Tensões, Conflitos e Exclusão - A morte e o morrer num cemitério da vila de Nova Friburgo

June 4, 2017 | Autor: Ronald Lopes | Categoria: Historia Cultural
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TENSÕES, CONFLITOS E EXCLUSÃO: A MORTE E O MORRER EM UM CEMITÉRIO DA VILA
DE NOVA FRIBURGO NO XIX
Mateus Barradas Teixeira[1]
Ronald Lopes de Oliveira[2]

Resumo: Em 1824, proveniente do processo da política de imigração realizada
pela Corte Imperial, se assentou na Vila de São João Batista de Nova
Friburgo - localizada nos Sertões do Leste Fluminense - um grande número de
imigrantes germânicos de origem luterana que, acompanhados pelo seu pastor
Frederich Oswald Sauerbronn dão início a uma comunidade. Originalmente
composta por portugueses e imigrantes suíços majoritariamente Católicos, a
Vila de São João Batista de Nova Friburgo passou a conviver com elementos
culturais não provenientes da estrutura cultural hegemônica baseada no
catolicismo. O objetivo desta comunicação é analisar um panorama mortuário
de um cemitério inaugurado anos 20 do século XIX pelo pastor Sauerbronn,
que foi permeado por conflitos, tensões e exclusões, bem como relações de
alteridade entre variados grupos que ocuparam essa região.
Palavras-chave: enterramento, alteridade, conflito, religião, protestantes,
Nova Friburgo.

Abstract: In 1824 , from the process of immigration policy conducted by the
Imperial Court , sat in the village of Saint John Baptist de Nova Friburgo
- located in Sertões Eastern Fluminense - a large number of German Lutheran
immigrant origin , accompanied by their Frederich pastor Oswald Sauerbronn
begin a community. Originally composed of Portuguese and Swiss immigrants
mostly Catholics , the Village of St. John Baptist de Nova Friburgo went to
live with cultural elements coming from outside the hegemonic cultural
structure based on Catholicism . The purpose of this communication is to
analyze a mortuary panorama of a cemetery opened the 20s of XIX century ,
permeated by conflicts, tensions and exclusions and otherness relationships
between various groups who occupied this region .

Keywords: burial , otherness , conflict, religion, Protestant , Nova
Friburgo .

O povoamento e interiorização dos Sertões do leste Fluminense

O "Vale do Paraíba", é a região que se localiza nas terras banhadas
pelo Rio do Paraíba do Sul compreendendo parte do leste do estado de São
Paulo e o oeste do Rio de Janeiro. Para além da base geográfica, os agentes
também participam do processo de construção desse espaço na medida em que
constroem e são construídos por múltiplas vivencias. [3]
Parte dessa região que envolvia a zona da Mata Mineira e o centro-
norte do Estado do Rio de Janeiro, era chamada de Sertões do Leste e que
era considerada proibida, para evitar o contrabando de ouro por essas
terras.[4] Composta pelas áreas que hoje inclui os municípios atuais de
Teresópolis, Sapucaia, Nova Friburgo, Sumidouro, Duas Barras, Carmo, Bom
Jardim, Cordeiro, Macuco, Cantagalo, Trajano de Morais, São Sebastião do
Alto, Itaocara, São Fidélis, Três Rios, Santa Maria Madalena, São José do
Vale do Rio Preto e parte de Petrópolis, era o lar dos chamados "índios
brabos" [5] e de alguns quilombos. [6]
No transcorrer do século XIX, como parte da política de imigração de
Dom João VI, voltada para a interiorização e consolidação do território
brasileiro, foi autorizada o estabelecimento de uma colônia nessa região,
por um decreto em 1818, comportando cerca de cem famílias agrícolas e um
número suficiente de carpinteiros, curtidores, tecelões, marceneiros e
pedreiros que vieram por uma companhia de Emigração dos cantões de Friburg,
na Suíça. [7]
Para esse projeto, foi comprada a fazenda do Morro Queimado, que
pertencia ao Distrito de Cantagalo. Era composta por quatro sesmarias,
totalizando duas léguas de testada por três fundos, e foi adquirida por
vinte vezes o seu valor e a infertilidade do solo foi omitida na transação.
A partir daí, foram edificadas 100 casas provisórias, pontes, ruas,
estradas, a casa do inspetor, depósito de víveres e utensílios, moinhos,
fornos, enfermaria, botica e quartel de polícia. Com a primeira légua,
foram demarcados 120 lotes. A metade da outra légua destinou-se à criação
da vila de Nova Friburgo e na outra metade foi construída a fazenda São
João do Ribeirão, que permaneceu sob o proveito da coroa. [8]
A região escolhida para a montagem da colônia tinha características
físicas consideradas dificultosas para erigir esse empreendimento: o relevo
montanhoso, floresta densa além do clima frio que não favoreceria o cultivo
de café, porém viria a ser um ponto importante para a transposição da serra
rumo a Cantagalo e a Minas Gerais além de oferecer um circuito hidrográfico
favorável ao abastecimento potável e a orientação da direção do povoamento.
[9]
Dessa forma, essa região acima descrita se chamaria "Vila de São João
Batista de Nova Friburgo" que começaria a ser edificada dentro de um
contexto maior, o Vale do Paraíba fluminense, em que a partir dos fins do
século XVIII a finais do XIX se transformaria de uma região parcamente
povoadas a imensos e modernos cafezais através da escravidão [10], passando
de lugar pouco explorado a centro econômico do império.[11]
A partir de 1814, Cantagalo passa de distrito para vila e, em 1820, é
a vez de Nova Friburgo. [12] A política e a administração eram voltadas
para a relação entre centro e periferia, ou seja, entre a capital do
Império e os Sertões do Leste Fluminense, desta maneira há uma articulação
entre as políticas administrativas do centro e a maior ou menor autonomia
das vilas desses lugares no que tange a essas duas questões. Para além da
constituição de 1824, as câmaras de vereadores foram mantidas como
autoridade e a elas era atribuídos o governo econômico e político da
determinada região, mas a hegemonia do campo político também estava com os
grandes proprietários rurais. [13]

