Tesoiro: um enferrujado poema náutico, para tempos de sombra...

May 24, 2017 | Autor: J. Medeiros da Luz | Categoria: Contemporary Poetry, Poesia Brasileira
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Tesoiro J. A. Medeiros da Luz “Um enferrujado poema náutico, para tempos de sombra...” Engajei-me com armas e bagagem, Numa velha galeota que singrava Os mares tenebrosos, integrando A aventurosa frota que fazia A Carreira da Índia, mui briosa. Tudo por causa – ora vejam – de Caixa de liberdade, uma apenas. Por padrão tinha ela, assentadas, As dimensões, de palmos bem medidos, Uns cinco de extensão enquanto que De largo e de altura, dois e meio. Como se vê agora, era mesmo Caixa de liberdade, apenas uma. Vivenciei, pois, tempos de peleja Recheados de agruras e de fome, De escorbuto, de dez febres terçãs; Enfrentei arrecifes, maremotos, Borrascas a boreste e a barlavento E sempre me fiei quanto ao futuro, Ao lado dum tesouro, o qual era Caixa de liberdade, uma apenas. E se muitos marujos da Carreira Ousavam lá, com mil expedientes, Facultar descaminho de fazendas: Canela e outras cem especiarias, Vinho de Goa, e de Guzerate O mais fino (finíssimo) dos linhos, – Eu me continha, na querência da Caixa de liberdade, apenas uma. E naqueles naufrágios recorrentes Enquanto, loucos, todos bracejavam Em busca de uma pipa flutuante, Um escaler, batel, ou o que os valha, Eu nadava, sereno, abraçando Essa minha canastra, reluzente, Caixa de liberdade, uma apenas! Ouro Preto, janeiro de 2017. Do livro: Martelo de cristal, a sair pela Jornada Lúcida Editora.

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