TEORIA DO CONHECIMENTO

June 3, 2017 | Autor: Domingos Bengo | Categoria: Epistemology, Moral Philosophy, Filosofía, Psicología, Conhecimento, Teoria do Conhecimento
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DOMINGOS DOS SANTOS DA SILVA BENGO

TEORIA DO CONHECIMENTO RESENHA CRÍTICA

Luanda (AO), Fevereiro de 2016

 

 

 

American World University United States of America / Distance Learning Latin American Division RC RC

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Dados de Identificação do aluno e da obra Nível Curso Disciplina Aluno Matrícula Título do Livro Autores (a) Editora

Graduação Tradicional Filosofia Teoria do Conhecimento Domingos dos Santos S. Bengo LAD 4316 Teoria do Conhecimento

Johannes Hessen Martins Fontes: São Paulo, 2012 – 3ª edição.

Mini Curriculum Johannes Hessen, filósofo alemão, nasceu em 1889. Buscou criar uma filosofia cristã com a ajuda das principais construções do pensamento contemporâneo, com a fenomenologia, o neokantismo e a teoria objetivista dos valores. Escreveu, entre outros livros, Das Kausalprinzip [O princípio da causalidade]. Faleceu em 1971. Tipo de Obra Resenhada ------- Didático-Pedagógica Data da Produção 19/11/2015 – 03/02/2016 Data da Recepção ___/___/___

Luanda (AO), Fevereiro de 2016

 

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INTRODUÇÃO A exposição de Johannes Hessen, sobre a teoria do conhecimento, esforça-se, não tanto para tudo oferecer soluções completas, mas para apresentar de modo claro e minucioso o sentido dos problemas e as diferentes possibilidades de solução, sem renunciar a um exame crítico e a uma tomada de posição. O autor tem a convicção de que “o sentido último do conhecimento filosófico não é tanto solucionar enigmas quanto descobrir maravilhas”. Tal apresentação da teoria do conhecimento distingui-se da maior parte das outras sob três aspectos. Antes de mais nada, porque põe o método fenomenológico a serviço da teoria do conhecimento. Além disso, por conter uma discussão detalhada do problema da intuição, que a maior parte das exposições tangencia. Finalmente, por tratar não apenas da teoria geral do conhecimento, mas também da especial. A contraposição entre essas duas teorias, teoria geral e teoria especial do conhecimento, constituem o marco divisório da obra em destaque. A primeira teoria, teoria geral do conhecimento, forma a primeira parte da obra, abordando os temas mais genéricos da teoria do conhecimento, como é o caso dos principais problemas colocados na abordagem filosófica do conhecimento. A segunda, portanto, teoria especial do conhecimento constitui a segunda parte do texto de Hessen. Essa parte do texto, porém, discorre sobre os conteúdos do pensamento em que o relacionamento com os objectos encontra sua mais elementar expressão. Essa atenção da teoria especial do conhecimento aprofunda a teoria geral, que, concomitantemente investiga o relacionamento de nosso pensamento com os objectos de maneira geral. Para concluir essa empreitada, a situação pragmática e fenomenológica das teorias do conhecimento geral e especial, Hessen começa por situar a teoria do conhecimento no conjunto da filosofia, uma vez tratando-se ela, de uma disciplina filosófica no seu entendimento. Para o efeito, no pensamento do autor, importa partir da definição de

 

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“essência da filosofia”. Uma dificuldade porém apresenta-se-lhe imediatamente: como chegar, porém, a essa definição? Que método empregar? Depois de completar o seu procedimento indutivo com um dedutivo, a síntese de Hessen insere a filosofia na totalidade da cultura, relacionando-a a domínios culturais particulares. O autor tenta determinar o lugar da filosofia no sistema da cultura, recorrendo a seguinte tese: a filosofia tem uma face voltada para a religião e para a arte e outra face voltada para a ciência. Com a religião e a arte, diz Hessen (p. 12), tem em comum o olhar dirigido à totalidade do real; com a ciência tem em comum o carácter teórico. No sistema da cultura, portanto, a filosofia tem lugar entre a ciência, de um lado, e a religião e a arte, de outro. Dentre as últimas, defende Hessen, é da religião que a filosofia está mais próxima, na medida em que também a religião dirige-se à totalidade do ser e tenta interpretar essa totalidade. Com essa definição, surge imediatamente uma divisão da filosofia em suas diferentes disciplinas. Assim, para Hessen, a filosofia é antes de mais nada autoreflexão do espírito sobre seu comportamento valorativo teórico e prático. Enquanto reflexão sobre o comportamento teórico, sobre aquilo que chamamos ciência, a filosofia é “teoria do conhecimento científico, teoria da ciência”. [...] Só essa descrição do pensamento de Hessen basta-nos para situar a teoria do conhecimento no conjunto da filosofia. Concluída essa empreitada, de redução eidética da teoria do conhecimento, Hessen retoma à teorização da divisão tradicional da teoria do conhecimento, em geral e especial. Porém, na descrição da segunda, traduz que essa teoria toma como objecto de investigação crítica os axiomas e conceitos fundamentais em que se exprime a referência de nosso pensamento aos objetos. Hessen, inicia sua dissertação, naturalmente, com a apresentação da teoria geral do conhecimento. Antes, detém brevemente seu olhar sobre a história da teoria do conhecimento.