A Vila de São João Batista de Nova Friburgo após a chegada dos imigrantes
alemães e o convívio com os imigrantes suíços

Em 1824, os imigrantes alemães que vieram dos condados germânicos
[14]saem da Armação da Praia Grande em Niterói e seguem rumo à Nova
Friburgo em um número de aproximadamente 300. O trajeto teve um caráter de
urgência tendo em vista a necessária reconstrução da estrada que dava o
acesso, a reforma das habitações na Vila e acionamento dos fazendeiros da
região, como a do Coronel Ferreira, para recebê-los em sua parada ao pé da
serra. Chegando na sede da Vila foram alojados nas casas da Praça da
Justiça.[15]

De acordo com os relatórios enviados por Monsenhor Miranda, Inspetor
da Colonização dos Negócios Estrangeiros a Quévrémont, polícia encarregada
dos transportes dos alemães, após um levantamento das condições
habitacionais e agrárias, os lotes de terras abandonados pelos suíços
deveriam agora passar para as mãos dos alemães. [16] As áreas que eram mais
férteis, com uma localidade melhor, e não tivesse impedimentos foram então
demarcadas (com certa lentidão por conta das chuvas) por Luís Francisco das
Chagas, sargento de artilharia montada a serviço de Monsenhor Miranda, pela
portaria de 20 de setembro de 1824, e depois foram distribuídas, mas não em
número suficiente. Até o dia 30 de dezembro de 1824 ainda não se tinha
distribuídos as terras para os alemães. [17] Segundo Souza, existiam terras
devolutas no sul da Vila e nos sertões de Macaé e muitas famílias foram,
portanto, acomodadas também nessa região e cada imigrante recebeu 62 braças
de terra (cerca de 300 metros quadrados). [18] Logo após a distribuição de
terras, houve diversas reclamações sobre a coincidência das posses dessas
áreas. Isso aconteceu, por exemplo, com o lote 88, que mesmo não sendo nada
cultivado ali, não foi oficialmente renunciado e era de posse do helvético
Lutolf, que se queixou da entrega de suas terras ao alemão Guttermann. [19]

Dessa forma, mesmo que existissem mais cuidados na preparação da Vila
para a chegada dos novos imigrantes, podemos perceber que a situação
encontrada foi bem distante daquela combinada com o Major Schaeffer e os
muitos males que se abateram aos imigrantes helvéticos também iriam se
abater aos alemães, seja pelos problemas das terras, seja por ter que pagar
quantias aos cofres da colônia, ao invés de receber os subsídios por
completo, dentre outras questões.
Contudo, não existiam somente tensões entre os suíços e os alemães,
mas também tensões entre os alemães e os luso-brasileiros, pois estes
ocupavam funções comerciais contratados por arrematação pela Câmara da Vila
anualmente, já os alemães recém-chegados praticavam seus negócios sem
licença e a participação da referida arrematação. Isso aconteceu, por
exemplo, com o alemão luterano Jorge Martim Black queixando-se que
Francisco Mindelino o obriga a comprar cachaça na sua casa e o proíbe de
vender carne. [20]
No caso dos alemães, a posse de meios monetários definiu o sucesso ou
insucesso daqueles que ficaram na Vila. O caso do moleiro alemão, Balthazar
Grieb, que arrendou parte do lote 4 do suíço Johanes Werner obtendo
subsistência para sua mulher e seus filhos, e assim prosperando com a venda
de produtos agrícolas e a criação de animais. [21] A partir de 1840, a Vila
de Nova Friburgo começou a expandir as fazendas de café em suas áreas
adjacentes, mas também na sede, devido à conjuntura da economia fluminense
que, a partir de 1821, se assentava na produção do café.
Na segunda metade do século XIX, Nova Friburgo se beneficiou com a
área de trânsito das tropas que transportavam o produto e definindo assim o
seu papel econômico, ou seja, de produzir outros gêneros em complemento à
economia cafeeira alocando a produção nas áreas adjacentes. [22]
Nesse contexto, há uma dinâmica na economia e infraestrutura da Vila
e, em 1840, o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, construiu uma
casa na Vila e os seus filhos: Bernardo Clemente Pinto Sobrinho (segundo
Barão de Nova Friburgo) e Antônio Clemente Pinto filho (Barão de São
Clemente), construíram o chalé do Parque São Clemente e um pavilhão de
casa. O Barão de Duas Barras também construiu sua casa na Vila. Seguindo o
exemplo dos Barões; Manoel Antônio Jordão, próspero cafeicultor, investiu
também na Vila criando um teatro e com isso atraiu a chegada de artistas e
da elite que subiam a serra para participar dos concertos, o que Lisboa vai
conceituar como "esplendor do café". [23]
Dessa forma, podemos levantar uma análise sobre a mudança da
conjuntura da Vila. Ou seja, passa de um projeto de imigração conturbado
para a abundância econômica e política, em profundo contato com a dinâmica
Imperial.

