Teoria da complexidade em Morin

July 14, 2017 | Autor: Isis Aquino | Categoria: Teoria Da Complexidade
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Pós-Graduação Em Gestão da Educação PUCRS
Disciplina: Fundamentos da Gestão Escolar
Profa. Leunice M. de Oliveira
Aluna: Ísis Aquino


Resenha Crítica – Edgar Morin

A primeira referência que surge a minha mete quando li sobre teoria do pensamento complexo de Edgar Morin foi a teoria de David Hume, filósofo inglês, que também discorre sobre as ideias simples(originadas de impressões simples) e as ideias complexas (rearranjo das ideias simples) que nos tornam capazes de formar conceitos de coisas que não experimentamos. Morin elabora melhor esses conceitos falando sobre as ideias simplificadas do ponto de vista da redução, mutilação das possibilidades referenciais e de profundidade que as ideias simples tentam restringir; já as ideias complexas não encerram em si respostas, mas sim questionamentos e ambivalências presentes em todas as dimensões da vida. A complexidade pode ser entendida como a comunhão de saberes que aliam razão e emoção no processo de construção do conhecimento.
Edgar Morin em seu livro "Introdução ao pensamento complexo" nos fala sobre o achatamento e minimização de ideias e conceitos que a Modernidade teria provocado quando segregou as disciplinas, isolando-as de seu contexto, impossibilitando que sejam analisadas as ramificações e interseções que os fenômenos comportam. Ao fragmentar o conhecimento, inviabilizamos o modo de pensar aberto e livre que suporta o erro, a ilusão, as incertezas e as subjetividades. O isolamento dos campos do saber reduz o escopo de entendimento e inviabiliza a problematização e as análises mais críticas e profundas das questões que envolvem a relação dos homens com seus pares e com o meio ambiente.
O exercício dialógico da articulação dos saberes favorece o pensamento multidimensional que não desconsidera a condição multifacetada e paradoxal da condição humana. Nesse sentido, encontro ecos no que é possível perceber atualmente no sistema educacional brasileiro e também mundial de reduzir e traduzir o valor da escola a um ranking de performances em testes padronizados, onde o aluno regurgita verdades prontas e repostas 'certas' e únicas, tendo deu conhecimento medido pela sua capacidade de memorização e comparação. A escola hoje se encontra refém das provas de vestibulares que servem para excluir e classificar alunos. Essa postura minimalista e obtusa vai contra os preceitos defendidos por Edgar Morin de inter-reflexão, autocrítica, dialógico inclusivo que une competências e fomenta a troca de experiências. Sob a ótica do pensamento complexo de Morin, o ensino deveria estar voltado para a formação do sujeito que sabe viver junto (simbiosofia) dos seus pares e da Terra, exercendo sua autonomia através da cultura e da historicidade, partilhando seu conhecimento de forma aberta e abrangente de modo que a exclusão social seja minimizada e o meio ambiente deixe de estar a serviço das necessidades consumistas do homem.
Outro aspecto interessantíssimo da obra de Edgar Morin é o questionamento acerca da própria ciência e de sua visão restrita e simplificadora do universo. O autor acredita que a ciência perdeu a capacidade de se pensar, uma vez que atualmente ela é controlada pelos poderes do capital e das práticas de estado, priorizando a técnica e a racionalização dos processos investigativos. Morin afirma que a ciência deveria ser percebida na sua ambivalência elucidativa e míope, capaz de progredir e conquistar ao mesmo tempo que causa aniquilamento da humanidade. Entretanto, Morin sinaliza uma possível saída para essa postura disjuntiva, aludindo à possibilidade uma postura de implicação, distinção e conjunção dos saberes, unindo novamente a ciência objetiva à filosofia e à pesquisa reflexiva. A ciência, segundo Morin, tem quatro pernas independentes - empirismo, imaginação, racionalismo e verificação - e seu progresso ocorreu exatamente em função do diálogo permanente entre as facetas complementares e antagonistas. Morin destaca que o progresso das certezas científicas tem produzido a ilusão ingênua da previsibilidade; nesse sentido, a complexidade aparece como via de entendimento da dificuldade e da incerteza, aspirando à multidimensionalidade que comporta em si o princípio da incompletude.
O pensamento proposto por Morin fornece aos agentes da educação um questionamento da práxis pedagógica que hoje prima pelo cientificismo, conhecimento enciclopédico, dissocia as partes do todo e não privilegia os diálogos transdisciplinares que possibilitariam que os alunos tivessem uma visão das redes de causa e consequência que interligam os fenômenos e pudessem refletir sobre sua implicação na roda da história.

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