Terror em Istambul

June 13, 2017 | Autor: João Pedro Dias | Categoria: Turquía, Terrorismo
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Terror em Istambul João Pedro Simões Dias – 2016.1.13

2016 começou, infelizmente, com mais um trágico registo para o negro livro dos atentados que têm varrido a Europa e as suas zonas envolventes, protagonizados pelo daesh, empenhado em (re)construir o Califado a partir dum pretenso Estado Islâmico em construção. Foi mais uma manifestação sanguinária, repulsiva e condenável que desta vez teve por palco outro estado islâmico – essa Turquia cada vez menos previsível, em acelerada transmutação que, pese embora seja a única bandeira muçulmana içada ao lado das demais bandeiras dos Estados da Aliança Atlântica, e continue a proclamar a sua intenção de se juntar à União Europeia, não escapa à acusação de manter uma posição dúbia na guerra sem quartel que a coligação ocidental (estruturada principalmente em torno dos EUA, da França, da Rússia e do próprio Reino Unido) tem dirigido contra as bases de direção política e os campos de treino que o daesh mantém, sobretudo no território que outrora integrava a Síria e em zonas cada vez mais extensas do Iraque. Oscilando entre a condenação do Estado Islâmico e o terror que tem levado aos curdos – que continuam a ser aliados ocidentais na guerra contra os extremistas pese embora esse mesmo Ocidente nunca se tenha empenhado em dar-lhes a pátria que a nação curda reclama – a Turquia foi a vítima mais recente da barbárie hedionda e demoníaca. O que nos veio recordar – se preciso fosse – que o terrorismo que mata em nome dum deus qualquer, está dentro e nas imediações desta União Europeia que por vezes dá mostras de caminhar aceleradamente num processo de desconstrução e de regressão. E se há matéria e domínio onde se impunha que a UE e os seus vizinhos concertassem uma efetiva política comum e de partenariado, o combate

ao terrorismo afirma-se como o campo por excelência dessa luta sem quartel. Não só por ser o território onde nenhum Estado isoladamente consegue afirmar a sua superioridade como, sobretudo, por ser o plano onde se cruza uma opção fundamental que a cada dia que passa se afigura mais inevitável: a opção entre os valores da liberdade e da segurança. Dito de outra forma – é cada vez mais evidente que teremos que escolher o quantum de liberdade de que queremos ou estamos dispostos a abdicar para garantia da nossa segurança. Mas essa escolha, para ser consequente e eficaz, apenas pode ser feita no quadro duma entidade supranacional, dotada de efetivas competências, meios e determinação política para encetar o combate que é necessário travar. Se os acontecimentos não se encarregarem de destruir o que resta da UE, esta será a escolha que os governantes de turno, mais tarde ou mais cedo, serão chamados a efetuar. Veremos se a tanto chegará a coragem e a vontade políticas.

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