Testes de vigor em sementes de pepino. Nair M.T. Bellettini1; Cristina B. de Lima1; Ana Lúcia C. Moda1; Marcela A.V. Vieira1; Luciani Bassi1;Talita S. Amador1; Aline S. da Silva1 1
FFALM, Depto de Produção Vegetal (CP 261, 86360-000 Bandeirantes-PR);
[email protected]
RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade fisiológica de sementes de pepino através de diferentes testes de vigor. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Produção Vegetal da Fundação Faculdades “Luiz Meneghel” (FFALM) de julho a agosto de 2005. As sementes foram avaliadas pelos testes de: primeira contagem da germinação, primeira contagem do teste de emergência de plântulas em solo, envelhecimento acelerado e grau de umidade. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Os dois testes empregados apontaram o lote 3 como sendo o de maior vigor e o lote 2, como o menos vigoroso. O uso de solução salina reduziu a absorção de água pelas sementes durante o teste de envelhecimento acelerado. Palavras-chave: Cucumis sativus, envelhecimento acelerado, germinação, emergência em solo.
ABSTRACT - Vigour test on Cucumber seeds This present work had the purpose to evaluate physiological quality of cucumber seeds by different vigour test. It were conducted at Laboratory of seeds Analysis on Department of Vegetal Production at “Faculdades Luiz Meneghel” Foundation, during July till August of 2005. Seeds were evaluated to following test: the first count of sprouting test, the first counting of seedlings emergence in soil, seed aging and moisture degrees. Experimental design was randomized block with four replications. The two tests employees pointed the lot 3 as being the one of larger energy and the lot 2, as the least vigorous. The uses of salt solution reduce absorption of water for seeds during speed aging test. Key- words: Cucumis sativus, speed aging, germination, emergence in soil.
INTRODUÇÃO O pepino é uma hortaliça propagada por sementes e cultivada em volumes significativos, portanto suas sementes devem ser analisadas de modo especial no que se refere a qualidade fisiológica. Contudo, a pesquisa não tem oferecido alternativas suficientes para atender a esse objetivo (Abdo et al., 2005). A ausência de uma estreita relação entre a germinação observada em laboratório e a emergência de plântulas em campo provocou o desenvolvimento dos testes de vigor. Desse modo, esses testes surgiram da necessidade de se avaliar o estádio de deterioração dos lotes de sementes, mediante metodologias específicas para esse fim. Eles são essenciais, pois permitem a análise segura do vigor das sementes e evoluem na
medida em que são aperfeiçoados e adaptados às diferentes espécies, permitindo a obtenção de resultados consistentes e reproduzíveis (Panobianco e Marcos Filho, 2001). Para hortaliças, informações sobre o vigor das sementes são especialmente relevantes, pois o período de armazenamento é longo para espécies que tem variação no volume de produção de sementes por safra, produzindo maior quantidade em determinadas safras, enquanto sua demanda é estável durante o ano. Desse modo, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade fisiológica de sementes de pepino através de diferentes testes de vigor.
MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Produção Vegetal da Fundação Faculdades “Luiz Meneghel” (FFALM) de julho a agosto de 2005. Foram utilizadas sementes da cultivar Caipira, adquiridas no comércio local. As sementes foram avaliadas pelos testes de: primeira contagem da germinação – realizado com 4 repetições de 50 sementes, semeadas em rolo de papel toalha umedecido com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato seco e colocadas em germinador a 25°C. Constituiu-se do registro da percentagem de plântulas normais obtidas no 4º dia após a semeadura, seguindo os critérios estabelecidos nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992); primeira contagem do teste de emergência de plântulas em solo - realizado em casa de vegetação utilizando-se bandejas de isopor com 200 células preenchidas com substrato da marca comercial “plantmax”, com 4 repetições de 50 sementes cada. Foram feitas irrigações sempre que necessário. Constituiu-se do registro da percentagem de plântulas normais emersas por lote obtidas no 7º dia após a semeadura; envelhecimento acelerado - Uma camada de 200 sementes foi colocada sobre uma