O panorama religioso católico e protestante nos Sertões do leste Fluminense

Com o advento da política Joanina de colonização para fins de
integralização territorial no início do século XIX e a crescente produção
de café, houve a ampliação do número de freguesias que, de 1801-1836, se
estabeleceram 16 paróquias em diversas áreas de produção e distribuição do
café. De 1835 a meados do século XIX, 30 freguesias são edificadas e na
segunda metade do século XIX, mais 54 delas foram criadas nas regiões do
médio Vale do rio Paraíba, na região serrana, no noroeste e norte
fluminense, ou seja, o mesmo número de paróquias erguidas nos três séculos
anteriores na mesma região. [24]

Nesse sentido, para cuidar dos serviços religiosos da Freguesia de São
João Batista de Nova Friburgo, dois foram os curas que vieram para a região
com a imigração Suíça, Monsenhor Joye e padre Abbey, mas o ultimo acabou
morrendo afogado quando foi banhar-se no rio Macacu. [25] De acordo com
Fluck, Jacques Joye foi ordenado padre em 14 de maio de 1812 e foi
escolhido, em 1819, como sacerdote para os suíços que imigrariam ao Brasil
pelo Bispo de Lausanne e era do partido Ultramontano. [26] A Freguesia de
São João Batista foi criada anteriormente à chegada dos imigrantes suíços,
conforme a política de Padroado Régio, pelo Estado Imperial. [27]
É importante ressaltar que Monsenhor Joye, pároco da Vila, recebeu do
bispo de Niterói, devido à enorme distância com a Corte, diversos "poderes
extraordinários" pela portaria de 17 de abril de 1820, tais como: absolver
todos os casos reservados ao bispado, fazer todas as bênçãos reservadas que
não necessitassem do uso dos óleos sagrados, aplicar a indulgência plenária
na hora da morte, estender o amparo da Desobriga da quaresma até o Espírito
Santo, habilitar os cônjuges impedidos e atuar como juiz de casamentos.
[28]
Além disso, havia uma interação entre a Corte e a Freguesia nas
figuras de Monsenhor Miranda e de Monsenhor Joye no que tange à organização
eclesiástica e social dos imigrantes, na tentativa de garantir que a
constituição de 1824 fosse seguida e a hegemonia do campo religioso ficasse
sob a ótica Católica.
A religião protestante, desde a imigração realizada por Gachet, estava
presente em Nova Friburgo, pois, cerca de 190 Suíços, contrariando o
contrato de imigração, eram protestantes Calvinistas. De acordo com
Jaccourd, em 1819 houve uma parada em Dordretch, na Holanda, antes de os
navios embarcarem para o Rio de Janeiro, os Suíços entraram em contato com
o pastor C.C Merkus dessa cidade, que ficou responsável pelas tarefas
religiosas desses imigrantes até o embarque e assim decidiu criar uma
comissão de nome "College de Survaillance", composto por sete imigrantes e
com uma hierarquia definida: um presidente, quatro vice-presidentes e um
secretário. [29]
Contudo, com a chegada dos imigrantes alemães em 1824, uma comunidade
protestante de maioria luterana se instalou na Vila de Nova Friburgo sob a
direção de seu primeiro pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn, que antes
havia sido pároco em Becherbach. [30] A comunidade organizava seus cultos
na casa de n°. 72 recém-reformada, e não tinha, portanto, nenhum símbolo
religioso que poderia indicar a existência de um templo protestante.
Dessa forma, podemos perceber que existem duas esferas religiosas
maiores no que tange à organização religiosa na região, uma disputa entre
os católicos e protestantes, de modo que o ultimo grupo é permeado por duas
denominações religiosas com doutrinas diferentes, os luteranos e os
calvinistas. Sendo assim, depois de analisar de forma ampla a formação
dessas duas estruturas religiosas, é necessário investigar a morte
protestante como elemento de alteridade, tensão e rede de parentesco ritual
na Vila de São João Batista de Nova Friburgo.