 

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Para ele, como disciplina filosófica independente, não se pode falar de uma teoria do conhecimento nem na Antiguidade nem na Idade Média, não obstante encontrarmos numerosas reflexões epistemológicas na filosofia antiga, especialmente em Platão e Aristóteles, pois tratam-se, porém, de investigações epistemológicas que ainda estão completamente embutidas em contextos psicológicos e metafísicos. Hessen (p. 14), entende, que é só na Idade Moderna que a teoria do conhecimento aparece como disciplina independente. Para ele, o filósofo inglês John Locke deve ser considerado seu fundador. O argumento de Hessen, ancora-se na problemática que a principal obra de Locke, An Essay Concerning Human Understanding, publicada em 1690, toma, ao tratar de modo sistemático as questões referentes à origem, à essência e a certeza do conhecimento humano. Leibniz, tentou refutar o ponto de vista epistemológico de Locke, no seu livro publicado postumamente em 1765. Porém, na Inglaterra, George Berkeley, e sua obra A Treatise Concerning the Principles of Human Knowledge (1710) e David Hume, em sua obra A Treatise on Human Nature (1939/1940) e em menor dimensão, o Enquiry Concerning Human Understanding (1748), continuaram edificando sobre a base dos resultados obtidos por Locke. Na filosofia continental, portanto, Immanuel Kant aparece como o verdadeiro fundador da teoria do conhecimento. Em sua principal obra epistemológica, a Crítica da Razão Pura (1781), tentou fornecer uma fundamentação crítica ao conhecimento das ciências naturais. O método que usou foi chamado por ele próprio de “método transcendental”. Esse método não investiga a gênese psicológica do conhecimento, mas sua validade lógica. Não pergunta, à maneira do método psicológico, como surge o conhecimento, mas sim como é possível o conhecimento, sobre quais fundamentos, sobre quais pressupostos ele repousa.

 

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Em Fichte, o sucessor imediato de Kant, a teoria do conhecimento aparece pela primeira vez intitulada “teoria da ciência”. Mas já apresenta, no entendimendo de Hessen, aquele amálgama de teoria do conhecimento e metafísica que ganhará livre curso em Schelling e Hegel e que também estará inconfundivelmente presente em Schopenhauer e em Hartmann. No entanto, em síntese, Hessen escreve: (...) o problema epistemológico foi tão vigorosamente empurrado para o primeiro plano que a filosofia corria o perigo de reduzir-se à teoria do conhecimento. O neokantismo desenvolveu a teoria kantiana do conhecimento numa direção muito determinada. A unilateralidade de questionamentos que isso provocou fez logo surgirem numerosas correntes epistemológicas contrárias. Vem dai, acrescenta Hessen, estarmos hoje ante uma enorme quantidade de direcionamentos epistemológicos. Os mais importantes são apresentados na obra resenhada em conexão sistemática, obedecendo mais ou menos o seguinte teor:

Primeira Parte

TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO



Investigação fenomenológica preliminar: o fenômeno do conhecimento e os problemas nele contidos. I.

A possibilidade do conhecimento;

II.

A origem do conhecimento;

III.

A essência do conhecimento;

IV.

Os tipos de conhecimento;

V.

O critério da verdade.

 

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Segunda Parte

TEORIA ESPECIAL DO CONHECIMENTO 1. Sua tarefa; 2. A essência da categorias; 3. O sistema da categorias; 4. A substancialidade; 5. Casualidade.

OBJECTIVOS



Analisar as contribuições do conhecimento como veículo de compreensão e desenvolvimento dos processos do conhecer o ser humano;



Aplicar a teoria do conhecimento ao cotidiano pessoal e profissional.  

                       

 

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ENFOQUES • ENFOQUE PRINCIPAL Enfoque Didático-pedagógico Esta exposição sobre a teoria do conhecimento originou-se nas aulas proferidas pelo autor na Universidade de Colônia. Isso explica o esforço, não tanto para a tudo oferecer soluções completas, mas para apresentar de modo claro e minucioso o sentido dos problemas e as diferentes possibilidades de solução, sem renunciar a um exame crítico e a uma tomada de posição. Só isto basta-nos para entender a dimensão didático-pedagógica da obra em destaque. Hessen, compilou conspectos de suas aulas na universidade num único volume para levar suas visões epistemológicas para fora dos muros da universidade. Ao fazer esse exercício metodológico, automaticamente, Hessen expande seu público-alvo principal, de estudantes de filosofia para alunos de outros campos epistémicos e a todos aqueles que se interessam pela abordagem filosófica do conhecimento. ENFOQUES SECUNDÁRIOS • Enfoque Histórico-filosófico Não poucas vezes, Hessen recorre à história para explicar fenômenos filosóficos priorísticos e apriorísticos. Se trata-se da história universal ou apenas da filosofia, pouco importa, isso se considerarmos que uma e outra são histórias do próprio humano, colectivamente, ou melhor, da humanidade. Uma evidência desta abordagem, consiste no fato de Hessen fundamentar seu texto na recensão crítica dos ensaios epistemológicos dos principais filósofos, consagrados ou não. A síntese de Hessen sobre a enorme quantidade de direcionamentos

