Terrorismo Poético -A influência das vanguardas utópicas em intervenções urbanas e manifestações no Brasil

June 6, 2017 | Autor: Joacélio Batista | Categoria: Detournement, Situacionismo, Antiarte, Luther Blisset, Mitopoese
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Terrorismo Poético - A influência das vanguardas utópicas em intervenções urbanas e manifestações no Brasil.

Joacélio Batista Orientador: Pedro Bessa, Ph.D. Mestrado em Criação Artística Contemporânea, Universidade de Aveiro

Resumo: O presente artigo tem como interesse relatar a influência que movimentos de vanguarda como dadaístas, surrealistas, Internacional Situacionista ou, mais recentemente, grupos underground como Luther Blisset, tiveram sobre ideias e ações que marcaram a “guerrilha poética” (Bey, 2003) no Brasil, quer durante o regime militar quer por ocasião dos protestos recentes contra as políticas públicas e econômicas ditadas pelo Neoliberalismo. Argumenta-se que este tipo de ações se insere numa tradição artística utópica que nega a arte institucionalizada, chegando a propor a sua abolição. A partir da década de 1990, artista e ativista político confundem-se, convergindo na figura do colectivo anónimo ou de nome múltiplo. Personagens mitopoéticas cuja estratégia passa também por uma crítica cerrada da impressa e televisão brasileiras, consideradas o braço midiático das reinvindicações do mercado. Abstract: This article interest is to report the influence that avant-garde movements such as Dada, Surrealist, Situationist International or, more recently, underground groups as Luther Blissett, had on ideas and actions that marked the "guerrilla poetry" (Bey, 2003) in Brazil either during the military regime nor on the recent protests against public and economic policies dictated by Neoliberalism. It is argued that this type of action is part of a utopian artistic tradition that denies the institutionalized art, even proposing its abolition. From the 1990s, artist and political activist are confused, converging in the figure of the anonymous collective or multiple name. Mythopoesis characters whose strategy will also include a review of printed and bushy Brazilian television, considered the media wing of Claims of the market.

Palavras-chave: antiarte, situacionismo, détournement, Luther Blisset, mitopoese,

1. Introdução

As características essenciais do Utopismo do século XX tornaram-se claras nesses movimentos préguerra. Partidários dessa tradição visam não somente a integração da arte e vida, mas a de todas as atividades humanas. (Home, 2004: 17)

No explosivo ano de 1968, a Internacional Situacionista reivindicava influência direta na revolta estudantil, conhecida como Maio de 68, através de seu texto Miséria da Vida Estudantil1 que rendeu publicidade ao grupo que acreditava vivenciar sua profecia revolucionária. Enquanto estudantes montavam suas barricadas pelas ruas de Paris, estudantes brasileiros foram às ruas na chamada marcha dos Cem mil exigir o fim do golpe militar que, quatro anos antes, tinha deposto o governo de João Goulart, em 1de abril de 1964. Dos distúrbios de 1968 aos protestos atuais contra a copa do mundo no Brasil, a tradição utópica da arte, preconizando uma integração de arte e vida, idealizou e desenvolveu táticas de terrorismo poético ao redor do mundo que ocupam a imaginação e os gritos da urgência popular. Nas manifestações vistas nas ruas brasileiras contemporâneas encontramos alguns exemplos desses atos de sabotagem onde a poesia é uma arma nas mãos de artistas/ativistas que vislumbram o sonho de um mundo mais justo.

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De la misère en milieu étudiant considérée sous ses aspects économique, politique, psychologique, sexuel..., panfleto de 1966, atribuído ao tunisino Omar Khayati.

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2. Intervenções artísticas no período da Ditadura Militar Em resposta às manifestações que tomavam as ruas das capitais brasileiras, os militares sob o comando do então presidente General Artur Costa e Silva, instauraram o famigerado Ato Constitucional nº5 que fechava o congresso nacional e caçava todos os direitos civis. Começava assim o mais duro período da ditadura brasileira que durou até o ano de 1978. Durante esse período houve uma contrarreação de grande parte da classe artística brasileira. Duas ações em especial se destacam, Situação T/T,1 (1970) do português radicado no Brasil, Artur Barrio e Inserções em Circuitos Ideológicos (1970 –) de Cildo Meireles que adotavam em sua prática o que hoje se convencionou designar como terrorismo poético2.