Conflitos e Exclusão: A história de um cemitério

Um mês após a chegada destes imigrantes, em 13 de maio de 1824, às
oito horas da noite, faleceu Peter Leopold, por disenteria, filho do pastor
protestante Frederich Sauerbronn. A criança nasceu no dia 17 de novembro de
1823, durante a viagem para a América, perto das ilhas de Cabo Verde e em
consequência deste parto, a sua mãe Charlotte, esposa do pastor, veio a
falecer. [31] Neste sentido, a primeira celebração com a presença oficial
do pastor, na Vila de Nova Friburgo, foi o enterro de seu próprio filho;
numa ação que daria origem à base do futuro cemitério dos luteranos na
localidade, pois a autoridade local, monsenhor Miranda influenciado pelo
padre Joye, recusou o sepultamento de Peter fazendo com que o pastor
buscasse outro espaço para sepultar seu filho. [32]
Nesse sentido, ainda não podemos garantir a existência de um conflito
entre os dois líderes religiosos, ainda que tenha um sepultamento
interditado, porém essa tensão gerada ao excluí-lo do "campo santo"
católico e ao mesmo tempo ter criado um cemitério para o uso de
protestantes; infere que haveria uma tendência de enterramentos de mortos
que a Igreja Católica não quis na construção desse cemitério nos anos
subsequentes, criando assim uma espécie de rito marginal. [33]
O segundo enterramento no mesmo lugar de sepultamento de Peter
Leopold, é Nicolas Bourchat. Para elucidar esse fato, acessaremos a carta
[34] de Sauerbronn datada de 22 de julho endereçada ao diretor da Colônia
Francisco de Salles Ferreira de Souza:
"O Senhor Vigário Católico diz mais em suas queixas, que
eu transgredi o Art. 5º. Da Constituição, por ocasião do
enterro do falecido Nicolas Bourchat, protestante. A
verdade é esta: eu mesmo e outras pessoas de nossa crença
fomos procurar o corpo do falecido em sua moradia e o
transportamos, no maior silêncio, para o cemitério
ordinário, destinado aos protestantes, e situado a quarto
de légua da floresta. Ao chegar a cova, contentei-me em
dizer aos assistentes algumas breves palavras. Procedi por
três vezes, pelo mesmo modo, quando ainda estávamos na
Armação"


