Tendências da pesquisa brasileira em Neurociências

June 2, 2017 | Autor: Natascha Hoppen | Categoria: Bibliometrics, Scientometrics, Neurociencias, Bibliometria, Cientometria, Neurosciences
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Tendências da pesquisa brasileira em Neurociências Natascha Helena Franz Hoppen1, Samile Andréa de Souza Vanz2 1 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, [email protected] 2 Professora adjunta do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, [email protected]

INTRODUÇÃO

METODOLOGIA

Por reunir os estudos sobre o sistema nervoso, a Neurociências é fundamentalmente interdisciplinar e possui interface com diversas outras áreas como Farmacologia, Educação, Bioquímica e etc. (SHAHABUDDIN, 2013). O estudo do cérebro e suas enfermidades também são de suma importância na atualidade, devido ao aumento de doenças mentais e neurológicas (WORLD..., 2001). Alguns estudos mapearam a situação da Neurociências em países como China (XU; CHEN; SHEN, 2003), Cuba (DORTA-CONTRERAS et al., 2008), Índia (SHAHABUDDIN, 2013) e Irã (ASHRAFI et al., 2012). No Brasil, a pesquisa parece estar mais relacionada às Ciências Biológicas e às Ciências Médicas, configurando uma divisão entre “Neurociência básica” e “Neurociência clínica” (VENTURA, 2004, 2010; BASCHECHI, GUERREIRO, 2004), no entanto, ainda não existem estudos bibliométricos relacionados ao tema. Este trabalho objetiva 1) através de levantamento bibliográfico, identificar uma estratégia de busca que represente a pesquisa em Neurociências brasileira; 2) identificar a produção científica e as temáticas e áreas que publicam em Neurociências no Brasil.

O estudo contempla artigos publicados por brasileiros entre 2006 a 2012 indexados pelos três índices da Web of Science (WoS). Utilizou-se uma estratégia de pesquisa adaptada do trabalho de Dorta-Contreras e colaboradores (2008), que caracterizam a Neurociência como o campo do conhecimento que estuda o cérebro e enfermidades que o afetam, restringindo-se assim a pesquisa para documentos que contemplem o termo Brazil no campo CU (país) e no campo WC (Web of Science Categories) os assuntos Clinical neurology, Neuroimaging, Neurosciences, Psychiatry e ainda, Psychology, Biological. Os dados foram coletados em dezembro de 2013 e analisados através dos softwares Bibexcel, Excel e Vosviewer. Para análise dos temas de pesquisa foi utilizado o campo Keywords Plus (KW+), palavraschave geradas pela WoS a partir de algoritmo que extrai palavras ou expressões significativas de todos os títulos citados nos papers da pesquisa (GARFIELD, 1990, c2014; THOMSON REUTERS, c2010).

RESULTADOS Figura 1 - Densidade das KeyWords Plus com mais de cem ocorrências da produção brasileira em Neurociência publicada na WoS entre 2006 e 2012

Os resultados demonstram que a estratégia de busca adotada cobre satisfatoriamente a Neurociências brasileira, incluindo aspectos de pesquisa clínica e aspectos de pesquisa básica e experimental, o que significa está de acordo com a definição e divisão da área adotada por neurocientistas do país, que a dividem em “neurociências clínicas” e “neurociências básicas” (BACHESCHI; GUERREIRO, 2004). A densidade dos termos, medida pelo número de ocorrências das principais KW+ podem ser vistas na figura 1, onde as cores variam de vermelho (maior quantidade de ocorrências e densidade do termo) a azul (menor densidade). A presença das neurociências clínicas fica evidente no aparecimento de palavras-chave relacionadas à enfermidades: depressão, doença de Alzheimer; diagnóstico; doenças; desordens; ansiedade; esquizofrenia; sintomas; depressão maior; demência; risco; estresse; transtorno bipolar e etc. Já a pesquisa básica e laboratorial, fica evidente a partir do aparecimento de diversas denominações distintas para “rato” e “camundongo” (rats; rats-brain; mice), de teste laboratorial que utiliza este tipo de animal de laboratório (labirinto em cruz elevado), além de outras palavras-chave relacionadas a processos e experimentos laboratoriais (in-vitro; in-vivo; modelo animal; célula).

z z z z Fonte: dados da pesquisa visualizados através do software Vosviewer.

Foram encontrados 8.270 artigos indexados entre 2006-2012: 986 em 2006, 1.071 em 2007, 1.132 em 2008, 1.227 em 2009, 1.244 em 2010, 1.264 em 2011 e 1.346 em 2012, representando uma elevação de 36,5% no período com média de 5,36% ao ano. Tal crescimento é levemente menor que os cerca de 8% anuais mencionados por Glanzel, Leta e Thijs (2006) para publicações brasileiras de todas as áreas, tendo como fonte também a WoS. Mais de 95,5% dos artigos foram redigidos em inglês, em coautoria com 55 países distintos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo identificou uma produção científica crescente no período 2006-2012. Os termos Clinical neurology, Neuroimaging, Neurosciences, Psychiatry e Psychology, Biological usados como estratégia de busca na categoria WC se mostraram corretos e precisos na recuperação de trabalhos da Neurociências brasileira, que contempla os aspectos experimental e clínico. Novas etapas se seguirão a partir deste estudo preliminar, como correção de nomes de autor e instituições, a fim de mapear redes de colaboração, aprofundar as análises e desvelar mais características desta importante área do conhecimento.

REFERÊNCIAS ASHRAFI, F. et al. Iranian’s contribution to world literature on neuroscience. Health Information and Libraries Journal, v. 29, p. 323-332, 2012. BACHESCHI, L. A.; GUERREIRO, C. A. M.. Situação das neurociências no Brasil: neurociências clínicas. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 56, n. 1, p. 25-26, jan. 2004. CANTO-MATEOS, G. et al. Stem cell research: bibliometric analysis of main research areas through Key Words Plus. Aslib Proceedings: new information perspectives, Bingley, v. 64, n. 6, p. 561-590, 2012. DORTA-CONTRERAS, A. J.et al. Productividad y visibilidad de lós neurocientíficos cubanos: estúdio bibliométrico del período 2001-2005. Revista de Neurología, Barcelona, v. 47, n. 7, p. 355-360, 2008. GARFIELD, E. KeyWords Plus: ISI's breakthrough retrieval method. Part I. Expanding your searching power on Current Contents on Diskette. Current Contents, n. 32, p. 5-9, 6 ago. 1990.

GLÄNZEL, W.; LETA, J.; THIJS, B. Science in Brazil. Part 1: a macro-level comparative study. Scientometrics, Amsterdam, v. 67, n. 1, p. 67-86, 2006.. SHAHABUDDIN, S. M. Mapping neuroscience research in India: a bibliometric approach. Current Science, Bangalore, v. 104, n. 12, 25 jun. 2013. THOMSON REUTERS. Web of Science: quick reference card. Philadelphia: Thomson Reuters, c2010. VENTURA, D. F. Situação das neurociências no Brasil: disciplinas básicas. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 56, n. 1, p. 25-26, jan. 2004. VENTURA, D. F. Um retrato da área de Neurociência e Comportamento no Brasil. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, v. 26, n. especial, p. 123-129, 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Report. Mental health, new understanding, new hope. Geneva: WHO, 2001. XU, W.; CHEN, Y.; SHEN, Z. Neuroscience output of China: a MEDLINE-based bibliometric study. Scientometrics, v. 57, n. 3, p. 399-409, 2003.

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