Fig. 1 e Fig 2: Barrio, Situação T/T, 1 – Belo Horizonte (1970)

Na manhã de abril de 1970, 14 trouxas ensanguentadas apareceram nas margens do ribeirão Arrudas que no período ainda fazia parte dos limites do Parque Municipal da cidade de Belo Horizonte (Barrio & Canongia, 2002: 23). As trouxas logo chamaram a atenção dos locais. Cidadãos aterrorizados denunciaram a presença de corpos esquartejados nas margens do rio à polícia. Numa época onde presos políticos desapareciam sem deixar vestígios, não seria inteligente deixar que o frisson em torno das trouxas tomasse proporções que fugissem ao controle do regime. Na verdade, essas trouxas ensanguentadas, colocadas de forma anônima no rio que cortava o parque da cidade faziam parte do trabalho Situação T/T, 1 realizado por Artur Barrio durante o evento Do Corpo à Terra, que teve curadoria de Frederico Morais. Outro trabalho que se insere no contexto de guerrilha poética são as Inserções em circuitos Ideológicos (1970- ) de Cildo Meireles. O artista se apropria de garrafas de coca-cola imprimindo na superfície das mesmas a frase Yankees go home, para em seguida as devolver a sua circulação normal. Cinco anos mais tarde as Inserções de Meireles se apropriariam de notas de um cruzeiro3 carimbadas com a frase, Quem matou Herzog? - nome do jornalista que trabalhava para a TV Cultura, canal de TV do governo do estado de São Paulo, que foi encontrado morto em sua cela4. Tanto Meirelles quanto Barrios traziam para seu trabalho um discurso de resistência contra o regime ditatorial brasileiro. Táticas de sabotagem poética, através da subversão do sistema são vistas nas obras dos dois artistas (Figuras 1-3). O anonimato durante a execução da obra é uma estratégia crucial. Nesse contexto, as obras desses artistas se tornam análogas aos readymades dadaístas assim como à ideia de que “a poesia deveria ser feita por todos” (Breton,1979: 306), presente na teoria surrealista.

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O termo cunhado por Hakin Bey (2003). Moeda vigente no Brasil no período. 4 Em 1975, Vladimir Herzog foi chamado ao DOI-CODI / polícia militar para prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. Foi brutalmente torturado e terminou assassinado quando se recusou a assinar o depoimento. Seu corpo foi arrastado até uma cela e pendurado numa grade, simulando suicídio. O assassinato de Herzog transformou-se em escândalo nacional e foi decisivo para o movimento que levou à abertura política no Brasil. (CMI-SP, 2004) 3

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Fig.3 Meireles, Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Cédula (1975)

A Internacional Situacionista (I.S.) propõe-se ir além. Em sua crítica aos dois movimentos diz que o erro compartilhado por seus predecessores foi não estenderem a crítica da arte para a política5. A arte precisava ser revolucionária agindo contra o que os situacionistas chamavam de Sociedade espetáculo (Debord, 1998). Para tanto deveria matar seus ídolos e reinventar a si mesma: as ideias de autor e de trabalho artístico só reforçavam o papel da arte como um mito útil ao mercado, a serviço do bom gosto burguês. O fato de Meireles e Barrio terem assinado suas obras algum tempo depois da ação executada, institucionalizando-as, afasta-as das propostas situacionistas. Porém, suas obras se alinham aos conceitos propostos por dadaístas e surrealistas. Barrio, aliás, nega ter conhecimento dos textos situacionistas naquela época e comenta a respeito: ...desde o momento que mistura-se o Surrealismo com o Dadá (em sua parte teórica) dá-se forçosamente como resultado o “Situacionismo” ou que qualquer outro nome queiram dar... o malabarismo “Situacionista” é extremamente referente! O que não quer dizer que não deixe de ter seu interesse. (Barrio, cit. por Rebouças, 2011:79)