Na carta, Sauerbronn diz que achou-o em sua moradia e transportou o
corpo de Nicolas Bourchat juntamente com outros da comunidade. Fizeram o
transporte em silencio para o cemitério ordinário situado a um quarto de
légua da floresta e pronunciou breves palavras. Como se verifica,
Sauerbronn se defendeu de uma acusação feita pelo padre Joyer que emitiu um
documento ao diretor da colônia acusando-o de ter feito o referido
sepultamento com ostentação e infringido o art. 5º. da Constituição e art.
179 parágrafo 5º. Como se observa pelos documentos, a convivência entre os
dois religiosos seria permeada por tensões, porém, havia a tentativa de
apaziguamento por parte do governo brasileiro. [35]
É preciso então identificar quem era Nicolas Bourchat já que esse nome
não é encontrado na lista de passageiros dos navios Argus e Caroline,
fornecidos por Meyer, [36] mas aparece no livro de óbitos da Igreja
Luterana. [37]
Nesse sentido, o senhor Nicolas já se encontrava em terras
friburguenses antes da chegada da imigração luterana de 1824, investigando
nessa linha de raciocínio verificar-se-á que o mesmo encontra-se na
imigração de 1819 de maioria suíça. Sendo assim Nicolas era antigo militar,
sem passaporte, natural de Vaud, protestante calvinista e vice-presidente
do "College de Surveillance". O capitão-adjunto Jean Nicolas Porchat,
vitimado por cólera, foi um dos poucos colonos a viajar no Trajan. [38]
Líder de sua família agrícola em Nova Friburgo, abandonou ele a gleba 21 em
favor da 104, e que também deixaria esta última como a maioria dos colonos
a ela destinada. Nesta ultima, então, a partir de 1825 seriam instalados os
germânicos Heinrich Peter Nanz e Hanz Hennic. [39]
Há de se notar que tratava-se de um homem de renome. Acontece que,
logo que os colonos suíços calvinistas chegaram à freguesia de Nova
Friburgo o movimento sofreu um arrefecimento após o falecimento do
presidente do College Surveillance, Jean de Luternau. Após esse impacto,
não encontramos vestígios da atuação do "College" mesmo depois da chegada
da comissão sem seu presidente. Além disso, Monsenhor Miranda reuniu o
grupo calvinista no dia 28 de março de 1820 e avisou-os de não tolerar não
"hereges" em seus domínios e disse ainda que o compromisso assumido por
eles, quando ainda na Holanda, diante do Pastor Merkus deveria ser
esquecido. Após esse discurso, 14 pessoas abjuraram de imediato assinando o
termo previamente feito pelo padre Joyer e que consta "de livre e
espontânea vontade". [40]
Portanto, o pastor luterano Sauerbronn em 22 de junho de 1824 fez o
sepultamento do senhor capitão "Bourchat" calvinista próximo ao túmulo de
seu filho. Essa atitude do pastor Sauerbonn constitui em si alteridade,
[41] pois utilizou um espaço luterano e acompanhou o ritual com prédicas
próprias de sua matriz religiosa e mais uma vez esse enterramento é
classificado como interdito tendo em vista que o capitão era suíço
calvinista.
Ou seja, com base nessas considerações, podemos perceber que, por
alguns momentos, as diferenças religiosas que separavam esses dois grupos
(luteranos e calvinistas) podem ser anuladas mediante a morte, como sendo
capaz de provocar atitudes de identificação, diferentemente de outros
momentos ocorridos na zona de contato entre indivíduos de culturas
diferentes.
Diante disso, com base nos estudos de Eric Seeman, acreditamos que a
morte pode não só se constituir um patamar interessante de reflexão sobre
as relações entre culturas e nacionalidades no século XIX como também
abrigar mortes que não são aceitas pelo sistema hegemônico.[42] A morte é
dotada de uma noção simbólica e ritualística nas comunidades cristãs, e que
extravasa o aspecto biológico da morte a um nível cultural por meio de
noções, práticas e representações. [43]
Verifica-se, assim, que a morte se constitui em importante chave de
identificação dos contatos dos diferentes grupos, sejam em termos das
aproximações, distâncias, negociações e/ou conflitos identificados no
cotidiano das vivências interculturais.
Este caso do militar calvinista e outros que veremos adiante permite
perceber como a natureza da alteridade relacionada à morte poderia
favorecer a aproximação de diferentes grupos, pela natureza excepcional da
morte e enterro cristãos como essenciais para a salvação da alma: o fim
último para os cristãos de diferentes confissões, a se considerar suas
concepções escatológicas.
Para comprovar essa chave de identificação, entre 1824 a 1870 foram
coletados 243 assentos para a reconstrução obituária desse cemitério que
abriga um tipo específico de comunidade mortuária. Obedecendo a critérios
quantitativos, em alguns casos, e de uma análise qualitativa em outros: os
registros paroquiais de óbitos foram coletados, tabulados, organizados em
séries e suas informações foram contabilizadas e processadas para
cruzamento de informações. No gráfico 1.1 (abaixo) permite a visualização
da densidade mortuária no período quinquenal.
























Gráfico 1 – Número de Pessoas enterradas no cemitério entre 1824 a
1870


Os dados acima nos permitem refletir que na passagem do sexto período
quinquenal para o sétimo período (1849-1853 para 1854-1858) houve um surto
de aumento da população mortuária no cemitério, esse crescimento da morte
se deve a dois fatores: aumento do número de cemitérios particulares
protestantes na região, tendo em vista a evitar o longo caminho a percorrer
com o cadáver até o cemitério principal da vila e permitir um rito
funerário condizente com a liturgia luterana, sendo que o registro de óbito
nesses referidos cemitérios ainda continuam sendo assentados na sede
principal, sob o controle do Pastor Luterano Frederico Sauerbronn. Além
disso, a população escrava dos protestantes na vila começou a ser enterrada
nesses mesmos moldes, ou seja, nos cemitérios particulares. Outro fator do
aumento, se deve ao artigo 7 do código de posturas em vigor, desde 1849,
que diz que os fiscais da câmara ou cidadãos podem recolher qualquer corpo
achado sem sepulturas ou corpos que não forem reconhecidos pela comunidade
em questão e assim podem ser sepultados em cemitérios. Se não houvesse o
recolhimento desses corpos teriam a pena de 30 $ de multa e oito dias de
prisão para quem não obedecesse tal lei.[44] É o caso, por exemplo, do
senhor Johann Hopfer que foi sepultado no dia 31 de agosto de 1852,
trabalhava para sustento próprio, sem parente algum e que foi encontrado
morto no rio Bengala em avançado estado de putrefação, seu corpo fora
recolhido por membros da comunidade luterana e colocado à entrada da casa
que servia de culto protestante, até ser reconhecido por parentes, porém
não houve nenhum que pudesse reconhecer o corpo e desta maneira, o cadáver
fora amortalhado e sepultado no cemitério sob a liturgia protestante pelos
próprios membros da comunidade em questão.[45]


