tela metálica acoplada em caixa plástica tipo gerbox contendo, ao fundo, 40 mL de solução saturada de NaCl, conforme proposto por Jianhua e McDonald (1996), em temperatura de 41ºC durante 0, 48, 72, 96, 120, 144 e 168 horas. Após esses períodos, quatro subamostras de 50 sementes foram avaliadas pelo teste de germinação; grau de umidade - determinado inicialmente e após cada período de envelhecimento acelerado, pelo método da estufa a 105°C±3 durante 24 horas, conforme as Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992); O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Para o estudo do efeito dos períodos de exposição ao teste de envelhecimento acelerado utilizou-se análise de regressão quadrática a 5% de probabilidade. Os dados referentes ao grau de
umidade das sementes não foram submetidos a análise estatística servindo apenas para monitoramento dos lotes durante o teste de envelhecimento acelerado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos para os testes de primeira contagem da germinação e da emergência em solo estão apresentados na Tabela 1. No teste de primeira contagem da germinação os lotes 2 e 3 apresentaram resultados semelhantes quando não foram submetidos ao envelhecimento acelerado. O período de 72 horas diferenciou os três lotes, apontando o lote 2 como sendo o menos vigoroso, corroborando com o observado por Abdo et al. (2005). Na primeira avaliação do teste de emergência em solo a separação dos lotes ocorreu a partir do tempo zero e novamente o lote 2 demonstrou menor desempenho. O efeito dos períodos de exposição ao teste de envelhecimento acelerado pode ser verificado na Figura 1, onde percebe-se que o porcentual de plântulas normais diminui, à medida que se aumenta o tempo de envelhecimento acelerado e, nesse caso, o uso de solução salina reduziu a absorção de água pelas sementes (Tabela 2), mantendo a variação no teor de água entre os lotes dentro do limite de 4%, conforme recomendado por Marcos Filho (1999). Tabela 1. Percentual de plântulas normais obtidos nos testes de primeira contagem da germinação (PCG) e primeira avaliação da emergência em solo (ES), em sementes de pepino submetidas a diferentes horas de envelhecimento acelerado. Testes
PCG
ES
Horas
Lotes
0
48
72
1
72,0 Ba
70,5 Ba
2
91,0 Aa
3
CV%
98
120
158
180
67,5 Bb
46,0 Bbc
39,0 Bc
25,0 Ad
0,00 Be
9,4
74,0 Bb
54,0 Cb
38,0 Bc
34,5 Bc
9,50 Bd
2,00 Bd
7,5
89,0 Aa
89,0 Aa
81,5 Aab
80,0 Aab
72,0 Ab
29,5 Ac
20,5 Ac
9,7
1
63,0 Ba
49,0 Bb
48,0 Bb
28,5 Bc
28,0 Bc
25,0 Acd 16,5 Ad
12,8
2
22,5 Ca
8,5 Cb
7,0 Cb
6,5 Cb
5,0 Cbc
4,0 Bbc
1,0 Bc
27,9
3
80,0 Aa 76,0 Aab 60,0 Ac
58,3 Ac
68,5 Abc
25,5 Ad
2,0 Be
9,4
Tabela 2. Teor de água (%) inicial e após o teste de envelhecimento acelerado com solução salina em sementes de pepino cultivar Caipira. Horas Lotes
Inicial
1
48
72
96
120
144
168
7,3
8,7
8,9
9,6
9,9
10,3
10,8
2
7,8
9,0
9,5
9,8
10,5
10,8
11,2
3
6,9
8,3
9,0
9,3
9,7
9,9
10,5
Lote 2
Lote 1
100
Lote 3
Lote 2
R2 = 0,9679
y =-0,0029x 2 + 0,1409x + 76,634 R2 =0,9024
80
Emergência (%)
Germinação (%)
80
60 y = -0,0017x2 - 0,0587x + 70,749 R2 = 0,9746
20
Lote 3
100
y = -0,0034x2 + 0,2215x + 87,796
40
Lot e 1
60
40 y =0,0005x 2 - 0,3435x + 64,008 R2 =0,9416
20
y = -0,0007x2 - 0,3976x + 93,495
y =0,0008x 2 - 0,2416x + 21,1
R2 = 0,9653
R2 =0,9184
0
0
0
24
48
72
96
Ho ras
(a)
120
144
168
0
24
48
72
96
120
144
168
Ho ras
(b)
Figura 1. Resultados dos testes de primeira contagem: da germinação (a) e emergência em solo (b) de plântulas de pepino cultivar Caipira submetidas a diferentes períodos de exposição ao teste de envelhecimento acelerado.
LITERATURA CITADA ABDO, M.T.V.N.; PIMENTA, R.S.; PANOBIANCO, M.; VIEIRA, R.D. Testes de vigor para avaliação de sementes de pepino. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, DF, v.27, n.1, p.195-198, jun. 2005. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNDV/CLAV, 1992. 365p. JIANHUA, Z.; McDONALD, M.B. The salturated salt accelerated aging test for smallseeded crops. Seed Science and Technology, Zürich, v.25, p. 123-131, 1996. MARCOS FILHO, J. Teste de envelhecimento acelerado. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B.(Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. Cap.3, p.1-24. PANOBIANCO, M.; MARCOS FILHO, J. Envelhecimento acelerado e deterioração controlada em sementes de tomate. Scientia Agricola, Piracicaba, SP, v.58, n.3, p.525531, jul./set. 2001.