3. O Artista/Ativista Uma novidade da I.S. era prática do détournement proposta por Debord e Wolman (1956), e que consistia no uso de elementos retirados do sistema capitalista e da mídia, por exemplo imagens e slogans publicitários, voltando-os contra si mesmos. Uma utilização política e irónica da “colagem” que seria retomada, mais tarde, por exemplo pelo movimento punk.6 De fato, se a revolução tão anunciada pela I.S. em 68 não veio (Rasmussen, 2004: 383), ao menos ela inspirou vários outros grupos e movimentos artísticos e de artista/ativistas nas décadas que seguiram. Em Assalto à Cultura, Stewart Home (2004) faz uma espécie de árvore genealógica dessa tradição utópica da antiarte a partir da influência do Futurismo, Dadá, Surrealista, Internacional Letrista e I.S., passando pelo Fluxus, Movimento Punk, Neoístas, Provos, Mail Art, entre outros chegando à Class War na década de 80.

Fig.4: Avatar de Luther Blissett

No contexto histórico descrito por Home, o artista cada vez mais se confundia com o ativista político. Grupos como Luther Blissett (L.B.) 7 atuavam como uma guerrilha urbana contra os mecanismos de entorpecimento que a sociedade espetáculo impõe com a rotina da vida cotidiana, através da televisão e mass media. A ideia de obra de arte sem autor permitiu ao 5

Como refere Rasmussen (2004: 380), embora Dada e surrealismo tivessem sido determinantes para a destruição da “arte”, “they had both failed. Dada was characterised by critically revealing the compensatory status of art yet remaining an abstract negation of art, whereas Surrealism was characterised by wanting to transgress art but without being aware of the fact that Dada had already negated it.” 6 Cf. capa do single dos Sex Pistols, God Save the Queen (1977). 7 A primeira célula do grupo surgiu na Itália em 1994 seguida de outras pelos EUA, Brasil, etc..

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grupo o anonimato necessário para pôr em prática suas táticas fugazes de guerrilha. A ideia de nomes múltiplos (Home, 2004: 117) usado por coletivos artísticos como White Colors do movimento Geração Positiva londrino, Monty Cantsin do grupo Neoístas e Luther Blissett do qual sua célula italiana mais tarde tornar-se-ia Wu Ming, são exemplos desses procedimentos. No livro, Guerrilha Psíquica, atribuído ao Grupo Luther Blissett, essas táticas são tratadas como Mitopoese8. Entre os anos 80 e 90 do século XX, uma indeterminada rede de “artistas” sem obras, ativistas póspolíticos, operadores de mídias independentes (...) resolveram, metaforicamente, sumir se enredado em uma lenda, apostando no maravilhoso. (...) “Construção do mito.” Utilizar as lendas urbanas, as técnicas de intelligence, as estratégias publicitárias, mas se desviando de tudo isso como o intento de criar uma reputação, um personagem – no começo “virtual”, depois, cada vez mais real. (...) Mitopoese, dizíamos: Saquear e readaptar um patrimônio bastante antigo de mitos e arquétipos comuns a todas as sociedades humanas, em seguida recomposto na arte e na cultura de massa. (...) (Blissett, 2001:16)

4. O Front contra do Neoliberalismo Se os anos 80 e 90, segundo o suposto Blissett foram apáticos, o fim dos anos 90 trouxe a cena a proposta de homogeneização do capital e da cultura, o projeto neoliberal da globalização. Não tardou para que um dos principais instrumentos dessa política se tornasse a principal arma contra a mesma, a internet. (...) são novas, urgentes e efetivas condições de luta pela democracia. Elas nasceram das experiências de uma geração, que poderíamos chamar de geração-e, Ensejando um conceito ampliado e multe participativo de ação cidadã, que poderia chamar de politica-e. (...) Procuram articulá-la como um potencial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e coletivo. (...) Esse “e” resume também os três princípios fundamentais de seu projeto político, ética, educação e ecologia. (Chrispiniano, 2002: 12)