Gráfico 2 – Média de idade da comunidade mortuária no período decenal


Atrelado à análise do quantitativo de mortos do cemitério em questão é
possível também traçar um perfil da idade média dos assentamentos. Nos
primeiros decênios do estabelecimento dessa comunidade, é notório o número
baixo da idade-média desses mortos; assim a análise nos permite dizer que
nesses referidos anos o número de crianças falecidas é muito grande devido
a inúmeros problemas de doenças nativas tais como cólera, febre, insolação
e diarreia. Entretanto, o crescimento da idade-média que essa comunidade
alcança é superior a 45 anos, entre os anos de 1847 a 1858. Alguns motivos
ainda estão sendo estudados, entretanto, já é possível levantar uma
hipótese (deixando de lado a qualidade de vida desse aumento em idade): que
os alemães podem ter aumentado os anos de vida dentro do bojo contextual de
crescimento da região, através do café na segunda metade do século XIX,
[46] pois a vila funcionava como uma espécie de entreposto para facilitar o
trânsito no caminho entre o núcleo cafeeiro de Cantagalo e o porto em
Macacu, de onde o café seguia embarcado até o porto do Rio de Janeiro. [47]




Gráfico 3 – Morfologia da Causa da Morte


Desta maneira, ao mapear as causas da morte da comunidade mortuária
deste cemitério verificamos que há sepulturas que não cumprem as exigências
feitas pelas leis canônicas imperiais, ou seja, o Padroado Régio ao
normatizar a vivencia da morte, exclui outros tipos de vivencia que acabam
sendo sepultados sob ritos marginalizados e que de alguma maneira contestam
o poder vigente, é o caso, por exemplo, do professor de filosofia e
naturalista Eduard Kücker que cometeu suicídio com um tiro na cabeça no
dia 3 de novembro de 1859 em seu local de trabalho, Instituto Frees, [48]
"à altura dos melhores existentes no país". [49] Fundado em 01 de julho
1841 formou parte da elite política e profissionais liberais do Império.
Sendo assim, sua morte pode ser considerada, morte vergonhosa, pois fora um
dos dois únicos sepultamentos feitos a noite, às 19:00hs, ao longo dos
trinta anos de história do cemitério.
























Gráfico 4 – Morfologia natalina mortuária


Além da questão da causa mortis, se faz necessário analisar a origem
dos sepultados no cemitério que fora inicialmente de origem luterana. Nesse
sentido, embora a maioria dos sepultamentos são de indivíduos imigrantes de
origem germânica, podemos afirmar a relação estreita entre etnia e
comunidade, pois 6% dos enterramentos eram de imigrantes protestantes
oriundos da Suíça. Podemos ver também, nesse caso, uma agregação
comunitária a partir do caráter étnico composto pela identidade não-
católica.

Nesse sentido, podemos perceber a multiplicidade de territórios de
origem dos indivíduos sepultados naquele espaço: Dinamarqueses, Luso-
brasileiros, franceses, ingleses e poloneses foram enterrados, o que nos
faz pensar em relativizar a identidade deste cemitério e não visualizá-lo
enquanto "luterano" ou até mesmo "germânico", mas observá-lo enquanto
multiplicidade identitária e ligação étnica.


Conclusão

Depois de analisarmos o panorama dos enterramentos, dos conflitos e
alteridades que aconteceram em torno do cemitério de origem luterana na
Vila de Nova Friburgo, podemos chegar a algumas conclusões que não devem
ter como princípio fechar esta discussão, mas abrir para maiores reflexões
sobre o tema. Neste sentido, podemos concluir que este cemitério abrigava
uma multiplicidade étnica de indivíduos, pois mesmo que estabelecessem
alguma relação com os imigrantes germânicos esse espaço seria destinado ao
sepultamento para os que a Igreja católica rejeitou, como os suicidas, os
calvinistas, duelistas, natimortos, escravos, dentre outros.
Portanto, ao se debruçar sobre a história da imigração alemã e a
implantação da igreja luterana na região de Nova Friburgo através de um
cemitério, além de ser dotada de expressivo valor para a população
friburguense, observei o caráter singular na formação de sua multiplicidade
ética e identitária. Assim convoquei para essa pesquisa a proposta de
tornar o cemitério luterano patrimônio cultural friburguense entrelaçada na
narrativa da pesquisa em questão, resultando no interesse tanto do poder
público como da comunidade. Logo, é através do patrimônio cultural que se
torna possível conscientizar os indivíduos, proporcionando aos mesmos a
aquisição de conhecimentos para a compreensão da história friburguense,
adequando-os a sua própria história.

