exemplo, uma pessoa pode andar durante três horas e obter um dispêndio energético (kcal) igual ou inferior a outra que pratica futebol durante uma hora. Neste sentido, comparámos as

médias do IMC dos participantes que praticam desporto (19.31 ± 3.81 kg/m2) e dos que declararam não

praticar (20.56 ± 4.85 kg/m2). A inferência estatística mostrou a existência de diferenças significativas

entre os que praticam e os que não o fazem (t(241) = - 2.238; p = 0.026). Relativamente à realização de

atividade física, os valores médios de IMC dos que afirmam realizar (19.89 ± 4.57 kg/m2) são idênticos 12

II Jornadas Jovens de Monchique (27-Dez-2011)

aos que não efetuam (20 ± 3.79 kg/m2); obviamente, a prova estatística não evidenciou diferenças

significativas (t(241) = - 0.158; p = 0.875). Portanto, a prática de exercício físico ou desporto, orientado

por um professor, treinador ou monitor, parece ser mais preponderante para a prevenção do excesso

de peso e da obesidade do que a atividade física propriamente dita.

Conforme verificado por Antunes & Moreira (2011), os resultados confirmam o excesso de peso

e obesidade como um grave problema de saúde pública em crianças e adolescentes portugueses, sendo

necessário reprimir esta epidemia e inverter a situação o mais rapidamente possível. É essencial que a prática de desporto e/ou atividade física seja incentivada e reforçada. As estratégias para o fazer podem provir de contextos tão distintos como a escola, entidades autárquicas ou clubes desportivos, embora o ideal seja a consciencialização da sociedade em geral. Na perspetiva de Garcia, Broda, Frenn, Coviak, Pender & Ronis (1995; citados por Vasconcelos & Maia, 2001), uma das estratégias eficazes para

encorajar o aumento do exercício nos dois géneros sexuais, durante a infância e adolescência, consiste

numa maior exposição a modelos fisicamente ativos, que estabeleçam regras para se exercitarem e que

forneçam um apoio emocional e material para ser ativo. Estamos em crer que, de momento, a maioria dos portugueses em idade adulta não são as melhores referências para as nossas crianças e adolescentes. A mudança de mentalidades e disposições é urgente.

Conclusão

Esta investigação permitiu inferir que, entre as atividades mais realizadas nos tempos livres pelos jovens estudantes no concelho de Monchique, se encontram práticas relacionadas com a atividade física e o desporto. Como seria de esperar, destacam-se ainda outras atividades associadas ao desenvolvimento

tecnológico (ver TV, usar o PC ou jogar videojogos) e ao sedentarismo. O envolvimento físico do concelho de Monchique parece assumir-se como um fator propiciador da adoção de estilos de vida

ativos e saudáveis. Constatámos também que, à medida que os alunos progridem nos anos de escolaridade, acresce a preferência por práticas que privilegiam a inatividade física. No cômputo geral, a

percentagem de participantes que declarou preferir atividades físicas e/ou desportivas nos seus tempos livres ficou aquém do desejado.

Verificou-se que cerca de metade da amostra pratica exercício físico ou desporto orientador por

um técnico responsável fora do contexto escolar. Um dos aspetos que pode condicionar uma maior

adesão à prática desportiva é a pouca diversidade de “oferta desportiva” existente no concelho de

Monchique. Embora não seja significativo, observou-se um decréscimo dos valores relativos de jovens que praticam desporto à medida que se avança no ciclo de escolaridade. Por outro lado, a incidência de

prática desportiva obteve resultados significativamente superiores nos indivíduos do género masculino.

Até a própria distribuição das modalidades desportivas praticadas não foi homogénea entre os dois géneros.

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Organização: Junta de Freguesia de Monchique

No que diz respeito à atividade física, cerca de 3/4 dos participantes manifestou o hábito de

realizar atividade física regularmente. Conforme averiguado para a prática desportiva, o número de estudantes que mencionou não praticar atividade física aumentou do 1º para o 3º ciclo de escolaridade,

desta feita de forma significativa. Para além de a distribuição das atividades físicas mencionadas não ser

homogénea entre os dois géneros, também os rapazes despendem, significativamente, mais tempo

semanal em atividade física do que as raparigas. A maioria dos participantes indicou a rua como o espaço onde predominantemente efetua atividade física, o que confirma as potencialidades do

concelho de Monchique para a adoção de estilos de vida saudáveis e ativos, desde as idades mais tenras.

Por último, a investigação permitiu apurar que um número considerável de participantes

apresenta excesso de peso (pré-obesidade) ou obesidade. A prevalência deste grave problema de saúde

pública está dentro do intervalo de resultados obtidos noutros estudos. Ainda que no 3º ciclo diminuam os valores relativos de indivíduos que praticam atividade física e/ou desportiva, relativamente aos

outros ciclos de ensino, a percentagem de estudantes com excesso de peso ou obesidade não foi significativamente superior. Neste âmbito, parece que o exercício físico ou o desporto, orientado por um professor, treinador ou monitor é mais determinante para a prevenção do excesso de peso e da

obesidade do que a prática informal de atividade física. Deste modo, é urgente que a sociedade contemporânea se consciencialize que a realização regular de atividade física e/ou de desporto é, salvo

algumas exceções, sinónimo de saúde e vitalidade. Para que se constituam como bons exemplos para os

mais novos, a maioria dos portugueses adultos ainda terá de ultrapassar um duro processo de mudança de mentalidades e disposições. O desafio é enorme.

Agradecimentos

Para a concretização deste trabalho de investigação foi crucial a colaboração dos meus colegas de setor Emanuel Varela e Luís Inácio (técnicos superiores de desporto) na elaboração e aplicação dos

questionários e de Pedro Duarte (nadador salvador) na introdução dos dados na folha de Excel. O meu muito obrigado.

Pretendo ainda agradecer à D. Lisete Inácio – auxiliar de ação educativa – pelo apoio prestado

na distribuição e recolha dos questionários na escola EB 2,3 de Monchique. Em relação a este

estabelecimento de ensino, devo também a minha gratidão à sua diretora e aos professores que, de alguma forma, se viram envolvidos no estudo.

Referências

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II Jornadas Jovens de Monchique (27-Dez-2011)

Antunes, A., & Moreira, P. (2011). Prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes portugueses. Acta Médica Portuguesa, 24, 279-284.

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