Esse novo front de batalha contra o neoliberalismo tem início em 1994, com o levante indígena do Exército Zapatista de Libertação Nacional da região de Chiapas. O manifesto do líder sem face9, que utiliza o curioso nome de Subcomandante Marcos, convocava todos os povos contra o neoliberalismo. O grito de urgência mexicano recebeu enorme cobertura mediática mundial. O movimento também dá início à subversão da internet (Chrispiniano, 2002: 17). Em 1997, durante o segundo encontro internacional promovido pelos zapatistas foi criada a Ação Global dos Povos (A.G.P.) que diferente da I.S. não era um mesmo movimento espalhado pelo mundo e sim uma aliança de vários grupos distintos com um objetivo em comum de combater o poder instituído pelo capital. A grande contribuição da AGP foram os Dias de Ação Global, datas marcadas em contraposição dos grandes encontros capitalistas como G8, FMI, Banco Mundial e OMC. A AGP obteve importantes vitórias nesse período com o cancelamento dos fóruns de Sidney e Praga. Manifestações bem sucedidas que ecoam nos dias de hoje em movimentos como Occupy NY, Primavera árabe, Los Indignados em Espanha, Soy #123 no México, dentre outros. No Brasil cito alguns dos mais recentes: movimento Fora Lacerda,10 movimento Passe Livre de São Paulo, e os protestos contra a copa do mundo da FIFA. Obviamente o capital iria cooptar essas ideias para si. Transformando o mictório dadaísta em mercadoria de arte colecionável, ou como refere Hakin Bey (2003: 102), “quando os surrealistas fecharam sua fábrica, os executivos de publicidade foram seus únicos clientes de liquidação”. Nem mesmo os farrapos e alfinetes punks ficaram ilesos à ganância do mercado. O uso dos mitos do terrorismo poético se daria em filmes como Fight Club (EUA, 1999) e The Matrix (EUA, 1999). Entretanto, na direção oposta, o filme V de Vingança (V for Vendetta, Reino Unido, 2005), baseado na subversiva banda desenhada do escritor inglês Alan Moore e o desenhista David Lloyd, perdeu o poder anestésico do espetáculo e acabou por dar novo vigor aos movimentos. A máscara de V, o anti-herói, artista/ativista e/ou terrorista que derruba 8

A tradução brasileira optou por essa grafia. O Subcomandante Marcos sempre se apresenta com uma máscara sobre o rosto. Ativo desde 2010, altura em que a proibição do uso para eventos públicos da Praça da Estação (para suposta proteção do museu local) pelo prefeito da cidade de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, desencadeou um processo de ocupação das ruas da cidade com muita festa e bom humor. 9

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um fictício governo totalitário britânico, se tornou um novo mito entres os manifestantes ao ser incorporada pelo grupo de hacker-ativistas Anonymous e posteriormente o avatar foi adotado por manifestantes de todo o mundo. Na banda desenhada, a máscara é relacionada a um popular anti-herói inglês, Guy Fawkes, que tentou explodir o parlamento inglês em 1605 e ficou conhecido como the last man to enter Parliament with honest intentions.

Fig. 5 : Capa da banda desenhada; Fig. 6 Cartaz do filme de 2005; Fig. 7: Manifestante brasileiro

5. Ações no Brasil Contemporâneo. No Brasil algumas ações que pontuaram essa nova leva de manifestações ainda remetiam a obras e fatos do período de governo militar que deixou o poder em 1985. Na cidade de São Paulo no ano 2004, o CMI Brasil (Centro de Mídia Independente) 11 segue a seu modo a proposta da Internacional Letrista (Home, 2004: 38) ao colar adesivos com o nome do jornalista Wladimir Herzog, morto e torturado pelo regime de exceção, renomeando a Avenida Roberto Marinho12. A mesma ação é realizada pelo coletivo Defesa Pública da Alegria em outubro de 2013 na cidade de Porto Alegre13 onde nomes ligados aos militares brasileiros foram trocados por nomes de vítimas da ditadura em diversos pontos da cidade. O grupo estende a ação ao renomear outras ruas com nomes de vítimas recentes como o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morto e torturado pela polícia militar carioca em julho de 201314.