Fontes
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8-1824 – Manuscrito
Arquivo Nacional cx 991 24-7-1824.
Arquivo Nacional cx 991 22-7-1824 - Carta.
Centro de Documentação D.João VI. LM - 01.15.057 1820 até 1850 Receita
- Despesa da Câmara - Regulamento da Câmara – Manuscrito
II Livro de Óbitos da Comunidade Luterana (1850-1880)

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histórica", tese de doutorado, IE-UFRJ, 2006
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[1] Mestrando em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro. [email protected]
[2] Pós-graduado em Ciências da Religião pela UCAM/IVM; Graduado em
História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
[email protected]
[3] MUAZE, Mariana. O Vale do Paraíba Fluminense e a dinâmica Imperial p.
295. Disponível em
http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wpcontent/uploads/
2010/12/15_mariana_muaze.pdf
[4] MAYER, J. M. Raízes e crise do mundo caipira: o caso de Nova Friburgo.
2003. 564 f. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal
Fluminense, Rio de Janeiro, 2003. p 100.
[5] Idem, p. 107.
[6] Idem, p. 112.
[7] Idem.
[8] Idem.
[9] Idem, pag 120.
[10] SALLES, Ricardo. E o Vale era o escravo. Vassouras, século XIX.
Senhores e escravos no coração do Império, Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 2008. pp. 41-117
[11] MUAZE, Mariana. Op.Cit., p. 297.
[12] FRIDMAN, Fania. Op.Cit.,p. 14.
[13] Idem, p. 10.
[14] Também chamada de Deutscher Bund foi a união política de principados e
ducados germânicos entre 1815 e 1866, que decorreu do Ato Federativo de
Viena a 9 de junho de 1815. (VIEIRA, 2006).
[15] ARAÚJO, R. J.; MAYER, M. J. (Org.). Teia Serrana: Formação Histórica
de Nova Friburgo. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro técnico, 1999. p. 56
[16]Idem, p.57.
[17] SOUZA, José Antônio Soares de. Os colonos de Schaeffer em Nova
Friburgo. Revista do IHGB. Rio de Janeiro: 1976, vol 310. p. 168. Conforme
relatório do Diretor da Colonia Francisco de Salles Ferreira de Sousa ao
Monsenhor Miranda, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Cx 2 doc
512
[18] SOUZA, José Antônio Soares de. Os colonos de Schaeffer em Nova
Friburgo. Revista do IHGB. Rio de Janeiro: 1976, vol 310. p.169
[19] LAFORET, C. R. M. Op.Cit., p. 58.
[20] Centro de Documentação D. João VI (Pró-memória). Caixa n° 1 Documento
n° 331
[21] Idem, p. 61.
[22] LISBOA, E. C. ARAÚJO. Op.Cit., p. 95.
[23] Idem, p. 96.
[24] FRIDMAN, F. Cartografia fluminense no Brasil Imperial, pp. 6 e 8. As
freguesias até o início do século XIX são: S. Tiago de Inhaúma, N. Sra do
Loretode Jacarepaguá, N. Sra d'Apresentação de Irajá, S. João Batista de
Trairaponga (Meriti), N. Sra do Desterro de Campo Grande, S. Salvador do
Mundo de Guaratiba, N. Sra da Guia do Mangaratiba, N. Sra dos Rmédios de
Parati, N. Sra da Conceição da Ilha Grande, S. João Marcos, N. Sra da
Conceição do Campo Alegre, S. Francisco Xavier de Itagoahy, N. Sra da
Conceição do Marapicú, Santo Antônio de Jacutinga, N. Sra do Pilar de
Iguaçú, N. Sra da Conceição do Alferes, Santa (sacra) família o Tinguá, N.
Sra da Conceição de São Pedro e São Paulo, N. Sra da Piedade de Inhomirim,
N. Sra d'Ajuda da Ilha do Governador, N. Sra da Guia do Pacobaíba, S.
Nicolau de Suruhy, N. Sra da Piedade de Magé, N. Sra da Ajuda de Aguapehy-
merim, Santo Antônio de Sá de Casarabú, Santíssima Trindade, N. Sra do
Desterro de Itambhy, S. Gonçalo de Guaxandiba, S. Lourenço da Aldeia dos
índios, S. João Batista de Carahy, N. Sra do Amparo de Maricá, N. Sra de
Nazaré de Saquarema, S. Sebastião de Araruana, N. Sra da Conceição de
Iguaba, S. Pedro da Aldeia, N. Sra da Assunção de Cabo Frio, Sacra Família
de Ipuca, Santíssimo Sacramento do Cantagalo, Sto Antônio de Guarulhos, S.
Salvador, S. Gonçalo de Campos e São João da Barra.
[25] NICOULIN, Martin. A gênese de Nova Friburgo: Emigração e colonização
suíça no Brasil (1817-1827). Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional,
1995. p.263
[26] FLUCK, R, Marlon. A abertura dos portos brasileiros e a implantação do
protestantismo permanente no Brasil: as versões contraditórias sobre o seu
primeiro pastor. In Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá,