 

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epistemológicos diante das quais nos encontramos (Hessen, p. 16), resultantes do surgimento de numerosas correntes epistemológicas, deriva da contraposição dos textos de Locke, Leibniz, Berkeley, Hume, Kant, Hegel, Hartmann, e neokantianos, dentre outros.

PONTOS POSITIVOS DA OBRA A filosofia é amarga para a boca do leigo por uma razão muito simples: os filósofos usam uma linguagem excessivamente dura e aparentemente ambígua. Essas inquietudes simplistas, porém, Hessen soube superar. Apesar de seu texto não ter sido redigido em linguagem dialógica ele soube esclarecer leigos e estudiosos com uma linguagem simples, linda e doce. Isso deveu-se a dois fatores igualmente simples: a doçura e beleza do texto conseguiu-os com apelo moderado aos recursos estilísticos, quanto a simplicidade, conseguiu-a com o apelo à palavras menos metaforizadas, humildes e – inocentes, na linguagem de Nietzsche. Essa comunhão de beleza textual e simplicidade linguística conferiu ao leitor uma leitura divertida e de fácil interpretação. Por outro lado, do ponto de vista técnico, o texto de Hessen faz uma abordagem epistemológica que somente poucos outros conseguiram levar a bom porto. A própria disposição dos conteúdos já proporciona uma dinâmica de leitura que facilita a localização de assuntos de interesse na obra e, portanto, facilita a compreensão. Por fim, importa considerar que a obra de Hessen não possui um disposição rigorosamente hierárquica dos conteúdos. O leitor pode consultar o índice, escolher um tema de seu interesse, encontrar a página e então deleitar-se. Pois não existe nenhuma ligação forçosa entre os conteúdos do texto. Porém, tal situação não perturba a harmonia sequencial desses mesmos conteúdos. Pode-se dizer, assim, que a obra resenhada reserva em si uma certa flexibilidade, o que dinamiza a sua leitura.

 

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PONTOS NEGATIVOS DA OBRA

Para encontrar lacunas no texto de Hessen basta considerar a sua parcialidade na tomada de partido. Seu posicionamento quanto a um sistema ou corrente filosófico é autoevidente. Essa atitude é inadequada em nível de cultura superior porque inibe o pensamento do leitor. Tal posicionamento torna-se claro na discussão do autor sobre as correntes filosóficas que preocupam-se com a questão da origem do conhecimento. Fica muito claro, nessa abordagem, que Hessen prefere o empirismo ao racionalismo. Hessen (p. 55) numa alusão aos empiristas atesta que “Seria inútil procurar por conceitos

que



estivessem

prontos

no

espírito

ou

que

se

formassem

independentemente da experiência”. Essa sentença carrega um subjetivismo que em nada edifica o método filosófico. Pois devemos ser imparciais na descrição dos fenómenos.

 

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CONCLUSÃO

O objetivo do esforço de Hessen foi esquadrinhar e fundamentar o conhecimento humano. Nessa perspetiva, o autor defende que ele, o conhecimento humano, não se restringe ao mundo fenomênico, mas vai além, até o campo da metafísica, para chegar a uma visão filosófica do universo. Na contraposição da filosofia com a religião, Hessen conclui que essa última, mediante a fé, também oferece uma interpretação do sentido do universo. A pergunta de partida de Hessen para resolver esse problema epistêmico de significação do universo, reside nas relações entre religião e filosofia, crença religiosa e conhecimento filosófico, fé e saber. Nesse exercício Hessen subordina a religião à filosofia. Pois embora entejam entrelaçadas do ponto de vista gnóstico de identidade, no pensamento de alguns filósofos, a religião é um conhecimento filosófico de nível mais baixo, na medida em que não fala em conceitos abstratos, mas em representações concretas. Considerando o desdobramento de todas essas questões ao longo do texto, pode-se dizer sem nenhum exagero que a obra de Johannes Hessen “Teoria do Conhecimento” alcança plenamente os objetivos perspetivados.

 

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO

Nome do aluno: Domingos dos Santos S. Bengo

LAD 4316

Correio electrónico: [email protected]

Domingos  dos  Santos  da  Silva  Bengo   Domingos Bengo

 

 

           

 

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