Fig.8: Ação realizada pelo coletivo Defesa Pública da Alegria (2013)

O Grupo Poro de intervenções urbanas e ações efêmeras de Belo Horizonte revisitou o trabalho de Meireles Inserções em circuitos Ideológicos e disponibilizou através de seu site um modelo de carimbo que estampou notas de várias moedas na América do Sul com os dizeres, FMI - Fome Miséria Internacional (2002-2006). O próprio Meireles retomou a panfletagem monetária recentemente, ao carimbar os dizeres – Cadê o Amarildo? – em notas de dois reais no Rio de Janeiro, para chamar atenção do desaparecimento do já citado ajudante de pedreiro carioca.

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Democratização da Mídia (2004. Empresário brasileiro fundador da TV Globo e um dos principais aliados do regime militar. (CMI-SP, 2004) http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/10/292474.shtml 13 G1, Globo.com, 2013 14 Disponível online em: http://oglobo.globo.com/rio/inquerito-conclui-que-amarildo-foi-torturado-ate-morte-10225436 12

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Fig. 9 : FMI (Fome e Miséria Internacional). Grupo Poro (2013); Fig.10 Inserções em Circuitos Ideológicos (2013)

Entre 2005 e 2010 com a intenção de comprovar o rumor de que a imprensa do estado de Minas Gerais era censurada pelo poder econômico por meio das verbas públicas de publicidade do governo Aécio Neves15, propus uma ação de sabotagem, onde usando uma camiseta vermelha com uma estrela amarela em todas as entrevistas que eu concedesse no período. A camisa remetia às camisas do PT – estrela branca com fundo vermelho. Devido a essa associação nenhuma das entrevistas que dei a um programa cultura da TV Minas, ligada ao governo foram para o ar. Durante este período somente uma foto foi publicada na mídia mineira. O jornal Estado de Minas a publicou na capa de seu caderno de cultura, oito meses depois de o governador ter deixado o cargo.

Fig. 11: Capa do caderno de Cultura do jornal Estado de Minas (03/08/2010)

7. Conclusão Essa contrapropaganda que se apropria da linguagem da mídia assim como de produtos de circulação em massa para, depois de poeticamente adulterados serem novamente recolocados no sistema capitalista, pode ser vista como uso político de readymades e/ou como as práticas de détournement. Também podemos ver essa produção artística/ativista como arte-sabotagem que desperta consciências ou a mitopoese proposta por Blissett, que cria novos mitos propulsores para luta de classes. Como foi referido, pode considerar-se que as chamadas vanguardas históricas, dadaísmo, surrealismo, ou a própria I.S. falharam em seus objetivos. No entanto, assim como o fracasso de Guy Fawkes fez dele um mito útil aos anarquistas ingleses e posteriormente através do filme V de Vingança, inspiração para uma nova geração de ativistas, também os movimentos utópicos e sua antiarte espalharam suas sementes que germinam a cada novo ato de terrorismo poético contra o sistema. Esse “assalto à cultura” se propaga como erva daninha, criando novos mitos de resistência que alimentam a utopia que move a urgência das ruas.

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A censura do governo estatual (do PSDB, partido do centro / neoliberal) foi registrada no documentário, Liberdade essa palavra (Brasil, 2006) de Marcelo Baêta. Disponível online: http://www.youtube.com/watch?v=3m1whvjKTNk