V, n.15, jan/2013. p. 5.
[27] PEDRO, J. C. A Igreja Católica: Fé e Poder na Freguesia de São João
Batista de Nova Friburgo. p.115.
[28] Idem, p. 116.
[29] JACCOUD, Rafael. História, contos e lendas de Nova Friburgo. Edição
independente, 2007. p. 292.
[30] MÜLLER, A. L. O começo do Protestantismo no Brasil: descrição da
instalação da 1ª. Comunidade luterana no Brasil, p. 40.
[31] MÜLLER, A. L. Op.Cit. p.48
[32] Idem.
[33] TURNER, Victor. O processo ritual: estrutura e antiestrutura.
Petrópolis: Vozes, 1974[1969], p. 127-190]. O caso em tela nos remete que o
rito funeral apesar de ser classificada como rito de margem, a sua prática
contesta as estruturas hegemônicas estabelecidas.
[34] Arquivo Nacional cx 991 24-7-1824.
[35] Biblioteca Nacional Seção de Manuscritos II-34, 22, 21 no. 7. Portaria
18-8-1824 Manuscrito
[36] Conrad Mayer, que veio no navio Argus, fazendo parte do primeiro
grupamento de imigrantes alemães luteranos e que chegou ao Rio a
13/01/1824. Dizia ele: "O navio enfrentou longos temporais que inutilizaram
seus mastros obrigando a um retorno ao porto de Texel, onde 26 colonos
homens, mulheres e crianças fugiram a um novo embarque." O navio fizera
também escalas. Foi o próprio Meyer quem descreve que a segunda partida foi
pior que a primeira, eles cruzaram o Canal da Mancha e por causa dos ventos
pararam em Cowes na Ilha Wiglot. Quando decidiram partir, já na terceira
vez, furacões empurram o navio para a Baia de Biscaia e mais tarde nas
Costas de Mandrágoras na África e só depois que chegaram a Tenerife (Santa
Cruz). Meyer prestará informações personalizadas e agrupadas em três listas
que foram feitas minuciosamente e que nos dão uma visão mais exata sobre
esses colonos enviados por Schaeffer. Esta lista pode ser verificado em:
SOUZA, José Antônio Soares de. Os colonos de Schaeffer em Nova Friburgo.
Revista IHGB, 1976, Jan/mar, vol 310, p. 126
[37] MÜLLER, Armindo L. O começo do Protestantismo no Brasil: descrição da
instalação da 1ª. Comunidade luterana no Brasil, Rio de Janeiro: Edições
Estadunidense. p. 92
[38] Um dos sete navios que vieram durante a chamada "Imigração Suiça"
[39] BON, Henrique. Imigrantes - A saga do Primeiro Movimento Migratório
Organizado rumo ao Brasil às portas da Independência. Ed. Imagem Virtual,
2004. pp. 292.
[40] JOCCOUD, Raphael Luiz de Siqueira. A Vez dos Alemães: As dificuldades
na velha Europa. In: JOCCOUD, Raphael Luiz de Siqueira. História, Contos e
Lendas da Velha Nova Friburgo. 3ª. Edição, Revisada e Ampliada, Rio de
Janeiro: Editora Múltipla Cultural, 2008.
[41] Alteridade aqui é usada a partir do conceito de Tzvetan Todorov, no
que diz respeito à aproximação ou distanciamento daquilo que o outro
presencia. Os outros em questão eram os germânicos/luteranos e os francês-
alemão/calvinista. "adoto os valores do outro, identifico-me a ele; ou
então assimilo o outro, impondo-lhe minha própria imagem" TODOROV, Tzvetan.
A Conquista da América. Lisboa: Litoral Edições, 1990. p. 223
[42] SEEMAN, Erik R. Death in the New World: Cross Cultural encounters,
1492-1800. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. 2010.
[43] CAMPOS, Adalgisa Arantes. Notas Sobre os rituais de morte na sociedade
escravista. Revista do Departamento de História da UFMG, n.6, p.109-22,
1988.
[44] Centro de Documentação D.João VI. LM - 01.15.057 1820 até 1850
Receita - Despesa da Câmara - Regulamento da Câmara Manuscrito
[45] II Livro de Óbitos da Comunidade Luterana (1850-1880)
[46] MARRETO, Rodrigo Marins. A escravidão Velada – A formação de Nova
Friburog na Primeira metade do século XIX. Dissertação (Mestrado em
História Social) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências
Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2014..
[47] ERTHAL, Clélio. Cantagalo: da miragem do ouro ao esplendor do café.
Niterói, Nitpress, 2008
[48] II Livro de Óbitos da Comunidade Luterana (1850-1880)
[49] BURMEISTER, Hermann. Viagem ao Brasil – Através das províncias do Rio
de Janeiro e Minas Gerais. Tradução de Manoel Salvaterra e Hubert
Schoenfeldt. Belo Horizonte: Editora Itatiaia Ltda / São Paulo: EdUSP,
1980.
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