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Referências: Barrio, A & Canongia, L. (2002). Artur Barrio. Rio de Janeiro, Brasil: Modo Edições. Bey, H. (2003). Caos: Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares. São Paulo, Brasil: Conrad Editora do Brasil. Breton, A. (1979 [1935]). “Situação surrealista do objecto” in Manifestos do surrealismo, Lisboa: Moraes Eds., 3.ª ed., pp.295-329. Blissett, L. (2001). Guerrilha Psíquica. São Paulo, Brasil: Conrad Editora do Brasil. Bürger, P. (1993) Teoria da vanguarda. Lisboa: Veg. Chirspiniano, J. (2002). Guerrilha Surreal. São Paulo, Brasil: Conrad Editora do Brasil; Com-Arte. Debord, Guy. (1998) A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto. Home, S. (2004). Assalto à Cultura: Utopia Subversão Guerrilha Na (anti)Arte do Século XX. São Paulo, Brasil: Conrad Editora do Brasil. Internacional Situacionista (2002). Situacionista: Teoria e Prática da Revolução. São Paulo, Brasil: Conrad Editora do Brasil. Meireles, C. (2009). Cildo Meireles. Rido de Janeiro, Brasil: Funarte. Moraes, J (1989) A Mobilização Democrática e o Desencadeamento da Luta Armada no Brasil em 1968: Notas Historiográficas e observações Críticas. São Paulo, Brasil. Tempo Social; Rev. Social USP, S. Paulo 1(2): 135-158, 2. Rasmussen, M. (2004). The Situationist International, Surrealism, and the Difficult Fusion of Art and Politics. Oxford Art Journal, 27, 367-387. Rebouças, J. (2011). Artista - corpo - cidade - política – arte: Relatos sobre Artur Barrio e sua obra. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível On line: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/JSSS-8QKHHT Sites: De la misère en milieu étudiant (1966). Disponível online: http://fsegrenoble.free.fr/documents/DeLaMisereEnMilieuEtudiant.pdf Debord, G & Wolman, G. (1956). Um guia prático para o desvio. Retirado em novembro de 2013 de: http://www.reocities.com/projetoperiferia4/detour.htm Democratização da Mídia. (14/10/2004). Esta Avenida “Mudou” de Nome. Retirado em novembro de 2013 de: http://brasil.indymedia.org/pt/red/2004/10/292489.shtml CMI-SP. (14/10/2004). Quem foi Vladimir Herzog, quem foi Roberto Marinho. Retirado em novembro de 2013 de: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/10/292474.shtml G1, Globo.com. (04/10/2013). Ruas são 'rebatizadas' com nome de vítimas da ditadura em Porto Alegre. Retirado em novembro de 2013 de http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/10/ruas-saorebatizadas-com-nome-de-vitimas-da-ditadura-em-porto-alegre.html Grupo Poro. (10/07/2013). FMI (Fome e Miséria Internacional). Retirado em novembro de 2013 de http://poro.redezero.org/intervencao/fmi-fome-e-miseria-internacional/ Imagens: Figura 1: Barrio, Situação T/T, 1 – Belo Horizonte (1970). Registro: César Carneiro. Rebouças (2011: 42) Figura 2: Barrio, Situação T/T, 1 – Belo Horizonte (1970). Registro: César Carneiro. Rebouças (2011: 44) Figura 3: Meireles, Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Cédula (1975). Disponível online em: http://www.tate.org.uk/art/artworks/meireles-insertions-into-ideological-circuits-2-banknote-project-t12530 Figura 4: Avatar de Luther Blissett. Disponível online em: http://mikuerpo.blogspot.com.br/2010/10/lutherblissett-en-espana.html Figura 5: Capa da edição brasileira da banda desenhada, V de Vingança. Figura 6: Cartaz original da adaptação de V de Vingança para o cinema de 2005 Figura 7: Manifestante brasileiro. Disponível online em: http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/manifestantes-adotam-mascara-de-v-de-vinganca-comosimbolo-de-protestos,3e9ab3cd1336f310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html Figura 8: Ação realizada pelo coletivo Defesa Pública da Alegria. G1, Globo.com (2013). Figura 9: Gupro Poro. FMI (Fome e Miséria Internacional). Gupro Poro (2013) Figura 10: Meireles, Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Cédula (2013). Disponível online em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/11/1365447-as-cedulas-de-cildo-meireles-e-outras-8indicacoes-culturais.shtml Figura 11: Capa do caderno de Cultura do jornal Estado de Minas (03 de agosto de 2010)

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